Last Sacrifice por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 13
Capítulo 13




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Eu fiz a checagem do quarto, como sempre fazia quando era um guardião, procurando por entradas e saídas. Ali, no quarto, tinha uma porta e uma janela. Então me foquei nestes pontos. Qualquer ameaça, certamente viria dali. 

O tempo foi passando e não resisti em observar Rose, mais uma vez. Ela dormia suavemente, seu cabelo estava espalhado pelo travesseiro e seu rosto era sereno.  Isso deixava o seu semblante doce... E logo algo se agitou dentro de mim. Ela era tudo que eu queria e tudo o que eu não poderia ter.

Continuei observando, e a impressão que eu tinha era que eu poderia olhar para ela a minha vida inteira e não me cansaria. De repente, seu rosto se endureceu e eu me perguntei se ela estava sonhando. Além disso, sua posição se tornou rígida e permaneceu assim por muito tempo. Será que ela estava tendo um sonho do espírito? Provavelmente, ela agora estava com Adrian. Esse pensamento me aterrorizou. Eu repetia para mim que não havia nada demais, que isso era a ordem natural das coisas agora, mas eu não conseguia deixar de sentir a perda que me invadia. Porque as nossas vidas tinham seguido por este caminho?

Eu passei o resto da noite ali, alternando entre observar o quarto e admirar Rose. Sydney dormiu como uma pedra, não se mexendo. Eu estava ficando esgotado agora. Quando eu acordei Rose para o seu turno, ela ficou alerta instantaneamente, então eu me deitei na cama, agradecido, e fechei os olhos. Eu adormeci em poucos segundos. Felizmente, consegui descansar um pouco naquela noite, sem sobressaltos, sem pesadelos. De repente, algo tocou em meu ombro e eu rapidamente despertei em alerta, olhando tudo em volta. Rose estava sorrindo para mim, seu rosto era uma boa visão para se ter ao acordar.

“Calma" ela murmurou. "Só estou lhe acordando. Parece que os nossos amigos já levantaram."

“Que horas são?" Sydney murmurou acordando também.

“Não tenho certeza, provavelmente já passa do meio dia. Talvez três? Quatro?"

“Da tarde? Merda, vocês e seus horários profanos." Ela falou sentando bruscamente.

“Você acabou de dizer 'merda'? Não é contra as regras dos Alquimistas?"

“Às vezes é necessário. Eu acho que precisamos de um plano."

“Nós temos um. Encontrar o irmão de Lissa." Rose começou.

“Eu nunca concordei inteiramente com isso. E vocês ficam achando que eu posso magicamente encontrar todas as respostas como um hacker de um filme."

“Bem, pelo menos é um lugar para- Merda, seu laptop não funciona aqui."

“Eu tenho um modem via satélite, mas é com a bateria que temos que nos preocupar. Preciso de uma cafeteria ou algo assim."

"Eu acho que vi uma em uma caverna perto da estrada" brincou Rose. Eu sorri. Eu ainda estava meio que dormindo, embora parecesse alerta, só ouvindo elas falem. Toda mulher fala muito de manhã!

“Tem haver alguma cidade perto de onde eu possa usar meu laptop."

“Mas provavelmente não é uma boa idéia aparecer com esse carro em qualquer lugar do Estado" eu indiquei, falando pela primeira vez. "Só pelo caso de alguém no motel ter anotado o número da placa."

“Eu sei. Eu também pensei nisso."

Houve uma batida na porta e todos nós nos viramos para ver Sarah sorrindo para nós.

"Ah, que bom" disse ela. "Vocês estão acordados. Estamos servindo o café da manhã, se quiserem se juntar a nós."

A palavra café da manhã soava bem. O cheiro de comida invadia toda casa. Nós fomos para a sala principal, onde todo mundo estava ocupado, fazendo alguma coisa. Raymond cozinhava o bacon. Ele sorriu quando entramos.

"Bom dia" ele nos cumprimentou "Eu espero que vocês estejam com fome."

“Vocês acham que isso é bacon de verdade?"  sussurrou Rose "Como vamos saber que não é um esquilo ou algo assim."

Isso só podia vir de Rose mesmo... Agora eu sabia por que ontem à noite ela estava tão cautelosa com a comida. Ela deveria estar questionando, mentalmente, a procedência dos alimentos consumidos por essa gente. E eu pensando que ela estava sendo educada, sem querer incomodar.

“Parece de verdade para mim" eu respondi, sentindo o cheio ótimo.

“Eu diria isso também" acrescentou Sidney. "Embora eu garanto que é de seus próprios porcos e não de uma mercearia". Um olhar estranho passou pelo rosto de Rose e eu sorri.

“Eu adoro ver o que preocupa você. Strigois? Não. Alimentos duvidosos? Sim". Rose era mesmo surpreendente e engraçada.

"O que tem sobre Strigoi?" Angeline perguntou, entrando na sala com Joshua, segurando uma cesta de amoras e algumas crianças.

“Só falávamos sobre alguns Strigois que Rose matou" eu acobertei Rose suavemente, antes que ela falasse alguma coisa sobre a comida. Os olhos azuis de Joshua se arregalaram.

"Você matou os Lost?" ele gaguejou "Er-Strigois? Quantos?" Rose encolheu os ombros.

“Eu realmente não sei mais" respondeu ela. Definitivamente tinha sido uma grande quantidade, não era vaidade dela dizer que perdeu as contas. Eu me sentia muito orgulhoso por ela.

"Você não usa as marcas?" Raymond perguntou. "Eu não achava que o os Tainted as tinham abandonado".

“As marcas - Oh. Sim, nossas tatuagens?" Ela virou-se, levantando o cabelo e revelando seu pescoço, em toda a sua glória. Eu não tinha visto como estava, depois que voltei a ser dhampir. Eu mesmo fiquei impressionado. As tatuagens cobriam, quase que completamente, a sua nuca. Era incrível. Eu nunca tinha visto tantas marcas juntas. Ela provavelmente recebeu quando voltou da Rússia. Os Alquimistas devem ter reportado aos guardiões cada Strigoi que ela matou. Joshua tocou o pescoço dela e ela virou-se, defensivamente.

"Desculpe" ele falou.  "Eu nunca tinha visto uma dessas. Apenas as marcas molnija. As marcas que contam quantos Strigoi matamos... Você tem um monte."

"A marca em forma de S é exclusivo para eles" explicou Raymond. "A outra é a Zvezda".

"O quê?" Rose perguntou, perplexa.

"A marca de batalha” eu expliquei, com um nó na garganta. Ela tinha duas. Uma provavelmente pela batalha de quando tomei Lissa como refém naquele armazém. A outra, ela certamente tinha recebido depois do ataque a Academia. Eu não tinha uma pois consideraram que eu tinha sido morto na batalha. Aquela marca era a lembrança de quando nossas vidas se separaram, qunado nossos sonhos foram destruídos, quando tudo acabou. "Muitas pessoas não a chamam mais de Zvezda. Significa estrela." Acrescentei.

"Huh. Faz sentido." Rose falou, pensativa.

“Agora eu entendo como você poderia ter matado a rainha Tainted" Joshua falou admirado.

“Provavelmente são falsas" Angeline falou. O olhar alarmado no rosto de Sidney me contou que estávamos pensando a mesma coisa. Rose iria explodir com isso.

"Não são!" Rose exclamou. "Eu ganhei quando Strigoi atacaram a nossa escola. E então vieram muitos outros depois disso."

"A marca não pode ser tão incomum" eu interrompi, tentando desviar a conversa e distrair Rose. "O seu povo deve ter grandes lutas com Strigois, de vez em quando."

"Não mesmo" Joshua respondeu, seus olhos vidrados em Rose "A maioria de nós nunca lutou com um ou mesmo viu os Losts. Eles realmente não nos incomodam."

“Por que não?" Rose fez a pergunta óbvia.

“Porque nós lutamos contra" Raymond respondeu.

Eu não achei essa resposta convincente. Os guardiões também lutam contra e, certamente, de forma melhor que esses Keepers. Os dhampirs são preparados desde crianças, em Academias, para lutar contra Strigois, e, no entanto, eles atacam e muito. Eu formulei minha própria teoria que nem mesmo os Strigois sabiam da existência dessa gente. Eu fui um líder entre eles e jamais ouvi falar disso.

Café da manhã foi servido e todos nós comemos juntos. A conversa continuou quando Sydney falou de repente.

“Nós precisamos de alguns suprimentos. Onde é a cidade mais próxima que tenha uma cafeteria... ou qualquer outro restaurante?"

"Bem" Paulette começou."Rubysville é um pouco mais de uma hora ao norte. Mas nós temos a abundância de comida aqui para você."

“Não se trata de comida. Vocês estão sendo ótimos" acrescentou Rose rapidamente. "Uma hora não é tão longe, certo?"

"Existe alguma maneira... existe alguma maneira nós pegarmos um de seus carros emprestado? Eu vou..." Sydney fez uma pausa "Vou deixar as chaves do meu até voltarmos."

“Você tem um bom carro" disse Raymond, arqueando uma sobrancelha.

“Quanto menos conduzi-lo por aqui, melhor." Syndey falou, finalizando o assunto.

Partimos logo depois, em uma velha caminhonete. Joshua nos levou até ela. Ele foi pelo caminho falando com Rose sobre sua caverna. Isso mesmo, caverna. Ele estava preparando uma, para viver nela. Ele também estava abertamente flertando com Rose e aquilo me incomodava. Eu fiquei pensando sobre como Rose despertava a atenção dos rapazes tão facilmente. Ela era linda, era verdade, mas ela tinha um carisma natural que fazia com que todas as atenções se voltassem para ela.  Joshua parecia estar fascinado por ela. Eu tentei manter meu rosto em branco e minha mente distante disso, mas não consegui. Fiquei pensado nisso o tempo todo. Quando estávamos no carro, depois de viajar por quase dez minutos, não me contive em falar, mesmo sabendo que soaria estranho, justo eu, falar com ela sobre sua vida amorosa.

"Você não deveria encorajá-lo dessa maneira."

"Huh?"

"Joshua. Você estava flertando com ele.”

"Eu não estava! Nós estávamos só conversando." Ela falou, um pouco irritada. Ela não se incomodou em esconder que não havia gostado da minha intromissão, mas eu não me importei. Eu estava, de fato, me comportando como um namorado possessivo e ciumento, mas foi mais forte do que eu.

"Você não está com Adrian?" Eu tentei manter afastada a esperança de que ela falasse 'Não'. Eu estava sentindo meu estômago revirar de ciúme, eu realmente não estava me reconhecendo. Eu estava com ciúme de um garoto, que ficaria para trás dentro de poucos dias? Acho que estes dois dias que estivemos próximos trouxeram de volta também todo aquele senso de responsabilidade que eu tinha por ela e, inevitavelmente, fixou ainda mais o que eu já sentia.

"Sim!" Ela olhou diretamente para mim e eu evitei olhar para ela, me fixando na estrada. "E é por isso que eu não estava flertando. Como você pode pensar nisso? Joshua não gosta de mim desse jeito."

Claro. Será mesmo que ela não tinha percebido isso? Me senti agradecido quando Sydney me apoiou.

"Na verdade, ele gosta" Rose se virou para ela.

"Como você sabe? Será que ele lhe passou um bilhete durante o café da manhã ou algo assim?" Rose falou com seu típico sarcasmo.

"Não. Mas você e Dimitri são como deuses no acampamento."

“Nós somos impuros. Tainted".

“Não, você é uma assassina de Rainha e de Strigois. Tudo está sendo calmo e hospitaleiro, mas aquelas pessoas são selvagens. É muito importante ser capaz de lutar. E, considerando como mal vestidos a maioria deles são, vocês são, bem ... digamos que são as coisas mais quentes que apareceu por lá, ultimamente. "

"Você não é quente?"

“É irrelevante. Alquimistas não estão sequer no radar deles. Nós não lutamos. Eles acham que somos fracos."

"A família de Raymond é bem bonita."

Eu fiz um som de desaprovação que revelou meus pensamentos e todo meu incomodo. Ela realmente estava incentivando Joshua. Como Rose ainda conseguia ter cabeça para isso?

“Yeah. Porque eles são provavelmente a família mais importante da cidade. Comem melhor, provavelmente não tem que trabalhar no sol por muito tempo. Esse tipo de coisa faz a diferença."

Encontramos uma cafeteria e Sydney começou com seus negócios de Alquimista. Eu e Rose sentamos ao seu lado, mas percebi que a garçonete nos olhava de forma estranha, assustada. Pensei que ela podia guardar as nossas fisionomias, se passássemos muito tempo ali, e eventualmente poderia mencionar isso, caso algum guardião a interrogasse, então decidi que seria uma boa idéia dar uma volta pela cidade e Rose se juntou a mim.


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Notas finais do capítulo

*Nos livros somente são mencionadas 03 cerimônias que Rose recebe tatuagens: Quando ela mata os dois Strigois em Frostbite, quando ela recebe a marca da batalha em Shadow Kiss e quando ela recebe a marca da promessa em Spirit Bound. Mas eu imagineu que ela passou por várias outras cerimônias e recebeu muitas outras tatuagens, já que sua nuca deixa todo mundo impressionado pelo n de tatuagens. E, além do mais, existe uma lacuna de tempo entre alguns dos livros.