Slow Life escrita por thetigas08


Capítulo 5
Capítulo 4 - Refúgio




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Depois de subir as escadas, uns dezasseis degraus, chegava-se ao corredor. Virava-se à direita e, seguindo em frente, era na última porta. Desloquei-me até ela. Estava apenas encostada e abri-a com um pontapé ligeiro. Estava curioso para saber como seria o meu quarto.

Com as malas nas mãos e o cansaço nas costas, olhei-o. Era simples e eu gostava. A mobília era em tons de negro e contrastava com as paredes brancas. Era um pouco escuro, e a luz vinha de uma janela, ao fundo do quarto, que dava para uma varanda. Tinha ainda um vitral na parede oposta á da porta que estava escondido por uma espessa cortina preta. Pousei as malas junto ao roupeiro que era à esquerda, e fui até lá. Meti a mão no tecido áspero e puxei-o para um dos lados para ver o que havia para lá dela, numa tentativa de deixar mais luz entrar também.

Fui recebido de imediato por uns raios de sol bastante fortes que me deixaram quase cego devido à baixa luminosidade que até aquele momento o quarto me tinha habituado. E lá ao fundo, por entre as casas e prédios vizinhos, daquele vitral podia-se ver um excerto do mar e da praia. Fiquei perplexo. Passara-me na cabeça a última imagem que tinha da vista da janela do meu quarto… do meu antigo quarto. Desta vez as árvores transformaram-se em prédios e os arbustos em casas. Mas a praia continuava lá, sem qualquer mudança.            

Encostei a testa ao vidro, olhei o soalho e sorri. Tão longe do ponto de partida, o ponto de chegada tinha duas coincidências: eu como personagem principal e a praia como fundo. 

Dirigi-me às malas e levei-as até á cama. Comecei a tirar a roupa e metê-la no roupeiro. Enquanto percorria o espaço entre a cama e aquele armário ia dando uma espreitadela pelo vitral. Era viciante.

Quando toda a roupa estava arrumada, fui guardar as malas também, para finalizar aquele vaivém. Então lembrei-me do bolso pequeno de uma das malas, onde guardara o meu mp3 e aquela fotografia. Peguei apressadamente neles e fechei o roupeiro.

Na mão direita a música e na mão esquerda o passado. Na cabeça o presente e nas costas o que me fazia cansado. Deitei-me na cama, pus os auscultadores nos ouvidos e segurei bem a fotografia junto ao coração, onde, na realidade, todos os representados nela estavam guardados. Pus os olhos no mar que aquela vista privilegiada me dispunha e deixei o cansaço fluir no colchão…

Comecei a sentir alguém abanar-me e abri lentamente os olhos com dificuldade.

- Acorda Diogo, vamos jantar! – gritou a mãe, que estava mesmo ao meu lado.
- Sim… está bem.

- Fogo, tens um sono de pedra! Estava a chamar-te já a algum tempo. – resmungou.

Tirei os auscultadores para a ouvir melhor.
- Desculpa, adormeci a ouvir música. – disse-lhe
- Então era por isso… enfim. Ainda não descansei nada, e já arrumei tudo e ainda fui às compras e fiz o jantar! Para tu veres, nem reparei que estavas com o mp3. – argumentou-se.

- Bem vamos. – pedi.

- É melhor. – concordou soltando um suspiro.

Eu adormecera, e pelos vistos, dormira um bom bocado. Já estava de noite, pude ver pelo vitral.

Deixei a minha mãe ir á frente e pousei em cima de uma espécie de cómoda a foto e o mp3. Estava esfomeado. Dirigi-me á porta, desta vez para sair, e olhei mais uma vez o quarto. Era o meu refúgio. Simples, acolhedor e simplesmente belo. Gostava dele. 



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