Manhattan. O melhor lugar do mundo.

Havia quatro anos que eu não via minha linda cidade. Passei os últimos anos estudando em um colégio interno no Arizona, agora que eu havia terminado os estudos pude voltar. O único problema era que no outono eu iria para Oxford, na Inglaterra, cursar direito.

Eu estava sentada no banco de trás do carro que já havia sido estacionado na garagem da casa a pelo menos vinte minutos quando ouvi minha mãe chamar.

-Demétria, saia logo desse carro, seus irmãos estão esperando.

Lentamente abri a porta e sai puxando a mochila que estava ao meu lado. Bati a porta e contornei o carro em direção a varanda da frente. Logo que subi as escadas da varanda já pude ouvir a conversa lá dentro. Eu nem lembrava mais de como era a casa onde passei minha infância. Girei a maçaneta bem devagar e abri a porta. Quando entrei vi os olhares se direcionando para mim.

Meus pais, meus avós paternos e meus meio-irmãos mais velhos estavam na sala.

-Olhem só a pirralhinha mudou desde o natal.

David foi o primeiro a se levantar e ir na minha direção. Meu pai havia estado com a mãe dele apenas dois anos antes de conhecer a minha. A mãe dele não regulava muito bem e quando descobriu que meu pai iria se casar surtou e cometeu suicídio então David foi morar na nossa casa. Eu nasci no mesmo ano do acontecido então cresci junto com ele, o único problema é que brigávamos feito cão e gato, mais apesar de todas as minhas brigas ele sempre foi a pessoa com quem eu podia contar.

-Pelo visto você continua o sem graça de sempre – Retruquei.

-Maninha! – Dallas exclamou vindo me esmagar com um de seus abraços – Que saudade.

Dallas era a filha mais velha de meu pai e o orgulho da família. Acabara de se formar em medicina com as melhores notas da Universidade de New York.

Após um breve abraço em meus avós andei até perto do meu pai que me esperava com ar de orgulho por eu ter sido aceita em Oxford.

Ele me deu um abraço e logo desandou a falar sobre suas expectativas para o meu futuro.

Depois de uma longa tarde de conversas entediantes finalmente consegui ir para meu quarto.

Obviamente estava diferente. As prateleiras perto da cama não estavam mais repletas de bonecas, continham agora os livros que eu usaria na faculdade, uma mesa redonda de vidro no canto perto da janela agora tomava o lugar de onde antes ficava uma mesa baixa de madeira onde eu dava chá para ursinhos de pelúcia, e as molduras das paredes que antes exibiam meus desenhos não estavam mais lá.

Tomei um banho e coloquei uma roupa confortável. Deitei na cama e fiquei me lembrando de quatro anos atrás, antes de ser confinada em uma escola interna. É para o seu próprio bem queria, era o que meu pai dizia quando nos falávamos por alguns poucos minutos ao telefone, é uma ótima escola, você vai sair daí com o futuro garantido em uma boa universidade.

O sonho dele era que eu fizesse advocacia. Era o meu sonho também... Não era? Minha vida toda acreditei que sim, mais agora que finalmente havia chegado a hora de ir para a faculdade eu não tinha certeza se era o que queria.

É muito injusto pedir a alguém de apenas 17 anos que escolha o que vai querer fazer pelo resto da vida.

Eu havia descoberto outras coisas, mais prazerosas e divertidas do que ficar aprendendo sobre leis, direitos, etc.

Como por exemplo, atuar, quem sabe cantar? Se meu pai soubesse que estou pensando isso ficaria decepcionado. Se ele soubesse que me candidatei a outras faculdades e... Bem, fui aceita em algumas delas.

Que ele nunca me ouça dizendo isso. Mais eu preferiria ir para Julliard – uma das faculdades em que fui aceita – aqui em Nova York, o lugar que eu mais amo no mundo e fazer algo que eu gosto do que ir para a Inglaterra estudar em Oxford.