Well Be Alright! escrita por CrisPossamai


Capítulo 4
Feliz Natal ao estilo Gle




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_ O que você vai pedir de presente para o Papai Noel? – Brittany pergunta naturalmente ao namorado _ Artie, as estradas para o Pólo Norte estão ficando engarrafadas. Você precisa escrever a sua carta para o Papai Noel bem rápido e coloca-la no correio ainda hoje. Lembre-se que até o menor envelope é pesado para um duende. – a ingenuidade da menina espanta o cadeirante.

Will bufa pela quarta vez em menos de três minutos. O chamado para comparecer à diretoria nunca foi tão embaraçoso. Então, o adolescente por quem era responsável estava matando aula há mais de uma semana? Inacreditável. A reclamação partia com mais vigor do treinador de atletismo que não recebeu nenhuma explicação sobre os dois treinos perdidos. Daniel estava passando dos limites e o mais preocupante era que o adulto não fazia idéia do motivo.

_ Você tem certeza de que não vai acabar encrencado? – argumenta Puck sentado em um dos bancos da praça de Lima.

_ Tenho, eu não to a fim de perder meu tempo naquela porcaria de escola... O meu semestre ta perdido mesmo. – rebate o brasileiro virando mais um gole de cerveja.

_ É, mesmo com o Artie me ajuda em geometria... Eu to ferrado, não sei se vai dar para salvar muita coisa. – o judeu dá de ombros _ E na véspera das férias de fim de ano, ninguém vai sentir a nossa falta além do pessoal do coral... Ei, você sabe o que o senhor Schuester planejou para o ensaio? Berry falou que era importante...

_ Não faço idéia... E desde quando você anda de conversinha com a Berry? Quero dizer... Achei que estivessem mantendo distancia depois do rompimento com o Finn. – estranha o forasteiro.

_ Desde quando é possível manter distancia dela? Aquela garota aparece do nada e sempre está falando... Ela me enlouquece, não que isso seja muito ruim... – sorri maliciosamente.

_ Valeu pela cena na minha cabeça, otário! Ei, que horas são? Nós não podemos correr o risco de atrasar para o Glee Club!

_ Bom... – Puckerman encara o visor do celular _ Você não precisa mais se preocupar com isso. Nós não podemos mais atrasar, porque o ensaio terminou há dez minutos.

_ Merda! – esbraveja em português provocando a risada do bad boy _ Pelo menos, rola uma carona até o meu trabalho?

Normalmente, o forasteiro gostava de atender aos companheiros dos New Directions pela garantia de risadas e fugas básicas do expediente. Entretanto, o único desejo era que o restante do elenco não optasse por esticar a interação naquela quarta-feira no Breadstix. Ao estacionar o carro, Puck resmunga ao avistar os carros de Finn e Mercedes e a maré de azar é consolidada com as feições transbordando diversos sentimentos, contudo, nenhum que se assemelhasse com a alegria. Não havia para onde correr.

_ Pessoal, nós conversamos depois... Eu tenho que me apressar para... – o brasileiro tenta escapar.

_ Os dois grudem as bundas nestas cadeiras agora. – ordena Mercedes _ É bom que tenham uma excelente desculpa ou suas orelhas vão ferver do tanto que temos para xinga-los.

_ Nenhuma desculpa boa, podem pular direto para o sermão... – desdenha o imigrante.

_ Deve ser efeito das dezenas de cervejas que nós tomamos durante o dia... – ironiza Puck.

_ Eu não acredito que vocês mataram a aula e, principalmente, o ensaio para ficar bebendo e fazendo bobagens o dia todo... E justamente no dia em que mais precisamos da união do grupo, sem contar, que comportamentos tão estúpidos podem causar expulsões e... Prejudicar a dinâmica do conjunto nas Regionais, seus irresponsáveis. Chegaram a pensar nas conseqüências? Você poderia voltar para o reformatório, Noah. – grita Rachel totalmente transtornada.

_ O que foi que aconteceu neste ensaio? Fala sério, quanto drama... – o estrangeiro segue indiferente.

_ O senhor Schuester sugeriu que nos apresentássemos para arrecadar dinheiro para alegrar o Natal dos mais necessitados da cidade e, bem... Não fomos muito bem recebidos nas salas de aulas pelos alunos e por alguns professores. Foi humilhante. – explica Tina.

_ O professor Schue perdeu a cabeça? Essa foi a idéia mais absurda que ele já teve... E convenhamos que o repertório de idiotices do senhor Schuester para o coral não é nada pequeno. – diz Puckerman contrariado.

_ Eu ainda não acredito que aquela professora deixou os alunos nos maltratarem daquela forma. – confessa Rachel.

_ Eu não posso acreditar que ela jogou um sapato na gente. – lamenta Mike Chang.

_ Pessoal, não podemos deixar que o que aconteceu arruíne o nosso espírito natalino. O senhor Schuester conseguiu aquela linda arvore para nos inspirar. Nós devemos praticar mais amanhã e nos preparar para a próxima rodada de apresentações. – incentiva Finn _ Esperamos contar com a ajuda de vocês desta vez. – encara a dupla ausente.

_ Sinceramente, eu acho a iniciativa de arrecadar dinheiro bem bacana... E podem contar comigo para isso, mas, não me sinto confortável em cantar musiquinhas de Natal diante do colégio inteiro. – revela Daniel para espanto dos colegas.

_ O que? Você cantou e dançou nas Seletivas na frente de milhares de pessoas... Por que teria problemas agora? – estranha Rachel.

_ Você ta com medo de manchar a sua reputação cantando com o coral? Eu achei que você não ligava para isso, Daniel. – rebate Quinn fuzilando o rapaz com os olhos, ele se irrita.

_ Eu não ligo para isso e também não dou a mínima para o Natal. A única coisa que realmente me importa é manter o meu emprego e por culpa de vocês, eu estou atrasado. – Daniel bufa e some dentro do Breadstix.

_ O que diabos aconteceu com esse cara? Eu nunca vi o Daniel tão nervoso! – relata Sam para o desconforto da namorada.

_ Ei, nem olhem para mim! Nós estávamos numa boa antes de vocês começarem com essa babaquice! – protesta Noah se retirando do local.

Rachel sempre pregou que divas pensam muito mais além do que mentes medianas e, por isso, não se surpreendeu ao encontrar Mercedes na mesma ação. Observando a reação de Quinn Fabray diante da crise. Era evidente que algo mais recente envolvendo-a ocasionou o rompante do sereno forasteiro. A vigília não perdurou por tempo suficiente para encontrar pistas devido a frase surreal proferida por nada menos que Brittany.

_ O Dan não deveria se irritar, em breve, ninguém vai nos intimidar. Papai Noel pode fazer qualquer coisa e neste ano, eu pedi para o Glee Club pare de ser zoado. – os olhares de espanto se intensificam com confirmação de Artie. Brittany acreditava na existência do "Bom Velhinho".

Apesar de escapar da bronca dos colegas, o brasileiro sabia que em casa a situação não seria resolvida facilmente. O semblante de Willian transmitia a frustração e pouco se alterou em função da conversa rasa. Aparentemente cansado para um embate mais prolongado, Schuester se limita a exigir mais comprometimento com os estudos e às atividades extracurriculares. Ele segue indiferente e bate a porta do quarto no instante em que é dispensado. A convivência com adolescentes nunca pareceu tão complicada.

No dia seguinte, o imigrante comparece rigorosamente as aulas e se esforça no treinamento de atletismo após ser repreendido pelo técnico e colocado na equipe reserva. Em contrapartida, o desempenho no ensaio é abaixo do satisfatório e com a desculpa providencial da hora adiantada para o serviço se esquiva da necessidade de acompanhar os colegas em uma sucessão mirabolante de pedidos ao Papai Noel. Apesar do desanimo, Puck se junta aos amigos na empreitada para assegurar a continuidade da crença da integrante mais ingênua do grupo.

O inocente e terno desejo para que o namorado pudesse andar novamente afeta toda a operação armada pelos estudantes e a idéia que mais parece lógica é que alguém disfarçado de "Bom Velhinho" tente convencer a loira de que seria impossível realizar o milagre de Natal. A sutileza de Brittany não atinge o gelado e inóspito coração de Sue Silvester, que na calada da noite se apropria ilegalmente dos presentes conseguidos pelo New Directions para doar aos mais necessitados. A tentativa de Rachel em salvar o Natal e, consequentemente, seu namoro são inúteis e para completar a cena caótica o fim é oficialmente selado pelo quarterback.

_ Nós perdemos nossa árvore e os nossos presentes estão desaparecidos. Ao redor do mundo, coisas piores do que isso devem ter acontecido às pessoas. Desculpem, não vou deixar isso nos derrubar. – incentiva Finn momentos antes da reunião do coral.

_ Ei! O que vocês estão fazendo? – Will interrompe a inacreditável corrente.

_ Nós vamos fazer o "Presente do Rei Mago" para arrecadar dinheiro para presentear as crianças carentes de Lima. – explica Mercedes.

_ Os garotos vão vender seus relógios e as garotas vão vender seus cabelos. – argumenta Sam.

_ Eu avisei que isso nunca daria certo. É uma idéia ridícula! – brada o brasileiro.

_ Eu gostava mais quando você costumava ficar com a boca fechada. – critica Rachel.

_ Você é suportável de qualquer maneira, Berry. E eu fui o único que colocou dinheiro vivo nesta droga de doação! – protesta.

_ Parem! Meninos, eu admiro o empenho em querer alegrar o Natal de pessoas mais necessitadas, mas, eu tenho que concordar com o Daniel, desta forma é impossível. Existem outras maneiras de levantar dinheiro no Natal. Alguém já leu o "Milagre do Rei Mago"? – questiona o professor.

_ Não precisamos ler o "Presente do Rei Mago", todo mundo sabe do que se trata. – diz Quinn ainda estranhando o comportamento do estrangeiro.

_ A vida literalmente é uma droga. – dispara Santana.

_ De fato, você está certa. – Willian se acomoda entre os alunos _ O primeiro Natal que se lembram é o melhor dia de suas vidas. A família reunida, um monte de presentes, guloseimas. A magia viva e plena. Mas, antes que vocês descubram isto, vocês crescem. Trabalho, escola e namoradas te levam e o Natal se torna apenas uma obrigação. Uma lembrança do que está perdido ao invés do que é possível. E todas as árvores e presentes e até mesmo o visco não podem mudar isso. E quando chegam na minha idade... Estão desesperados para terem a mágica de volta, que fariam qualquer coisa para ser capaz de sentir o que sentiu no primeiro Natal.

_ Então, o que devemos fazer? – questiona Finn.

_ Abaixem essas tesouras, coloquem seus relógios de volta e vamos sair para procurar pessoas que realmente precisem do espírito natalino. – propõe Schuester.

Os alunos se retiram mais entusiasmados e as meninas aliviadas por ainda contarem por cabelos em suas cabeças. Não é surpresa que Daniel seja o único a permanecer imóvel em sua cadeira. O maestro preparava-se para mais uma rodada de discussões ao ser desarmado e, simultaneamente, consciente da origem do descompasso atual de seu hospede.

_ E se nunca houve um primeiro Natal? – a simplicidade e intensidade da dúvida ferem o professor que não encontra resposta hábil. O aluno sai da sala direto para o trabalho.

A alternativa encontrada pelo Glee Club é se apresentar na sala dos professores e apelar para o sentimentalismo dos mestres do colégio Willian Mckinley. Após o confronto forjado com a treinadora Beister fantasiada de "Bom Velhinho", Brittany tenta digerir a triste realidade de que o namorado não caminharia novamente, pelo menos, não no dia de Natal. Desta forma, Artie acha prudente conduzir a amada para casa e faltar a cantoria festiva. Daniel se compadece pela comoção dos colegas e acaba decidindo se unir ao coral. Os aplausos são calorosos e os elogios intermináveis. O espírito natalino, enfim, derrota o inalcançável despertando até a sensibilidade adormecida em Sue Silvester. A apresentação consegue reunir quase 250 dólares, não era uma fortuna, entretanto, faria a diferença para diversas pessoas em Lima.

Mesmo assim, o milagre que desencadeia a crença do brasileiro na razão de festejar o Natal aparece no salão do New Directions. Um aparato eletrônico e altamente tecnológico possibilita que Artie fique de pé sem a ajuda de ninguém por alguns minutos. O fascínio aumenta com a demonstração de pequenos passos. Então, a explicação de que Papai Noel teria depositado o equipamento debaixo da árvore de Natal de Brittany se torna plausível e totalmente crível.

Apesar da positiva reviravolta, Willian Schuester abre a porta do apartamento desanimado por proporcionar a Daniel a passagem de mais um Natal sem qualquer atrativo. O desabafo do rapaz ainda latejava na mente do professor até ser revirada pela presença da terrível treinadora das lideres de torcida em seu apartamento.

_ Como você chegou aqui dentro?

_ Ah, eu falei com o pequeno pula-pula. Você gostou da árvore? – o adulto pisca várias vezes para processar a cena _ Eu vou considerar isto como um sim. Bom, você se lembra da malvada que roubou todas as coisas da sala do coral? Então, ela sente muito. Acho que a sua irritante cantoria e o espírito natalino me influenciaram negativamente. Agora, eu conheço um monte de presentes que são para órfãos, mas, eu tenho algo especial para você. Talvez você tomasse alguma vergonha e daria um basta neste horrível visual.

_ Obrigado, Sue. – agradece o inusitado presente _ A decoração está fantástica.

_ Eu tive alguns ajudantes! – confessa a treinadora chamando os integrantes do Glee Club com um apito ensurdecedor.

Os adolescentes tratam de enfeitar ainda mais o ambiente caseiro, enquanto, o professor se apressa em encomendar uma refeição rápida. A geladeira da casa estava praticamente vazia. Ele sorri para o brasileiro, que se distraia com as infindáveis histórias de Mercedes a respeito das comemorações de sua infância. Com a entrega das dezenas de pizzas, os jovens se fartam e a treinadora das cheerios se despede devido a inadiável visita a irmã caçula. Depois de se fartar com fatias doces e salgadas, o forasteiro se sente desconfortável e sufocado dentro da própria casa. Apanha três cervejas e se direciona sorrateiramente para a varanda, ele precisava urgentemente ficar sozinho. As risadas, as brincadeiras e, principalmente, a euforia não combinavam em nada com a tradição familiar naquela época do ano. O sossego é quebrado pelo inoportuno ruído de alguém abrindo a porta e se acomodando no banco a seu lado. De olhos fechados, o rapaz intensifica o gole da bebida antes de ousar descobrir a identidade da indesejada companhia.

_ Então, você fugiu para cá? – a inconfundível voz de Rachel Berry _ Eu não acredito que depois das confusões desta semana, você continua bebendo! – ele revira os olhos _ Desculpe, eu não deveria me intrometer nisso. Afinal, estamos na sua casa.

_ Estamos na casa do senhor Schuester, Berry. – o rapaz vira a garrafa mais uma vez.

_ Eu posso ficar aqui por algum tempo? Também preciso fugir de determinadas coisas naquela sala. – solicita a menina.

_ Coisas ou pessoas? – ela sorri pelo óbvio _ Pode ficar aqui, desde que você tente controlar essa língua afiada. – ele brinca.

_ Eu posso tentar. Então, o Finn é a minha desculpa e, qual é a sua? – rebate.

_ Péssimas lembranças. Feriados sempre significaram bebedeiras, gritos, brigas e algum idiota que a minha mãe colocou para dentro de casa me batendo direto. – ele confessa _ Então, eu não vejo muito sentido nestas datas comemorativas.

_ Eu sinto muito, Daniel. Isso realmente explica a sua mudança de comportamento nesta semana. Agora, eu entendo perfeitamente a sua dificuldade em apoiar os nossos planos. – ela se solidariza.

_ Ah, é... O meu surto nesta semana... Rachel, me desculpa... Eu nunca deveria ter falado com você daquela maneira. – ele passa pelos cabelos demonstrando desconforto pela própria atitude.

_ Não se preocupe. Eu estou ciente da minha parcela de culpa. – ele sorri pela compreensão _ Então, eu presumo que o próximo tema da nossa conversa seja o silêncio? – ela devolve o sorriso singelo, ele agradece.

Por mais de meia-hora, Rachel Berry se mantem praticamente calada apenas ouvindo a exaltação dos colegas de coral mais propensos a comemoração natalina e observando o inquieto acompanhante. Eventualmente, dúvidas sobre a música popular ou a cultura brasileira serviam para anular o silêncio e proporcionar a estranha sensação de intimidade entre os quase desconhecidos. A atmosfera é quebrada por uma nova invasão.

_ Ei, Rach, eu estou indo embora, você vai querer uma carona? A maioria do pessoal já está de saída... – questiona Mercedes.

_ Claro, Mercedes. Muito obrigada pela companhia, Dan. – a pequena notável se levanta e beija levemente a testa do anfitrião. _ Eu realmente precisava deste sossego. – ela sorri avançando para a sala de estar.

_ E você, gato, por que se escondeu a noite inteira? Eu senti a falta do meu homem. – ele levanta para abraça-la. _ Então, eu sei que o seu tio vai passar aqui amanhã. Você acha que passará o reveillon em Lima? – ele confirma _ Que bom! A família Jones vai promover uma incrível festa na virada do ano e eu gostaria de contar com você e o professor Schuester. – a black diva se despede com mais um forte abraço e some na residência lotada de adolescentes.

Os braços de Sam pesam nos ombros de Quinn Fabray, quando a porta da varanda se abre dando passagem para Rachel e Mercedes. O sentimento de impotência se propaga ao notar que o tema do dialogo entre as moças era o comportamento do brasileiro naquela semana e, aparentemente, o motivo para o mau humor fora descoberto. Ela elabora um sorriso para concordar com o que o loiro acabara de dizer sem ter noção do se tratava. Daniel havia perdido o controle duas vezes em menos de cinco dias e, ela jamais testemunhara tal explosão. Apesar do incontestável desejo em averiguar pessoalmente a razão do transtorno, ela decide por se aconchegar ainda mais no abraço do namorado. Ela havia feito uma escolha nas Regionais e teria que aprender a lidar com a presença do forasteiro, ainda o alvo preferencial de sua vigília.

O toque do celular anuncia a chegada de uma nova mensagem de Mercedes e tira a jovem de perigosos devaneios. "Ele só está lidando com traumas do passado. A Rachel acabou de me contar. Eu achei que você gostaria de saber". A informação simples é digerida em meio a um longuíssimo suspiro. Sam lhe encara divertidamente analisando o inesperado gesto da namorada como sintoma de cansaço e deixa para a partida para casa. Quinn ri da ingenuidade do garoto, porém, aceita de bom grado a oportunidade para abandonar a residência. Daniel permanecia intocável em seu próprio refugio e o casal não ousou desrespeitar a distância imposta.

Will se despede dos últimos estudantes e novamente agradece pela iniciativa. Na seqüência, se acomoda ao lado do estrangeiro sem emendar broncas ou queixas pela ausência parcial no encontro ou pela presença de três garrafas vazias ao pé da cadeira ocupada. O professor se limita a entregar mais uma cerveja ao imigrante, desta vez sem álcool, questionar o horário da chegada do tio e afirmar que tão logo acabassem os feriados trocaria as fechaduras do apartamento para evitar uma nova invasão de Sue Silvester. Daniel gargalha e apanha o celular para conferir a hora combinada com o tio em uma conversa por SMS. Estranhamente, a caixa de entrada está lotada. Mensagens dos companheiros do Glee Club, colegas da equipe de atletismo e de sala e uma em especial lhe causa surpresa. Não pelo conteúdo, mas, pelo remetente. "Senti sua falta nesta noite, mas não quis me intrometer. Feliz Natal, estrangeiro". O apelido de uso exclusivo de Quinn Fabray. Ele repete a leitura e, com certo receio deleta a mensagem. O forasteiro não desrespeitaria a escolha da garota, mesmo que se chocasse contra a própria vontade. Game over. Não restava nada a ser feito, pelo menos, não por ele.

_ O meu tio deve chegar ao meio-dia. Will, você se incomodaria se eu passasse o reveillon fora de Lima? O meu tio tem uma entrega para fazer antes de voltar para Charleston e me convidou... Eu estaria em casa antes da volta às aulas. - solicita o jovem.

_ Eu gostaria de conversar com o seu tio para saber o roteiro completo, mas, não vejo nenhum problema. Só explique a situação para a Mercedes, certo? Ela ficaria desapontada se você viajasse sem dizer nada.

_ Tenho certeza que ela vai me entender. Eu realmente preciso colocar os meus pensamentos em ordem, sabe? As mudanças foram acontecendo e eu fui tragado por esse redemoinho. Agora, eu tenho que retomar o controle da minha vida.

_ Você está absolutamente certo. Mas, eu me sinto recompensado ao ouvir você se referir a este lugar como a sua casa... Porque, é. Agora, esta casa é o seu lar, Daniel.

O professor estapeia levemente as costas do adolescente em um gesto de conforto e se despede. A árvore de Natal continuava recheada de presentes, entretanto, dois novos pacotes chamam a atenção do recém-acordado. O incomum barulho de conversa oriundo da cozinha atrai a curiosidade do rapaz, que é saudado calorosamente pelos adultos que formavam a sua simbólica família. Bryan resmunga qualquer coisa a respeito da simplicidade do presente desajeitadamente embrulhado. Prontamente, o rapaz agarra o pacote descobrindo um boné e um relógio. O agradecimento é dispensado pelo tio e Will brinca que, finalmente, o brasileiro poderia cobrir o cabelo arredio. As risadas são suspensas com a abertura do presente entregue pelo professor de espanhol. A surpresa é nítida na face do imigrante. Tênis apropriados para a pratica do atletismo. Enfim, o forasteiro percebe que poderia se dar ao luxo de confiar, de se apegar... Poderia se dar ao luxo de levar a vida como um garoto de 17 anos em plena manhã de Natal.



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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo postado! Agradeço a quem vem acompanhando a história e se possível, gostaria de pedir que deixem sua opinião ou sua crítica. Comentários sempre são importantes para o desenvolvimento de uma história. Bem até a próxima semana com um novo capitulo! Até lá!



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