-Yasmin: “Não tem jeito. Contra os três ao mesmo tempo eu não tenho a menor chance. Sendo assim, só há um jeito de sair com vida daqui.”
A capitã atirou sua espada ao chão, distraindo seus inimigos por um segundo, enquanto levava a mão esquerda até um pequeno saco que mantinha preso à cintura, retirando uma pequena esfera escura.
-Yasmin: Vamos com calma, sim? Senão todos nós vamos continuar essa conversa no outro mundo.
-Fernand: Como assim? Que coisa é essa?
-Yasmin: Uma bomba, é claro.
-William: “Maldição, eu não previ isso! E como já declaramos que vamos matá-la, ela não tem nada a perder se explodir essa bomba.”
Por um momento, todos os quatro mantiveram-se em silêncio, cada qual absorto em seus pensamentos. Esse momento pareceu durar uma eternidade, até que finalmente alguém fez algo. Yasmin lançou a tal bomba para o alto e, dois segundos depois, disparou uma pequena labareda contra ela.
-Yasmin: Pensando bem, vamos terminar com isso de uma vez.
-Fernand: Impossível! Sua louca!
No instante em que a guerreira do fogo atirou o explosivo ao alto, as expressões de William, Samantha e Fernand mudaram de tensão para espanto e surpresa. Este último, porém, foi o único a fazer algo, erguendo o braço direito ao alto o mais rápido que pode, fazendo com que uma barreira de terra se erguesse do chão. Porém, não houve explosão alguma. Ao invés disso, todo o local ficou subitamente escuro.

-Yasmin: O que quer me entregar, pai?
-Agas: Diga-me, Yasmin. O que um guerreiro deve fazer quando percebe que é impossível superar um desafio?
-Yasmin: Eu... não sei.
-Agas: Se você perceber que não importa o quanto se esforce, perderá sua vida em vão se continuar lutando, então você deve fugir. Pode parecer algo desonroso, mas é melhor que ser apenas mais uma vítima.
Após dizer estas palavras, Agas entregou três pequenas esferas escuras para sua filha.
-Yasmin: O que são?
-Agas: Bombas de fumaça. Elas são feitas de um material especial que reage ao fogo, fazendo com que estourem ao entrar em contato com chamas. De certa forma pode-se dizer que foram feitas sob medida pra você.
-Yasmin: Entendo.

-Yasmin: “Obrigada, pai. Graças a você talvez eu consiga escapar.”
Aproveitando-se da surpresa dos inimigos, a capitã imediatamente correu através da cortina de fumaça, passando ao lado deles e seguindo na direção de Furnace.
-William: “Foi tudo um blefe! Inteligente, mas isso não funcionará comigo!”
A fumaça começou a girar em círculos e se elevar acima do trio, graças aos poderes de William. Yasmin, que conseguiu apenas se afastar vários metros, passou a ser perseguida através do bosque.
-Fernand: Desgraçada! Não podemos deixar que escape!
-Samantha: De fato, mas não se preocupe. Ela levou um golpe violento de William, é impossível que consiga escapar de nós após ter sido ferida daquele jeito.
Percebendo que sua tática não havia funcionado como ela esperava, Yasmin apressou seu passo, correndo o mais rápido possível. Porém, como Samantha havia dito, devido ao corpo ferido da capitã, a distância entre ela e seus perseguidores diminuía, ainda que lentamente.
-Yasmin: “Tem que dar tempo. Só mais um pouco!”
Logo ela estava fora do bosque, diante dos desfiladeiros ligados pela ponte de cordas. Sem pensar duas vezes ela começou a atravessá-la. Samantha e seus aliados logo a alcançaram, momentos após ela chegar à metade da ponte. Nesse momento, os olhos de William se arregalaram como se ele tivesse percebido um grande perigo.
-William: Esperem! Não pisem na ponte!
Samantha parou ao ouvir a ordem de William, mas Fernand continuou sua perseguição, meramente gritando em resposta.
-Fernand: Por quê!?
-William: Seu idiota! Ela vai queimar a ponte depois de atravessar!
Dito e feito. Após terminar de atravessar, Yasmin lançou chamas nas cordas que seguravam a ponte, fazendo-as estourar. Fernand apenas teve tempo de segurar-se nas cordas para não cair.
-Samantha: Acho que ele vai morrer.
A ponte foi de encontro ao desfiladeiro do lado em que William e Samantha estavam, mas Fernand conseguiu segurar-se. Em seguida, o manipulador da terra usou seus poderes para criar degraus no desfiladeiro e subir de volta ao topo.
-Samantha: Essa foi quase.
-Fernand: Se eu encontrar ela de novo...
-William: Agora teremos de agir com mais cautela. Mas não vamos desanimar, pois no fim venceremos. E com toda certeza, aquela garota pagará por esta humilhação que nos fez passar.

O templo da cidade de Hadob era um local calmo, onde sacerdotes e sacerdotisas passavam os dias ministrando para os habitantes e, ocasionalmente, cuidando daqueles que adoeciam ou tornavam-se perturbados. Dentre as sacerdotisas, havia Luna Watlear, uma garota de 17 anos, com cabelos curtos e levemente rebeldes, sempre vestindo uma túnica cerimonial branca.
Naquele dia ela estava acendendo as velas no altar localizado no grande jardim da igreja, como sempre fazia, quando notou que o sacerdote líder do templo se aproximava, acompanhado de alguns soldados.
-Lituni: Então esta é Luna Watlear?
-Sacerdote: Exatamente, Senhor Lituni.
-Lituni: É um prazer conhecê-la, sacerdotisa. Eu sou o Capitão Lituni do exército de Chesord.
-Luna: Boa tarde. Por que veio até aqui?
-Sacerdote: Parece que alguém ou alguma coisa destruiu um dos pilares que mantém ativa a barreira ao redor do reino. Devido a isso, o exército resolveu reforçar a segurança dos outros nove.
-Lituni: Exatamente. Eu vim até para procurar um guia que me leve até o pilar que fica nas montanhas próximas de Hadob e indicaram que você seria a mais adequada.
-Luna: Já entendi tudo. Vou lhes mostrar onde o pilar está escondido quando estiverem prontos.