A Princesa do Oceano escrita por BahMiller


Capítulo 9
Capítulo 8 - Uma oferta irrecusável


Notas iniciais do capítulo

Capítulo Gigante Mode On.



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POV Nico di Angelo

Aê Nico, parabéns cara. Você é realmente um idiota.

Ao meu redor, todos lutavam bravamente contra as dracaenaes que pareciam nunca acabar, protegendo uns aos outros como verdadeiros guerreiros. E tudo isso graças a mim, que caíra nessa estúpida armadilha.

Havia convocado três esqueletos guerreiros que batalhavam ferozmente, se medo de coisa alguma. Afinal, o que se tem a temer quando está morto?

Bufei, girando a espada numa finta, cortando a mulher-cobra ao meio e já avançando em cima de outra que estava prestes a atacar as costas da filha de Poseidon.

Melyssa disparava flechas com perfeição, acertando o desejado na maioria das vezes. Ela estava linda – é claro – mas seus olhares diziam que se eu me aproximasse demais, seria seu próximo alvo.

 Mesmo assim, mantinha-me por perto, defendendo sua retaguarda da quantia um tanto assustadora de monstros. Era melhor morrer protegendo Lyssa, do que vê-la morrendo por minha causa.

- Se bem que um último beijo à beira da morte não seria nada mal. – Murmurei distante com um sorriso no rosto, mal vendo meus próprios ataques. A dracaenae parou a estocada que estava prestes a fazer, me olhando como se fosse alguém digno de ir para o hospício.

Um estalo soou em minha mente, e denunciei meus pensamentos através de uma careta de nojo e susto.

 - Não um beijo seu.  – Frisei a última parte, cortando sua armadura e fazendo-a explodir em pó.

Eu hein.

 De qualquer maneira, sentia-me um bobo por ter sido enganado por minha própria irmã. Quer dizer, ela sempre foi tão legal. Não como Bianca, é claro, mas eu gostava de Macária.

Mas, observando a legião de monstros, ela não deveria ir muito com minha cara.

A culpa me assolava tanto que mal vi a cauda da dracaenae zunir em minha direção, arremessando-me para trás. Bem, se você nunca foi jogado em uma parede, considere-se uma pessoa de sorte.

   Mas se eu soubesse o que aconteceria logo em seguida, preferiria ser jogado contra a parede uma dezena de vezes.  O por quê? Melyssa, é claro. Como sempre.

POV Melyssa

- Eu vou afogar aquele menino num copo d’água. – Falei para mim mesma, disparando flechas uma atrás da outra nas dracaenaes.  Talvez essa tarefa não fosse tão difícil se o número fosse menor, mas a cada monstro que eu acertava outro já estava pronto para substituí-lo.

Assim as coisas ficavam complicadas.

Pelo canto do olho, podia ver Nico atacando os monstros que tentavam me acertar. O gesto era realmente doce, mas ainda tinha vontade de matar o filho de Hades.

Eu sabia que aquela Macária não era lá boa coisa.

Mas, acima de tudo, eu estava cansada.  A missão mal havia começado e do jeito que as coisas andavam, estava prestes a terminar. No meio da multidão, nós havíamos nos separado e eu só conseguia enxergar Nico em minha retaguarda. Não tinha a mínima ideia do que estava acontecendo aos outros e se eles estavam bem.

O que parecia uma preocupação meio estúpida, pois era óbvio que ninguém estava bem.

- OLHA AQUI, AMIGA! ESSA É A MINHA PRIMEIRA MISSÃO E EU NÃO VOU DEIXAR UM BANDO DE TIAS RASTEJANTES ACABAREM COM ELA, ENTENDEU? – Os ruídos da batalha estavam altos, mas podia jurar que até o outro lado do país havia escutado o grito.

Evelyn.

E de súbito, o lugar virou o inferno.

Eu já havia visto essa explosão da garota uma única vez, e acredite, era aterrorizante. Só acontecia quando a menina ficava muito irritada mesmo. O que não acontecia com frequência, mas aconselho a não estar perto dela na TPM. Só digo isso.

 O galpão virou uma sauna completa, fazendo várias dracaenaes viraram churrasco. A energia emanada de Evy era imensa, mas somente dirigida aos monstros. Nosso grupo não havia sido atingido.

Finalmente pude ver minha amiga, com os cabelos bagunçados e as roupas cheias de fuligem. Mesmo assim uma leve aura envolvia todo seu corpo, e ela sorriu ao me achar em meio a aquele caos, assentindo levemente.

De súbito, uma dracaenae surgiu em minha frente, com a lança em mãos e uma expressão feroz. Tinha um leve pressentimento de que ver suas parceiras serem destruídas não a havia feito gostar mais de nós. Ela estava perto demais para que eu pudesse encaixar mais uma flecha no arco e atirar em sua direção. Cambaleei para trás automaticamente, desviando desajeitada do ataque.

Puxei a adaga de bronze da bainha, preparando-me para a defesa.  Eu sabia que uma arma desse tamanho contra uma lança não era lá algo muito útil, mas era melhor do que manter-me desarmada.

A dracaenae atacou mais uma vez, fazendo-me empurrar a lança para o lado por reflexo.  Trinquei os dentes ao sentir a lâmina raspar em meu braço, e tentei  - de uma maneira desesperada e nada graciosa -  fincar a adaga em uma brecha de sua armadura. A mulher-cobra riu, aparando o golpe com o escudo.

Legal, ela tinha lança, armadura, elmo e escudo. E eu tinha uma faquinha.

Que Hades prepare meu lugar no Submundo, porque né.

A dracaenae estava prestes a atacar novamente, e eu sabia que dessa vez eu não poderia defender sem arranjar algo pior que o corte no braço. Se o momento não fosse tão crítico, ficaria realmente irritada por estar perdendo para uma mulher que tinha a língua cortada ao meio, contudo, era melhor manter a concentração. Eu poderia resmungar mais tarde.

E então, eu fui salva.

Um tipo de esqueleto sinistro entrou em minha frente, levando o golpe sem sentir qualquer efeito, e mandando a dracaenae de volta ao Tártaro em questão de segundos com um único ataque.

- Ahn, obrigada. – Agradeci sem jeito para o possível Esqueleto de He-Man, mas ele já partia para cima de outra mulher-cobra, sem desperdiçar tempo algum.

Epa, peraí.

Esqueletos, fantasmas e paradas de Halloween eram especialidade no Nico. Então onde ele estava? Arregalei os olhos, buscando o garoto no meio das dracaenaes que não haviam morrido com a explosão que Evelyn causara. Era tanto caos que tive de respirar fundo para não entrar em pânico. Onde ele se metera?

E lá estava o garoto, esparramado no chão, parecendo prestes a desmaiar. Corri em sua direção, ignorando todos à minha volta. Quero dizer, ele era nosso companheiro de missão, não é?

“E ele tem um sorriso muito lindinho.” A voz acrescentou, tirando toda a minha concentração.

Ela só sabia falar coisas desse tipo, já perceberam? É uma droga.

“Não posso fazer nada a respeito. Eu tenho olhos, ué.”

Os MEUS olhos, mas enfim, melhor voltar ao que interessa.

- Nico, hey, tá tudo bem? – Ajoelhei-me e o ajudei a sentar.

-  Ahn, claro. – Ele resmungou, tentando esconder uma careta de dor. Apoiou-se em mim para poder levantar, observando o local destruído. – O que eu perdi?

- Evelyn. – Respondi simplesmente, dando de ombros. Ela algum dia teria que me ensinar aquele truque, mesmo eu não sendo filha de Apolo.

Nico olhou-me com uma expressão indagadora, mas antes que pudesse perguntar algo um apito agudo soou, fazendo meus ouvidos doerem.  Parecia incrivelmente alto para um apito comum.

- O que diabos é isso? – Nico trincou os dentes e mudou de posição para colocando-se em minha frente de maneira protetora, ao observar o estranho acontecimento. As dracaenaes pararam de lutar e marcharam organizadamente para fora do galpão, como um esquisito exército de mulheres-cobra do mal. Para nosso azar, algo muito pior cruzou a entrada.

Eram dois. Tinham uns dez metros, no mínimo. Usavam armaduras leves, mas que se mostravam resistentes. Seguravam tridentes. E o principal, eles fediam a maresia.                       

Num instante, todos estavam ao nosso lado, como uma verdadeira equipe.

Tirando alguns rasgos nas roupas, Percy parecia irritantemente intacto. Ao seu lado, Annabeth tinha um pequeno corte no lábio, mas nada muito sério. Pelo jeito, meu irmão havia protegido a filha de Atena. James servia de apoio para Evelyn, segurando a garota pela cintura. Ela só parecia muito cansada, e ele estava relaxado, como se lutar contra um exército de monstros fizesse parte da rotina.

Pois é, gente descolada é outra coisa mesmo.

Enfim, voltando aos gigantes.

Eles caminharam lentamente em nossa direção, como se quisessem prolongar a tensão. Annabeth achara melhor não atacarmos, por isso, ficamos quietos, somente esperando.  

O primeiro deu um passo à frente, agindo como porta voz.

  - Nós somos Dercino e Albião, e estamos falando por Érebo, o Senhor da Escuridão. – O que tinha um D no meio da cota de placa virou-se para mim, encarando-me com aqueles olhos pequeninos. – E temos uma proposta para a filha de Poseidon.

Percy cruzou o olhar com o meu, e agiu rápido, saindo do lado de Annabeth para ficar de frente ao monstro.

- Quem? Eu? – Ele afinou o tom e jogou os cabelos para trás, no que deveria ser uma imitação ridícula de mim.

Ainda estava indecisa se ele estava me protegendo ou me zoando. No fim, achei ser um pouco das duas.

Dercino lançou a Percy um olhar insignificante, e o empurrou para o lado com as costas da mão.

- Venha conosco e poderá ser muito mais poderosa do que todos os outros. – Ele falava novamente comigo. – Érebo tem um plano guardado especialmente para você, Melyssa.

Fiquei atônita, sem saber o que dizer.

- Sim, junte-se ao lado vencedor e Cronos ressurgido será mais forte do que nunca. E você estará ao seu lado, para destruir os deuses que tanto odeia. – O outro se manifestou pela primeira vez. – Os deuses que sempre te rejeitaram.

Algo se agitou no fundo do meu estômago, e mesmo se eu pudesse negar, a oferta era tentadora.

- Vingue sua mãe. – Albião suavizou a voz, consciente de que estava me manipulando. – E com sorte, poderá ter ela de volta. Gostaria disso, não?

- Prove que é tão boa quanto seu irmão. – Dercino jogou a cartada final.

Sinceramente, eu teria ido. Os outros nunca conseguiriam me entender, nem mesmo Evelyn, mas eu passaria para o lado traidor. Era bom demais para ser verdade.

 Nico apertou minha mão, sabendo que eu estava a ponto de ceder à oferta. Seus olhos estavam mais escuros do que nunca, e a expressão era a de um cachorro perdido.

- Não, Lyssa. – Ele sussurrou tão baixo que mal pude ouvir.

Engoli em seco, ainda indecisa. Olhei para meus companheiros de missão, e todos exibiam o mesmo olhar que o de Nico. Eles sabiam que iriam me perder, mas não fizeram absolutamente nada.

Era minha escolha. Somente minha.

- Se tivéssemos um filho de Poseidon ao nosso lado, a batalha já estaria ganha. – Dercino pressionou, e sorriu com sua boca de gigante. – Ou uma filha, no caso.

Click.

As palavras do gigante trouxeram-me de volta à tona num estalo. Os pensamentos confusos tornaram-se claros. Não tinha mais incerteza.

 Havia tomado minha decisão.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?
Não gostaram?
Querem um abraço?
Outro POV Nico?
Dinheiro?
Mentira, não tenho dinheiro. '-'
Enfim, podem pedir por reviews.