Rachel acordou eram 09:15. Como era sábado e também primeiro dia de férias se deu ao luxo de não programar o despertador e acordar naturalmente. A maioria dos adolescentes acordaria depois das 11:00, mas Rachel nunca tinha sido como a maioria dos adolescentes. Acordou super disposta e iniciou sua rotina de exercícios. A diva malhava seis dias por semanas, trabalhava duro para se manter em forma. E era compensada, recebia olhares de muitos garotos pelos corredores do colégio devido a sua preferência por sais curtas. E por vezes tinha sido alvo de olhares nada cristãos de uma certa ex-líder de torcida, não que Rachel tenha notado, pois tais olhares eram dados de uma certa distância segura.

Após sua rotina de exercícios Rachel tomou uma ducha e desceu para o café da manhã com seus pais. Hiram e Leroi já estavam a mesa e receberam cada um um beijo na bochecha. O café da manhã, como sempre na residência Berry, foi muito bom e interativo. Rachel contou aos pais que iria hoje a festa na casa de Puck. Finn a apanharia e eles iriam juntos. Quando questionada se tinha reato seu namoro com o quarterback, a morena informou aos pais que ainda não tinha certeza disso e que não estava 100% segura sobre seus sentimentos por Finn. Os pais a aconselharam a ter cuidado para não se magoar, e não dar falsas esperanças ao garoto.

Já em seu quarto enquanto escolhia sua roupa para festa a lembrança de um momento que agora lhe intrigava. Lembrou de como foi estranho o olhar e o sorriso que Quinn lhe dera ontem quando ela chegou a sala do coral com Finn. A princípio a loira tinha uma expressão de ciúmes, mas logo substituída com um sorriso meio sem graça. Tinha sido estranho, já que se ela estava com ciúmes do Finn esse olhar deveria ter sido direcionado a ele. Mas tinha sido assim todas as interações entre Rachel e Quinn, estranhas. Sempre que elas conversavam a impressão que ficava era que algo não tinha sido dito. Rachel não entendia o comportamento de Quinn em relação a ela, uma hora a destratava, na outra lhe dizia que ela era boa demais para o Finn com lágrimas nos olhos. Num momento a estapeava e no outro lhe pedia desculpas desesperadamente. Mas Rachel também nunca tinha sido muito coerente quando se tratava da ex-líder de torcida também. Afinal quem é que leva um tapa no rosto de sua suposta rival e ao invés de reagir fala que ela era a garota mais linda que ela tinha visto? E Rachel tinha sido completamente sincera quando disse. Quinn era a garota mais linda que ela já tinha visto.

        Uma vez que Rachel decidiu o que usar a noite, ligou para Finn e combinou que horas ele passaria para apanhá-la. O quarterback de despediu com um “Eu te amo” que não teve resposta por parte da diva que só murmurou algo como “Te vejo a noite, beijo” e desligou o telefone rapidamente. O que aconteceu em NY entre eles não aconteceu por que Rachel o amava. Ela podia até ter profundos sentimentos pelo rapaz, mas o amor que eles compartilharam uma vez já estava desgastado demais. Rachel se rendeu ao beijo de Finn no palco em parte por causa da letra da música e emoção que o rapaz colocou em sua interpretação, e em parte também por que sentia muita falta do que eles compartilharam por muito tempo. Como os dois ainda não tinham conversado sobre o que aconteceu e o que aconteceria daqui para frente, Rachel se deixou levar pelo que parecia ser Finn querendo reatar o que uma vez eles tiveram.

        Rachel passou o dia todo pensando sobre Finn e seu relacionamento. Pensou sobre o beijo, pensou sobre o que seus pais lhe aconselharam, pensou nos seus sentimentos pelo rapaz, pensou sobre seu futuro em NY, e de novo, sem razão aparente, o olhar enciumado de Quinn lhe veio a memória. Após todas as considerações, Rachel decidiu terminar tudo com Finn, de uma vez por todas. Buscar sua felicidade. Seguir em frente. Conversaria com Finn essa noite, quando voltassem da festa, pois não queria estragar a celebração para o quarterback.

Quinn se levantou já havia passado os primeiros minutos da tarde. A ex-líder de torcida passou a noite em claro, pensando no que Kurt lhe havia dito. Pensando em Rachel, e como as duas compartilhavam uma relação completamente esquisita e contraditória. Repassou todas as memórias que tinha da menina desde o primeiro dia de aula do colegial. Lembrou-se dos apelidos que dera a morena. Das ofensas desnecessárias, do bagunçado triângulo amoroso que compartilharam com Finn. Lembrou-se da primeira vez que ouvia a diva cantar, dos arrepios que sua voz lhe causara. Lembrou-se de como a morena enxugou suas lágrimas quando ela estava desolada por perder prom Queen. Lembrou-se das inúmeras vezes que se pegou com os olhos grudados nas penas da pequena diva. E o mais importante recordou o aperto no peito que sentia toda vez que via Rachel com Finn. Ou de qualquer outro garoto.

E Quinn finalmente entendeu o porquê de tudo isso, tão claro como água, se deu conta do que ela vinha propositalmente ignorando. Ela gostava de Rachel. Mais do que isso, ela era apaixonada por Rachel. Meu Deus. Eu amo a Rachel. Droga. Droga. Droga! O que eu faço agora? Droga. Merda, Droga! O choque da descoberta a manteve acordada quase até o amanhecer, o que a fizera adormecer tinha sido a possibilidade quase inexistente de a morena retribuir seus sentimentos.

Uma vez desperta e de banho tomado, Quinn já descobriu o que faria com relação aos seus sentimentos recentemente descobertos. Ela iria conquistar Rachel, não importava que ela e Finn estivessem juntos. Não importava que Rachel fosse sua “rival”. Nem ao menos importava que ela fosse hétero. Quinn Fabray iria conquistá-la, por que Fabrays sempre conseguem o que querem. E Quinn queria muito Rachel, como nunca quis nada antes, ou alguém.

Uma vez decidida a conquistar Rachel, Quinn ligou para Kurt e o chamou para conversar. Pelo que o garoto lhe dissera ontem, de alguma forma ele já tinha percebido que ela gostava de Rachel e ela poderia muito bem usar conselhos de alguém que não fosse julgá-la no momento.