Well Be Alright! escrita por CrisPossamai


Capítulo 8
A culpa é do álcool




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— Eu não entendo, Rachel. Você me chamou para contar que terminou de compor e não quer me deixar ler? Ta pensando em mostrar para quem? Para o Finn? – brinca o forasteiro sentado com a judia no piano da sala do coral _ Você vai mostrar para ele, não vai? – há uma ponta de ciúme na afirmação.

— Eu não quero que você fique chateado, mas, eu e o Finn somos parceiros há mais de um ano e, estamos em perfeita sintonia musical. — reforça a menção _ E a minha intenção era que pudéssemos ensaiar o seu timbre nas notas mais altas. A sua voz é ótima, Dan, só precisa de mais pratica. – relata a principal solista do New Directions.

— Pode ser outro dia? Eu tenho uma prova complicada de física amanhã e, combinei de estudar com o Artie e Puck. Mas, não precisa se preocupar tanto com a minha afinação, não. Eu não to pensando em disputar um solo para as Regionais. – ele brinca, ela se retrai.

— Não tem nada haver com isso. A questão é que você se dedica inteiramente aos esportes e deixa o Glee Club em segundo plano e, isso não faz nenhum sentido, já que você tem potencial para ser um grande artista. – ela cobra, o brasileiro se surpreende.

— Da para pegar mais leve? Nem todo mundo sonha em estrelar um musical, Rachel. – o forasteiro cai na tradicional defensiva, ela não intimida.

— E com o que você sonha?

— Honestamente, nada. Eu percebi que sonhar te leva a tentar realizar essas coisas e, normalmente, da tudo errado. Então, se tornou mais fácil apenas viver um dia de cada vez, sabe? – as mãos bagunçam ainda mais os cachos, o costumeiro sinal de desconforto.

— Qual foi o seu último sonho? Aceitar o pedido de casamento de Quinn Fabray? – ela decreta a queima-roupa, o brasileiro corresponde ao olhar.

— Não, exatamente. Eu queria me fixar em algum lugar e não parar de me sentir um estrangeiro permanentemente. E bom... Digamos que o mais perto que eu cheguei disto foi naquela época. UAU, eu realmente disse isso em voz alta? – ele ri nervoso _ Você ta exercendo uma péssima influência sobre mim, Rachel Berry. – ela adere as risadas.

— E ai, minha linda princesinha judia e meu running back favorito! Estou atrapalhando o momento romântico do meu casal predileto? – a entrada de Puckerman quebra o clima de cumplicidade.

— Para a sua sorte, não. – os rapazes se cumprimentam _ Estávamos apenas ensaiando, parece que a minha voz precisa de ajustes. Então, já ta na hora da monitoria com o Artie?

— Quase. Mas, eu queria saber se você já conseguiu conversar com a Rachel a respeito daquela ideia para sábado a noite. – ela revira os olhos _ Pelo visto, não. Minha doce princesa judia, dizem por ai que seus pais não estão na cidade e, pensamos que poderíamos fazer uma pequena festa na sua casa. Nós levamos tudo, você nem precisa se preocupar! – propõe o encrenqueiro, a garota fulmina o brasileiro com os olhos.

— Podem esquecer! E você andou falando sobre a viagem dos meus pais para mais alguém? – a solista pressiona o forasteiro, que se distancia.

— Ninguém, eu nem lembro como acabei contando para esse idiota. Mas, pensa bem, Rachel... Poderíamos reunir apenas o pessoal do coral. Nós estamos pirando com a pressão das Regionais. – argumenta Daniel.

— Porque justo na minha casa? Além do mais, vocês só querem um lugar para transar e ficar bêbados. – ela cora automaticamente ao compreender a exatidão da frase _ Nem ouse pensar ou fantasiar sobre isso, entendeu? – o brasileiro segura a gargalhada _ Meus pais me deixaram sozinha, porque confiam em mim.

O moicano ameaça criticar a garota mais uma vez pela recusa, entretanto, é arrastado para fora do recinto pelo companheiro de estudos no instante em que o quarterback titular pisa na sala do coral. Afinal, Rachel havia confirmado que exibiria suas composições somente para o ex-namorado e não era dizia respeito ao brasileiro a natureza destes encontros, já que o relacionamento com a menina não atingira status ou padrões oficiais por sua própria opção.

— Eu não ficaria tão tranqüilo em deixar a minha garota sozinha com o antigo namorado. Ainda mais depois do que o Finn aprontou com o Sam. – dispara Puck a caminho da biblioteca.

— Cara, pela última vez nós não estamos juntos e, eu me preocuparia muito mais se você fosse naquela sala. Falando sério, a Rachel só quer a opinião dele sobre a música que acabou de criar e não existe a menor possibilidade que algo sobre uma tiara seja bom ou romântico.

A dupla gargalha com o tema musical abordado pela integrante mais peculiar do New Directions. Na biblioteca, a descontração é substituída pela concentração nas formulas e leis da física. A matéria poderia não entrar de maneira nenhuma ser captada pela cabeça do atleta. Duas horas se arrastam e as expressões pronunciadas pelo cadeirante soam em idioma incompreensível para os estudantes em apuros. O progresso é mínimo e o aborrecimento se torna visível em ambas as faces. O celular de Noah apita e uma mensagem de texto da companheira religiosa transforma o panorama e alterna o foco de interesse do trio. Imediatamente, o bad boy acessa seu perfil no Facebook e encaminha virtualmente convites para todos os integrantes do New Directions. A resposta é instantânea.

— Você ligou para o Puck. – atende o encrenqueiro arrancando risos dos colegas.

— Noah, é a Santitany e Tinacedes. Aquilo que vocês postou no Facebook é verdade? – ele confirma _ Você está sozinho? – ele sinaliza negativamente e ativa o viva-voz. Daniel e Artie entram na conversa _ Ótimo. Moicano e cachinhos, a responsabilidade de vocês é arranjar diversas opções alcoólicas. Porque uma festa promovida por Rachel Berry não dá para agüentar sóbria. – avalia a latina.

— Mas, é a Semana Contra o Alcoolismo. – adverte sensatamente Brittany.

— Fiquem tranqüilas, garotas, o álcool fica por nossa conta. Eu ainda prometo apresentar a vocês a melhor bebida do mundo. A caipirinha. – celebra Daniel.

— Yeah, a festa da esculhambação e do porre na casa de Rachel Berry é oficial! – declara Mercedes totalmente animada.

Todos os componentes do grupo musical da Escola Willian McKinley se entusiasmaram com a possibilidade de extravasar no final da semana e se libertar do estresse de provas escolares e da aproximação das temidas Regionais. A única exceção se resguardou a figura de Quinn Fabray. A única que não confirmou presença na comemoração, que não respondeu ao convite enviado pelo dono do penteado moicano, que se calava diante dos comentários ansiosos dos colegas. A única que permanecia a parte da euforia momentânea que tomou conta dos adolescentes. O relacionamento de Sam e Santana estava escancarado e o capitão do time de futebol não se manifestou após a propagada mudança de comprometida para solteira. Nos primeiros dias, a loira permaneceu a margem e de maneira mais contida lembrou a feição abatida dos meses mais turbulentos da gravidez e invisibilidade social do ano anterior. Vagamente, o passatempo retornou a observação silenciosa sobre o estrangeiro com um incomodo ingrediente. A exposição constante de Rachel praticamente grudada no rapaz. Mercedes ainda ocupava o posto oficial de “par” do brasileiro e sempre que possível mantinha o controle territorial com abraços ou agarros sucessivos. Anteriormente, tamanha proximidade poderia significar um fardo incomum para o adolescente controverso a carinhos ou afetos públicos. Atualmente, ele conduzia com bom humor a mania de exclusividade da negra.

Daniel nota o distanciamento da ex-capitã das cheerios e volta a sentir a familiar sensação de vigília sobre si. Inutilmente, ele tenta controlar os impulsos para não devolver a atenção dispensada e seguir em frente. Afinal, a própria garota implorou para que parasse de insistir no quase romance. A dor poderia existir, entretanto, não haveria alteração na conduta masculina, ou seja, o brasileiro nada faria para restabelecer a antiga ligação amorosa. Se houvesse uma segunda oportunidade deveria partir unicamente da loira.

O tão aclamado sábado, finalmente, chega e o maestro trata de relembrar as condições básicas para a realização da festa sem a supervisão de adultos. Obviamente que o adolescente não se importara com nenhum dos pedidos explanados exaustivamente pelo professor de espanhol. A primeira norma exigia o consumo somente de bebidas sem teor alcoólico e não seria humanamente possível esperar que adolescentes cumprissem tal medida disciplinar. Puck e Lauren estacionam em frente ao apartamento de Willian Schuester aproximadamente meia-hora antes do combinado para o início do evento. A obrigação do trio era preparar adequada e antecipadamente o enorme acervo de bebidas na propriedade da família Berry. Duas buzinadas são suficientes para que o imigrante desça correndo as escadas e se acomode no veiculo do bad boy. A pressa desnecessária serviria para evitar mais um falatório de Will a respeito dos perigos do álcool para menores de idade.

Rachel recebe os primeiros convidados e o trio se encaminha diretamente para o porão a fim de depositar as bebidas no refrigerador e auxiliar a anfitriã a agilizar os últimos detalhes. Com tudo organizado, os rapazes se apoderam das primeiras latas de cerveja e brindam pela oportunidade em festejar. A campainha toca e o vozeirão de Mercedes é ouvido antes mesmo que a moça adentre na casa. Em uma mescla de risadas e gritinhos de euforia pela quantidade inimaginável de álcool, a negra explica que praticamente ordenou a loira que comparecesse a comemoração coletiva. Apesar da conversa coletiva, Quinn se mantém afastada e se mostra incomoda com a demonstração clara de intimidade entre os amigos. A interação só aumenta após o encrenqueiro oferecer um copo de cerveja a ex-líder das animadoras. Em um único gole, ela esvazia a taça e solicita mais, Daniel se antecipa em atender ao pedido.

— Ei, vamos devagar! Você realmente quer mais? – ele aconselha.

— Não quero exatamente isso, mas, já é um começo. – ela retruca levando o copo novamente a boca.

— Então, o que você quer de verdade? – a ambigüidade na interrogação é flagrada pela loira.

— Consertar tantas coisas... E, principalmente, me desculpar pela estupidez da semana passada. Você sabe que eu não quis dizer aquilo, não é? – o forasteiro sorri frustrado e toma um gole de cerveja.

— Hoje não, Quinn. – ele se afasta, sendo imediatamente interceptado por Rachel para ajudar em alguma tarefa. A reação de Quinn é virar uma dose de vodka e gritar para Puck que desejava outra. A noite seria excepcionalmente longa.

— Ela começou cedo, não é? – esbraveja Rachel na cozinha apanhando alguns utensílios domésticos _ Não acredito que disse isso em voz alta! – o rapaz ri da contradição e tenciona beija-la _ Para, Dan. Você lembra que eu só concordei com a festa para experimentar algo novo e facilitar o meu processo de composição? Além do mais, acho que deveríamos aproveitar esse encontro integralmente com os nossos amigos.

— UAU! Isso foi indiscutivelmente um fora! – ela gargalha com a interpretação exagerada e deposita um beijo em sua bochecha.

— Nada disso! Eu quero me divertir com os meus melhores amigos sem correr o risco de te ignorar, entende? – tenta argumentar.

— Entendo, mas, você tem que garantir que não levará em consideração nenhum dos meus atos desta noite. – ela lhe encara confusa _ Eu planeja maneirar na bebida para impressionar alguém, agora, o seu pedido muda tudo. – a dupla sorri pelo inconseqüente desejo em extrapolar através da ingestão de álcool.

Mais uma batida na porta decreta a entrada do casal de casais Artie e Brittany e Mike e Tina. O asiático se dispõe cordialmente em ajudar no translado dos objetos da cozinha até o local da festa e alivia a carga carregada pelo amigo imigrante. O som é controlado pelo bad boy e o volume no máximo quase leva a dona da casa à loucura. Apesar da menção em diminuir a potencia do aparelho sonora, a judia se distrai recepcionando o mais novo casal do Glee Club: Santana e Sam, que ingressa no recinto exigindo doses de uísque. A empolgação com o arsenal alcoólico descolado pelos comparsas – moicano e cachinhos como batizara a latina, concentra os adolescente em torno da mesa nos primeiros minutos da celebração. Surpreendemente, Kurt e Blaine “invadem” o evento restrito ao New Directions graças a uma inusitada chantagem sobre Finn, presenteado com o inoportuno título de motorista da rodada, ou seja, nenhum pingo de álcool poderia contaminar sua corrente sanguínea.

Duas voltas completas do relógio bastaram para acabar com o pouco juízo da maioria dos integrantes do coral dirigido por Will Schuester. Acostumados com a ingestão praticamente diária de álcool, Puck e Daniel se mostravam razoavelmente racionais e tentavam refrear o efeito da embriaguez ingerindo doses colossais de água. A namorada do encrenqueiro debocha da momentânea preferência por líquidos inofensivos e a dupla começa a enumerar os estereótipos bêbados incorporados pelos amigos. O casal asiático, aparentemente, ria de alguma besteira dita por Mercedes, que não continha as risadas. Os clássicos bêbados felizes. Enquanto que a latina choramingava pelos constantes olhares trocados do atual namorado com a ex-companheira. O loiro demonstra confusão e, logo, volta a se engalfinhar nos braços de Santana. O casal depressivo. Em contrapartida, Brittany já havia subido na mesa e retirado a blusa, Artie gritava e jogava incessantemente dólares para a namorada. O ataque de ousadia recaia sobre o cômico par romântico. A performance de embriagados grudentos e carentes restou para Blaine e Rachel, que não cansava de zanzar ao redor de Finn.

— Você não fica preocupado com a sua gata em cima do ex? – questiona Puck virando mais um copo de vodka.

— Nós não estamos juntos, cara. E eu me preocuparia se os dois estivessem alterados... O Finn não vai se aproveitar da situação.

O dialogo dos comparsas é intempestivamente interrompido pelos gritos histéricos de Quinn. A garota estava totalmente descontrolada e agredindo verbalmente o bad boy em função das conseqüências da gravidez. Lauren Zizes também se indispõe com o relativo companheiro amoroso pela escolha do moicano. As garotas se tornavam ainda mais acidas depois de alguns drinques. O brasileiro tenta se afastar, inutilmente, da confusão.

— Eu costumava ter um corpão! – Quinn berra com Puckerman aproximando-se perigosamente do estrangeiro _ E você, DANIEL! – chama a atenção do garoto _ Eu te pedi em casamento e você sumiu por meses!

— OK! Em minha defesa, eu fui obrigado e... Não vou discutir com você neste estado, Quinn. – ele tenta acalma-la.

— Eu vi você bebendo também! – ela protesta.

— É, só que diferente de você... Eu estou acostumado!

A garota ainda grita palavras desconexas jamais captadas pelo rapaz, que se entretém na nova música. A percepção do conhecido e saudoso ritmo coloca um sorriso no rosto do brasileiro.

— Ta ouvindo a música?! É brasileira! É forró, Quinn! Que saudade de ouvir uma música em português! – a motivação do imigrante relaxa a loira.

— Dan, isso é mesmo música brasileira? Como é que se dança? – pergunta Mike com Tina pendurada em sua cintura.

— Ah... Forró é dançado com os corpos bem juntinhos, cara. Dizem que um forró caprichado mostra o resultado nove meses depois. – o casal gargalha com a piada nada inocente.

— Você ta esperando a música acabar para se mexer? Anda, a gente quer tentar te acompanhar, não é Mike? – sugere a asiática.

— Há mais de um ano eu não danço esse ritmo... Mas, vamos lá... Eu só vou chamar a Brittany e... – alguém lhe impede.

— Por que você tem que chamar a Brittany? – protesta a antiga líder das animadoras de torcida.

— Porque ela adora dançar e, normalmente, o Artie não se importa... Ainda mais o forró, que é extremamente sensual...

— Eu não entendi nada, mas, se chamar outra eu vou azucrinar você a noite toda!

— Sem problema! Só que essa música, Fabray – ele a puxa pela cintura, encaixando os corpos _ Se dança bem coladinho!

A aproximação inicial assusta Quin, que tenciona o corpo dificultando o entrosamento. No terceiro passo ao avistar Mike e Tina imitando-os, ela relaxa e permite que Daniel a conduza com mais facilidade. Em pouco tempo, a inusitada apresentação de dança chama a atenção dos integrantes do coral. Mercedes e Brittany aplaudem a cada movimentação dos casais.

— Eu só quero um amor... Que acalme o meu sofrer... Um xodó pra mim... Do meu jeito assim... Que alegre o meu viver... – o brasileiro cantarola em inglês a épica composição de Dominguinhos ao pé do ouvido da loira.

Rendição. Quinn sorri largamente e sente-se plenamente a vontade nos braços do forasteiro. As gargalhadas de Tina denunciam que o álcool havia afetado consideravelmente o equilíbrio impecável do namorado. Apesar das falhas, o casal continua no embalo do forró. A canção termina sendo substituída por um single mais atual para desgosto do imigrante, que cessa a dança e afrouxa o vinculo com a garota.

— UAU! Isso foi intenso... Acho que eu preciso de um tempo para me recuperar... – a loira respira fundo _ E aquela história de nove meses? – ela recorda em tom alarmado a brincadeira, ele ri da ingenuidade.

— Não se preocupe, nós não dançamos tão bem assim. Foi bom ter você novamente nos meus braços, Quinn. – ele confessa, ela hesita.

— A minha garganta ta seca. Eu vou pegar uma dose, você quer alguma coisa? – ele nega.

— Grande espetáculo, cara. Já que você está tão entusiasmado em relembrar a sua pátria, que tal preparar uma rodada de caipirinha para os seus queridos amigos? – propõe Puck.

A cabeça de Quinn latejava com os gritos histéricos dos integrantes do coral a cada vez que a maldita garrafa parava e apontava um casal para mais uma indecente troca de beijos. A mistura alcoólica tipicamente brasileira que Daniel havia preparado e que os amigos beberam freneticamente detonou o restante da sua lucidez. Infeliz momento em que considerou divertida a ideia de festa na casa de Rachel Berry. Entretanto, o azar não se limitaria ao seu bem estar. A garrafa para e os berros sugerem a obscena cena entre Brittany e Sam. Senão bastasse testemunhar os amassos escandalosos de Sam e Santana, agora, teria que achar graça entre o beijo da dupla oxigenada. Enciumada, a latina se apossa do objeto esférico e roda. Aquilo só poderia ser uma piada de extremo mau gosto. Justamente, ele? A antiga líder de torcida poderia suportar com algum esforço a cena patética entre Santana e Finn, contudo, julgava ser humanamente impossível acatar Daniel no lugar do quarterback. Ela vira o rosto no momento em que Santana se apossa com voracidade dos lábios do imigrante. Os aplausos alertam para a duração do beijo. Daniel exibia um sorriso satisfeito e ela o odiou por isso. Ele gira a garrafa e parece que alguém atendeu as suplicas da loira. A vez do brasileiro cai coincidentemente em Mercedes e um casto selinho é trocado. A brincadeira perdura até o surpreendente beijo entre Rachel e Blaine. A brincadeira é direcionada para o palco e os integrantes do Glee Club se revezam em cantorias bizarras em função do alto teor etílico em suas correntes sanguíneas.

Sam é engolido pelo apetite insaciável da latina, Brittany e Artie protagonizavam carinhos mais sutis, enquanto o casal asiático insistia em estranhos passos de dança. Os braços de Daniel repousavam inocentemente nos ombros de Mercedes e os olhos de Finn acompanhavam os movimentos de Rachel no inusitado dueto com Blaine. Kurt era o único desconfortável com a inesperada sintonia da dupla. Puck e Lauren sacudiam as cabeças no ritmo da música e finalizavam a quarta caipirinha consecutiva. Jamais a combinação de cachaça, limão e açúcar pareceu tão formidável. O grito por mais uma caipirinha soou no instante que o copo ficou seco.

— Garçom, mais uma rodada de caipirinhas para a minha garota! – berra o moicano.

— Você acha que está falando com quem, Puckerman? – simula indignação o imigrante.

— Você é o máximo, cara! Por favor, mais uma rodada destes drinques tropicais incríveis para a gente!?! Qualquer coisa que precisar, cara, é só me chamar! – a bebida começava a fazer efeito no encrenqueiro.

— OK! Mas, eu já vou avisando que é a última vez que eu faço caipira nesta noite. Vocês já estão muito loucos! – declama o brasileiro sendo vaiado pelos colegas.

Sozinho, ele apanha a jarra e os utensílios necessários para mais uma produção de caipirinha e se encaminha para o local que servia de cozinha no porão da residência Berry. Totalmente entretido no preparo da bebida brasileira, ele não percebe a aproximação. Inesperadamente, alguém arranca o boné de sua cabeça e bagunça o cabelo cacheado. O protesto morre na garganta ao descobrir a identidade da invasora.

— Eu prefiro assim... É mais natural. – revela Quinn sorrindo para o “garçom”.

— Acho que você é a única. Agora, você poderia devolver... – ela coloca o boné _ Só cuide para me devolver inteiro, ta? É presente do meu tio.

— Então, a caipirinha sai ou não? O pessoal está ficando impaciente... Acho que todo mundo se viciou nisso.

— Eu terminaria mais rápido se parassem de incomodar e viessem me ajudar. – ele dispara retomando a atenção para o drinque.

— Eu estou aqui agora, não estou? – ela repousa as mãos no rosto dele e sela a simbólica discussão com um cálido beijo.

— Ainda é muito pouco. – o rapaz confessa reforçando o abraço. Quinn ainda deposita um leve selinho nos lábios do forasteiro, antes de descansar a cabeça em seu peito.

— Você vai me ensinar a preparar essa bendita caipirinha? - ela sorri forçosamente e levanta os olhos para encará-lo.

Daniel suspira pesarosamente e aproveita para roubar um último beijo da garota antes de retornar ao preparo da bebida. A tensão entre o quase casal diminui com o distanciamento e as risadas preenchem a atmosfera da improvisada cozinha. Ela exagera na proporção de vodka e o garoto é obrigado a fazer ajustes. Ela dá de ombros e repete com certa propriedade que todos já estavam bêbados o suficiente para não perceberem qualquer alteração na composição do drinque. Dito e feito. Apesar da alta dosagem de álcool, a última remessa de caipirinhas é extinta em minutos. As duplas se revezavam no pequeno palco e Mercedes tenta inutilmente convencer o brasileiro a um dueto. Quinn, por sua vez, aceita o convite da diva. O imigrante se entusiasma apenas com o desafio proposto por Tina para definição do melhor dançarino do Glee Club. A amistosa competição entre o brasileiro e o asiático concede novo fôlego a comemoração apesar da curta duração. Piruetas e saltos mortais não combinam nada com porre e não é de se espantar quando os dois reclamam de tontura. Puck sobe ao pequeno palco e chama Rachel para algo como um típico dueto judeu. A empolgação dos componentes do New Directions persistiria por longas horas.

O relógio marcava mais de quatro da manhã quando a calmaria voltou a prevalecer na residência da família Berry. Daniel tentava ajeitar a bagunça que causou no preparo das dezenas de caipira antes de tomar o rumo de casa e imaginar uma excelente desculpa para o cheiro de álcool impregnado em suas roupas.

— Eu tirei a sorte grande! Além de gato e beijar muito bem, o meu homem é prendado! – brinca Mercedes abraçando o rapaz.

— Achei que você já tivesse ido embora! Será que rola uma carona para o seu homem? – o imigrante entra no joguinho.

— Desculpa, bonitão. Mas, eu prometi que faria companhia para a Rachel nesta noite. E você está pensando seriamente em voltar para a casa do senhor Schue deste jeito? Peça para ficar na casa de um dos meninos. – ela pondera.

— É, eu tava pensando nisso... Mas, a maioria já foi embora, né? E eu não seria louco de pedir para dormir na casa do Mike, Puck ou Artie. Tenho certeza de que nenhum deles vai simplesmente dormir. – ele solta a indireta.

— Você tem razão. Eu acho que a Rachel não se importaria se você ficasse aqui. Sinceramente, ela nem notaria... Só que nós ainda temos um pequeno problema. Quinn. – ele revira os olhos.

— Ela ta passando mal?

— Não, só que não está bem para dirigir... Aquela última caipirinha acabou com o pouco juízo que o pessoal ainda tinha. Você fez o drinque, você lida com a conseqüência. – ela debocha.

— Não existe a menor possibilidade de eu levar a Quinn embora. A casa dela fica muito longe e eu teria que caminhar quase meia-hora! E eu nem tenho carteira de motorista...

— Para de reclamar, Dan. Eu percebi o clima entre vocês... E bem, eu ainda tenho que lidar com a Rachel totalmente bêbada... Você pode imaginar a minha situação? A garota já é difícil de lidar estando sóbria, o que será bêbada. Agora, anda.

Conformado com o desfecho da noite, Daniel encontra a loira na sala de estar e não tem problema para conseguir as chaves do carro. O desconforto aumenta ao saber que o veiculo era de propriedade da mãe da jovem. Ele leva poucos segundos para se familiarizar com o luxuoso automóvel e liga o rádio ao perceber que a passageira pegaria no sono em breve. O caminho é feito de maneira tranqüila e silenciosa. Lima parecia uma cidade fantasma em plena madrugada de sábado. O cuidado é redobrado para estacionar o carro na garagem da residência Fabray.

— Nós ainda estamos vivos? – Quinn brinca ao abrir os olhos.

— Estamos. Você consegue entrar em casa sozinha, né? – ela confirma _ Então, a senhorita está entregue em segurança. Boa sorte com a ressaca amanhã! Até segunda! – ele tenciona sair do veiculo.

— Espera! A casa do professor Schuester é há mais de três quilômetros daqui... Você vai andando assim tão tarde? – ela demonstra preocupação.

— Qual é? Nós estamos em Lima, não tem perigo, não. E a caminhada vai me dar mais tempo para planejar alguma coisa para disfarçar esse cheiro de álcool na minha roupa...

— Você poderia dormir aqui. – ela cora violentamente, ele sorri do embaraço.

— No carro? – o imigrante descontrai.

— Não, idiota. Você poderia dormir no meu quarto... – ele não esconde a surpresa _ Apesar da sua recente amizade com o Puck, eu sei que você nunca se aproveitaria da minha leve embriaguez para tentar passar dos limites. Eu confio em você, estrangeiro. – ela confessa apanhando a mão do rapaz.

— E quem garante que você não vai tentar passar dos limites? – debocha enlaçando a cintura da loira _ Eu agradeço a confiança, mas, não prometo um comportamento exemplar o tempo inteiro. – ele deposita um beijo na face dela.

— Eu confio em você, estrangeiro. – ela repete arrastando o garoto pela mão para o interior da residência.

Os beijos trocados se tornam mais urgentes a cada passo em direção ao quarto da loira. Contudo, a conexão é rompida no instante em que adentram ao recinto. O cômico ruído oriundo do estomago do brasileiro alertava o longo período sem ingerir nenhum alimento consistente.

— UAU! Você ta mesmo com fome, hein! – ela brinca diante do constrangimento alheio.

— É, acho que não tem como disfarçar, né? – ele passa a mãos pelos cabelos. O boné ainda estava em posse da dona da casa.

— Então, esfomeado, o que você quer? Eu pego na cozinha... Acho que também estou precisando comer alguma coisa.

— De preferência, alguma coisa doce. Glicose ajuda a cortar o efeito do álcool.

Quinn concorda com a pedida e se retira. O rapaz passa a analisar detalhamente o recinto e se detém ao avistar um porta-retrato com uma foto da competição local de atletismo. Ele apanha o objetivo e estuda longamente a fotografia que lhe mostrava com a medalha de bronze sendo abraçado por Quinn e Mercedes. Kurt deveria ter sido o fotografo. A menina ainda sustentava a barriga de 8 meses e ele esbanjava alegria. Certamente, aqueles haviam sido os melhores dias da sua vida. O som da porta sendo aberta atrai o adolescente para a realidade. A dupla devora uma barra de chocolate rapidamente e cai no sono.

Menos de quatro horas depois, o estridente chamado do celular do rapaz soa até desperta-los. No visor um nome que devolve rapidamente a sanidade ao brasileiro. Will Schuester. Ele não ousa atender a ligação e leva as mãos à cabeça em sinal de inquietação. Quinn reclama do barulho e levanta-se bruscamente.

— Como que eu faço para o mundo parar de rodar? – protesta a garota sofrendo com os efeitos do exagero da festa. A resposta silenciosa é dada pelo brasileiro através de um beijo de bom dia _ É, acho que funcionou. – ela volta a se recostar nos braços do imigrante.

— Eu nem me lembrei de avisar o senhor Schuester que iria dormir fora... Eu to muito encrencado! – diz o rapaz correspondendo ao abraço.

— Pelo menos, você não acordou com ressaca... A minha cabeça parece que vai explodir!

— Tenta dormir mais um pouco... Não são nem oito horas ainda! – ele aconselha.

— Você já vai? – ela fala desapontada, ele gesticula positivamente _ Não acredito que você realmente passou a noite aqui. Eu devia estar muito bêbada para ter coragem de sugerir isso. Mas, eu não me arrependo.

— Eu poderia me acostumar facilmente com isso. – ele sussurra antes de beijá-la.

Quinn acompanha o brasileiro até a porta e se despede com um último beijo. O mundo real sempre daria um jeito para se opor ao quase casal. Ela demora a fechar a porta e encerrar a loucura em que se transformou a noite anterior. Nada deveria ter acontecido. Por mais que a loira estivesse plenamente consciente de que, de fato, nada demais ocorreu a recaída que tivera em conseqüência da ingestão excessiva de álcool frustrou os seus planos devidamente traçados. E em nenhum momento cogitara retornar ao fatídico e nebuloso romance com o forasteiro. Ela volta para o quarto e segue a dica do brasileiro. Porém, antes de cerrar os olhos define para si mesma que sofrera apenas uma recaída. As lágrimas escorrem pela inverdade proferida e pela opção em seguir novamente pelo caminho mais fácil. O fingimento. Ele pressente a escolha errônea feminina em continuar rechaçando o tortuoso e inexplicável sentimento. Daniel sentiu no tom culpado da despedida que para Quinn aquilo representara um fardo a mais. Ele não significava uma opção viável para a jovem. Por isso, o brasileiro não se surpreenderia se na segunda-feira, ela agisse de maneira indiferente. Ele sacode a cabeça desestimulado, porém, convicto. O forasteiro não se apaixonara pela versão atual e covarde de Quinn Fabray. Não mesmo.

Willian Schuester jamais pareceu tão ameaçador como no momento em que o imigrante abriu sorrateiramente a porta do apartamento e encontrou o adulto plenamente acordado lhe esperando. Entretanto, a bronca se converteu em um dialogo sincero e imposição de normas para evitar novos contratempos para o pernoite fora de casa. O rapaz emenda desculpas e afirma que dormiu na casa de Puck após a “reunião”. O professor alivia o sermão por causa do estado deplorável e esgotado do protegido legal e recomenda mais repouso. O único compromisso do adolescente é trabalhar por meio período no Breadstix em função da ausência de um dos funcionários. Felizmente, apenas o cansaço fora a conseqüência dos excessos praticados na noite anterior.

O rosto de sono era imutável. Os cachos revoltosos ainda esvoaçavam a cada toque ansioso do adolescente e a batida chapada do armário seguia despertando a sua atenção. Quinn Fabray não havia descoberto como afrouxar as amarras do bendito passatempo. A vigilância sobre o forasteiro iniciara extremamente cedo naquela confusa segunda-feira e a dúvida em manter um contato poderia representar a inoportuna atitude de prolongar a errônea impressão de intimidade propagada no sábado.

— Esse desanimo é ressaca? – o impulso vence a insegurança. Daniel vira lhe encarando com um invejável sorriso.

— Não, é cansaço mesmo. Um garçom faltou no domingo a noite e eu tive que compensar. E esses óculos? Pelo visto, o incomodo foi grande. – a risada é comedida e não há constrangimento. A naturalidade é retomada e assusta a loira. Não havia espaço para novos contratempos. A continuidade é interrompida pelas lamentações dos outros baladeiros.

— Eu preciso fechar o meu armário, mas, o barulho parece um tiro. É insuportável. – reclama Tina para divertimento da dupla responsável pelo abastecimento alcoólico da festa. Puck e Daniel eram os únicos com fisionomias apresentáveis.

— Eu estou tendo a pior ressaca da minha vida! – esbraveja Mercedes.

— Disse para minha mãe que estava gripado e, para piorar, ela preparou nosso tradicional chá com pelo de panda. – o nojo é generalizado.

— Que tal um pouco da boa e velha vodka, pessoal? – oferece Artie.

— Ta brincando? A ultima coisa que eu quero é beber denovo. – relata a negra.

— Não me desaponta, querida! Vocês sabem o que é ótimo para curar ressaca? Nunca parar de beber! – recomenda o brasileiro, recebendo o aval de Puck. Todos se servem.

“A culpa é da vodka, que te deixou relaxado

A culpa é da batida, que te botou na pista

A culpa é do álcool

Culpe a vodka, culpe o whisky

Culpe a cachaça que te deixou alegre

A culpa é do álcool”

O alto teor alcoólico nas veias dos participantes do Glee Club facilita o ensaio da apresentação para conscientização sobre os perigos do consumo de bebidas por menores de idade. O desempenho teatral dos alunos insinuando o estagio de embriaguez surpreende o maestro e desperta instintivamente a suspeita real. Apesar do disfarce e da rápida lavagem, Daniel chegara em casa com as roupas impregnadas pelo cheiro de álcool. O professor de espanhol precisava ficar atento para possíveis exageros dos estudantes.

— Muito bem, garotos. A música é incrível, mas, incentiva a beber, não é? E nós deveríamos fazer exatamente o contrario.

— Senhor Schuester? Antes de tudo, esse coleto é muito bonito. Bom, nós não encontramos canções que alertem sobre os perigos da bebida, talvez, porque não haja nenhum desde que alguém sóbrio dirija para você. – a menina se agarra ao brasileiro _ Eu já disse como você é sensacional? – o rapaz sorri do humor alterado da menina, a ação enciúma a antiga cheerios.

— Você está certa, Rachel. Dirigir alcoolizado é perigoso. Porém, há muito mais do que isso. Vocês sabiam que o alcoolismo é um algo tão horrível quanto o vicio em drogas? – esclarece o adulto.

— O senhor está sendo totalmente hipócrita. A maioria dos adultos bebem e fazem isso por pura diversão. – dispara Quinn.

— Chega! Nós continuamos amanhã e, por favor, pensem em músicas apropriadas para a apresentação da Semana Contra o Alcoolismo. – suplica Will.

Indiferença. Justamente a atitude esperada. A loira nem sequer direcionou o olhar a ele com o termino do ensaio. Completamente o oposto do tratamento destinado ao quarterback titular. A escolha de Quinn Fabray estava bastante evidente e não havia a menor possibilidade de que ele tomasse qualquer iniciativa para tentar convence-la a investir em um relacionamento. A próxima ação do rapaz seria ter uma conversa honesta com Rachel e revelar tudo o que acontecera após a festa. A menina não poderia acusá-lo de traição, pois tinha demonstração imensa satisfação em beijar e cantar inúmeras vezes com Blaine. A situação se torna mais surreal com a estranha e reserva forma com que a dupla da Academia Dalton lhe recepcionou ao atendê-los no Breadstix. O principal solista do coral Warblers gagueja excessivamente ao questiona-lo a respeito da relação com a anfitriã do badalado evento do final de semana. O garçom precisa conter o ímpeto de gargalhar diante do nervosismo de Blaine ao solicitar “sua permissão” para acompanhar a judia em uma peça de teatro. Realmente, a discussão com Rachel Berry deveria ser tratada em caráter de urgência. O dia estava se desenrolando de forma bastante bizarra mesmo para os padrões de Lima. O celular do trabalhador alerta para uma nova mensagem. “Ajuda com a faxina? A sua caipira devastou a cozinha da minha casa”. A afirmação de Mercedes estava correta. Ele havia feito o drinque e deveria lidar com as conseqüências. Convenientemente, o pedido de auxilio na limpeza serviria também para acertar as contas com Rachel. A porta apenas encostada permitia a entrada do rapaz sem cerimônia ou conhecimento prévio da moradora.

— Pelo visto, você não precisa mais de ajuda para ajeitar as coisas por aqui. – fala o brasileiro entrando no recinto e interrompendo o dialogo de Kurt e Rachel.

— Eu estava na vizinhança e aparecia para ver o estado que deixamos a casa. Agora, que o verdadeiro convidado chegou, eu não estou livre desta horrenda tarefa domestica. Boa noite! – despede o extravagante jovem.

— Eu não sabia que ele viria, imagino, que queria detalhes com meu encontro com o Blaine. Você ta chateado por isso? – o imigrante nega _ Apesar de incrivelmente agradável, eu percebi que o Blaine não é alguém que eu possa chamar de namorado. – ele sorri _ Agora, é a sua vez, Daniel. – ela cruza os braços a espera de explicações.

— Nada demais. A Mercedes pediu que eu levasse a Quinn embora, porque ela não tava com condições para dirigir... E bem... Nós acabamos nos beijando. Apenas isso. – ele relata simplesmente.

— Como você consegue dizer que beijar a Quinn não é nada demais? Eu sei muito bem o que ela significa para você. – Rachel não se convence.

— A história com a Quinn significa muito para mim. Mas, eu não vou dar muita importância para algo de momento e para alguém que, basicamente, me ignorou depois de tudo. A minha maior preocupação era em como isso poderia afetar você... Eu não queria estragar o que nós temos... Ou tínhamos. – ele arqueja a sobrancelha angustiado.

— Sério? – ela gosta da honestidade, ele confirma a informação _ Eu gosto de como as coisas rolavam entre a gente, sabe? Só que ficar por ficar não serve para mim, Daniel. Eu quero ter certeza do que está acontecendo na minha vida... Quero dizer... – ela se perde, ele se confunde _ Bom... Eu... Eu não quero exigir um namoro... Eu... – ele interrompe a ineficaz justificativa.

— Você quer ficar a sério, tipo, exclusivamente? – timidamente, ela confirma com um gesto de cabeça _ OK! Isso pode me livrar da faxina?

Fingindo indignação, a pequena notável esmurra o braço do rapaz antes de conceder o primeiro beijo do mais novo casal. A limpeza é realizada em meio a beijos e alguns goles das bebidas que restaram após a insana comemoração de sábado. Exausto pelo dia interminável, Daniel chega em casa muito depois do horário estipulado pelo professor e, estranhamente, não encontra ninguém. O rapaz se acomoda no sofá e liga em um canal qualquer. Muito mais tarde, resmungos desconexos e o rangido da porta chamam a sua atenção e para finalizar o dia mais bizarro desde sua fatídica mudança para Ohio, o adolescente flagra a treinadora Beister carregando o colega de trabalho totalmente embriagado. A cena é hilária e acabaria com todos os argumentos apresentados por Will para afastar os jovens das bebidas alcoólicas.

O brasileiro não dispara nenhum comentário na manhã seguinte em compaixão ao péssimo estado do professor de espanhol. Entretanto, o ímpeto do adulto em conscientizar os adolescentes é bastante reduzido e o foco se concentra no breve ensaio antes da apresentação no encerramento da Semana de Combate ao Consumo de Álcool. Kesha é a opção defendida por todos e momentos antecedendo a entrada no palco, o grupo resolve consumir uma mistura alcoólica inventada por Rachel. Evidentemente, nada poderia dar certo. Os elaborados passos de dança animam o público, contudo, a combinação de dança e álcool é explosiva e indigesta. Logo, Brittany e Santana reclamam de mal estar e decretam o fracasso da performance. A demonstração pública dos efeitos da embriaguez cumprem o papel de conscientizar os estudantes da Willian Mckinley e o diretor parabeniza o New Directions pelo excelente “teatro”.

Com a situação em suas mãos, o maestro solicita que nenhum dos integrantes do coral consumisse álcool, pelo menos, até as Nacionais e, se dispõe incondicionalmente para socorrê-los no caso de quebrar a regra e estar alterado demais para dirigir. A dupla considerada expert no assunto não acata a ordem de abstinência.

— Senhor Schue, a solução não é parar de beber e, sim, conhecer os seus limites. – sugere Puck.

— É, eu bebo há mais de seis anos... E depois de alguns porres, sei exatamente o quanto posso beber para continuar são... Eu não bebo para encher a cara, só para relaxar mesmo. – explica Daniel.

— Relaxar ou fugir? Vocês tem apenas 17 anos e se já usam a bebida para aliviar os problemas... Estão correndo perigo. Os problemas de vocês são provas, médias escolares, desempenho nos esportes, ensaios, namoros... O que farão para agüentar a barra da vida adulta? A bebida ainda será suficiente? Vocês não podem se tornar dependentes de algo químico para conseguir enfrentar a vida. Hoje é a bebida e amanhã? – a tese de Will silencia os jovens.

O ensaio termina com a assinatura de contratos que garantem a sobriedade de todos os membros do coral, incluindo o professor. A contra gosto, os principais consumidores de bebidas ilegais para menores de idade concordam com as exigências contratuais. Na saída do ensaio, Rachel confirma a sessão de cinema em sua casa e estende o convite para todos os companheiros musicais. Daniel se despede da garota com um rápido selinho, zoado pelas acidas Lauren, Santana e Mercedes. Quinn e Finn contemplam a cena passivos. O atrapalhado jogador inventa uma desculpa para recusar o programa proposto para a noite de sexta-feira, porém, se compromete em repassar o recado para Kurt. A antiga líder de torcida se limita em vagar pelo corredor e aguardar a passagem do forasteiro.

— Você tem um minuto? – ele ouve o chamado e desacelera ao avistar o presente de Natal _ Eu tava arrumando o meu quarto e achei isso, imagino que com toda a confusão, você acabou esquecendo... – ele sorri brevemente e recolhe o boné _ Então, parece que o que rolou na festa não afetou as coisas entre você e a Rachel... – ela questiona levemente sensibilizada.

— Na verdade, mudou. Antes nós estávamos só nos divertindo, agora, estamos ficando a sério. – ele responde secamente.

— UAU! Você conseguiu uma excelente forma de me atingir... Apesar disto, eu não me arrependo do que aconteceu naquela noite. – Quinn mira fixamente o estrangeiro.

— Você não tem ideia de como essas coisas me cansam... Eu não premeditei nada e... É, eu acredito que você não tenha se arrependido, mas, sei que você não tem coragem para assumir o que aconteceu... E mesmo que eu ainda tenha fortes sentimentos por você, não posso e nem vou te esperar para sempre. – Daniel dispara a queima-roupa e quebra a couraça da garota. Ela soluça pela certeza em perder a prioridade para o peregrino.

— Então... Definitivamente, você está desistindo de nós? – ela comenta nitidamente aflita, ele desarruma os cachos.

— Honestamente, eu não queria... Mas, é... Eu to tentando aprender a viver sem você. – o forasteiro decreta seriamente, sem titubear.

O boné é colocado e o último vinculo pendente desfeito. As costas são dadas e Quinn observa o adeus do seu mais tórrido e espetacular quase romance. A camuflagem de intocável é retirada e as lágrimas revestem o rosto angelical. A visão não capta mais os moldes da figura vigiada e a menina tenciona encontrar forças para aceitar a temida despedida. Não houve resistência por nenhuma das partes e era doloroso sequer questionar quem teria desistido antecipadamente do que nunca tiveram. Era humanamente inviável argumentar se a desistência fora movida por excesso de covardia ou coragem.


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Notas finais do capítulo

Eu agradeço por quem está acompanhando esta história e peço novamente para que deixe a sua opinião ou a sua critica. Sugestões sempre serão bem-vindas!



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