A Princesa do Oceano escrita por BahMiller


Capítulo 8
Capítulo 7 - A "adorável" irmã


Notas iniciais do capítulo

Sorry, sorry.
Esse capítulo vai para a Luana. Que, se não fosse suas chantagens, eu nunca o teria postado.



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Lá no fundo eu realmente acreditava na bondade de Zeus e que, já que estávamos em uma missão importante, ele nos deixaria atravessar seu território tranquilamente, certo?

Errado, incrivelmente errado.

O avião sacolejava e sacudia a todo instante, deixando os passageiros à beira dos nervos. Crianças choravam e as comissárias de bordo afirmavam repetidamente que era somente uma pequena turbulência. Mas nós, semideuses, sabíamos que não era lá bem assim.

- Dois filhos de Poseidon e um de Hades no mesmo lugar, é claro que não daria certo. – Comentei em tom baixo, resmungando como uma velhinha chata.

Por que, bem, eu nunca me incomodei muito com a altura. Mas ficar balançando de um lado para o outro como se o avião estivesse dançando salsa já era sacanagem.

- O que foi? – Nico perguntou tranquilamente, tirando-me de minha tagarelice mental.

 Ele realmente não estava ligando para aquela maldita turbulência? Bufei, irritada por ele ser sempre tão calmo. Ou talvez por eu quase nunca ficar calma.

- Nada, por quê? – Obriguei-me a falar, não querendo parecer uma lunática estressada. O que, mesmo se eu ficasse calada pelo resto de minha não tão longa vida, aconteceria da mesma forma.

“Realmente.” A voz se manifestou, concordando.

- Bem, geralmente as pessoas não seguram a poltrona dessa maneira. – Ele ergueu as sobrancelhas, apontando para minhas mãos que agarravam o encosto com tanta força que os nós dos dedos estavam esbranquiçados.

- Parecem garras. – Comentou normalmente, ainda mantendo-se impassível.

Se fosse qualquer outra pessoa nesse mundo, eu levaria somente como uma observação inocente e sincera. Mas – senhoras e senhores – aquele era Nico de Angelo. Era claro que ele estava caçoando de mim.

Revirei os olhos, soltando as mãos da poltrona com evidente esforço, mas me agarrei novamente ao sentir o avião agitando-se mais uma vez.

Que droga.

                                  --- --- ---

Suspirei, aliviada por ter chegado viva e inteira ao bendito Aeroporto Internacional de Los Angeles. Ele estava, assim como o de New York, incrivelmente lotado.

- Oh, minha Califórnia... – Evelyn não tentava conter sua felicidade, saltitando animadamente por todo o lugar. No momento ela até mesmo não se lembrava de que em breve, de acordo com a profecia, teríamos de ir a sua casa.

James parou ao meu lado, seguindo Evy com o olhar. Um leve esboço de sorriso apareceu em seu rosto, enquanto pegava a mochila que a garota deixara ao chão e colocava em seu ombro disponível, já que o outro carregava a própria bagagem.

- E agora, para onde vamos? – Percy indagou, aproximando-se de nós. Annabeth andava ao seu lado, levantando uma sobrancelha indagadora ao observar Evelyn.

- Temos que falar com a Miss Sunshine ali, certo?  – Nico seguiu o olhar de Annabeth, sorrindo.

- EVELYN! – Chamei a filha de Apolo discretamente, berrando seu nome como somente uma lady faria. Sou educada sim, caso estejam se perguntando.  – VAMOS LOGO, MENINA! QUER VIRAR PETISCO DE MONSTRO?

As pessoas ao redor olharam-me assustadas, evitando a aproximação. Sorri docemente para meus companheiros, ao observar Evy juntar-se a nós, com um semblante indagador.

- Não posso ao menor ser feliz? – Ela bufou, dirigindo-se a ninguém em especial.

- Temos que continuar a missão. – Respondi, pegando em sua mão e arrastando-a comigo. – Para a casa, Evy.

Ela reclamou e resmungou, mas acabou concordando em nos levar até sua casa, tomando a frente do grupo.

Porém, algo bloqueou nossa passagem. Era uma mulher pequena e de aparência frágil, pálida como leite. Possuía olhos extremamente negros e os cabelos eram tão loiros que algumas mechas pareciam esbranquiçadas.  

- Olá campistas. – Murmurou em voz baixa, mas mesmo que todo o barulho estivesse soando ao nosso redor eu podia escutá-la claramente. – Precisamos conversar.

- Mana! – Nico exclamou dando um passo a frente, sorrindo surpreso. – O que está fazendo aqui?

Hm.

- Olá Nico. Vim ajudá-los. – A estranha respondeu, abrindo um sorriso meigo, mas que ainda me assustava. – Sigam-me.

E assim, como patinhos ingênuos, seguimos a mulher até a sala onde guardavam os produtos de limpeza. Nico quase saltitava ao andar atrás de sua “mana”.

- Bianca? – Percy sussurrou para Annabeth, completamente confuso.

A filha de Atena balançou a cabeça negativamente, frustrada por não saber do que se tratava.

- Pelo que percebi, somente Nico me conhece. – Ela se manifestou, ainda sorrindo daquela maneira que arrepiava só de olhar. – Para todos os efeitos, sou Macária, deusa da boa morte.

 Oi? Uma deusa na nossa frente, como assim?

- Como é? Desde quando morrer é algo bom? – Percy interrompeu o silêncio tenebroso que se instalara ali. – Eu não acordo de manhã e penso “Nossa, que dia lindo para morrer!” ou “Hey, quero visitar Tio Hades hoje!”

Mordi o lábio inferior, não sabendo se deveria rir ou chorar. Aquele não parecia o momento mais oportuno para uma brincadeira, principalmente quando estamos falando da morte.

- Sem ofensas, cara. – Ele se desculpou com Nico, dando de ombros.

A deusa revirou os olhos com impaciência, como se estivesse lidando com criancinhas do jardim de infância. “O que pode ser verdade.” Constatei ao observar James olhando para o nada como um lunático.

- Sinceramente, não tenho tempo para brincadeiras. – Macária encarou Percy por breves segundos, mas o suficiente para fazê-lo corar. – Essa missão é séria. Foi confiada nas mãos de campistas capazes. Provem isso.

- Bem, sem querer ofender, mas... Por que a senhora está aqui? – Annabeth perguntou hesitante, deixando claro a desconfiança que sentia pela deusa.

E, para ser franca, eu também não confiava nela.

“Idem.” A voz murmurou, intrometida como sempre.

Como se a opinião de vozes dos além realmente contasse. Mas enfim, é melhor não tocar no assunto. As vozes são meio sensíveis.

“Hey!”

- Vim indicar o caminho para a prisão de Psiquê.  – Macária manteve-se séria, observando-nos com seus olhos escuros que, percebi tardiamente, eram iguais aos de seu meio-irmão. – Eu meio que, sei como chegar lá.

Ela realmente parecia nervosa ou era impressão minha?

Ao meu lado, Nico era o único relaxado com a presença da mulher. As covinhas apareciam meigamente enquanto sorria para ela.

Definitivamente, não gostava de Macária.

“Ciúmes...” Minha adorada consciência cantarolou, divertindo-se ao extremo.

- Nós também. – Mostrei a fita para a deusa, com minha melhor cara de “poucos amigos”. Sua coloração estava cinzenta, mostrando que estávamos mais perto da personificação da alma.

Macária remexia-se constantemente, deixando a máscara de deusa assustadora cair sem nem mesmo perceber.

- É claro que o laço será de grande ajuda. – Concordou por fim. – Mas eu tenho a localização mais exata. E devo dizer que têm de se apressar.

 Ela estendeu uma pequena placa de bronze, onde um endereço estava intrincado no metal elegantemente.

- Mas a profecia diz que teríamos de ir para o lar de Evelyn. – Percy objetou.

- A casa de seus pais nunca foi o seu verdadeiro lar. A profecia se refere ao estado, a nossa Califórnia. Bem, o resto é por conta de vocês.  – Sorriu um pouco ao ver que Evy pegara a inscrição, mostrando que suas palavras fizeram efeito na filha de Apollo. – Boa sorte.

E assim, desapareceu em fumaça, sem mais nem menos e nos deixando cheios de dúvidas.

- Ela é confiável? – Annabeth olhou Nico, já que ele era o único que parecia conhecê-la.

- É claro! – Concordou, já saindo da diminuta sala e caminhando em direção a área destinada aos taxistas. – Ela também mora no Submundo, sabe. É muito legal, pode acreditar.

Sai na frente, andando com passadas mais fortes do que o normal. Por que diabos ele gostava tanto assim dela?

Não que eu ligue. Lembrei-me, bufando.

“Obviamente.”

                                            --- --- ---

Descemos do táxi no endereço dado por Macá... Por aquela mulher lá. Era um bairro afastado do centro da cidade, mas ali não havia, bem, nada.

Era somente um ginásio que antes deveria ter pertencido a algum colégio, mas que agora estava todo vandalizado e sujo.

- É aqui? – Mal escondi meu ceticismo, chutando uma latinha de alumino amassada.

- Er... Eu não sei. – Nico respondeu incerto, franzindo o cenho.

De repente, um exército de mulheres metade serpente irrompeu de todos os lugares. Arregalei os olhos, dando um passo para trás.

Uma armadilha.

Puxei na memória o nome que davam a aqueles monstros, mas não precisei pensar muito.

-Dracaenaes. – Percy sussurrou, empunhando sua caneta esferográfica do bolso.

Encarei Nico, que olhava embasbacado para a quantidade de monstros. Ele não parecia acreditar que sua qurida irmã estivesse armado para cima de nós. Uma parte de mim teve dó dele, mas outra parte empurrou-o com o ombro para chamar-lhe a atenção, enquanto transformava o tridente de meu bracelete em um arco.

- Vamos lá, coveiro. – Incentivei, ainda irritada com ele. – Está na hora de um pouco de ação.


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Notas finais do capítulo

Enfim, juro que vou apressar o próximo cap.
:3