Eles chegam bem cedo à praia e aproveitam ao máximo até a hora do almoço. Depois disso Laura, Liz e sua mãe ficam tomando sol enquanto Lucas, Rafael e seu pai jogam uma partida de futebol.

Vendo o jogo a mãe de Laura faz um comentário sobre Lucas.

 - Nossa praticamente vi esse menino crescer, e olha hoje, já é um homem feito. E está lindo não acha Laurinha?

 - O que, que ele está um homem feito ou lindo?

 - Os dois minha filha. Está não está?

Laura olha Lucas de longe e lembra de quando acabou dormindo no colo dele. Quando abriu os olhos Lucas estava olhando para ela e sorrindo. Será que ela fez algo de errado enquanto dormia?

 - Laura, ta me ouvindo?

 - Oi mãe, desculpa, me distrai. Mas a senhora tem razão, o Lucas está bonito mesmo.

Ao entardecer todos saem pra tomar sorvete, mas Laura não parece bem e diz que não quer ir.

 - Por que Laura? Você gosta tanto de sorvete. – diz Liz sem entender.

 - Ah Liz, vou ficar segurando vela sua e do meu irmão?

 - Opa, e eu? Vou segurar vela também e não estou nem aí. – diz Lucas pegando Laura pela mão. – vamos Laurinha, ou você acha que se seu namorado estivesse aqui eu não ia sair com vocês pra não segurar vela? Pára vai!

 - É verdade, você me convenceu. Vamos logo.

Eles vão a uma sorveteria não muito longe dali e pegam as casquinhas de suas preferências, logo após saem andando pela beira da praia.

Os quatro vão conversando normalmente, até que em determinado momento a conversa fica paralela. Rafael e Liz e Lucas e Laura.

 - Você disse que ia curtir a praia, porque está com essa carinha? – pergunta Lucas para Laura que parece mais triste que antes.

 - Não consigo tirar o Cauã da cabeça. Eu aqui me divertindo e o coitado trabalhando.

 - Você não tem que se culpar, milhares de pessoas estão trabalhando esse fim de semana. Depois vocês podem compensar. Como ele trabalhou hoje provavelmente vá ter folga durante a semana.

 - Não sei, o pai dele é muito chato com trabalho.

 - Ah é?

 - É essa não é a primeira vez que ele tem que ficar o fim de semana trabalhando. E que me lembre ele não teve folga na semana não.

 - Mas é lei.

 - Eu sei Lucas, mas ele é o filho do dono, não tem moleza.

 - Ou tenha, mas não quer que você saiba.

 - Não entendi.

 - Laurinha, de boa, pra mim esse cara ta te dando é um perdido.

 - Claro que não, ele não faria isso comigo.

 - Olha, sei que você pode não gostar, mas é o que parece. Laura presta atenção, o cara é filho do dono, será que pelo menos um fim de semana com a namorada ele não podia passar? Era só xavecar o pai, duvido que ele não tenha liberado.

 - Não é tão fácil quanto parece Lucas.

 - Bom esse é o meu ponto de vista. Sou homem e sei bem como se faz quando se quer dar um perdido em alguma mulher.

 - Já deu tantos assim?

 - Só quando necessário. – diz rindo.

 - Você pode até ter feito isso, mas o Cauã jamais faria isso comigo.

 - Isso é o que você acha.

 - Olha Luca, já conversei com meu irmão, agora é com você? Pô me deixa em paz! – diz saindo correndo em direção a praia.

 - Laura, o que foi aonde você vai? – diz Rafael gritando.

 - Relaxa, acho que eu falei demais, deixa que vou atrás dela.

Lucas corre pela praia e encontra Laura sentada de frente para o mar. O sol já está se pondo. Ele vai até onde ela está e senta-se ao seu lado.

 - Desculpa, não devia ter falado aquilo.

 - Sabe o que eu acabei de fazer? – diz Laura sem olhar para Lucas. – Eu liguei no serviço dele, nunca fiz isso antes, mas hoje resolvi fazer.

 - E aí, falou com ele? – diz também olhando pra frente, para o mar.

 - Ninguém foi trabalhar hoje, só o segurança. Perguntei do Cauã e ele disse que tem dias que não o vê por lá. Ele mentiu pra mim.

Pela primeira vez Lucas não sabe o que dizer. Laura continua encarando o mar e ele também. Quando ele olha para o rosto dela e vê se consegue dizer algo percebe que ela está chorando.

 - Hei, para com isso. – diz secando o rosto dela. – Não chora, não vale a pena.

 - Você quer que eu faça o que? Leve numa boa?

 - Não, mas não chora. Olha, temos o domingo todo amanhã pra curtir, não deixa isso estragar tudo.

 - Falar é fácil, mas se fiz isso foi por sua culpa. Por que ouvi você?

 - Você não ouviu a mim, você ouviu sua consciência. No fundo você sempre soube que eu podia estar certo, mas tinha medo de comprovar.

 - Você está certo. Segunda eu vou resolver isso, mas, por favor, não conta nada pro meu irmão, pelo menos por enquanto.

 - Pode deixar, vai ficar só entre a gente. Agora enxuga esse rosto e vamos pra casa. Amanhã vamos nos divertir muito, você nem vai se lembrar desse cara.

 - Será?

 - Eu te ajudo quanto a isso. Agora vamos, devem estar preocupados com a gente. – diz se levantando e estendendo a mão para Laura.