Well Be Alright! escrita por CrisPossamai


Capítulo 10
Músicas Originais




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_ Pessoal, tenho péssimas noticias. Nós havíamos decidido apresentar “Sing” nas Regionais, mas, eu recebi uma carta de não liberação da música. A banda não permitiu. – esclarece Will no primeiro ensaio na semana do Campeonato entre Corais.

_ Era o hino perfeito! – lamenta Puckerman.

_ Então, acho que deveríamos escrever músicas originais para a competição. – Rachel novamente sugere.

_ Todos a favor de votar contra a Rachel pela segunda vez? – sugere Santana com a colaboração da maioria dos adolescentes. Daniel se abstém da votação.

_ Não, eu acho que a Rachel ta certa. Essa equipe funciona melhor quando nos esforçamos e fazemos algo diferente. – Quinn apóia a iniciativa para espanto geral _ Nós não estaremos usando palavras ou canções alheias. Vamos colocar nosso coração, nossa alma, não apenas nossas vozes desta vez. E nós temos um compositor extremamente talentoso: Rachel. Eu pensei que poderíamos tentar escrever uma música juntas.

_ Honestamente, eu não acho uma boa ideia. – desconfia o brasileiro.

_ Por que não, Dan? Quero dizer, se as duas concordam com algo devemos, pelo menos, levar em consideração. – Finn incentiva.

_ Tudo bem, mas, eu acho que todo mundo devia ter a chance de escrever uma música. – especula Tina.

_ Está decidido. Vamos fazer musicas originais! – decreta o maestro.

O primeiro Seminário de Composição do New Directions inicia superando as piores expectativas. Apesar das letras excêntricas e hilárias, as músicas “Boca de Caçapa” de autoria de Santana e “Enorme Coração” escrita pelo maior encrenqueiro do colégio para agradar a namorada grandalhona servem apenas para desesperar o pobre professor de espanhol. A situação se torna mais confortável com a eletrizante “Hell To The No”, resultado de uma inesperada parceria entre Mercedes e Daniel. A letra explosiva e o ritmo alucinante com a introdução da percussão conquistam os colegas e recebem generosos elogios do adulto, entretanto, não se enquadraria nas exigências estabelecidas para as Regionais.

_ Eu agradeço o esforço, só que pensem em suas músicas favoritas. – sugere o docente.

_ My Headband. – grita Brittany.

_ Aquela da Alanis Morissette... You Oughta Know. – exclama a latina.

_ O Bonde do Mengão sem Freio? – dispara divertidamente o forasteiro gerando uma reação em cadeia de risos incontroláveis _ Qual é? É um funk sensacional sobre o Flamengo.

_ No geral, as músicas citadas falam de dor. Músicas incríveis são sobre dor e é, justamente, neste lado de vocês que quero focar. – esclarece Will.

_ Deveria ser simples. A treinadora Silvester nos tortura sem razão alguma diariamente e tenta jogar a escola inteira contra nós. – resmunga Artie.

_ É, ontem, ela encheu de terra o meu armário e o da Brittany. – relata Santana.

_ Ela ligou para o cartório se passando por mim e tentou mudar legalmente o meu nome para Tina Cohen-Fracassada.

_ Recentemente, a treinadora ameaçou roubar os meus documentos e me denunciar para a Imigração... – conta o brasileiro.

_ Eu não acredito... – o homem tenta se acalmar _ E como vocês se sentiram?

_ No início, machuca... Mas, depois te fazer querer mostrar do que é capaz. – confessa Mike.

Então, a canção épica “Loser Like Me” nasce da junção dos receios e magoas mais intimas dos membros do desprezado coral. O caos nas vésperas das Regionais aumenta e a coreografia novamente é deixada a cargo do quarteto de dançarinos. Com mais tempo disponível, o imigrante se empolga com os movimentos sugeridos pelo asiático e a amizade ganha parâmetros mais reais do que apenas a parceria nos campos e palcos. Os saltos mortais são contidos em função do aprimoramento da apresentação coletiva e de passos mais elaborados. Somente duas manobras mais audaciosas são aprovadas pelo grupo e, rapidamente, os ensaios com o restante dos integrantes são realizados e o empenho dos quatro fortalece a sensação de entrar com mais prestigio nas difíceis Regionais.

O trabalho conjunto de Quinn e Rachel não poderia de forma alguma resultar em algo produtivo ou sequer positivo. A troca de acusações e a confirmação do retorno do antigo casal despertam a desordem e as fagulhas de raiva são disparadas incessantemente deixando a composição em segundo plano.

_ Você quer saber como esta história termina, Rachel? Eu fico com o Finn, você com o coração partido. Nós ficamos em Lima e construímos uma família... Eu vou me tornar... – o relato futurístico da loira é interrompido.

_ Você tem tudo planejado, não é? Pena que não deu certo com a sua primeira opção. Eu sei que você pediu o Dan em casamento no ano passado e... Eu não vou desistir tão facilmente de quem eu amo como você. – a provocação é a queima-roupa e detona a aparente serenidade da antiga líder de torcida.

_ Cala a boca! Você não tem o direito de se meter nisso e, muito menos, de julgar as minhas escolhas. Você é tão irritante, por isso não consegue escrever uma música boa!

_ E você não consegue escrever uma história de vida sem cometer os erros de antes. E você acredita mesmo que pode consertar tudo apenas voltando com o Finn? Ninguém pode voltar no tempo, Quinn.

A pequena notável deixa o palco afirmando compor individualmente a canção que conduziria o New Directions para as tão esperadas Nacionais em Nova Iorque. Apesar da confiança, a garota estava inconsolável. O relacionamento com o brasileiro suavizava a ausência do quarterback titular e a incontestável reaproximação com a ex-namorada. Entretanto, era impossível superar a perda do seu primeiro amor e depositar nos ombros do atual ficante a responsabilidade de apagar tal sentimento. Ainda mais com todo o drama amoroso envolvendo o imigrante. As palavras magicamente formam versos e as lágrimas realçam a sensação de tristeza persistente na estréia de Rachel Berry como compositora. “Get It Right”. Impulsivamente, as mãos abandonam o caderno e a caneta e se apropriam do celular esquecido em cima da escrivaninha. Poucas letras são digitadas e o texto emergencial é enviado.

Daniel terminava de recolher seus pertences após mais um dilacerante treino de futebol americano. A treinadora Beister tratava de preparar sua equipe para a fase eliminatória visando o Torneio Estadual. Entretanto, a inexperiência da equipe e a fragilidade de seu setor ofensivo poderiam minar o objetivo. Mesmo com a entrada do brasileiro e a boa fase de Noah Puckerman, as jogadas de ataque eram escassas e simplórias. Aparentemente, o desempenho dos Titãs atingira seu máximo na conquista do Campeonato do Condado. Resultado acima das expectativas se comparado com o histórico desastroso da temporada anterior. A técnica teria que se satisfaz com a presença entre os cinco melhores time de Ohio. O próximo ano poderia reservar vôos mais ousados. O garoto se despede dos companheiros de equipe e visualiza o celular depois de duas horas de abandono. Mensagem de Rachel e uma ligação perdida do tio. Com a leitura do pequeno texto, o rapaz se coloca a caminho da casa dela. Ele sabia que Quinn e Rachel juntas nunca seria uma boa ideia.

As batidas na porta retiram a judia de sua reflexão particular. A tentativa de disfarçar o choro compulsivo e o inchaço dos olhos é inútil e o visitante evita comentários. A discrição era uma das qualidades que ela mais apreciava no menino a sua frente. Com poucas explicações, ela entrega a folha rabiscada e aguarda silenciosamente pelo julgamento de sua criação.

_ UAU! Se toda vez que você e a Quinn discutirem nos render uma música assim... As Nacionais serão moleza. – o sorriso exagerado e os elogios rasgados devolvem o animo a diva _ Mas, você sabe o que isso significa, não é? – a feição masculina se torna serena.

_ Sim, não vai fazer sentido nós continuarmos juntos se eu cantar uma música exaltando um amor do passado. Eu sinto muito por ter escrito algo assim... Justamente agora. – a menina abaixa os olhos envergonhada.

_ Fala sério, Rachel. A canção é incrível... E você só colocou no papel o que sente. – o forasteiro coloca o braço sobre os ombros da garota _ Essas semanas foram ótimas, mas, acho que nós temos coisas para resolvermos por conta própria. – ela se joga nos braços do brasileiro.

_ Você é adorável, sabia? É a primeira vez que eu consigo terminar um relacionamento e manter a amizade. – a menina, enfim, sorri.

Com a aprovação previa da canção, Rachel não contém a necessidade de compartilhar seus feitos e liga imediatamente para Mercedes e Kurt. Mesmo que o extravagante soprano estivesse em outro colégio sempre faria parte do New Directions. Os colegas não conseguem enumerar os adjetivos para descrever a letra apresentada e o solo das Regionais é indiscutivelmente reservado a pequena notável. A coreografia para “Loser Like Me” também é ovacionada pelos integrantes e os saltos executados por Daniel e Mike impressionam pela perfeita simetria. A vitória jamais pareceu tão natural.

A noite de sábado rapidamente se apresenta e os treze participantes do Glee Club se amontoam no velho ônibus escolar. Willian repassa as últimas instruções e a ansiedade se prolifera na atmosfera. Contudo, a expressão de Quinn deixava em aberto a existência de um significativo ingrediente para a data. A irmã negra não consegue arrancar nenhuma pista e a fachada de intocável é refeita no instante em que atingem o teatro. O estrangeiro desvia a atenção das piadas inexplicáveis contadas pelo casal asiático e verifica o celular. A clássica mensagem de incentivo do tio e apenas uma palavra enviada pela ex-capitã das cheerios. “Fica”. Instintivamente, ele encara a loira em busca de resposta sem nenhum avanço. O motorista estaciona e os alunos abandonam o veiculo. Mercedes percebe a tensão crescente entre o quase casal e se despede esticando o pescoço o possível para captar detalhes do curioso embate. O rapaz permanece no banco aguardando a iniciativa da garota. Vacilante, ela se posiciona a sua frente e respira fundo antes de esclarecer o inesperado pedido.

_ Hoje faz exatamente um ano que você foi arrancado da minha vida. – a voz sai direta e é recebida com dor pelo ouvinte. Ele se levanta e rebate a informação.

_ Eu imaginava. E depois de amanhã, a sua filha completa um ano. – a loira balança a cabeça em concordância e demonstra certa aflição. _ Eu não vou a lugar nenhum desta vez.

_ Eu não me incomodaria de viajar para Nova Iorque com você. – o drama é quebrado pelo resquício de humor e ela oferece a mão ao rapaz. Ele aceita o elo e entende que o caminho para ambos seria tão longínquo como a jornada do New Directions até as Nacionais.

O primeiro grupo adversário, comandado pela terrível treinadora Silvester, causa certo espanto na platéia ao realizar um número bastante conservador e de caráter religioso. Na seqüência, Kurt estréia esplendidamente bem como solista em competições e os Warbles são ovacionados pelo público. Entretanto, a explosão do teatro ocorre com a eletrizante performance da Academia Dalton na canção Raise Your Glass. O animo perfeito para anteceder a última equipe da noite.

So raise your glass if you are wrong,

In all the right ways,

All my underdogs,

Just come on and come on and raise your glass!

Desta vez, ela estava sozinha. Teria que encarar todos os presentes de peito aberto e apresentar ao mundo genuinamente a própria alma. A comoção ao interpretar cada verso encanta e emociona a platéia. A audácia do jovem coral em exibir músicas originais impressiona os jurados e o talento de Rachel Berry abre os trabalhos do New Directions nas Regionais. O primeiro passo para assegurar a classificação para a etapa nacional fora indiscutivelmente perfeito.

What can you do

When your good isn't good enough

And all that you touch tumbles down

Oh my best intentions

Keep making a mess of things

Just wanna fix it somehow

But how many times will it take

To get it right, to get it right

A qualidade do solo sensibiliza até mesmo o responsável pelo Glee Club e os companheiros precisam se esforçar para se concentrar unicamente na continuação da performance e ocupar os devidos lugares no palco. Finn era visivelmente o mais afetado do grupo. Boquiaberto, o grandalhão sequer conseguiu piscar durante a apresentação da ex-namorada. Quinn praticamente relevou o efeito Berry em função dos conflitos particulares revelados com exclusividade para o brasileiro. As Regionais pareciam conspirar para aumentar o grau de nostalgia nos potenciais artistas. “Loser Like Me”, o hino ideal para exaltar as diferenças que tornavam os membros do coral tão iguais. As dificuldades enfrentadas no conturbado cotidiano do Ensino Médio são cantadas com uma dose cavalar de bom humor e superação. Tudo o que Will Schuester poderia desejar de seus alunos.

Just go ahead and hate on me and run your mouth

So everyone can hear

Hit me with the worst you got and knock me down

Baby, I don't care

Keep it up and soon enough you'll figure out

You wanna be a loser like me

A coreografia é empolgante e os saltos mortais executados com sincronia impecável por Daniel e Mike resultam na conquista completa do carisma da platéia. Muitos se levantam e explodem em palmas para a excepcional apresentação do coral da escola Willian Mckinley. O encerramento com as raspadinhas de papel picado significa a incontestável superioridade diante dos grupos adversários. A vitória é justíssima e Kurt corre para cumprimentar os campeões. Blaine percebe a centelha de remorso oriunda do extravagante soprano. Mais tarde, trataria de debater com o quase namorado a possibilidade de retornar à antiga escola.

Noah Puckerman era um sujeito com feições e trejeitos de fáceis leituras. A euforia pela vitória durou até a porta do ônibus ser fechada e ele se apossar do último banco. A perna esquerda tremendo compulsivamente e as mãos ocultando a confusão visível em sua face. O encrenqueiro era péssimo em matemática, contudo, estava plenamente ciente da importância dos próximos dias. Finalmente, o garoto do moicano compreendia o significado da palavra em português mais pronunciada pelo comparsa. Saudade. Saudade da menininha que segurou por meros cinco minutos. Saudade da confiança transmitida pelo olhar de Quinn no instante em que se comprometeu em estar ao seu lado durante o parto. Saudade da completa bagunça em que sua vida mergulhou naqueles nove meses e arrependimento... As mãos reviram o moicano buscando aplacar a sensação de falha que preenchia seus pensamentos no momento. A voz inconfundível do imigrante faz o favor de lhe arrancar das próprias reflexões.

_ Foi mais tranqüilo, né? Quero dizer, ninguém precisou parar no hospital para dar a luz.

_ É, e ninguém precisou ser deportado. – devolve em um frágil bom humor _ Você acredita que vai fazer um ano? Eu não gosto de pensar nisso, sabe? – confidencia o bad boy.

_ Você se arrepende? – pergunta simplesmente o brasileiro atraindo a atenção da loira.

_ Não... Você me conhece, Dan. Eu sou um completo desastre... Às vezes, bate essa vontade de saber como ela está... Ter certeza que a pequeninha está feliz. – Puck confessa em um fiado de voz e pela primeira vez desde o parto, Quinn mira fixamente o irresponsável com algum traço de sensibilidade. Nenhuma palavra se faz necessária.

Lauren chama o namorado e a dramaticidade é desfeita. Finn resmunga qualquer coisa sem importância com loira e Daniel observa a total ausência de tato dos pais adolescentes em ocultar tamanha agonia. A dupla poderia não se ressentir pela decisão, entretanto, o afeto e a saudade não eram simples de camuflar. A peculiar lutadora pede no máximo de sua educação para trocar de lugar com o brasileiro e, obviamente, estar mais próxima do companheiro. A sugestão é acolhida de bom grado e o imigrante se instalada no banco com estrela da noite. A notícia sobre o rompimento se espalhara rapidamente, por isso, a cumplicidade com que engataram uma conversa aleatória chocou tanto os curiosos de plantão. Desinibida, Tina tratou de questionar sobre a estranha harmonia entre os antigos ficantes. Rachel explode em uma sonora gargalhada. Cabe então ao rapaz esclarecer que a amizade permaneceu intacta e que o termino do “relacionamento” fora completamente amistoso. Mike parabeniza o brasileiro pela contensão na carga dramática da judia e as risadas se tornam coletivas. Mercedes se junta ao grupo contando em tom de brincadeira que dera um intimato ao seu homem exigindo o fim “daquela palhaçada”. A piada é escancarada gerando mais risos e zoações para cima do pobre e ruborizado brasileiro. Santana elogia o nível de persuasão da negra e traz Sam para o meio da bagunça. Logo, os bancos em torno do sexteto são tomados pelo restante dos adolescentes e Will respira aliviado. O maior triunfo nestes dois anos de Glee Club não se limitava ao recém adquirido troféu das Regionais e, sim, a exuberante união de seus estudantes. Apesar das infinitas diferenças, o grupo aprendera a se relacionar e aceitar as extravagâncias individuais. O New Directions ultrapassara a couraça de mero coral da Escola Willian Mckinley, alcançando a profundidade e os laços afetivos de uma verdadeira família.

“Quando alguém diz que você não pode fazer algo, você tem que lutar e mostrar o seu valor. Afinal, as pessoas adoram aqueles que ressurgem das cinzas”, era a mensagem do tio Bryan Stuart enviada para o sobrinho pouco antes da performance nas Regionais e que traduzia com extrema sabedoria o sentimento de cada integrante do Glee Club no retorno ao colégio em que eram tratados como perdedores. Superação


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