Começar a Ser escrita por WinnieCooper


Capítulo 10
Clichê demais




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Clichê demais

- E quando eu pensei que você não podia ficar mais retardado pela Lily, você se supera – disse Lorcan á Hugo enquanto ambos passavam pelos terrenos de Hogwarts encaminhando-se para a aula de Herbologia.

- Pode dizer o que quiser, nada neste mundo hoje irá mudar esta minha feição – ele olhou para o melhor amigo sorrindo.

- Sabe o que acho muito injusto? Você não me detalhar o beijo! Eu escuto você sonhar com a Lily desde sempre e quando finalmente acontece você não me conta!

- Lorcan – Hugo olho sério para ele – Isso te faz parecer gay sabia? Querer detalhes, isso é coisa de mulher!

- Mas saiba que existem diferenças quanto por onde a língua percorre a boca, se ela for para o lado direito logo no inicio do beijo... – Lorcan começou a falar completamente sério – Significa que...

- NÃO! – o ruivo urrou e fez o amigo parar de falar – Não me faça imaginar coisas horríveis, porque a imagem que tenho do meu beijo com a Lily é perfeita, então...

- Não, mas é serio – o loiro insistiu – Se ela for para o lado direito significa que...

- Ora vejam! – disse uns garotos do sétimo ano nos jardins apontando para os dois – O casal de namorados do colégio.

- Estava perfeito demais o dia para ser real – comentou Hugo com Lorcan.

- Ei esquisitos – disse um jovem alto de cabelos pretos, Hugo reparou que ele fazia parte do antigo grupo popular de Sam – Faz tempo que queremos lhe dar uma lição.

- Eles devem estar muito entediados para perder tempo com agente – comentou Lorcan aos sussurros com Hugo.

- Por culpa de vocês o Sam mudou! – voltou a gritar o garoto moreno fazendo Hugo e Lorcan prestarem atenção neles pela primeira vez.

- Mudou? Como assim? – questionou o ruivo.

- Ele não quer ser mais amigo da gente – explicou outro jovem apertando os punhos com força fazendo os nós dos dedos ficarem brancos.

- Ah, isso é compreensível não é? – exclamou Lorcan quase rindo – Quem gosta de ser amigo de gente que não tem cérebro?

- Isso é engraçado para você Scamander? Vamos ver se acha isso engraçado – o mais alto do grupo levantou sua varinha e gritou – Levicorpus!

- Ei! – gritou Hugo erguendo sua varinha – deixem-no em paz!

- Vocês não acham isso clichê demais? – exclamou Lorcan com a camiseta caindo sob seu rosto que ganhava a coloração vermelha – Bater no esquisito do colégio?

Assim que viu um dos jovens erguer o punho no ar tentando acertar em sua cabeça, que só não fez por um triz, Lorcan voltou a dizer amedrontado:

- Vocês gostam de clichê!

- Porque não vão encher alguém sem vontade de pensar como vocês e nos deixam em paz?! – gritou Hugo quando viu uma varinha apontada para ele.

- Levicorpus!

- Duas vezes? – disse Lorcan olhando o amigo pendurado sem varinha ao seu lado – Isso está clichê demais, já pensou se eles resolvem nos fazer de saco de pancada agora?

A pergunta do jovem foi respondida quando viram todos do grupo ao redor deles, com os punhos erguidos no ar, prontos para acertá-los com murros.

- Parem! – Hugo e Lorcan abriram os olhos e viram o dono da voz parado perto deles, era Sam – Por que estão fazendo isso?

- A gente fazia isso para se divertir lembra Sam? – disse um dos jovens já com varinha abaixada.

- Não, não lembro, e mesmo que lembrasse isso é horrível, esses dois são os meus amigos.

- Liberacorpus – disse outro dos garotos do antigo grupo de Sam fazendo Hugo e Lorcan caírem no chão – A gente já está indo embora.

- Vocês estão bem? – perguntou Sam.

Lorcan prontamente sacudiu a cabeça afirmativamente, enquanto Hugo evitava olhar para ele abalado.

- Eu tenho aula nas masmorras agora, a gente se fala no almoço certo?

- Certo – o loiro confirmou.

- “Meus amigos”? – perguntou Hugo para Lorcan assim que viu Sam longe – Desde quando eu sou amigo dele?

- Isso é meio clichê não? Virar amigo daquele que mais odeia no mundo.

- O pior é que não consigo odiar ele – confessou Hugo.

- Você está com a Lily agora não está? Ou aquilo foi só um beijo? No fim, ele aproximou vocês de novo, porque odiá-lo pelo passado?

- Odeio o fato de você estar sempre certo Lorcan – Hugo suspirou derrotado – Vamos de uma vez pra aula, já estamos atrasados.

Enquanto caminhavam em direção as estufas, uma garota passou por eles correndo e sem se dar conta esbarrou em Hugo deixando os livros caírem no chão.

- Eu pego pra você.

- CLICHÊ! – berrou Lorcan apontando para os dois agachados no chão pegando os livros que haviam caído.

- Não ligue, ele é maluco – disse Hugo para ela.

Assim que entregou os livros para a jovem, seus dedos se tocaram, ambos se encararam pela primeira vez.

- Clichê de novo – repetiu Lorcan.

Ignorando o amigo, Hugo reparou que a garota era loira de cabelos lisos e olhos castanhos, seu uniforme era da Lufa-Lufa.

- Estranho, não me lembro de você no castelo – ele confessou, quando ambos levantaram-se.

- Na verdade, comecei a cursar este ano. Agora em janeiro que entrei. Meu nome é Sarah, tenho 15 anos, e vocês?

- Scamander e Weasley – Lorcan se apressou a dizer – Por que se apresentou com seu primeiro nome?

- Não ligue para ele – voltou a dizer Hugo – Meu nome é Hugo e o esquisito aqui é o Lorcan.

- Prazer conhecer vocês, eu tenho aula de “Trato das criaturas mágicas” agora, mas estou meio perdida.

- É logo ali – Hugo apontou para um caminho que levava a cabana de Hagrid – É só seguir reto, e você encontrará um meio gigante, ele parece assustador, mas provavelmente é a pessoa mais doce que irá conhecer.

- Obrigada – ela agradeceu começando a andar na direção que o ruivo apontou – A gente se vê, certo? – perguntou olhando diretamente para Hugo.

- Certo – respondeu meio abalado.

- Sabe o que é mais clichê? – comentou Lorcan parado ao lado de Hugo, ainda observando a garota se distanciar – Quando você está com alguém, aparecer outro alguém para te deixar confuso.

Hugo olhou fungando para Lorcan.

- Eu juro que se você falar clichê de novo vou te dar um soco na cara.

xxx

- Eu quero que se sentem em duplas – dizia o professor Longbottom para a turma do quinto ano – Cada dupla irá identificar uma planta que irei colocar sobre a mesa, é importante, irá cair nos NOM’s. Prestem muita atenção.

Em pé ao lado de Lorcan Hugo não desgrudava os olhos de Lily que conversava com uma de suas amigas. Ele esperava um sinal dela, talvez pudessem sentar em dupla, terem uma desculpa para estarem juntos sem ninguém desconfiar. Ou que desconfiassem. Hugo não ligava.

- Vamos, eu sei que planta é essa, vai ser fácil – Lorcan arrastou o amigo para uma mesa

- Você é um estraga-prazeres – reclamou Hugo olhando para o loiro – Eu poderia estar fazendo dupla com a Lily agora.

- Garotas não gostam de caras grudentos, quando vai descobrir isso? Além disso, precisa me agradecer, irei te fazer tirar a maior nota, Herbologia é fácil para mim.

- Eu preferiria tirar uma nota razoável fazendo dupla com a Lily.

- Não se desespere, ela está logo na mesa ao lado – Lorcan apontou com a cabeça ao lado direito do amigo.

Lily havia se sentado com sua amiga lá.

- Ou sabe do que eu me lembrei agora? – perguntou Hugo de repente – Aquela garota da Lufa-lufa, a tal da Sarah, ela tem aula de Herbologia com a gente certo?

- O que? – questionou Lorcan sem entender.

- Ela é Lufana igual você, a Lufa-Lufa sempre tem aula com a Grifinória de Herbologia, e ela tem 15 anos, provavelmente no quinto ano como nós, então ela devia estar aqui – explicou como se fosse óbvio.

- Meu Deus, já está obcecado pela outra?

- Não estou obcecado – Hugo defendeu-se – Só preocupado que demos a informação errada a ela, Sarah é nova aqui, deve ter se perdido.

- Hugo, deixe-me expandir sua mente. Talvez ela saiba ler, já pensou nisso?  Lá em seus horários estava escrito “Trato das criaturas mágicas” provavelmente é esta matéria. Além disso, já pensou que ela poderia estar no quarto ano? Ela pode fazer aniversário depois de setembro, assim teria 15 anos no quarto ano – Lorcan falou rápido demais.

- Parece a Rose falando.

- Acho que devia se focar na garota ao seu lado – o loiro apontou com a cabeça e Hugo viu que Lily tentava lhe entregar um pedaço de pergaminho.

Hugo esticou o braço e pegou o papel lendo o que sua prima havia escrito:

“Preciso te encontrar sozinha de novo, fazer aquilo pela terceira vez?”

- Aquilo? – perguntou Lorcan aos sussurros com o pescoço esticado atrás de Hugo – Se o professor pegar isso vai achar que esse “aquilo” é tudo, menos beijo.

Hugo virou seu rosto para ele o encarando, seriamente.

- Ok – disse o loiro encolhendo os ombros e sentando-se na cadeira novamente – Se quiser ficar trocando bilhetinhos tão clichês durante a aula, não está mais aqui quem falou.

Ignorando o amigo, Hugo abriu sua mochila e pegou tinteiro e pena, escrevendo a resposta a ela:

“Vamos para aquele lugar que só nós conhecemos hoje á noite”

- Sabe o que é mais clichê? Vocês terem um lugar que só ambos conhecem – continuou Lorcan.

Hugo virou carrancudo para ele:

- Continue tentando, talvez consiga me irritar, no meu perfeito dia de hoje.

O jovem ruivo virou o rosto e entregou o bilhete a prima. Ela apenas leu e confirmou com a cabeça sorrindo.

- Com licença professor Longbottom – disse uma garota á um passo de entrar nas estufas.

- Ah, você é a aluna nova? – perguntou Neville chegando perto dela – Entre, por favor, senhorita?

- Wade, Sarah Wade – apressou-se em dizer.

Hugo que até então tinha os olhos pregados em cada movimento que Lily realizava, desviou seu olhar e visualizou a garota que havia esbarrado poucos minutos atrás.

- Mentira que ela tem o mesmo... – ele começou a dizer, entretanto não conseguiu terminar.

- Pense. Talvez ela não tenha qualquer parentesco com o Sam, Wade é um sobrenome comum.

- Não é comum – negou Hugo automaticamente.

- Wade, por acaso você não seria... – começou o professor, mas a loira foi mais rápida e completou:

- Irmã do Sam. Eu me perdi, pensei que tinha aula de “Trato das criaturas mágicas” agora e...

- Tudo bem – Neville apressou-se a dizer – Todos já tem uma dupla, mas você pode se sentar...

- Com a gente professor – apressou-se Lorcan, levantando os braços.

- O que você tem na cabeça? – questionou Hugo com a cara carrancuda virada para o melhor amigo.

- O que? – Lorcan virou para ele sussurrando assim que viu a garota se dirigindo a mesa dos dois – Até agora a pouco estava encantado por ela, agora quer ignora-la por ser irmã do Sam?

Não deu tempo de o ruivo responder, a jovem loira sentou-se ao lado dele animada.

- Ainda bem que conheço vocês – ela disse ao ruivo.

Hugo não respondeu, abaixou seu rosto e ficou sem fala.

- O que aconteceu? – perguntou ela confusa.

- Ah, sabe o que é... – começou Lorcan, mas Hugo foi mais rápido.

- Não é nada, vamos nos concentrar no trabalho que o professor passou.

xx

- Alguém pode me dizer qual a função da Poção Wiggenweld? – perguntou o professor de poções ao sétimo ano.

Rose sentada na frente dividindo uma mesa com Alvo e Scorpius, logo levantou a mão.

- Eu acho que sei professor – a voz era de Sam, sentado na ultima fileira, tentando se esconder na penumbra da sala.

Todos viraram seu rosto para ele.

- É a poção do... do... – ele gaguejava fechando os olhos fortemente, tentando se lembrar – Ela tem o efeito... de... de...

- Tudo bem senhor Wade, alguém – o professor pediu e a mão de Rose se levantou novamente no ar.

- Me dê um segundo – pediu Sam – Eu li isso agora a pouco. Ela é, ela é... verde...

O professor confirmou com a cabeça esperando mais.

- E... e... – Sam fechou novamente os olhos.

- Bom, a aula acabou classe, estão dispensados para o almoço. Lembre-se do teste na quarta-feira – assim que a maioria da sala foi dispensada o professor apressou-se a chegar perto de Sam – Está indo bem Sam, mas lembre-se deve só observar.

Olhando para baixo, ele apenas respondeu:

- Eu sabia a resposta.

- Sei que sabia.

xx

- Isso é triste – comentou Rose mexendo no seu prato de comida.

- O que? – questionou Scorpius com a boca lotada de comida.

- O Sam... – respondeu erguendo seu rosto vendo, seu irmão e Lorcan se aproximarem da mesa.

- Gente é um milagre – exclamou Alvo de repente, reparando em Hugo – Primeira vez na vida que o vejo sem fones de ouvido.

Rose sorriu reparando em como o irmão estava com a feição tranquila e feliz pela primeira vez em meses.

- Se você souber o motivo do Hugo estar feliz vai querer arrancar sua cabeça Alvo – disse Lorcan displicente.

- Como assim? – o moreno questionou sem entender.

- É clichê irmãos brigarem com aqueles que beijaram... – Hugo pisou no pé do amigo fazendo-o se calar.

- O que? – voltou a perguntar Alvo.

- Ah meu Deus! – exclamou Rose sorridente – Finalmente!

- O que? – questionou Alvo novamente nervoso.

- Oi pessoal – cumprimentou Lily sorridente chegando perto deles se sentando ao lado do Hugo – Do que estavam falando?

- De você – respondeu automaticamente Lorcan.

- Nós estávamos falando da Lily? – perguntou Alvo sem entender.

- Lorcan cala essa boca! – exclamou Hugo.

Rose começou a dar risada sozinha.

- Vocês parecem ser legais e malucos, posso me sentar aqui? – a voz era de Sarah.

Hugo virou seu olhar para ela constrangido.

- É claro Sarah – disse Lorcan vendo a garota se sentar ao lado de Lily – Isso é tão clichê não? – ele perguntou com as sobrancelhas erguidas para Hugo.

- Eu vou ver uma coisa no Salão Comunal – o ruivo se apressou para levantar, deixando todos para trás.

Assim que virou o corredor, notou a vidraça de uma janela toda quebrada, sentado no chão ao lado dos cacos, estava Sam.

- Ei cara – Hugo resolveu cumprimenta-lo.

Sam olhava fixamente para frente, com sua mão direita escondida debaixo de sua perna.

- Sabe aquele dia que você me chamou de Sam II? – ele perguntou sem ao menos olhar para o ruivo – Ninguém entende além de você.

- Entende o que? – Hugo questionou sentando-se ao lado dele.

- Todos conversam comigo falando sobre um certo Sam, que fazia isso, sentia isso, gostava disso e daquilo. Falam de um Sam que não sou eu – Wade virou seu rosto o encarado pela primeira vez.

- Você devia almoçar – Hugo tentou desviar do assunto.

- Eu me lembro de uma ou duas coisas. Mas não do ano passado. Quando eu era criança – Sam voltou a encara-lo – Eu tinha 7 anos, estava brincando na rua de nossa casa e um garoto me empurrou fazendo eu cair e me machucar, olhando com raiva para ele desejei que seus cabelos pegassem fogo. De preto, eles ganharam a coloração vermelha. Sabe o pior? – Hugo negou com a cabeça – Não sei se inventei isso, ou se é verdade.

- Vai melhorar – foi tudo o que ele conseguiu dizer.

- Não se sabe – Sam negou com a cabeça.

- Vamos almoçar, depois as aulas...

- Eu perdi meu papel – explicou Sam.

- Papel?

- Com a lista de coisas que tenho que fazer.

- Tenho certeza que a Lily pode te ajudar.

- EU NÃO PRECISO DE AJUDA! – urrou levantando suas mãos.

Hugo reparou pela primeira vez no motivo da vidraça estar quebrada, a mão antes escondida de Sam, agora estava sangrando.

- Ok... – sussurrou Hugo levantando-se do chão com a intenção de sair de perto dele – Só para que saiba, devia ir a Ala Hospitalar. A Lily e nem os outros iriam gostar de ver isso.

- Não conte a ela, não conte a ela, por favor – implorou levantando-se do chão – Eu só... perdi minha lista de coisas a se fazer. Eu...

- Sabe como você costumava chamá-la? – perguntou Hugo rapidamente virando seu rosto para Sam.

- Eu não quero saber o que eu costumava ser.

- Devia, porque a Lily lutou pra ter você de volta! – ele gritava – Tudo o que eu escutei nesses dias que você ficou em Coma foram coisas sobre você! Sabe o que eu daria para ela falar de mim, como ela falava de você? E agora você simplesmente desiste?!

- Eu...

- Você sempre a chamava de Lils, ela gostava quando você fazia brincadeiras idiotas como chacoalhar seus cabelos molhados em seu rosto a irritando, ou cócegas no meio do Salão Comunal, gostava quando você roubava beijos dela com palavras bonitas ditas antes, você era o sol para ela.

- Você não acha que eu quero ser isso de novo?! – perguntou Sam zangado apertando suas mãos que sangravam fazendo-as ficarem mais vermelhas.

- Você não pode recuperar o passado, mas pode enchê-la de novas recordações boas de vocês – respirando calmamente ele voltou a dizer – Vá para a Ala Hospitalar.

xx

Era noite, após jantar, Lily andava pelos corredores, tentava chegar o mais rápido em seu dormitório, queria tomar um banho e ir se encontrar com Hugo.

- Lily, posso conversar com você? – Sam perguntou assim que a viu prestes a entrar pelo buraco do retrato.

- Agora? – ela perguntou confusa – Eu ia...

- Agora Lils – ele confirmou.

- Do que você me chamou? – ela perguntou com o coração aos pulos.

- Vamos conversar? – esticou a mão que durante a tarde estava machucada, mas agora estava limpa e perfeita, como se nunca tivesse tido ferimento algum.

- Você me chamou de Lils – os olhos dela brilhavam – Se lembra?

Sam fechou os olhos tentando lembrar de mais alguma coisa que Hugo havia lhe dito naquela tarde.

- Lembra como ganhei o apelido? – ela insistiu esperançosa.

O jovem nervoso abriu os olhos e esmurrou a parede com seus punhos fechados. Lily olhava apavorada para ele agora.

- Desculpe, desculpe eu... – ela começou dizendo.

- Eu te pedi para parar! – ele respondeu com os dentes rudemente fechados – Você espera que eu seja esse cara que você conheceu, quando vai colocar na sua cabeça que ele se foi?! Ele morreu Lily! Morreu!

Virando as costas para ele, Lily entrou pelo buraco do retrato sem se despedir.

- Merda!

Ele encostou-se à parede e escorregou até sentar-se no chão. Fechando os olhos cansados, ele se lembrou:

“– Ei Potter quero um beijo seu! – Sam de uma aparência mais nova gritava andando a passos largos atrás de Lily.

- Alguém devia lhe ensinar que jamais ganharia beijos correndo atrás das pessoas e gritando, implorando por isso – respondeu sem ao menos virar para trás e encará-lo.

- Como se ganha beijos seus afinal? – ele questionou.

Lily parou de chofre e virasse encarando-o pela primeira vez. Estava nevando forte, ambos com roupas de frios até o pescoço.

- Garotas como eu, não gostam de tipinhos como você...

- Tipinhos como eu? – ele ergueu as sobrancelhas, confuso, a maioria das garotas da escola gostava do jeito dele desde sempre.

- Que se acham demais – explicou cruzando os braços.

- Eu tenho uma novidade para você – ele disse dando pequenos passos se aproximando dela – Caras como eu, amam um desafio, como você.

Ela riu sarcástica e voltou a dizer zangada:

- Caras como você gostam de ser chutados.

- Garotas como você merecem atitudes drásticas! – ele segurou os braços dela a trazendo para si selando seus lábios.

Lily se debateu no inicio, mas logo cedeu ao beijo, suas mãos sem embaralharam nos cabelos de Sam. Sua boca correspondia aos estímulos da boca dele.

Como se acordasse do topor de estar beijando-o, Lily pressionou seus dentes nos lábios dele o fazendo se distanciar dela rapidamente.

- Caras como você merecem atitudes drásticas! – ela gritou se distanciando dele antes de Sam se recuperar do susto de ver seus lábios sangrando.

- Ei Lils, nunca vou esquecer que por um momento você correspondeu! – gritou sorrindo.

Lily virou seu rosto parando de chofre. Confusa, perguntou:

- Lils? Não sabe meu nome?!

- Não – ele negou com a cabeça – Este é meu apelido romântico para você”

Abrindo os olhos, exausto, Sam suspirava com suor na testa. Sua única certeza era que tinha que conversar com a Lily.

O destino às vezes é engraçado, não sabia exatamente quanto tempo ficou com os olhos fechados revivendo o passado, mas assim que virou seu pescoço, visualizou-a saindo do buraco do retrato. Seus cabelos ainda estavam molhados pelo banho que tinha acabado de tomar. Usava um casaco preto, cachecol vermelho e luvas brancas.

- Lils – ele a chamou tentando levantar do chão ainda meio atordoado – Eu sinto muito.

Lily o olhava preocupada e triste ao mesmo tempo.

- Não.

- Bem eu sinto...

- Não, quero dizer, você não devia se desculpar, não é sua culpa, não fez nada de errado – ela suspirou e mexeu em seus cabelos, ansiosa – Desde o acidente me disseram para não forçar muito, e adivinha o que eu fiz? Eu forcei. Eu te vejo de novo e todos dizem “É com o tempo Lily, não force” e o que eu faço? Sam, eu estou começando a achar que a melhor coisa que posso fazer é me afastar de você. Te dar um tempo.

Ela virou suas costas para ele começando a andar.

- Não faça isso, eu me lembro Lils, do beijo, da mordida que veio depois, de como veio o apelido.

- Sério? – votou a encara-lo esperançosa.

- Eu tinha 15 anos, você apenas 13, estávamos discutindo, você corria de mim, eu lhe roubei um beijo, você correspondeu, depois mordeu meus lábios e eu te chamei de Lils, é isso o que sei...

Ela fungou deixando uma lágrima cair de seus olhos.

- Por favor, me diga, isso é real, ou uma ilusão da minha mente?

- Não – sua voz saiu embargada – foi isso o que aconteceu, nosso primeiro beijo. Meu primeiro beijo.

- As lembranças vêm e vão, não sei como funciona, e isso me enlouquece de vez enquanto, mas sempre surgem lembranças nossas – ele arriscou acariciar o rosto dela – Você meio que espera o mundo de mim Lily, eu não posso lhe dar o mundo. Está desapontada? Está chorando.

- Não, não, desapontada? – ela limpou as lágrimas que caíram de seus olhos – Qual é o oposto de desapontada?

- Eu não sei... – ele riu.

- Bom, seja lá o que for, é isso...

- Nós costumávamos nos beijar bastante? – ele perguntou passando suas mãos na cintura dela.

- Bastante – ela mordeu os lábios receosa.

- Éramos bons nisso?

- Sim.

- Ás vezes eu acho que você esquece de como somos sortudos.

- Sortudos? – ela questionou curiosa, para Lily eles eram tudo, menos sortudos.

- Quantos casais podem ter o primeiro beijo duas vezes?

Ela sorriu abertamente e aproximou seus rostos beijando-o.

xx

- Ok, me descreva – disse Lorcan a Hugo enquanto caminhava com o amigo pelos corredores do castelo.

- Merlin! Ainda não esqueceu? – exclamou Hugo.

- Você não sabe dar detalhes do beijo, então me descreva do seu jeito.

- Não mesmo.

- Ok, irei te infernizar o resto da vida com clichê.

- É ótimo ter melhores amigos como você. Ok imagine! – começou Hugo encenando sua fala com as mãos – Eu e a Lily estávamos conversando, trocando palavras com duplo sentido. Estava claro que ela queria me beijar do mesmo modo que eu queria a beijar. Era como Senhor dos Anéis e a Sociedade do Anel, era tão bom que chegava a ser irreal.

- Ahan – o loiro balançou a cabeça positivamente – o que é “Senhor dos Anéis”?

- Aí chega As Duas Torres – Hugo falava empolgado e ignorando o amigo – Eu a beijei, ela correspondeu e eu pensei que nada poderia ficar melhor que aquilo, até que...

- Que...

- O que ela fez a seguir, superou tudo, ela me beijou desta vez, ela que me beijou, é como se fosse O Retorno do Rei mostrando que a perfeição é sim alcançável.

Lorcan olhava abobado para ele:

- Depois diz que não é nerd.

- Você que pediu para eu descrever o beijo – Hugo deu de ombros.

- Oh não! – Lorcan exclamou de repente olhando fixamente pra um ponto ao longe no corredor – Me diga Hugo, existe alguma parte desta história toda de O Senhor dos Anéis que é péssima?

- É claro que não! – respondeu automaticamente.

- Que parte é essa da sua história então? – ele apontou com o dedo um casal que se beijava ao longe – Pra mim isso é tão...

- Não diga clichê! – Hugo olhava atordoado o casal, não conseguia acreditar no que Lily havia feito.

Andando a passos largos se aproximou dos dois.

- Não faça nada agora – Lorcan tentou impedi-lo – Não está pensando e...

- SAI DAQUI – ele empurrou Scamander e andou furioso em direção a Lily e Sam.

Quando a distância havia se quebrado, ele fingiu que acidentalmente esbarrava neles, fazendo ambos sessarem o beijo.

- Oh, desculpe, não era minha intenção atrapalhar o casal – ele andou para longe deles antes que algum dos dois falasse alguma coisa.

Lily não conseguia desgrudar os olhos do primo que se distanciava cada vez mais.

- O que eu fiz? – perguntou a Sam com os olhos marejados.

xx

Lua.

Como ele odiava a lua.

Agora ele odiava olhar para ela na imensidão do céu, agora lhe fazia mal.

A única coisa que ele poderia fazer para aliviar sua dor no peito lancinante era desenhar e foi o que fez.

xx

Lily acordou com uma batida de bico insistente na janela, levantando-se pegou o pergaminho amarrado na pata do animal e abriu lendo o que havia escrito, suas mãos tremiam assim que percebeu que era uma história em quadrinhos criada por seu primo Hugo:

“Acho que se esqueceu de verdade – era o titulo.

Num desenho perfeito estavam duas crianças sentadas no galho de uma árvore, uma enorme lua iluminava o céu. Um balão saia da boca da garotinha:

- Você tem que jurar que não vai contar isso para ninguém!

- Eu juro Lily – respondeu o garoto com os dedos cruzados atrás das costas.

- Nem para a sua mãe, nem para seu pai, nem para a Rose e muito menos ao Lorcan.

- Eu juro.

- Esse é o nosso segredo... feche os olhos.

O garotinho do desenho fechou-os bem apertado.

- Um... dois... três – Lily contou se inclinando para ele e selando seus lábios brevemente.

O Hugo do desenho abriu os olhos, espantado.

- Isso nunca aconteceu, vamos esquecer combinado? – ela perguntou.

- Combinado.”

Era real, essa lembrança em formato de história em quadrinhos era real. Havia acontecido na infância deles.

No rodapé do pedaço de pergaminho, havia um Ps.

“Nunca se perguntou o porquê que eu amo tanto a lua? Preste atenção no seu nome: Lily Luna Potter. Luna. Lua.

Sempre é você. Sempre será”.

Em cima do papel, grossas lágrimas caiam, e tudo o que Lily sentia era arrependimento.


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Notas finais do capítulo

N/B: VA-GA-BUN-DA!!! É isso que a Lily é, uma vagabunda, das grandes sabiam?
Desculpa gente, e você também Winnie, pelo vocabulário, mas não consigo encontrar uma palavra que descreva melhor a Lily agora. Quer saber? Posso até achar sim, mas seria inapropriado para menores de 21 anos.
Que ódio!!
Quer saber? Quero que o Hugo fique com a Sarah mesmo, que o Sam largue a idiota da Potter e que ela fique o resto da vida dela morando sozinha com sete gatos. Argh!
Eu exagerei?
Porque eu não estou nem aí, a Lily que MORRA pra lá. Pronto, falei.
E dane-se. A Lily não merece meu Weasley. Eu sei que Hugo ama a prima, mas fala sério, eu não a suporto. Ainda mais depois daqueles beijos no último cap e da história que ele escreveu lembrando-se de quando eram crianças, e do beijinho que ela deu nele...
Ai pessoal, eu nem culpo o Sam, o cara nem lembra o nome direito... Ah, alguém sentiu falta da Rose e do Scorpius nesse cap? Outra coisa, desculpe gente, pelo estresse aparente e também pelos xingamentos. Mas não sei se mato a Winnie ou a Lily. Quer saber, estou com raiva do Hugo também. Ele ficou incentivando o Sam a não desistir da idiota (lê-se Lily).
Eu não entendo.
Por que os garotos perfeitos apaixonam-se pelas meninas erradas?
Ps.: Quem gostou da descrição de beijo do Hugo para o Scamander citando o Senhor dos Anéis levanta a mão. Eu amei... Bom, nerd é assim mesmo e que comentário pequeno esse né?
N/A: SANTO DEUS kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk como eu dei risada de Andizita agora ahahahahhahahaha
Pessoal lindo, tenho coisinhas a dizer, vamos lá...
Hum, sei que a falta de posts é triste, mas estou tentando fazer o possível pra sair coisas descentes nos capítulos, esse novamente bateu record de páginas... 23 no word :O
O próximo é ainda maior, 26... título Dia dos namorados
Se tudo que está na minha cabeça, passar de forma certa no papel vamos ir até o capítulo 13 nessa fic, o que significa que faltam 3 capítulos para termina-la.
E eu estou preocupada com o ódio alimentado de vocês pela Lily...
Preciso dizer que amei escrever isso aqui
Não a parte do beijo e o Hugo tristinho (o que me leva a te dizer dona Andie, que a sua vontade de me matar, não é valida, Lily tomou conta da fic, eu juro), mas amei meu Lorcan e seu clichê e isso rendeu Fanart gente
Minha amiga linda fez para mim: http://images.orkut.com/orkut/photos/PQAAAHOSt5EnPKg0X4dZa848wfxRvn_nVNqkhpwt8-zc27_JHv0svMJEZbBGHZznArwiWoDSiUQji-sSLY_jnKfUYy4Am1T1UBW53_64TopSQhQ0N1rlwlmAY9bR.jpg
Além de um Gif *-* porque ela me ama demais...
Lorcan é dela (só pra constar) obsessão por homens de literatura...
Tenho essa obsessão por Peeta Mellark (aliás alguém gosta de Jogos Vorazes aqui?)
Juro que responderei todas minhas reviews aqui, ando meio desmotivada pra tudo ultimamente...
Mas aqui me sinto melhor, então...
Espero sinceramente que não tenham me abandonado (ainda mais depois deste capítulo)
beijoss