Capítulo 3 – Uma carta e 3 dias

O que raios era aquilo? Será que eu estava endividado  e não sabia? Ou eu ganhei na loteria e esqueci de buscar o prêmio? Espera aí! Eu nunca joguei na loteria,  nem raspadinha  eu comprava,eu nunca fui muito bom com jogos de sorte, e muito menos com de adivinhar. Decidi que era melhor tentar esquecer aquilo por um tempo, afinal, tudo me levava a acreditar era uma brincadeirinha de alguém, talvez de uma criança que estava cansada de passar trotes e resolveu inovar, sabe como é, essas crianças de hoje em dia.

Rasguei o envelope e a carta em vários pedaços e joguei-os no lixo. De que importava de onde vinha aquela carta ou se eu tinha problemas com leite? O fato é que eu precisava escrever uma história e eu ia escrever essa história. Eu só precisava de um lápis, algumas folhas e do mais importante, a inspiração, que por sinal, acho que deve ter ficado no bar. Me deitei logo a cama e me coloquei de barriga para baixo, comecei a encarar o papel e por um momento, uma idéia reluziu sobre a minha mente.

Mas até que uma ajudinha iria bem a calhar,  não digo de copiar, mas eu poderia me inspirar em alguma história antiga, ou talvez continuar, isso com certeza diminuiria o trabalho, talvez eu devesse dar uma olhada nas pastas do colegial, seria como recordar os velhos tempos, quando eu conseguia escrever apenas por prazer, e conseguia fazer pessoas sorrirem para mim.

Me levantei rapidamente da cama e corri em direção a minha antiga cômoda de madeira, abri a primeira gaveta e ali estavam, todos os meus rascunhos do colegial.

- O mar negro, porque eu te odeio, entre raiva e ódio...Hm... – falei analisando enquanto folheava aquela pasta preta meio empoeirada - Entrelaçados no escuro...Dessa eu lembro! Fiquei uma semana de suspensão por causa dela.

Nem preciso mencionar que não deu para usar entrelaçados no escuro por causa do seu alto teor de...imagens impróprias. Já estava quase desanimando em frente a todos aqueles rascunhos. Todos me pareciam ótimos, ótimos para aquele tempo, mas nenhum que eu pudesse reutilizar no momento. Eu já estava quase desistindo até que por acaso, os meus olhos se viram presos na última folha daquela pasta.

- O jogo das mil faces... – falei meio hesitando

Sentei – me rapidamente sobre o chão, com as pernas meio dobradas e apoiando o papel sobre elas comecei a ler.

“ Naquela terra não existiam humanos, apenas borrões brancos que se mexiam, tudo aquilo fazia parte de um jogo, um jogo onde apenas um podia vencer. Em apenas 3 dias tudo começaria e ele teria que decidir...”

-  Apenas 3 dias... – disse meio pensativo enquanto sentia um leve calafrio percorrer o meu corpo

“ ...Entre viver ou morrer.”

Tudo bem, acho que aquilo serviria de alguma coisa para mim, afinal, não era de todo ruim, pelo menos era melhor do que as últimas que eu havia escrito. Rapidamente peguei um papel e um lápis e comecei a anotar tudo que estava escrito ali, e comecei a anotar idéias para colocar na história.Logo após fui dormir, com a mesma roupa que tinha saído.

Ao levantar meio desnorteado na manhã seguinte, já mais calmo, olhei para a porta e como se tivesse visto uma assombração, me peguei surpreso ao ver um envelope semelhante ao anterior debaixo da porta. Vagarosamente levantei indo em direção do envelope e o abri retirando outro papel vermelho com as mesmas palavras, porém, havia mais um papel junto a ele.

To be continued...