até o Fim da Primavera - Naruto escrita por ThamyTsuki


Capítulo 2
Capitulo 2


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem!



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2 - Morrer... Teria Sido uma Benção

Sakura parecia uma morta viva em cima daquela cama. Seu pai havia lhe contado sobre o seu novo estado. Ainda não conseguia sentir totalmente as pernas e pelo o que ouvira nunca mais as moveria. Não poderia ser mãe, esposa, mulher, pessoa. Nada era isso que havia se convertido, em nada. Uma existência vazia sem nenhum propósito. A dor e raiva eram tamanhas que sua visão estava embaçada.

- Então... Finalmente você se tornou aquilo que eu sempre soube que você seria – Iza chegou aos pés da cama.

- Vá embora – pediu com os olhos fixos no teto.

- E não lhe dizer o que merece ouvir? – Indagou com a voz debochada. – Como se sente querida? Agora que é uma inválida! Uma imprestável! Inútil até mesmo para morrer?!

- Saia! – Gritou a beira das lágrimas.

- Não quer ouvir a verdade? – Puxou o cabelo rosa da filha -, você é um maldito obstáculo na minha vida! Por que não morreu?! Por que não se foi logo de uma vez?!

- Pare! Por favor, me deixe... – Tentou se esquivar das mãos da matriarca, porém suas pernas doeram agudamente.

- Se tivesse morrido sua irmã se casaria com Sasuke e nós estaríamos livres de você para sempre!

Sakura chorou tanto que os soluços vaziam seu corpo tremer a ponto de bater os dentes. Colocou a mão na cabeça tentando bloquear a dor e a verdade daquelas palavras cruéis. Sentiu a mãe se afastar.

- Como ousa?! – Tanaka virou a esposa e a estapeou no rosto com tanta força que ela caiu no chão. – Sakura...

- Vão embora! Saiam daqui! – Gritou tossindo muito pelos soluços contínuos.

Tanaka achou melhor decidiu que era melhor acatar o pedido da filha. Agarrou Iza pelos ombros e saiu arrastando-a pelos corredores. Os empregados olharam abismados a cena. Chegou a sala onde Ino, Mikoto e Sasuke estavam.

- Papai, o que está fazendo com a mamãe?

- Essa coisa não é uma mãe! É um monstro sem coração.

Mikoto não disse uma palavra, apenas saiu correndo para o quarto onde a nora repousava. Sasuke seguiu a mãe com velocidade, porém ao chegar ao corredor não conseguiu mexer por causa dos sons que vinham do quarto. Sakura chorava como uma criança desamparada, o remorso rasgava sua alma, o peso as culpa impedia de erguer a cabeça. Tomando coragem avançou mais antes de entrar totalmente no quarto a voz rouca da esposa o travou.

- Por que Mikoto? Por que eu não morri logo de uma vez? Teria sido a solução para tudo.

- Não fale isso querida.

- Sasuke não me suporta – o rapaz apertou os punhos. – Se antes ele me considerava um aborrecimento, imagina agora. Se era para eu ficar desse jeito... Preferia ter morrido!

- Sakura, morrer é triste. É o fim de um ciclo que você ainda nem começou.

- Morrer... Teria sido uma benção.

Incapaz de continuar ouvindo aquele lamento cuja responsabilidade era dele, o Duque deu meia voltando chocando-se com Ino. A garota possuía os olhos rasos de lágrimas e lhe estendia um pequeno livro com a capa puída e a inicial “S” estava marcado na frente.

- Q-Quando você foi até a minha casa conhecer a Sakura e a minha mãe disse que era ela interesseira, sem escrúpulos e ambiciosa-.

- Já compreendi que tudo era uma grande mentira para assim eu mover céus e terras para casar com você ao invés dela – sibilou glacialmente.

- Eu nunca entendi o porquê da minha mãe preferir a mim, mas...

- Mas também é culpada por ter se aproveitado dessa preferência para conseguir o que sempre queria.

A loira ficou tensa, entretanto por fim assentiu derrotada. Colocou o objeto nas mãos dele.

- Esse é o diário da Saks... Ela escreve nele dês dos oito anos. Tudo que você precisa saber sobre ela, está aqui.

Os rígidos olhos negros pousaram no livro. Tinha o direito de ler? Tinha o direito de conhecer aquela mulher linda que se escondia embaixo de olhos e feições tão desamparadas quanto às de um órfão? Ino não esperou uma resposta, somente virou as costas e foi embora deixando-o responsável pelos segredos de Sakura.

- Filho? – Olhou para pai derrotado -, acabei de voltar da cidade e já providenciei tudo o que ela vai precisar.

A imagem de Sakura numa cadeira de rodas fez um nó tão grande forma-se na sua garganta que era difícil respirar. Apoiou as costas na parede.

- Certo obrigado. E-Eu vou ir até a capital resolver alguns assuntos.

- Vai deixá-la? – Fugaku considerou o estado do filho.

- Eu não posso ficar aqui muito tempo.

- Sei – o patriarca conseguia ver claramente o que se passava na cabeça do rapaz -, seja lá o que fez a ela, ainda pode contornar.

- Não – negou caminhando em direção aos fundos. – Não posso não.

Andou sem rumo certo pela casa de campo que a esposa habitava dês do casamento. Tinha praticamente exilado-a ali como um castigo, contudo agora podia notar o quão satisfeita ela estava por ficar naquela mansão ao invés do badalado mundo da capital. Sem que percebesse chegou até o jardim dela. Seu tataravô construiu aquele lugar para a esposa há tantos anos, era todo murado o portão quase desaparecia por entre as folhas.

Lá dentro existiam vários tipos de plantas, mas a supremacia eram as cerejeiras, que estavam murchas e algumas até já mortas. Todo o jardim parecia estar morrendo junto com a dona. Os sentimentos de remorso e culpa pareceram aumentar gradativamente com aquele pensamento.

- Milorde – voltou-se para o seu assistente -, sua carruagem está pronta.

- Muito bem, eu já estou indo – olhou novamente para as árvores quase sem nenhuma flor -, obrigado Juugo.

Fez o caminho contrário, voltando à mansão. Os Haruno já haviam ido embora. Confessava estar surpreso com a atitude de Tanaka, sempre este claro para todos que era Iza quem dava as ordens naquele estranho relacionamento. Nunca imaginava que seu sogro pudesse ter uma reação tão abrupta com a esposa.

Esposa... Chegou ao corredor que levava ao quarto da sua. Não podia ir sem dizer nada a ela. Abriu a porta, o cômodo estava silencioso e escuro, a moça dormia serena, embora marcas de lágrimas ainda manchassem suas bochechas. Um cacho rosa repousava delicadamente sobre a têmpora, acariciou a testa sentindo a maciez extrema daquela pele intocada. Só havia possuída como mulher uma única vez e fora na noite de núpcias para consumar o matrimônio e a relação não havia sido nada de especial. Sabia que não a tinha machucado, entretanto deveria ter dado um pouco mais de atenção a sua bela e inocente esposa.

Deu meia volta, teria que deixar uma carta, não iria acordá-la...

- Sasuke...

Estancou e com o máximo de dignidade possível encarou os olhos verdes abatidos.

- Como está se sentindo?

- Como está o seu braço? – Ela devolveu a pergunta.

- Alguns pontos apenas... Em algumas semanas eu vou ficar bem –, mas ela não, recordou novamente.

- Sasuke...

- Eu já providenciei tudo o que você vai precisar – seu nome pronunciado por aqueles lábios o matava.

- Você vai embora? – Os verdes encheram-se de lágrimas.

- Eu devo resolver alguns assuntos pendentes na capital.

- Não vá, por favor – implorou escondendo o rosto com as mãos – fique aqui!

Ele virou de costas não suportando olhar para ela.

- Eu preciso-

- Eu preciso de você – gritou cheia de dor -, por favor, não me deixe agora... Não me abandone para enfrentar isso sozinha.

Os punhos dele se apertaram.

- Eu tenho que ir – falou com o máximo de firmeza possível. – Você vai ter tudo o que precisar.

- Eu preciso morrer! Pode me dar isso?

O moreno sentiu os olhos arderem.

- Adeus Sakura.

- Sasuke! – Chamou vendo ir embora sem olhar para trás – Sasuke!

                           §§§

Nove meses depois...

Aquela casa que antes cheirava a flores de cerejeira  e possuía um astral para cima, agora estava morrendo lentamente. Os servos antes tentavam de todas as formas animarem a Duquesa, mas era inútil. Ela havia caído em um estado de depressão profunda, quase não se alimentava, recusava-se a sair de cadeira de rodas e por isso ficava todo o tempo deitada no quarto, isolada do mundo e da natureza.

Sasuke não vinha vê-la há quase quatro meses. Uma terrível doença devastou quase toda a população do país vizinho e para evitar que as pessoas contaminadas viessem para cá o rei convocou todos os nobres no objetivo de criar um plano a fim de evitar isso.

- Bom-dia minha cerejeira – Tsunade foi contratada como enfermeira, apenas para cuidar de Sakura.

- Olá Tsunade – respondeu irritada com a luz solar.

- Eu tenho grandes novidades para a milady.

- Quais? – Tinha deixando de perguntar pelo marido há tempos, toda sua esperança retrocedera.

- Os sobrinhos do Duque se hospedaram aqui.

- Não sabia que Itachi havia se redimido com as Uchiha.

- É verdade ele era o filho mais velho só que foi deserdado... Por quê? – Perguntou no intuito de faze-la falar um pouco.

- O contrato estipulado pelas nossas famílias dizia que os primogênitos, no caso eu e ele, nos casaríamos. Porém ele se apaixonou por uma camponesa chamada Yumi e abdicou tudo para poder ficar com ela – respondeu tendo dificuldade ao se sentar.

- Então ele realmente a amava... Bom o que importa é que seus sobrinhos Daiki de dez anos e Aiko de oito anos estão vindo lhe fazer companhia.

- Hmm – duas crianças saudáveis só fariam ela lembrar que jamais poderia ter filhos.

- Você quer comer alguma coisa? Ou dar um passeio pelo jardim?

- Quero ficar deitada.

- Sakura – repreendeu Tsunade -, se você continuar assim vão criar feridas nas suas pernas.

- Mais tarde.

- Okay então – suspirou derrotada. – Eu vou recepcionar as crianças.

- Ótimo e pelo amor de Deus feche essas cortinas – ordenou voltando a se deitar.

No hall da casa duas crianças estavam comportadamente sentadas no sofá. Daiki possuía cabelos negros e seus olhos eram negros azulados já Aiko apesar de ter os olhos idênticos aos do irmão tinha cabelos loiros como o sol. Tsunade sorriu levemente para eles, a mãe havia morrido há pouco tempo, mas eles estavam reagindo bem, bem até demais para falar a verdade. Eles com certeza seriam ótimas companhias para Sakura.

- Olá.

- Bom dia senhora – os dois responderam educadamente.

- Daiki e Aiko, certo? – Analisou os dois.

- Sim senhora.

- Eu sou Tsunade, sigam-me eu vou lhes mostrar os seus aposentos.

Os dois sorriram e começaram a andar atrás da mulher. Tão logo a enfermeira se distraiu ambos saíram em disparada para outro corredor.

- Corre Aiko! – Pediu Daiki segurando a mão da irmã.

- Estou correndo nii-san!

As crianças esbarraram nos empregados que carregavam o faqueiro, os lençóis recém lavados e a louça. Por onde quer que eles passassem o pandemônio se instalava.

- Crianças voltem aqui! – Eles gargalhavam sonoramente pelo tom desesperado de Tsunade.

Chegaram a um corredor que dava até os fundos da casa. Ainda levando tudo numa brincadeira inocente chegaram até o jardim murado. Porém os grandes portões de ferros estavam fechados por grossas correntes. Os gigantescos muros cobertos por folhas tinham uma tediosa aparência opaca. Daiki olhou por uma pequena brecha, tudo lá dentro estava morto, não havia uma plantinha ou flor para contar história.

- O que tem aí dentro? – Aiko perguntou curiosa.

- Nada... Não tem nada – respondeu intrigado.

- Se não tem nada por que está trancado?

- Porque é um jardim mágico – as duas crianças se voltaram para um senhor de idade.

- Mágico? – Aiko pareceu bastante interessada.

- Sim, há muitos anos o primeiro Uchiha construiu essa casa para a esposa, mas ela não ficava feliz entre paredes... Então ele criou esse jardim e contratou os melhores jardineiros para enchê-lo de flores, mas nenhuma floresceu.

- E por que não?

- Vocês sabem o que é uma pessoa com o coração rosa? – Os dois acenaram negativamente. – É uma pessoa que tem o dom de cuidar da terra por ser uma gentil e pura. A esposa do Duque, Hana plantou cerejeiras numa última tentativa e foi à única que vingou nesta terra.

- Uau! – Exclamaram juntos.

- E depois que as cerejeiras cresceram outras plantas também começaram a nascer, mas numa noite de tempestade a Duquesa ficou exposta à chuva e terminou muito doente.

- Igual a nossa mamãe – murmurou Aiko.

- Nunca mais cresceu nada depois da morte dela – Daiki indagou cadê vez mais intrigado.

- A nova Duquesa Sakura, conseguiu plantar as famosas árvores de cerejeira aqui.. Até alguns meses atrás tanto esse jardim quanto essa casa irradiava beleza.

- Ela morreu?

- Não, ela sofreu um acidente muito grave e não pode mais andar.

- Ué, se ela não pode mais andar é por que ela só esqueceu de como se faz – opinou Aiko com toda inocência.

- Receio que não seja tão simples assim criança.

- Onde ela está?

- Lá – apontou para uma janela -, agora ela passa a maior parte do tempo no quarto, à duquesa era uma pessoa tão adorável – lamentou. – Bom, eu tenho que voltar ao trabalho, não se metam em encrencas.

Enquanto senhor se afastava os dois continuaram parados encarando os portões do Jardim Mágico. Ambos imaginavam aquele lugar repleto de flores. Aiko segurou as mãos do irmão e o puxou de volta para casa. Daiki olhou de relance para a janela e pareceu ver uma mulher de cabelos rosa sentada próxima à janela, piscou, e as cortinas apareceram fechadas.

- Nii-san o que você tanto olha?

- Nada Aiko... Lembra da pergunta que você me fez quando estávamos vindo para cá?

- Sobre o que faríamos nesta estação?

A mãe deles tinha criado um jogo criativo e inteligente. A cada estação dava a eles grandes tarefas para terminarem e desde que ela havia falecido eles não jogavam mais e Aiko sentia falta.

- Isso, eu já sei o que faremos nesta primavera.

- O que?

- Vamos deixar esse jardim bonito de novo.

- Mas o tio disse que só a Duquesa pode fazer isso e ela desaprendeu a andar!

- Então nós vamos ensinar ela a andar e ela vai ensinar a gente a plantar do jardim mágico – decretou sorrindo corajosamente.


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Notas finais do capítulo

Kissus!



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