Quinn acordou com o som alto do despertador de seu celular, deslizou para fora da cama rapidamente com os olhos ainda meio fechados. Alcançou o criado mudo ao lado da cama e silenciou o barulho irritante do telefone e sentou-se de novo na cama ainda não totalmente desperta. Era o último dia de aula do ano. Um ano que foi bastante movimentado, nada comparado ao anterior é claro, afinal poucas coisas batem uma gravidez na adolescência, mas ainda sim muitos acontecimentos. O último deles o fiasco do New Directions em Nova York.

        Quinn levantou da cama e tomou um banho e se preparou para a escola, desceu às escadas para o café da manhã. Se despediu da mãe e foi para a escola. Quinn já se sentia um pouco nostálgica. Esse com certeza tinha sido um ano, senão bom, bastante esclarecedor para ela. Apesar de todas as perdas que ela sofreu, indo de namorados à prom Queen, ela amadureceu, começou a se dar conta do mundo à sua volta, das pessoas, e mais do que isso aos sentimentos dessas pessoas, seus próprios sentimentos.

        É preciso perder para dar valor. Está aí uma frase que tinha ganhado sentido para Quinn. Perder Finn não tinha doído tanto quanto ela pensou que doeria. Não ser prom Queen não afetou tanto sua vida como que achou que afetaria. Aos olhos de todas as pessoas ela insistia tanto em ter um relacionamento com Finn por que o amava. Não era verdade, bem, ela até que gostava dele, mas não o amava. Ela só não queria se sentir sozinha. Mais do que isso, queria se sentir amada. E Finn amava, do seu jeito infantil e egoísta, mas amava. Pelo menos até Rachel Berry surgir e roubá-lo com seu talento irritante.

        Os maus tratos à Rachel por parte da loira poderiam até em parte ser por causa de Finn. Mas havia mais por trás dos apelidos maldosos e palavras secas do que a disputa por um namorado. Quinn sempre achou que era só isso, bem, e o fato de que a garota não tinha nenhum senso de moda e falava demais. Também nunca tinha colocado nenhum pensamento profundo no assunto.

        As aulas de passaram surpreendentemente rápido e logo estava na hora do Glee Club. A reunião anual onde eles discutiriam o rendimento do New Directions. Perder as Nacionais tinham dado um choque de realidade no grupo, e principalmente no Mr Schuester. Eles não estavam preparados, talento eles tinham, mas tinham sido extremamente preguiçosos em melhorá-los. Chegar a Nova York sem suas músicas escritas tinha sido o maior indício disso.              

        Quinn chegou a sala do coral, cumprimentou seu colegas e se juntou à eles em sua conversa, o assunto claro Nova York, nem tanto a competição, mas a cidade mesmo, o quanto eles estavam fascinados. Mr Schuester espera à chegada de Rachel e Finn que eram os únicos faltando para começar a última aula do ano.

        Rachel e Finn chegaram de mãos dadas e fora bem recebidos pelos colegas. Ao ver a cena Quinn sentiu um leve aperto no peito e perdeu o sorriso momentaneamente, mas se apreçou em colocá-lo no rosto de volta. Rachel olhou Quinn, apesar da distância, diretamente nos olhos e retribuiu o gesto da loira, seu sorriso era genuíno, e não forçado como o a da ex-líder de torcida. Logo Mr. Schuester chamou a atenção da turma e pediu a todos que se sentassem.

        - Bom turma, desde que voltamos de Nova York eu tenho pensado bastante sobre o que nos levou à derrota lá e –

        - Finn e sua incapacidade de pensar fez com que a gente perdesse, todos sabemos disso. – Santana disse interrompendo o professor.

        - Vocês podem me ouvir sem interromper por favor? Todos acenaram em positivo e o professor continuou.

        - Então como eu ia dizendo, pensei muito sobre o que nos levou a derrota. E apesar do beijo de Finn e Rachel ter contribuído com isso, não foi a única razão. Foi mais a última de muitas ações não pensadas do nosso ano.

        - Como assim Mr. Schuester? – Tina pediu.

        - Bom, nós chegamos a NY sem nossas músicas escritas, sem uma direção do que queríamos apresentar lá. Fomos para uma competição Nacional sem nenhum preparo.

        - Mas nossas canções eram boas Mr. Schuester – Finn disse.

        - Eram sim. Mas isso não muda o fato de que foram escritas às presas.

        - Mas já perdemos a competição, não podemos fazer nada para mudar isso. – Mercedes começou. – E por mais frustrante que tenha sido, nós estamos bem. Conhecer NY compensou.

        - Você está certa, Mercedes, não há nada que possamos fazer quanto ao campeonato que perdemos. Mas podemos fazer algo a respeito do que iremos vencer ano que vem. – o professor afirmou com firmeza em sua voz.

        - Mr. Schuester, posso dizer uma coisa? – Rachel se manifestava pela primeira vez na conversa, o que era bastante incomum.

        - É claro, Rachel. – o professor respondeu

        - Isso quer dizer que a partir do ano que vem o senhor não vai mais, com todo respeito, ser tão repetitivo com as tarefas do glee club? – a sala toda olhou com uma expressão questionadora para o professor – Will era um bom professor, mas se repetia e não oferecia muitos desafios à classe, até Finn com sua lerdeza extrema já tinha percebido isso, mas Rachel era a primeira a questionar isso, bem pelo menos assim tão diretamente.

        - Sim, Rachel. Eu não serei tão repetitivo. – o professor respondeu. – A partir do ano que vem eu vou trabalhar em lhes oferecer mais desafios, tirar vocês de suas zonas de conforto. E também vou me esforçar para ouvir suas sugestões. Mas eu preciso de algo em troca.

        - O que Mr Schuester? Pode pedir que a gente faz. – Puck disse com um sorriso, já feliz com o que o professor prometeu.

        - Eu quero que vocês se esforcem também.

        Todos concordaram com o que o Mr. Schuester havia pedido e também estavam muito empolgados para pôr tudo em prática no próximo ano. Agora a derrota em NY tinha sido oficialmente página virada e vencer no ano que vem era a meta.

        A reunião se encerrou e antes de todos irem embora Puck anunciou uma festa em sua casa, todos estavam convidados e deviam apenas levar alguma bebida. A festa seria no dia seguinte, sábado a noite.

        - Você vai né, Quinn? Podemos ir juntos, Blaine e eu podemos te pegar na sua casa. – Kurt disse.

        - Não sei, não estou muito no clima.

        - Vamos sim! é a despedida do ano. Além do mais pode ser sua última chance de falar com a Rachel antes da volta ás aulas. – Kurt rebateu.

        - E o que você acha que eu tenho para conversar com ela exatamente?

        - Umm... nada esquece. Tenho te visto toda pensativa pelos corredores e achei que você já tinha se resolvido, só isso. Mas deixa para lá. Então, passo na sua casa às 20:00 para te pegar amanhã. – Quinn tentou argumentar mas Kurt não deixou- e não adianta nem dizer que não vai viu?

        - Tá bom, você venceu. Vou te esperar.

        - Eu já vou indo então. Vai para a casa logo que você tem muito o que pensar antes de amanhã viu? Tchau. Kurt nem esperou a loira responder e saiu. O que será que ele quis dizer com eu tenho que conversar com a Rachel? O que possivelmente eu poderia ter para dizer a ela? E que coisa é essa de “já me resolvi”?   

Bom se Quinn já não tinha o que pensar antes, agora, graças a Kurt ela tinha. E não era pouca coisa.