Dead Life escrita por melisica


Capítulo 7
You're Never Coming Home


Notas iniciais do capítulo

Sei lá porque parei de postar. Talvez tenha sido falta de tempo, motivação, inspiração, escola...
Mas enfim, peço desculpas para quem lia e comentava e para os leitores fantasmas também.
Tenho outros capítulos prontos e já digitados. Parei pelo capítulo 12/13.
Se comentarem, eu vou postando.
Beijos.



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Silêncio, silêncio e mais silêncio. Silêncio era tudo que me rondava, até que consigo ouvir meu coração batendo, sem parar. Num ritmo acelerado. E então, mais uma vez, acordo. Abri meus olhos depressa, sentia meu coração batendo forte contra o peito. Olhei ao redor. Olhei para mim mesmo. Onde estava? O que acontecia? 

Então, tão rápido quanto o susto, voltou-me a memória: a briga com Amy. Meu coração continuava a bater forte contra meu peito, eu sentia medo.  Desci as escadas, tudo estava no mais absoluto silêncio. Onde estava Caleb? Olhei ao redor e nada. Fui em direção à cozinha. Eram três da tarde. Dormira cerca de três horas. Vi que a secretária mostrava ter uma mensagem não escutada. Coloquei para escutá-la. 

“Oi, Caleb, aqui é a Amy. Eu sei que é estranho eu estar te ligando, mas você sabe onde está o Frank? Ele saiu hoje cedo e ainda não voltou. Ele parecia bem preocupado, perturbado... Desculpe te incomodar, mas souber de alguma coisa, me avisa tá? Um beijo.” 

Meus olhos encheram-se de lágrimas. Só de ouvir a voz de Amy me dava um aperto no coração. Olhei a casa, vazia. Sentei-me no sofá, e fiquei olhando ao redor. Vi meu casaco. Talvez ainda estivesse lá, já fazia tanto tempo...  Levantei-me, e fui em direção ao meu casaco e procurei, procurei, procurei e quando já havia perdido as esperanças de encontrar, ali estava e ainda estava cheio. 

Eu parara de tomar aquelas pílulas quando comecei a ficar com Amy, já que tomar aquilo com ela não fazia muito sentido, mas agora fazia mais sentido do que nunca. Olhei em direção ao balcão de bebidas de Caleb e escolhi uma garrafa achatada, de rotulo preto. Fui lá e preparei uma dose dupla de Jack Daniel’s, meu uísque favorito. Bebi junto com duas pílulas e as tomei em um gole único. Ardeu minha garganta, doeu, mas logo melhoraria, elas sempre me ajudavam. 

Fui em direção ao sofá e deitei-me. Não demorou muito e eu sentia-me leve, feliz, sem nenhuma preocupação. Consegui fugir do que tanto temia. Comecei a achar graça de tudo, em qualquer coisa. Ainda deitado, comecei a dar risada da vida, das minhas atitudes, de qualquer porcaria, de tudo o que via. De tão drogado que estava, nem percebi quando Caleb chegou em casa. 

– Frank, você está bem? 

– Eu? Claro que sim... - disse com a voz embargada. 

– O que você fez Frank?! 

– Nada de mais... - minha voz saiu mole.

Followill viu o copo no chão, minha mão o roçava e ao lado, estava o pequeno saquinho transparentes com as drogas. 

– Frank! O que você pensa que está fazendo?! - disse ele, me puxando e me arrastando para cima. 

– Ah Caleb, qual é?! - disse eu, tentando sair de seu aperto.

Ele abriu a porta do banheiro e me arrastou para dentro. Fechou a tampa do vaso sanitário e me sentou ali. Tirou meu casaco, minha camiseta, meus tênis, minha calça... Tudo à força, como se eu fosse um bebê fazendo manha e ligou o chuveiro em água fria. 

– Se você pensa que se drogar vai ajudar em alguma coisa Frank, está muito enganado - bufou me levantando. - Não adianta fugir! 

Não conseguia falar nada, eu estava mole. Via tudo em câmera lenta e não escutava mais nenhuma palavra que Caleb dizia. Só senti a água gelada escorrendo pelo meu corpo. Dei um grito. Tentei sair de lá, mas Caleb não deixou me segurou com força, me fez ficar lá até que eu me acostumasse com a água e voltasse um pouco à minha sanidade. Depois, ele me tirou do chuveiro, secou-me e levou-me para o quarto. Sentia como se estivesse morrendo. Sentia uma dor física e mental tão forte. Comecei a chorar, desesperado, como um bebê.

– Shhh Frank, calma... - me sentou na cama e me deixou lá alguns segundos, até que voltou com uma larga camiseta branca do Rolling Stones e uma calça de moletom cinza. - Não vou deixar você se matar, Frank. Não mesmo. 

Lembro que chorei até minhas lágrimas cessarem e Caleb me abraçava forte, como se fosse o irmão mais velho que eu nunca tive. Ele me dizia palavras reconfortantes, doces, e eu adormeci mais uma vez fugindo dos fantasmas que me perseguiam. 

Não vou entrar em detalhes do que me ocorreu durante aquele longo e angustiante final de semana na casa de Followill. Apenas lembro que pedi para que ele não avisasse a Amy que eu estava lá. Talvez eu tenha feito isso por maldade, quisesse que ela ficasse com peso na consciência, mas mesmo assim, pedi, ou melhor, implorei para ele não dizer nada a ela. Foi no domingo à noite que eu resolvi ligar para ela e dizer que estava bem.

– Alô? 

– Amy... Sou eu. 

– Frank! - ela disse com a voz aliviada. - Graças a Deus! Eu estava desesperada... Quase chamando a polícia. 

– Você sabia que eu estava bem. 

– Não sabia não, da forma que você saiu de casa no sábado...

– Não importa - disse eu, sendo brusco. - Só estou ligando pra avisar que estou bem. 

– Onde você está? 

– Prefiro não dizer.

– Por que você está fazendo isso comigo, Frank?! Me fala! - ela parecia desesperada.

– Não to fazendo nada, Amy... - fiz a minha melhor voz inocente. 

– Está sim. 

– Desculpe, mas não foi minha intenção.

– Frank, volta pra casa...

– Não Amy, não posso. Não quero. 

– A gente não conversou tudo o que tinha pra conversar.

– E não precisa Amy - falei derrotado. - Tudo o que você me disse no sábado está bem esclarecido.

– Eu não queria que fosse assim.

– Mas foi, Amy... - eu estava controlando-me para não chorar no telefone. 

– Eu sinto tanto a sua falta Frankie... - disse ela, sua voz parecia trêmula, como se estivesse prestes a chorar.

– Não tanto quanto eu, Amy - não dava, eu já estava chorando silenciosamente, apenas deixando algumas lágrimas escorrerem de meus olhos. 

– Frank eu...

– Amy - disse eu, interrompendo-a. - Eu tenho que desligar. 

– Não Frank! - ela gritou no telefone. - Onde você está? Quando você volta? 

– Não sei Amy - disse seco. - Depois nos falamos. 

– Não faz isso comigo Frank...

– Desculpa... - e desliguei na cara dela. 

Desliguei o telefone e comecei a chorar. Como doía perder a Amy. Caleb apareceu ao meu lado e mais uma vez, como um irmão mais velho, me segurou em seus braços e disse palavras reconfortantes. 

– Obrigado por tudo cara - disse eu baixinho e ele apenas me sorriu, me encarando com carinho por trás de seus felinos olhos azuis. 

A única coisa que me consolava nisso tudo era saber que, no meio de tantas dificuldades e atribulações, eu achara uma pessoa, um amigo de verdade. Que eu podia contar sempre... E esse amigo era Caleb. 

                                                                             xxx

Segunda-feira, de manhã, por volta das oito horas da manhã, perguntei a Caleb se podia chegar um pouco mais tarde na editora. Precisava passar em casa e decidi passar na hora em que Amy estivesse trabalhando, era mais fácil assim. Claro que Followill deixou, ele o melhor chefe do mundo. Quando eram oito e meia, saí da casa dele e fui andando lentamente aquele percurso. Parei, comprei um maço de cigarros e prossegui, observando tudo ao meu redor. Era uma manhã bonita, o sol batia contra as folhas amareladas e alaranjadas das árvores, dando aquele ar de outono. Geralmente, dias assim me deixavam animado. Mas hoje, era uma exceção. Eu já estava quase chegando ao apartamento. Subi as escadas, peguei o molho de chaves no bolso do meu casaco e entrei. 

Tudo estava como deveria estar. Só faltava Amy. 
Creio que fiquei parado uns quatro ou cinco minutos na porta, olhando, pensando... Acordei do transe e fui para o quarto. Não havia ninguém, como era de se esperar. Sentia um peso tão doloroso no coração, uma mistura de tristeza e desespero. Eu procurava algo para me segurar, para me manter de pé, mas não achava apoio nenhum, eu estava só. Este era o meu destino talvez, sofrer, ser só.

Aquela dor corroia meu peito o tempo todo, e eu estava aprendendo a me acostumar com suas inesperadas aparições. Mas às vezes, é bom sentir dor, para saber que se está vivo, que se ainda tem sentimentos.

Abri meu lado do armário e peguei uma pequena mala - infelizmente a única que achara no momento - e a enchi com minhas roupas. Porém, ainda havia muita coisa que eu não conseguiria levar, eu teria de voltar depois. Troquei-me rapidamente e deixei o apartamento, sentindo uma amargura no lado esquerdo do meu peito. 

A semana passou lentamente, quase parada. Os dias perdiam o sentido, eu estava fora de mim. Havia perdido a noção de tempo, o que eu fiz hoje parece que foi feito há anos. A separação de Amy parecia ter acontecido há tanto tempo... Nesse meio tempo, Amy ligou várias vezes para a editora. Eu não atendi. Ficar sem ela doía. Mas vê-la e não tê-la era muito pior. 

Certo dia, achei uma foto de nós dois juntos, estávamos abraçados, sorridentes. O mundo era só nosso. Vê-la foi um misto de alívio e dor. Como poderia eu viver sem ela? Longe dela? Qual o sentido da vida sem ela? Voltaria eu a viver igual antes, antes de conhecer Amy? Eu simplesmente não encontrava respostas.

Chegou sexta-feira, sabia que não poderia adiar mais o encontro com ela. Eu precisava ir em casa, pegar o resto de minhas coisas e quem sabe, conversar. Depois do expediente, fui direto para minha antiga casa, onde morava com ela. Não me dei ao trabalho de bater. Simplesmente peguei minhas chaves e abri. Abri com a esperança de ver Amy sorrir para mim, correr em minha direção e dizer que tudo não havia passado de uma grande besteira. Abri a porta e parei, fiquei estarrecido, paralisado. Amy olhou em direção a porta e olhou-me surpresa. 

– Frank... - murmurou ela. 

Olhei para quem estava sentado a seu lado e Gerard olhava para mim com uma cara de surpreso também. 

– Desculpe interromper - disse me fingindo indiferente ao que via. - Só vim pegar o resto das minhas coisas.

– Frank, eu...

Não a deixei terminar. Passei reto por ela e fui em direção ao quarto. Doía tanto dentro de mim, como se esmagassem sem piedade meu já despedaçado coração. Peguei minhas coisas mecanicamente, sem prestar atenção no que estava fazendo e a única coisa que vinha em minha cabeça era a visão de Gerard com Amy. Então era por ele que ela havia se apaixonado naquela maldita festa da editora que ela tanto insistiu que fôssemos. Parecia até que eles haviam combinado anteriormente que se conheceriam e se apaixonariam como dois bobocas naquele dia. Um silêncio mórbido caiu dentro de meu antigo quarto e então me dei que a nossa antiga cama, agora era palco do "amor" do mais novo casal. Senti nojo do lugar que dormi por tempos e então percebi que o apartamento continuava mergulhado em um profundo silêncio. Amy estava na porta do quarto me olhando e eu apenas recolhia minhas coisas, sem olhar diretamente para ela, colocando tudo que fosse meu dentro de uma grande mala preta. Não me preocupei em dobrar minhas roupas corretamente, apenas as enrolei firmemente de forma que coubessem mais coisas na mala. Esvaziei meu armário, espalhando as peças sobre a cama e sentindo meus olhos embaçarem relembrando de tudo que eu havia passado naquele apartamento. Frustrações, alegrias, desapontamentos, felicidades... Tudo de bom e ruim. 

Finalmente, terminara de pegar minhas coisas. Peguei a mala e saí do quarto, passando mais uma vez por Amy sem lhe dizer uma palavra. Parei em frente à porta e a abri, mas antes de sair, sem me virar, disse: 

– Desculpe por ter incomodado, acho melhor eu deixar a chave com você... - deixei a chave em cima do aparador. - Se eu precisar, eu telefono dizendo quando venho - e fechei a porta. 

Saí de lá sem esperar pela resposta de Amy. Agora eu sabia, eu tinha certeza de quem que havia tirado ela de mim. E como eu o odiava, o odiava tanto quanto minha própria vida.


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