I Hate You Then I Loved You escrita por Tatiana Mareto


Capítulo 22
Capítulo 22




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/14299/chapter/22

O resultado dos exames não demorou muito. Havia uma certa preferência para pacientes críticos, e Kim Dongwan era uma celebridade. Todos queriam colocá-lo na frente, sem julgamentos sobre certo e errado. Em poucas horas, havia resultados de todos os exames. E mais algumas possibilidades em outros hospitais. Estavam todos muito apreensivos, principalmente a mãe de Dongwan que, por ser uma pessoa de mais idade, era uma doadora definitivamente improvável.

*_Temos um doador. – O médico sorriu. – E por incrível que pareça, não é da família.

*_Como assim? – Eric não entendeu.

*_Geralmente a família é compatível... nesse caso, a compatibilidade melhor é de uma pessoa... que nem é parente. Como ele tem uma família pequena, isso é até provável, mas não vamos negar que é um caso raro.

*_Quem de nós, doutor? – Andy perguntou. Ele sabia que seria algum dos amigos.

*_Ela. – O médico apontou para Brenda, que assistia à cena completamente dopada. Ela havia feito os testes, sim. Mas ela jamais se imaginou compatível com Dongwan, porque eles sequer pertenciam à mesma raça. Mas ela não sabia – ou não lembrava! – que Dongwan tinha um tipo sanguíneo não muito comum para aqueles lados do mundo. O mesmo que o seu.

_Brenda??? – Julie arregalou os olhos. – Ela é... compatível?

_Pelo que o médico falou, é a melhor compatibilidade.

*_Eles têm o mesmo tipo sanguíneo, e pelo teste da metragem, rins de tamanhos compatíveis. – O médico prosseguiu com sua técnica.

_Mas será possível! – Julie estava surpresa. – Como pode isso?

_Sei lá, eles devem ser almas gêmeas. – Minwoo deu de ombros. – Eles se amam desde sempre... A gente sabe que se amam, eles só negavam.

*_Precisamos preparar o doador, se for seu desejo o transplante. A situação é muito delicada, e cada minuto de espera pode significar uma chance a menos.

Brenda se levantou e caminhou até o médico. Ela estava compreendendo tudo, apesar de não parecer nem presente à conversa. Ela entendia o coreano, entendia o inglês, e nem todo dopping do mundo a faria desligar-se de Dongwan.

*_Se rle morre, eu morro com ele. Não faz a menor diferença agora. – Ela segurou nas mãos do médico, suplicante. – Faça o que for preciso... tire o que tiver que tirar... mas salve-o.

------------------------------------

_Essa história deles parece filme.  – Julie estava no quarto com Alex. – Se eu não visse de verdade, não acreditaria...

_Sempre soube. – Alex falava com dificuldades. – Sempre soube que eles eram... gêmeos.

_E nunca insistiu com ela para que parasse de brigar... mesmo assim, isso é muito louco! Eles sequer têm a mesma raça!

_Não poderia ter feito isso, Julie. Ela... é a Brenda. E ele... não dá o braço a torcer. Eles... tinham que se encontrar sozinhos. Talvez fosse preciso mesmo que Dongwan estivesse prestes a morrer para Brenda compreender que não é nada sem ele.

_Eles estão no centro cirúrgico. – Eric entrou no quarto para avisar, interrompendo.

_Eric... – Alex o chamou. – Eu sempre pedi... que Wannie tomasse conta de Brenda. Agora... ele está precisando... dela. Você tome conta dela. Por mim.

Eric sorriu, e apertou a mão de Alex. Sim, ele cuidaria de tudo. JunJin queria fazer essa função, mas era emotivo demais.

---------------------------------------

A cirurgia do transplante durou horas, que foram torturantes para todos. Era uma cirurgia complicada, demorada, arriscada. Mas daria tudo certo, tinham certeza. O problema é que já havia tanta coisa dado errado, que uma a mais e uma a menos seria apenas estatística. E a estatística, no caso, não costumava ser muito boa. Mesmo que Brenda fosse compatível, transplantes estavam sempre fadados à espera. Quando tudo terminou, os dois foram para a UTI e o médico desceu para conversar com os rapazes.

*_Correu tudo bem. – Ele disse a todos. – Precisamos de tempo para ver se ele rejeitará ou não o órgão, mas o transplante foi um sucesso. A doadora está também muito bem.

Minwoo respirou aliviado. JunJin já estava transbordando de lágrimas. Foi um alívio temporário para todos. Era a primeira boa notícia em dias.

*_E como eles estão? – Andy quis saber.

*_A doadora está indo para o quarto agora. Ela está mesmo muito bem. O receptor está na terapia intensiva porque está muito fraco. Se tudo correr bem, ele sai de lá em dois dias.

Quatro dias depois...

_Julie! – Brenda chamava a amiga, nervosa. Ela estava acordada, e ainda era a mesma. – Julie!!!!

_O que foi, Brenda? – Eric entrou no quarto, assustado. Ele era seu novo guardião, seguindo os pedidos de Alex.

_Preciso ir ao banheiro... e hoje acordei lesada. Não consigo me levantar.

_O médico disse que estava fazendo estrepolias demais. – Eric riu. – Eu te coloco na cadeira, vem.

Eric pegou Brenda nos braços e a colocou na cadeira de rodas, para que ela pudesse se locomover. A cirurgia era dolorida, e o doador sofria um corte transversal enorme para que o órgão fosse retirado intacto. Ela sentia dores terríveis, e estava a poder de morfina desde que acordara. Mas continuava saltitando de um lado para o outro, sentada na cadeira. Ela deveria usar a cadeira somente para ir ao banheiro... mas Brenda não conseguia sossegar.

Alex estava já caminhando pelo hospital. Ele tinha que se movimentar, disse o médico. Julie estava com ele, ajudando-o a se firmar. Passou pelo corredor de Dongwan e parou para tentar ver o amigo. O médico saía do quarto dele naquele instante. Ninguém visitava Dongwan além de sua mãe.

_Que bom vê-los. – Ele sorriu para Alex. – Sente-se bem?

_Sim, bastante. E ele? – Perguntou sobre Dongwan.

_Ah, ele está bem... ia avisá-los que ele já está acordado. Acordado desde ontem... mas hoje recobrou os sentidos totalmente.

_Sério? – Alex sorriu, Julie empolgou-se. – Temos que contar a Brenda...

_Temos que contar a todos. – Julie caiu na risada. Era uma notícia boa demais para ser contida. Voltaram lentamente até onde estavam os rapazes jogando baralho para distrair. Os rapazes do Shinhwa não deixavam o hospital, somente para trabalhos esporádicos que realizavam sem Dongwan.

_Temos notícias! – Alex arrastava o soro com pressa, e Julie tentava mantê-lo calmo. – Dongwannie acordou.

_Ora vejam! – Minwoo pulou da cadeira. – Vamos vê-lo... podemos?

_Devem poder. – Julie considerou. – Sei lá, perguntem ao médico! Como está Brenda? – Ela perguntou a Eric.

_Está sentido dores... como de costume. Vou falar com ela.

_Deixe que eu falo. – Alex sorriu. Beijou a testa de Julie e deixou implícito que gostaria de fazer aquilo sozinho. Foi até o quarto de Brenda, que acabava de sair do banheiro. Ela tinha uma cara péssima, porque o médico estava diminuindo seus analgésicos. Ficar sentada doía, ficar em pé nem pensar.

_Alex! – Ela foi até ele. – Você passeando...

_O médico mandou. Minha cirurgia está ótima... preciso de movimento.

_E veio fazer o que aqui?

_Te levar para um passeio. – Alex segurou na cadeira de rodas e começou a empurrá-la.

_Onde estão todos? – Ela não viu ninguém por perto. – E eu deveria passar? Você pode fazer esforço?

_Descansando, eu acho... – Alex mentiu. – Diga-me... você pensou bem nas consequências de ter doado um dos seus rins?

_Claro que não... eu queria salvar Dongwan. Não importava como.

_Mas você sempre pensa nas conseqüências, Brenda. Até parece que não é você falando...

_Alex, não seja chato. Eu sou uma mulher apaixonada... vocês não gostam de brincar assim? Então. Para salvar a vida do homem que eu amo, faria qualquer coisa. Até doaria os dois rins, e viveria eu de diálise. Que conversa mais sem sentido...

_E você já disse isso a ele? – Alex a empurrava pelos corredores, conversando para distraí-la. – Já contou a ele que ama... e que faria de tudo para salvar a sua vida?

_Não... ele não sabe. Ele sabe que eu mandei que ficasse vivo. Quando ele acordar, eu conto.

_Por que não conta agora? – Alex parou o passeio.

_Agora? Porque ele está sedado... desacordado... apesar de...

Alex abriu a porta que estava em sua frente. Várias pessoas estavam ali dentro. Todos ficaram em silêncio quando os viram chegar. Brenda não entendeu nada até olhar para o centro do quarto e ver Dongwan, a cama elevada. Ele tinha um semblante abatido, os olhos fundos, a cor amarelada. Quando ele a viu, um sorriso abriu-se em seus lábios, como o sol de verão.

_Acho que você deveria tentar. – Alex sussurrou nos ouvidos de Brenda, e a conduziu até o lado da cama. Ficaram todos mudos, como se a voz lhes faltasse naquele instante.

_Wannie... – Ela não sabia se dizia seu nome, se tentava tocá-lo, se chorava, se sorria. Eram tantos sentimentos ao mesmo tempo que ela ficou zonza.

_O que faz em uma cadeira de rodas? – Ele ficou curioso. – Pensei que o doente aqui era eu. – Ele falava bem. Os médicos haviam dito que a sua recuperação estava muito boa, apesar do tempo que levou sedado.

_Eu estou com preguiça, por isso Alex me colocou aqui e empurrou.

_E por que está no soro? – Ele quis saber, também. Ela era uma péssima mentirosa. Brenda se levantou. Ela não deveria, mas estava longe demais dele. Sentiu uma fisgada, arqueou o corpo levemente para a frente. – E por que está vestindo as minhas roupas?

_Isso é um interrogatório? – Ela disse, se aproximando. – Porque se for, preciso do meu advogado.

_Eu não sou tão irritante assim, viu?

_Como? – Brenda não entendeu.

_Você me disse que eu não poderia ser tão irritante para te deixar... eu não vou a lugar algum.

Brenda acabou por desabar no choro, mais uma vez. Ele tinha, então, ouvido tudo que ela lhe falara. Aquela coisa de chorar era tão atípica, mas Brenda supôs, naquele instante, que a sua postura defensiva não era mais necessária, então. Instintivamente, ela levantou sua blusa e olhou o pequeno corte da cirurgia. Passou a mão sobre o curativo, e deitou a cabeça em seu peito. Ele a abraçou, olhos fechados.

_O que tiraram de mim aí? – Dongwan ainda não tinha notado que estava operado. Seu corpo demorava a responder a todos os estímulos.

_Eles não tiraram... colocaram. – Ela disse, em soluços.

_Colocaram o que?

Ela se levantou novamente e abaixou levemente o moletom que vestia. O enorme curativo lhe tomava toda a lateral do corpo, e seguia em direção à barriga, foi exposto. Dongwan arregalou os olhos e olhou diretamente para Brenda, entendendo alguma coisa. Talvez ele tivesse entendido tudo, mas se recusaria.

_Você... o que afinal...

_Eu precisava de você. – Ela disse, ainda em prantos. – Precisava muito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I Hate You Then I Loved You" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.