Começar a Ser escrita por WinnieCooper


Capítulo 12
Não olhe para trás com rancor




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Não olhe para trás com rancor

Hugo estava sentado na arquibancada do estádio e quadribol, havia levado seu bloquinho no qual sempre fazia desenhos, olhava para frente e tentava reproduzir a paisagem que via.

Lá em baixo, podia-se ver um treino relâmpago do time da Grifinória, eles tentavam colocar Sam Wade como goleiro para um possível jogo dele contra a Sonserina no próximo final de semana. O que seria como um renascimento para todos. Insistiam em colocar Sam como um milagre fora do comum.

Há dois bancos de distância, Hugo percebeu Lily sentada a sua frente encolhida, ela parecia cansada e abatida.

- Está desenhando o quê? – ela perguntou de costas para ele tentando puxar assunto.

- Só desenhando – Hugo olhou seu desenho e percebeu com ódio de si mesmo que havia desenhado a prima de costas sem se dar conta.

Fungando nervoso arrancou a página e amassou jogando no chão.

Lily suspirou e não disse mais nada. Hugo mordeu seu lábio com raiva, mas permitiu-se perguntar:

- E você? Como anda?

Lily sorriu pra si mesma e respondeu:

- Apenas, pensando em tudo... E... – ela virou seu rosto para ele pela primeira vez – Assistindo.

Apontou sua mão direita ao campo, onde Sam havia acabado de deixar um gol entrar.

- Sabe que você devia jogar como goleiro, não sabe?

- Bem que meu pai gostaria – Hugo riu para si mesmo – Ele vive triste pelo fato de eu preferir ler revistinhas e desenhar a jogar e gostar de quadribol.

- Mas é serio, você é bom nisso, eu sei, eles é que não sabem.

Ela lhe voltou a entregar seu sorriso mais sincero. Incrível como Hugo só a via fazer isso para ele e não para Sam.

Sacudiu a cabeça espantando os pensamentos felizes que tinha tido com Lily, voltou a dizer mais serio desta vez:

- Queria te agradecer por ter me convencido a chamar a Sarah para sair.

- Eu não te convenci a chamar – ela negou com a cabeça e voltou seu olhar para frente.

Hugo pulou as fileiras que os separavam e se sentou ao lado da prima.

- Eu fiz isso para provar uma coisa a você...

- Que coisa? – ela questionou preocupada.

- Você sabe o quê – ele respondeu com um sorriso aberto nos lábios. Lily sabia que tinha relação com o fato dela ter superado os últimos acontecimentos entre os dois – O fato é que eu me diverti bastante. Então obrigado.

A garota suspirou e ergueu seu corpo tentando entregar um sorriso a ele, sem sucesso.

- Bem, então, por nada, eu acho. Fico feliz que tenha sido legal – ela lhe deu um empurrão de leve com os ombros – Ela te beijou hein?

- Você viu? – ele ergueu os ombros – Ela que começou, então...

- Vão continuar se encontrando?

- Não sei, eu espero que sim.

Ela olhou para baixo triste e começou a achar as cores do seu cachecol muito distrativas.

- O que foi? – Hugo perguntou.

- Acha que o amor fica mais fácil quando viramos adultos? – Lily virou seu rosto para ele – É tão complicado na escola, mas eu acho que se continuasse difícil ninguém se casaria. Quer dizer, nossos pais se casaram não é?

- Sim, deve ficar mais fácil. Ou talvez, você fique melhor nisso.

- Ou talvez só piore as coisas ainda mais, você faz tantas coisas erradas que transforma aquele floco de neve em uma enorme avalanche, pronta pra desabar, não na sua cabeça, mas na pessoa que menos queria atingir. Existe dor pior? – perguntou encarando-o sem medo.

- Essa frase tem duplo sentido? – perguntou chateado – Acho que sua dor não é maior que a minha.

- Sabe aquele “eu te amo” que te disse uma vez? – ela questionou com os olhos lotados de lágrimas – não foi mentira, o que vivemos não foi mentira...

- Chega! – implorou levantando-se do banco e olhando para frente.

- Ei Hugo! – os dois olharam para frente e repararam na mão de Sarah balançando freneticamente na beira do campo de quadribol – Vem aqui!

Lily começou a vê-lo andar para longe dela sem se despedir. Elevando um pouco sua voz disse uma última coisa antes do primo ir embora:

- Não olhe para trás com rancor.

Hugo engoliu em seco e desceu as escadas da arquibancada, se não tivesse erguido o rosto teria esbarrado com um casal aos beijos num canto escuro.

- Merlin! – ele exclamou amedrontado quase esbarrando em outro casal também aos beijos.

- Apavorante não é? – disse Sarah se aproximando dele quase rindo.

- Alguém jogou poção do amor no suco de abobora no café da manhã hoje? – Hugo perguntou brincando – O que está acontecendo? Além da minha versão inferno na Terra?

- Prejuízos de guerra. – respondeu Sarah completamente séria – Resultado de um assalto financeiro contra o individuo livre.

- Dia dos namorados? – ele questionou tentando entender a ultima frase dela.

- A semana seguinte é sempre pior, – ambos começaram a caminhar lado a lado na beira do campo – casais novatos tem uma perspectiva de vida curta, como a da borboleta fluorescente, na sexta só resta os cadáveres duros.

Hugo ergueu as sobrancelhas e riu pelo nariz.

- Sexta? Tão rápido?

 - Alguns vão durar mais – a garota disse com sabedoria – Até o fim-de-semana.

- Bom, isso é confortante.

- Não é um completo desperdício – ela voltou a falar – Pense que será uma diversão por um curto período de tempo.

- Então...

- Então... – ela o imitou.

- Talvez você queira fazer algo comigo esse fim-de-semana?

Ela sorriu e confirmou com a cabeça.

- Está melhorando nisso.

Sarah esticou sua mão e entrelaçou seus dedos com os dele. Hugo não a olhou, mas sorriu, olhou para frente e apertou a mão dela.

- Oi Sarah – uma Lily sorridente se postou na frente deles fazendo Hugo instantaneamente soltar suas mãos.

Sarah lhe lançou um olhar duvidoso, mas não disse nada.

- Será que você pode me fazer um favor? – prosseguiu Lily – Entregue esse pedaço de pergaminho ao Lorcan? Vocês pertencem à mesma casa não é? É nosso trabalho de música, quero que ele de uma olhada e vê se está tudo certo.

- Tá, vou garantir que ele receba – respondeu Sarah chateada.

- Até mais então – ela se despediu de ambos e caminhou para longe deles.

Os dois permaneceram um bom tempo em silencio até que Hugo quebrou:

- Então esse fim-de-semana, podemos...

- Sabe o que é? – ela o interrompeu – Eu não posso, tenho milhões de trabalhos atrasados a entregar, sabe, chegar à escola em Janeiro, não ajuda muito.

- Nós...

- Estou indo tá? Tchau.

Despediu-se rapidamente saindo de perto dele.

- Ei galã nerd clichê – disse Lorcan surgindo na frente do amigo – Já perdeu a Sarah? Acho que bateu o recorde de termino mais rápido de casais que se formaram no dia dos namorados.

- A gente não terminou, aliás, nem sei se somos um casal, onde estava?

- Conversando com o Sam – Lorcan riu apontando com a cabeça um bolo de pessoas que estavam envolta do milagre da escola – Todos fingem que ele foi bom no treino de goleiro, e ele incrivelmente acredita.

- A vida dele é uma farsa – o ruivo exclamou ainda emburrado.

- Aliás, a Lily me segredou que você é o melhor goleiro pra Grifinória...

Hugo virou seu pescoço de repente para ele, provocando um estalo.

- Quando ela te falou isso?

- Agora a pouco...

- Não acredito, como sou estúpido – ele bateu seu punho na sua cabeça – Lorcan, preciso que você chame a Sarah na sala da Lufa-Lufa, eu preciso concertar uma burrada.

xx

O plano de Scorpius era simples, pedir aulas particulares para Rose, com seu melhor argumento persuasivo, para no fim, rolar sessões de beijos no salão da Sonserina.

Pela primeira vez, no entanto, estavam se beijando, deitados, o que deixava Rose apreensiva.

- O que está pensando em fazer no fim-de-semana? – ela perguntou separando seus lábios.

- Não sei – ele disse ainda dando pequenos beijos nos lábios da garota – Beijar já está na lista.

- Nunca tínhamos feito isso antes... – ela disse apreensiva jogando o rosto para o lado, permitindo que ele beijasse seu pescoço.

- Isso o quê?

- Beijar, nunca fizemos isso horizontalmente antes.

- Podemos fazer isso fim-de-semana.

Scorpius começou a beijar Rose no pescoço causando suspiros na garota, as mãos dele percorrendo sua barriga debaixo da blusa que usava não a ajudavam a raciocinar. Tentando parecer acidente, Rose pendeu seu corpo para o lado, caindo no chão e acabando com a sessão de beijos.

- Se machucou? – ele perguntou preocupado, sentando-se no sofá.

- Estou ótima, eu só... – ela levantou-se e sentou na mesa que antes estudavam – Vamos nos concentrar nos livros.

Com a cara amarrada o jovem Malfoy sentou-se ao lado dela com a mínima vontade de estudar.

- Ok, temos uma prova dificílima de Feitiços amanhã, precisamos estudar. O que acha se eu te fizer perguntas e você me der as respostas? Nosso estudo vai ser mais produtivo.

- Tenho escolha? – perguntou retoricamente.

- Se quiser se formar no sétimo ano precisa estudar – disse como se fosse óbvio, como de fato era.

- Não necessariamente, sabia que a maioria dos alunos acertam questões pela lógica e não pelo que estudaram.

- Em que mundo? No seu? – fez uma pergunta retórica – Me explique quais os movimentos necessários com a varinha para produzir o feitiço “Avis”.

- Por que fugiu de mim há pouco? – ele questionou mudando de assunto.

- Me responda Scorpius...

- Sério, você sabe que nossas sessões de estudos privados são uma desculpa para nos agarrarmos a sós, porque fugiu?

- Não fugi, só... – ela engoliu em seco e prosseguiu – Vamos nos concentrar nos estudos...

- Eu lembro que você falou que para termos um relacionamento bom tínhamos que ter hora para tudo, e acho que esta na hora de darmos um novo passo no nosso relacionamento. Como sexo.

Rose começou a tossir descontroladamente olhando para baixo evitando encara-lo.

- Está fugindo de novo... – ele comentou.

- Não estou fugindo – ela tentou parecer séria - Eu só acho que não é a hora... Eu... Eu... Não estou pronta... Para... Para... Fazer se... Se... – ela não conseguiu terminar.

- Merlin! Não consegue nem falar a palavra “sexo”.

- Não é verdade! – ela gritou enérgica.

- Então fale...

Ela abriu a boca inúmeras vezes, mas nada saiu de lá além “se”.

- Eu só acho que não é a hora... Eu... Eu... Não estou pronta... E...

- Ok Rose não quero te pressionar.

- Serio?

- É...

- É que você é tão experiente e pensei que... – suas orelhas estavam vermelhas pela vergonha que sentia em falar sobre o assunto.

- Eu quero, não vou negar... Mas não quero te pressionar.

Rose concordou com a cabeça feliz e deu um leve beijo nos lábios dele.

- Sabe que sempre acreditei em sexo, só no momento certo, como casamento – ela comentou displicente enquanto olhava seus livros, e não reparou nos olhos arregalados que Scorpius mantinha – Vamos aos estudos...  Agora me descreva o correto movimento do feitiço...

xx

Era final de semana, um plano perfeito bolado por Lorcan e Hugo havia sido posto em prática, Sarah não saia do salão comunal da Lufa-Lufa, então, Lorcan devia estar narrando a história mais absurda, motivo que fizesse a garota sair. Hugo esperava com um ramalhete de flores do lado de fora, e respirava ansioso. Nervoso, atirou as flores para trás de si, alegando que aquilo era ridículo, começou a repetir sussurrando:

- Não estrague tudo, não estrague tudo, não estrague tudo, não...

Neste momento Sarah surgiu na porta e perguntou surpreendida:

- O que faz aqui? Lorcan me disse que elfos estavam provocando uma rebelião contra os fantasmas, estava a maior confusão na escola toda, por isso sai, mas pelo visto...

- Eu... Eu não sei ao certo o que estou fazendo aqui...

- Isso é bem claro para mim.

Virando-se subitamente, Hugo pegou o ramalhete de flores caído no chão.

- Aqui – ele entregou atrapalhado para ela.

Sarah olhou para as flores meio quebradas e segurou um sorriso.

- Então, vamos sair hoje? – perguntou Hugo.

- Já disse a você que estou lotada de trabalhos.

- Mas, você não está realmente ocupada está? – ele gaguejava.

Sarah suspirou e resolveu ser honesta.

- Você ficou desconfortável de ficar comigo, como se tivesse vergonha de mim, ou algo assim.

- Olha. – ele começou a falar calmamente – Eu estragarei tudo eventualmente, porque é o que sempre faço, pelo menos me dê uma chance real de estragar tudo. Eu sou capaz de tamanha estupidez, que estaria desperdiçando meu talento acabando isso agora. Vamos sair, eu te levo pra um lugar legal. Eu sou terrível no segundo encontro, você não perderia isso se tivesse chance.

Sarah não tinha no rosto nenhuma expressão que revelasse que havia concordado com o convite.

- Por favor – implorou.

- Aonde nós vamos? – ela se rendeu.

- Bom – ele pensou um instante – é uma surpresa. É uma surpresa muito, muito legal.

Ela não aguentou e riu.

- Você não tem ideia da onde irá me levar não é?

- Nenhuma até agora.

- Pense no caminho – ela esticou a mão esperando ele segurar.

Hugo prontamente obedeceu e ambos caminharam juntos para fora do castelo.

xx

Scorpius andava de um lado para o outro na sala comunal da Sonserina naquele fim-de-semana, cobria seus olhos com os dedos da mão, e tentava esquecer que Alvo estava olhando-o o tempo todo.

- Ei, escute – o loiro exclamou olhando para os lados vendo se estavam a sós, e sentou-se numa poltrona a frente do amigo – Eu meio que preciso te falar uma coisa.

- Hoje ainda? – o moreno perguntou quando viu que o amigo não prosseguia.

Scorpius engoliu em seco e finalmente disse:

- Rose não vai fazer sexo comigo.

- Ah – Alvo exclamou fazendo uma careta – Uau.

- É, eu sei – confirmou frustrado – Nós estávamos nos beijando outro dia, e as coisas meio que pegaram fogo, e ela soltou a bomba. Não vai fazer sexo comigo.

- É isso? – Scorpius o fuzilou com o olhar o que fez Alvo acrescentar rapidamente – O que ela quis dizer exatamente com “sem sexo”?

- Sem sexo, nada! Tudo o que não for beijar está fora do jogo – ele ergueu suas sobrancelhas, incrédulo – Dá pra acreditar nisso?

- Quer dizer, é Rose, então meio que sim...

- Eu sei...

- Na verdade não é tão chocante assim...

- Eu sei – repetiu frustrado – É tão estranho. Então basicamente nós vamos ser amigos que se beijam.

- Isso é duro, eu sinto muito – Albus disse sincero.

- Então, quero dizer, o que faria se fosse eu?

Alvo balançou a cabeça negativamente.

- Eu não sei. Mas, vendo por esse lado, é um motivo para rompimento no namoro?

Scorpius parou um pouco para pensar na pergunta do amigo e negou com a cabeça respondendo:

- Não sei... Nunca pensei que seria esse cara com a Rose.

- Que cara?

- Aquele idiota que termina com a garota por ela não querer transar com ele... Eu sou aquele cara quem os pais alertam suas filhas a não se envolverem.

- Não, você não é esse cara – Alvo disse rapidamente – Costumava ser, mas não é mais, e sabe por causa de quem, não é mais aquele cara?

Scorpius não disse nada esperando o melhor amigo terminar.

- Rose.

xx

- Eu sei que você esperava mais, ainda acho que em Hogsmeade eu te daria um encontro melhor, mas... – Hugo começava a se desculpar.

- Tudo bem, nós dois sentados em frente ao lago negro, é só bem clichê.

Sarah e Hugo estavam sentados debaixo de uma grande árvore olhando a imensidão do lago negro.

- Normalmente todos os casais alguma vez devem vir aqui, no fim é bem melhor do que um bar qualquer em Hogsmeade – Sarah continuou.

- Jura? – ele perguntou não acreditando – Não estraguei tudo já.

- Tenho uma coisa muito séria a te falar – a garota olhou-o completamente séria.

- Você é casada? – ele brincou.

- Não.

- Está saindo do país.

- Para – Sarah repreendeu-o rindo.

- Vai se casar com o Lorcan e ai sair do país.

- Eu ia te dizer que não sei como te falar, mas... – ela parou um momento sorrindo mais largo – Você não está estragando tudo.

Ele olhou para os lados como se procurasse se alguém os estivesse observando.

- Eu poderia, ou deveria roubar um beijo seu agora? – perguntou voltando a encarar a garota.

- Pode deixar.

E então ela tomou a iniciativa do beijo pela segunda vez.

- Pare Sam – Hugo ouviu um grito seguido de uma gargalhada e separou seus lábios dos de Sarah.

Ambos olharam para o lado de onde ouviram a voz de Lily e viram Sam e a garota deitados no gramado do jardim, brincaram com cócegas e logo em seguida se beijaram.

- Posso te confessar uma coisa? – Sarah perguntou o fazendo a encarar.

- O que?

- Outro dia, quando a Lily nos viu de mãos dadas e você... Bom, eu pensei que você gostasse dela ou algo assim.

Ele riu nervoso e respondeu:

- Lily e eu? Somos primos e só, quer dizer – ele se ajeitou sentado no chão e prosseguiu – éramos bem amigos quando crianças, nos separamos na escola, e voltamos a nos reaproximar quando seu irmão sofreu o acidente. Falávamos dele o tempo todo, eu tentei diversificar o assunto às vezes, mas não tive sorte.

- Tão irônico – ela exclamou.

- O que? – questionou curioso.

- Ela ser tão devotada ao Sam, quando ele ia terminar com ela.

- Do que está falando?

- A gente se correspondia muito por carta – Sarah explicou – eu e meu irmão éramos unidos pela distância, eu acho que no fim a distância é boa. E ele me segredou, uns dias antes do acidente que estava pensando em terminar com ela, ele gostava dela, mas não tanto quanto ela gostava dele.

- Contou ao Sam quando ele voltou? – perguntou preocupado.

- Eu não tive coragem – negou com a cabeça – Acho que não preciso mais, ele se apaixonou por ela.

- Então Lily não faz nem ideia disso? – Hugo voltou a falar, preocupado.

- Não – Sarah respondeu estranhando o comportamento dele.

- Você não pode contar a ela, não pode... – dizia enérgico.

- Por que contaria? Não sou estúpida – ela havia perdido a paciência pela primeira vez.

- Não foi isso que eu quis dizer, eu só... – ele suspirou tentando concertar as coisas em vão.

- Eu sei o que você quis dizer.

Desistindo, escondeu seu rosto com as mãos, sentindo-se muito idiota.

xx

Scorpius devia fazer a ronda pelos corredores pela monitoria com Rose naquela tarde de sábado, já estava extremamente atrasado e sabia que ia levar uma bronca enorme da namorada, mas não estava nem um pouco com vontade. Caminhando a passos lentos, chegou ao terceiro andar onde devia encontra-la. Viu-a ralhar com um garotinho de aparentemente apenas 11 anos de idade sobre o Frisbee dentado que jogava pelo corredor.

- Poderia te mandar á diretora por isso sabia? – ela o ameaçava e o garotinho estava quase aos prantos.

Scorpius, no entanto, reparou no jeito que seus cabelos se desprendiam do coque que havia feito enquanto falava enérgica, reparava na testa franzida dela e no esforço enorme que Rose realizava para não rir da cara assustada do garoto. Não conseguiu impedir um sorriso de brotar em seus lábios, afinal havia sido por causa dessa carranca dela e sua obsessão por seguir as regras que havia se apaixonado por ela.

- Ah, você está ai – ela falou, virou-se para Scorpius, e seguiu para perto dele – Eu devia é dedurar você por cabular rondas pelos corredores nos sábados.

Ele, no entanto, ainda viajava em seus pensamentos, momentos passados com ela, quando a importunava diversas vezes, a primeira vez que teve o desejo de beijar seus lábios, mas não da mesma forma com as outras garotas, queria os lábios dela só para si. Rose era especial.

- O que foi? – a morena perguntou reparando na cara sonhadora dele.

- Nada – respondeu prontamente ao agarrar a cintura dela – Só senti sua falta.

- Sério? – seus olhos ganharam um brilho incomum.

Rose inclinou para ele e deu um breve beijo em seus lábios.

- Só acho que você devia ser menos chata e parar de implicar com os pequenos, ele só se divertem.

- Não comece seu discurso de como é bom quebrar as regras – ela o repreendeu e começou a andar pelo corredor.

- Mas é serio, alguém tem que continuar o legado de detenções aqui, e você está liquidando os possíveis herdeiros...

- Eu não estou ouvindo isso – ela revirou os olhos e Scorpius sorriu.

Eles deram as mãos e fizeram a ronda juntos.

xx

Hugo acompanhou Sarah até a porta de entrada da sala comunal da Lufa-Lufa. Antes que a garota entrasse sem dizer tchau a ele, o jovem ruivo disse:

- Acho que quebrei algum tipo de recorde de encontros ruins.

- Está tentando ser charmoso? – ela perguntou virando-se pra ele e o encarando.

- Depende. Está funcionando?

Ela apenas negou com a cabeça sem dizer nada.

- Eu não sei o que dizer. – admitiu Hugo.

- Então não diga nada – foi seca com ele.

- Eu quero ser honesto com você, Sarah, mas é difícil. Porque eu nem sabia que não estava sendo honesto com você até esta tarde.

- Negação funciona de modos misteriosos.

Ele sabia que ela falava sobre Lily, antes que Sarah finalmente entrasse em sua sala comunal sem se despedir dele, Hugo voltou a falar.

- Sabe, você estava certa sobre a Lily – Sarah voltou a encara-lo – Ela não é só minha prima, acho que sempre tive uma queda por ela. Eu não quero ter, eu tento não ter. Mas não consigo evitar – ele suspirou, mas prosseguiu: – Eu te conheci, e te achei tão legal, e pensei que apagaria tudo o que sinto por ela, mas não apagou. E agora me sinto um idiota completo por te magoar.

- Hugo, eu tive um ano realmente péssimo, então, na minha escala de infelicidade, você nem está registrado. Não fique se culpando.

- Nem estou registrado?

- Sabe irmão em coma e tudo mais?

Ela sorriu e o abraçou. Acabou sussurrando em seu ouvido:

- Então sem danos sem culpa, nós estamos bem?

Hugo a apertou no abraço e confirmou:

- Nós estamos bem.

- Eu nunca acreditei no amor, acredito em momentos de amor. Obrigada por fazer parte disso.

Beijando a bochecha dele, ela finalmente entrou no salão comunal, deixando o ruivo parado sozinho lá fora.

Hugo caminhou até a torre da Grifinória, naquela tarde, era normal não ter ninguém dentro do castelo, mas ao passar pelo buraco do retrato encontrou a prima deitada no sofá, com seu IPhone, ouvindo alguma música, e cantarolando em silêncio de olhos fechados.

Hugo suspirou, fechando os olhos resolveu subir direto ao dormitório e dormir, mesmo que ainda fossem seis horas da tarde.

-Ei Hugo – a voz dela o interrompeu de continuar a andar.

Suspirando, o Weasley virou-se para ela sem expressão alguma.

- Parece triste, aconteceu alguma coisa? – perguntou preocupada.

- Essa é minha cara, eu sempre pareço triste.

- Isso não é verdade, comigo você sorri – e ela sorriu com os olhos, fazendo-a perder a carranca que havia colocado em si.

- Acho que vou dormir.

- Sabe, eu estava pensando... – Lily prontamente começou a falar, fazendo-o parar de andar – Como a ultima vez que saímos em quatro foi um desastre...

- Foi?

- Foi pra mim – ela olhou para baixo envergonhada.

- Por quê? – perguntou curioso com o coração disparado.

- Quer uma resposta sincera ou mentirosa?

- Sincera... – ele caminhou a passos curtos para perto dela.

- Melhor não te responder então. Enfim, eu e Sam estamos realmente bem agora e pensei... Que devíamos ter um encontro a quatro novamente.

- Parece ótimo, exceto que... Sarah e eu não estamos juntos.

- Oh – ela disse surpresa – Por quê? Eu vi vocês dois se beijando hoje e pensei que...

- Nós não combinávamos muito – mentiu.

- Sinto muito, isso é muito ruim – dizia com um sorriso nos lábios – Realmente é difícil achar a pessoa que se conecta com você em todos os sentidos, é como uma vassoura.

- Uma vassoura?

- É difícil se conectar com sua vassoura de forma perfeita, quando conseguem, é difícil largar, mesmo com um modelo melhor, preferem a antiga.

- Às vezes o ultimo modelo da Firebolt não é o melhor – o garoto disse a frase repleta de segundas interpretações.

- Tenho certeza que você é o melhor modelo de vassoura a alguém.

- Como pode ter tanta certeza? – perguntou Hugo.

Ela olhou para baixo e não respondeu.

- Eu vou subir Lily...

Despediu-se dela depositando um beijo em sua testa e começou a caminhar para as escadas.

- Você me odeia? – perguntou preocupada.

Virando-se para ela, sorriu ao responder:

- Tudo o que eu queria era te odiar, seria muito mais fácil.


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Notas finais do capítulo

N/B: O quê? Tudo o que eu queria era te odiar, seria muito mais fácil. O quê? Odeie ela Hugo! Acho que ele está merecendo uns bons tapas. Só pode. Termina com a Sarah e fica aí morrendo pela Lily. Ai, que raiva! E nem adianta falar nada Winnie. Morra Potter...
Agora vamos á um assunto mais constrangedor, e menos estressante, eu acho. O que é aquilo entre a Rose e o Malfoy? Sabe winnizinha, você tem o talento de me fazer sentir na pele o mesmo que os personagens, porque nesse capítulo eu devo ter ficado tão vermelha quanto a Rose quando estava falando com o Malfoy sobre se... Se... Se... Viu? Eu agora nem estou conseguindo escrever a bendita palavra. Rs Eu quase fiquei com vergonha por ela. E o Scorpius também não ajuda. Fazer o quê?
N/A: Eiiiiiiiiii dona Andie Jackson, pare de falar mal da Lily, que obsessão. Nossa senhora e tem que relevar que o Hugo foi sincero com a Sarah, garotas não gostam de sinceridade? Heim?
Acho que a Rose daqui é muito a Andie na verdade acho que a Rose daqui é muito igual a muitas garotas...
E eu estava num momento muito Oasis pra escolher esse nome de capítulo.
De qualquer forma deixando a enrolação de lado. Pra avisar vocês leitores fieis... essa fic, como alguns sabem, vai até o capitulo 14. To querendo terminar ela antes de Mensagens O próximo capítulo já escrevi, deu 30 páginas O.o Eu sei que é muito, mas acho que vocês vão amar o capítulo 13 é meu preferido e bom... Vou tentar escrever o capítulo 14 até semana que vem, é porque esses dias estava totalmente enrolada com minha monografia, ainda estou, mas a gente vai tentar escrever antes das férias acabarem, que aliás está perto de acabar.
Só pra deixar uma previazinha:
- Acho que finalmente enxerguei os fatos claros na minha frente... eu demorei mas enxerguei.
- Posso perguntar que fato? ele tentava parar de fazer seu coração saltar do peito enquanto conversava, mas era impossível.
- Eu não amo o Sam ela negou veemente com a cabeça
Então é isso, ah uma boas vindas as leitoras novas e muito obrigada pela paciência de sempre
Só pra deixar claro: Eu demoro pra postar essa fic, mas JAMAIS vou abandona-la. Ok?
beijosss