Rachel’s POV

O que acabou de acontecer aqui? Quinn foi embora e nem me deu tempo de dizer nada. Ela disse que me ama? Quinn Fabray está apaixonada por mim? Ainda estou parada no mesmo lugar onde Quinn me deixou, em choque. Não consigo pensar direito agora.

- Filha, está tudo bem? – a voz do meu pai me puxa fora dos meus pensamentos.

- É... eu estou bem, pai.

Meu pai sempre conseguiu ver através de mim - não que no momento fosse difícil, pois tenho certeza que minha expressão transmitia meu choque - e percebeu que eu estava mentindo. Ele se aproximou e me abraçou.

- Tem certeza? Não parece. Quer conversar sobre?

Eu quero conversar, contar o que aconteceu. Meus pais e eu sempre fomos abertos e conversávamos sobre tudo. E eu realmente poderia usar alguém para me ouvir agora. Mas eu ainda não estou pronta para falar.

- Quero sim, pai. Mas não ainda. Preciso pensar um pouco...

- Tudo bem. Quando estiver pronta nós estamos aqui para te ouvir, tá? Você sabe que pode nos contar qualquer coisa né?

- Eu sei, pai. Obrigado. Eu amo você e o papai.

- Eu sei, querida. Nós te amamos muito também. Não demore muito para descer para o jantar, ok?

Meu pai saiu e fechou a porta. Eu me sentei na minha cama e repassava a conversa que tive com Quinn. Por que ela saiu correndo daquele jeito? Ela realmente está apaixonada por mim? Eu preciso de respostas. De todas as coisas que eu poderia imaginar ouvir dela, uma confissão de amor com certeza não era uma delas. Mas de novo, Quinn está sempre fazendo coisas inesperadas. E mais uma vez ela conseguiu me deixar sem palavras e completamente confusa. Como ela faz isso? Eu deixo meus pensamentos de lado por hora e desço para o jantar.

- Então, Quinn veio te ver? – meu papai perguntou.

- Ela veio sim...

- E?

- Ela não quer conversar sobre isso, querido. Dê a ela um tempo.

- Não tá tudo bem. Eu quero.

- Quinn veio por que nós precisávamos conversar.

- Sobre o que vocês conversaram?

- Vocês que eu e ela nem sempre fomos amigas. Tudo foi sempre tão complicado entre a gente. Eu meio que queria colocar um ponto final nisso tudo para poder seguir com nossa amizade, sabe? –meus pais podiam não saber tudo o que Quinn me fez passar, mas eles certamente sabiam que ela já me machucou muito. – Ela pediu desculpas por tudo que já me fez. Ela foi sincera, e eu perdoei.

        - E o que mais? – meu pai perguntou.

        - Ela disse que me ama. – meus pais me olharam com uma expressão que certamente não me pareceu tão surpresa – E então ela saiu correndo, antes que eu conseguisse falar alguma coisa.

        - Bem. Seu pai e eu não estamos muito surpresos de saber isso. Eu nunca vi duas pessoas ficarem tão próximas em tão pouco tempo. Ela sempre tem um brilho no olhar quando te olha. E para quem vê isso bem de perto, como seu pai e eu, não é muito difícil perceber. – papai explicou.

        - Rachel, querida, o que você sente por ela?

        - Eu não sei... Quero dizer, mesmo quando ela me maltratava eu nunca consegui ter raiva dela. Obviamente ela é linda, a garota mais linda que eu já vi. E agora que já tava próxima uma da outra, pareceu tão natural sabe? Como se eu conhecesse ela desde sempre. Mas eu não sei o que eu sinto por ela, eu gosto dela como amiga, certo? Por que não é a mesma coisa que eu senti pelo Finn ou pelo Jesse, então eu não estou apaixonada por ela, certo? Mas também não é como minhas outras amizades e eu realmente quero ela por perto...

        - Filha, está tudo bem estar confusa. Você sabe que não importa o que você decida, nós estamos aqui para te apoiar, certo? Nós só queremos ver você feliz.

        - Mas querida, você precisa conversar com a Quinn. Se ela fugiu daqui entes de você responder, ela provavelmente deve estar pensando que estragou tudo e você não quer mais ver ela.

        Imaginar Quinn triste pensando que eu não quero mais ela me deixa triste. Eu quero ela na minha vida. Eu ainda não tenho certeza do que sinto por ela, mas eu quero ela na minha vida. Eu preciso.

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        Pela hora que Quinn chegou em casa sua mãe já havia ido dormir. A loira agradeceu silenciosamente por isso, encarar sua mãe, em seu estado depois de chorar tudo que tinha para chorar, não era o que ela precisava. Quinn tomou uma ducha bem quente e demorada e se deitou. Não demorou muito até a exaustão a vencesse e ela adormeceu. A exaustão emocional de Quinn poderia facilmente ser comparada com a física após um treino das Cheerios. Quem dera fosse esse o caso, pois cansaço físico passa depois de uma boa noite de descanso, mas isso, essa dor que Quinn estava sentindo, ainda vai estar lá pela manhã. Na verdade Quinn sentia que estaria lá para sempre.

        - Quinn?

        Quinn foi tirada de seu sono por uma mão em seu ombro e uma voz ainda não identificada chamando seu nome.

        - Mãe? Me deixa dormir...

        - Não. Sou eu Quinn, Rachel.

        A voz inconfundível foi propriamente reconhecida agora. Quinn se levantou imediatamente e olhou a morena na sua cama. Eu estou sonhando?

        - Rachel? O que você está fazendo aqui?

        - A gente precisa conversar.  – Rachel notou as olheiras da loira. Ela estava chorando - Sua mãe me deixou subir, já é quase meio-dia. E eu meio que falei que era urgente, então... Pode ir usar o banheiro primeiro, eu te espero, ok?

        - Tá...

        Quinn se levantou e foi para o banheiro e deixou Rachel sentada na cama esperando. O que ela tem para me falar? Não demorou muito para Quinn voltar para o quarto. Rachel ainda sentada estava no mesmo lugar. Ela estava pensativa, mas parecia triste também, Quinn notou.

        - Então... sobre o que você quer conversar? – É claro que Quinn sabia sobre o que a morena queria conversar, mas queria que Rachel tivesse a iniciativa, afinal ela quem procurá-la.

        - Você sabe. O que foi aquilo ontem, Quinn? Você realmente me ama? – Rachel perguntou olhando a loira nos olhos. Antes de responder a loira se sentou também na cama, de frente para a pequena diva.

        - Sim. E já faz um bom tempo, Rachel. E é a razão por todos os maltratos que eu te fiz passar. Não é uma desculpa, até por que eu não acho que exista uma, mas é o motivo. E eu entendo que você não queria mais me ver. Eu realmente entendo. – como ontem, a loira já tinha lágrimas rolando pelo rosto.

        - Quinn... eu não disse isso. Você saiu sem mesmo me deixar te responder. Eu tava em choque, eu não consegui falar nada. Eu vou ser sincera. Eu não sei o que eu sinto por você, Quinn. – a morena pausou e secou uma lágrima da loira com a mão. – Não chora, por favor, senão eu vou chorar também, ok?

        - Ok.

        - Eu quero você na minha vida, Quinn. Eu quero descobrir o que eu estou sentindo também. Será que você pode me dar um tempo e ainda estar perto de mim?

        - Eu também quero você na minha vida, Rach. Eu espero o tempo que for preciso... e mesmo se você descobrir que não me corresponde, eu ainda quero sua amizade, ok? 

        - Ok.

        Rachel abraçou Quinn e as duas ficaram assim por um minuto, apenas absorvendo o máximo uma da outra.

        - Eu fico feliz, Quinn. Até por que sua mãe me convidou para o almoço e eu meio que já aceitei. Ia ser meio estranho se agente não tivesse se acertado, né?

        - É, seria. – Quinn riu.

        O almoço foi bastante agradável. A conversa na mesa foi leve, bastante sobre música, Glee Club, Broadway. Judy teve a delicadeza de não perguntar qual era o assunto “urgente” que as duas conversaram e o porque Quinn havia chorado. Mãe e filha ainda não conversavam de verdade. Judy poderia ter conseguido o perdão da filha e trazê-la de volta para casa, mas o hábito de evitar coisas sérias que foi cultivado ao longo dos anos na família Fabray ainda estava lá. Quinn não se sentia a vontade para conversar com a mãe e Judy não se sentia em posição de questionar a filha que ela abandonou quando mais precisava.

        - Bom, eu já vou indo embora. – Obrigado pelo almoço, Judy (a mulher já tinha alertado a morena que não era necessário chamá-la de “Sr. Fabray”), estava ótimo.

        - Eu te levo até a porta, Rach. – Quinn se levantou também e as duas caminharam até a porta em silêncio.

        - Então, tudo bem entre a gente mesmo? –

        - Tudo sim. Eu te vejo depois, Rach?

        - Sim. – a morena se aproximou e abraçou Quinn e lhe beijou a bochecha – Tchau, Quinn

        - Tchau, Rach.

        A loira ficou na porta, com um sorriso no rosto até Rachel entrar no carro e ir embora. Toda a tristeza que ela sentiu ontem, e que achou que duraria para sempre, agora havia quase completamente. Não só Rachel queria ela por perto, como também havia a possibilidade dela retribuir seu amor. Hoje ela se apaixonou um pouco mais pela diva, se é que é possível.

        Rachel foi embora sorrindo. Ela estava bem, feliz. Era esse o efeito que Quinn tinha sobre ela, hoje mais do que antes. E no fundo, Rachel sabia que logo logo suas dúvidas acabariam.