Dead Life escrita por melisica


Capítulo 6
The Damage You've Inflicted Temporary Wounds


Notas iniciais do capítulo

Tirei o dia para atualizar fics rs
Enfim, tá aqui.
Beijos.



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Creio que se passaram dez dias desde o dia em que eu fui à casa de Gerard. Parecia que ele tinha sumido, mas mesmo assim, via que Amy não estava feliz. Ela andava séria, não era mais a mesma Amy que me fazia rir, que me apoiava. Ela estava virando uma estranha. Eu estava a perdendo e eu não podia fazer nada, eu estava de mãos atadas. Havia dias em que mal conseguia dormir de desespero, pensando o que poderia fazer, mudar, falar, descobrir, mas não demorou muito para que o dia que eu tanto temia chegasse. 

- Frank? - ela disse quando sai do banheiro, me arrumando para ir para o trabalho, ela estava deitada na cama. 

- Oi... - respondi sentando na cama e ela estava me olhando com um olhar triste. 

- Eu preciso falar com você. 

- Pode falar - naquela hora meu coração soube, senti medo. 

- Frank, eu te amo tanto... - ela disse passando os dedos suavemente pela minha bochecha. 

- Eu também... Sempre. 

- Mas Frank, tudo tem seu tempo... - ela fechou os olhos. - Nada é para sempre... 

- Não estou entendendo.

- Sabe Frank, eu não poderia ter escondido de você... - ela suspirou. - Que me apaixonei por outra pessoa.

A partir daquele momento, não lembro de ouvir mais nada. Já sabia o que viria, eu já estava cansando de ter de ouvir aquilo. 

- Chega, Amy! Eu não quero ouvir! 

- Frank por favor, me escuta... 

- Não, depois a gente se fala... - eu disse me levantando e pegando um casaco no armário. - Eu tenho que ir trabalhar, Amy. 

- Não faz isso Frank, por favor! 

- Desculpa, eu estou atrasado - eu já estava destrancando a porta. - Não dá agora. 

Eu sabia o que estava acontecendo, mas fingia não ser comigo, não podia ser comigo. Não de novo, e ainda mais com a pessoa que eu mais amava. Saí de casa. Como isso pôde ter acontecido? Não acreditava, tudo parecia tão distante e surreal. Deveria ser um sonho. Só podia ser um sonho e logo eu estaria acordando ao lado de Amy e ela diria que me amava mais do que tudo no mundo... Mas eu não acordei. Eu não sabia para onde ir, o que fazer, eu estava completamente perdido. 

Caleb foi a primeira pessoa que veio a minha mente, sim, ele me ajudaria. Falaria com Amy e a faria esquecer essa loucura que estava me dizendo, isso, tudo daria certo, tudo tinha que dar certo. Fui a pé, no trajeto sempre pensando que tudo não passava de um mal entendido, como se tudo não passasse de um sonho, um sonho surreal. Cheguei à casa de Caleb, eram seis para as vinte da manhã. Caleb abriu a porta com cara de sono. E pareceu assustado ao me ver lá, nosso horário era só as oito. 

- Frank?! - me olhou confuso. - O que você faz aqui à uma hora dessas? - na mesma hora ele pareceu se arrepender de ter perguntado, vi isso em seus olhos. Acho que ele percebeu que eu não estava bem. Tanto que a primeira coisa que fez foi me abraçar forte, enquanto eu soluçava em seus braços. 

Caleb me colocou sentado no sofá e foi buscar um copo com água e açúcar. Estava nervoso por demais pelo que me acontecia.

- Calma, Frank... - ele disse me entregando o copo. - Agora, me conte, o que aconteceu?

- Caleb, é a Amy.... 

- Vocês brigaram? - ele perguntou se sentando numa poltrona à minha frente. 

- Não Caleb, foi muito pior... - suspirei. - Ela quer terminar comigo! 

- O quê? - ele pareceu mais surpreso do que eu. - Mas por quê? 

- Eu não sei - dei de ombros. - Ela simplesmente disse que está apaixonada por outra pessoa... 

- Não é possível... - ele passou as mãos pelos cabelos. - Ela sempre foi louca por você, Frank. 

- Parece que não é mais, Caleb... - olhei profundamente em seus olhos, meus olhos estavam marejados e mostravam frustração. - Eu a perdi, Caleb, eu perdi o amor da minha vida! 

Não havia muito o que Caleb poderia fazer. Ele simplesmente me abraçou e me consolou pelo resto da manhã. Não conseguia dizer mais nada. Apenas chorar, por para fora tudo o que sentia, tudo o que me corroia, tudo o que me afligia. Mas eu sabia que chorar não resolvia muita coisa, não se você não tem cinco anos. Quando se tem cinco anos, ainda me parece muito útil e rentável chorar. 

- Você precisa falar com a Amy... - ele sussurrou. 

- Não! - neguei. - Eu não conseguiria Caleb... 

- Você não pode fugir dela pra sempre, Frank - ele disse colocando a mão em meu joelho. - Mas eu entendo que você possa não estar pronto para ver ela ainda. 

- Posso ficar aqui hoje? - perguntei envergonhado. 

- Você sabe que sim - ele sorriu, sem mostrar os dentes. 

- Obrigado. 

Caleb me levou para um dos quartos do andar de cima e me fez deitar. Acredito que já era hora do almoço, mas não tinha fome. Ele fechou as cortinas da janela, mergulhando o quarto em sombras. Ele me deixou no quarto, sozinho, para poder refletir melhor no que acontecera. Sozinho, no quarto, comecei a pensar tudo o que passara em minha vida, desde o início, quando cheguei em Nova York. As coisas que fiz, que não fiz, as muitas que errei e as poucas que acertei. 

Como pude perder Amy? O bem mais precioso que a vida me dera, e que eu deixei escapar por entre os meus dedos. Senti um buraco enorme dentro de mim, como se tudo o que eu tinha de bom, de esperança, de vida, tivesse sido sugado para longe de mim. E mais nada restava, apenas dor. Novamente só havia dor. Levantei os meus pulsos, e os olhei. Vi as cicatrizes que ali tinham, da última vez em que tentei me matar e parecia que fora há tanto tempo.
Pensei, pensei, pensei... E de repente, senti uma névoa escura embaçando os meus olhos. Senti meu corpo flutuar, senti-me leve e feliz, senti-me seguro e aquecido, eu estava adormecendo. O sono era a única companhia que me protegia, o único momento em que os meus fantasmas não me perseguiam.


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