Quinn’s POV

         Acabei de estacionar o carro na frente da casa da Rachel. Encaro o meu volante enquanto repasso mentalmente o que eu quero falar para ela. Desço do carro e toco a campainha, já fiz minha decisão e não vou voltar atrás, não importa o quão nervosa eu esteja. Só espero que tenha sido a decisão certa. Não demora muito para Rachel me atender. Quando eu vejo ela é como se toda minha preocupação e nervosismo sumisse da minha mente por um momento. Ela é linda, e eu senti tanta falta dela nessa últimas duas semanas.

        - Oi, Rach – eu sorrio.

        - Oi, Quinn – ela guia para dentro e fecha a porta. – Senti sua falta... – ela diz e me puxa para um abraço.

        - Também senti a sua.

O cabelo dela tem um perfume tão viciante, eu queria ficar ali segurando ela para sempre. Rachel quebra o nosso abraço e sorri para mim.        

- Meus pais saíram para comprar o jantar. Quer subir para o meu quarto? A gente pode conversar lá.

- Tudo bem.

Ela lidera o caminho e logo estamos no seu quarto. Rachel se senta no sofá que tem lá e faz sinal para que eu me sente também. Eu me sento e por um minuto ficamos ali em silêncio, bem próximas, nos olhando. Eu faço o meu máximo para memorizar cada traço dela, por que a possibilidade dolorosa dela não querer mais me ver depois de ouvir o que eu tenho a dizer é grande.

        - Então, Quinn... – Rachel quebra o silêncio.

        - Vamos direto aos assuntos sérios? Você pode falar primeiro, Rach.

        - Tudo bem. Na verdade é algo que eu preciso saber, e como agora nós somos amigas, apesar de só recentemente, eu imagino que é bastante justo eu ter uma resposta. Olha, Quinn, de todas as pessoas que eu já conheci, nenhuma me confunde tanto quanto você. Então por favor, escuta tudo o que eu tenho para falar, e depois você responde, ok?

- Ok. – agora meu nervosismo dobrou.

- Não faz nem um mês que nós começamos nossa amizade, e você já é amiga mais próxima que eu já tive. E apesar da gente nunca ter realmente conversado sobre o passado, eu te deixei entrar na minha vida rápido. Quinn, desde o primeiro dia de aula do colegial minha vida escolar tem sido horrível. Slushies, apelidos, todo o tipo de bullyng. E você sempre foi uma das pessoas que fazia comigo. Mesmo quando você estava grávida, você se aproximou de todos no Glee Club, mas ainda mantinha uma ponte de gelo entre nós.

Nesse momento eu já tinha perdido meu autocontrole e lágrimas molhavam meu rosto. Como eu pude fazer isso com ela? Raiva de mim mesma queimava em mim.

- E apesar de tudo isso, Quinn. Eu sinceramente te perdoei. Eu não sou do tipo que guarda rancor, e tudo que eu passei me fez forte, Quinn. Me motivou muito mais a correr atrás dos meus sonhos.             

À esse ponto eu não agüento mais sustentar o olhar dela com tanta culpa dentro de mim e abaixo minha cabeça. Rachel coloca a mão no meu queixo e levanta meu rosto.

- Quinn, olha para mim, por favor, eu quero falar olhando nos seus olhos, ok?

Eu volto a sustentar seu olhar, dá para ver claramente que ela está triste por me ver chorar.

- Ok.

- Eu não vou esquecer Quinn, mas eu já te perdoei. Mas para deixar tudo isso para trás, eu preciso saber, Quinn. Eu preciso saber por que você fez o que fez. Eu preciso entender essa confusão que sempre foram as coisas entre eu e você, ok?

- Rach...

Eu tento reunir todas as minhas forças para responder a ela, dizer o porquê, mas eu não consigo. Eu estou sentindo tantas coisas agora.

- Fica em pé, Quinn. Eu vou te abraçar. – ela diz ainda me olhando nos olhos.

Ela se levanta eu também. Ela se aproxima e me envolve num abraço. Eu me seguro a ela tão forte come se ela fosse o ar que eu preciso respirar. De alguma forma ela me dá as forças que eu preciso para me recompor e reponde-la. Eu sei que a culpa e a raiva que eu estou sentindo não vão desaparecer de uma hora para outra. E eu sei que eu estou completamente apaixona por ela, e nunca mais vou machucá-la.

- Rach? – eu me desfaço do abraço aos poucos, e quase dói fisicamente fazer isso.

- Quinn?

- Eu vou te responder, mas antes eu preciso te dizer uma coisa, ok? – ela assente – Não há desculpa suficiente na terra pelo que eu te fiz passar. – as lágrimas voltam. – Eu sinto muito... Você precisa saber que se eu pudesse desfazer tudo, eu desfaria. Eu fui fraca, minha vida toda eu fui fraca, sempre fazendo o que os outros esperavam que eu fizesse. Eu sei que a culpa das minhas ações são minha, e só minhas, mas Rach... eu te prometo que eu nunca mais vou fazer nada que possa te machucar, ok? – faço uma pausa e seco um pouco das minhas lágrimas. Meu Deus, isso é tão difícil. – Começar essa amizade com você, Rach, foi a melhor decisão que eu já tomei em muito tempo. Nós estamos nessa não faz nenhum mês, mas eu me sinto como se te conhecer durante toda minha vida, eu me sinto segura com você.

- Eu também me sinto segura com você.

- Rachel – respirei fundo – sua resposta... Eu fiz o que eu fiz por que... por que eu te amo. Eu quis você desde a primeira vez vi. Eu lutei contra isso de todas as formas que eu pude. Eu tentei meu máximo odiar você, mas eu não consegui. Eu te amo, Rachel. É isso, eu disse.

Alivio me invadiu nesse momento, dizer em voz alta, dizer para ela desfez o nó na minha garganta que estava ali há muito tempo. Ela me olhava com expressão de choque, acho que tentava assimilar tudo o que eu disse. Rachel abre a boca para falar, mas não sai nenhuma palavra.

- Rachel, fala alguma coisa, por favor. – eu imploro.

Uma lágrima escorre pelo seu rosto perfeito, ela está chorando

- Quinn... e-eu... não posso..

        É isso, ela não pode. Ela não quer mais me ver... eu perdi. Eu não posso mais ficar aqui. Ela respondeu, e eu preciso sair dali. Me viro e saio praticamente correndo dali, entro no carro e dirijo para longe dali, estaciono num lugar qualquer pacato. Fico ali, chorando, é só o que eu consigo fazer. Dói tanto, Deus, dói quase fisicamente. Eu perdi ela... eu perdi a amizade dela, ela não quer mais me ver. Agora eu sei por que chamam isso de coração partido. O que eu fui fazer? Droga, Fabray! Estúpida, estúpida! Por que eu fui abrir minha maldita boca?