O Jogo das 1000 Faces escrita por sakaki


Capítulo 2
Capítulo 2 - Envelope sem remetente




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Capítulo 2 – Envelope sem remetente

Pude ver claramente em sua expressão que ela estava falando mais que sério, acho que esse podia ser o meu fim como escritor , afinal, seu eu não escrevi uma boa história em 2 anos, como eu conseguiria escrever uma em tão pouco tempo?  Pensando por esse lado, até eu já teria me demitido, para que serve uma pessoa na empresa se ela não consegue desempenhar bem o seu papel?

Era meio difícil conseguir escrever assim, primeiro que eu estava deitado sobre a cama, não querendo dizer que a cama não era confortável, pelo contrário, ela era ate confortável demais, bastava um descuido e quando menos visse, já estaria dormindo.Segundo, porque eu não funciono muito bem sobre pressão, eu começo a escutar vozes, como flashbacks e minha concentração vai diminuindo, parece que nada flui, digamos, naturalmente, depois acabo dormindo um pouco.

Resolvi então dar uma volta para espairecer, sai com a mesma roupa, um moletom preto e um jeans e peguei alguns trocados que me sobraram do almoço e andei até o Mark’s Bar. Era pertinho, só umas duas quadras. Enquanto andava até lá, comecei a olhar para os lados e observar tudo a minha volta, estava tudo meio escuro, é claro, estava de noite afinal, mas fazia muito  tempo que eu não parava para olhar tudo a minha volta, as luzes dos postes iluminavam as ruas, vários donos já estavam fechando seus estabelecimentos, alguns feixes de luz atravessavam a alta velocidade, indicando que em breve, o jornal teria uma nova manchete e quando menos percebi, já conseguia ver uma placa luminosa meio falhando escrito: Mark’s Bar.

Empurrei a porta com tudo, o Mark sempre gostou de coisas práticas, por isso a porta era meio como, como dizer? Uma mistura de faroeste com metal. E o bar não mudou muito desde a última vez em que estive lá, as mesmas mesas, os mesmos quadros de fatos da história pendurados na parede. Me dirigi para o enorme balcão e sentei-me em uma das cadeiras, olhei para o rapaz de cabelos pretos meio espetados para todas as direções que estava enxugando os copos de costas, esperando que ele se desse conta e me atendesse. Ele virou rapidamente para mim, como se eu fosse um fantasma, se aproximou e falou :

- Ah...Ed,é você Ed. – em um tom meio desanimado

- Tudo bem que eu não tenho peitos e tudo mais, mas eu posso colocar silicone. –falei em um tom meio irônico

- Deus me livre! – respondeu imediatamente – Então, o que vai querer?

- Hmmm... – meio pensativo

- Já sei. Leite, certo? – falou dirigindo-se ao balcão e enchendo um copo com leite

- Obrigado – pegando o copo que ele pusera a pouco sobre o balcão

- Então, ainda não chegou  a mesa? – virando-se e enxugando alguns copos

- Pois é...vida de escritor pobre é assim mesmo... – tomando um gole

- Como vão indo as coisas na revista? – perguntou-me meio desconfiado

- Bem.Muito bem. –  tentei afirmar o mais convincente possível

- Que bom. Mas então, por que você veio aqui?

- Como assim? – ok, acho que não fui muito convincente

- É que sabe...Você só vem aqui quando tem um problema.

- E o que te faz pensar isso? – levantando uma das sombrancelhas

- Bom...o seu pedido. – apontando para o copo,agora já na metade, de leite

- E o que tem o meu pedido? – É!Um homem não pode beber leite em um bar?

- Bem... – tentando suavizar o que falaria depois

- Que se dane aquela peituda! Só porque ela é editora chefe ela acha que pode sair ... – gritando

- Então você tem um problema. – abaixando um pouco o olhar

- Eu não disse nada. – tentei negar

- Ed! – ele levantou a cabeça chamando a minha atenção

- O que? – meio surpreso

- Isso é leite! – apontando para o copo novamente

- Leite? Eu odeio leite ! – falei afastando o copo de mim com certa repulsa

- Então porque você está bebendo? – levantou o tom de voz meio indignado

- Não sei. – abaixei a cabeça  meio desanimado

- Olha, seja como for, vai passar, vai dar tudo certo e...- falou olhando para mim com um olhar generoso e logo em seguida pegou o copo a minha frente – Não beba mais leite, tá legal? Acho melhor você ir para casa, já está chegando a hora de fechar o bar.

- Então...- disse levantando do banco – Até mais ver.

Paguei a ele, e sai caminhando até minha casa. No meio do caminho percebi Três coisas. A primeira era a minha apelação totalmente sem sentido para o leite quando eu estava com crises de criatividade, a segunda era que eu precisava escrever uma história e só estava perdendo tempo ali lamentando por não ser um Shakespeare da vida e a terceira, bom, a terceira era que coisas realmente estranhas aconteciam nas ruas durante a escuridão. Mas esses detalhes eu prefiro ocultar.

Ao chegar, abri a porta vagarosamente, comecei a tirar os sapatos ao entrar e ao fitar rapidamente o chão quando estava tirando um deles me apoiando a parede, pude perceber um envelope preto ao chão. Enquanto o pegava e o analisava pude perceber que estava sem remetente, isso era estranho,  uma carta sem remetente, devia ser alguma brincadeira de algum amigo. Resolvi então abri-lá achando que era alguma brincadeira e ao desdobrar o papel vermelho que estava dentro dela, fiquei surpreso ao ver escrito em letras prateadas apenas uma frase.

“Faltam apenas 3 dias”

To be continued...


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