Dead Life escrita por melisica


Capítulo 5
I Fall Out Of Grace


Notas iniciais do capítulo

Voltei finalmente, desculpem-me :/Está aí mais um, beijos.



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Passamos o fim de semana todo no nosso apartamento. Não fizemos nada de especial. O que ocorreu na madrugada passada nem ao menos foi comentado. Agi como se nada tivesse acontecido. Claro que não agi normalmente, fiquei na minha, meio que à distância. A semana começou, e eu estava cheio de serviço para fazer. Telefones, agendamentos, reuniões, encontros, propostas... Tudo caía nas minhas costas. 
Foi numa quarta-feira quando o telefone tocou em minha sala. 

- Dark Horse Comics, Frank. Boa tarde. 

- Oi... Frank?

- Pois não? 

- Hm.. Não tá reconhecendo minha voz não, é? 

- Não. - falei pensando nas possíveis pessoas. 

- É o Gerard, nervosinho. 

- Ah, claro. - bufei - Em que posso ajudá-lo? 

- Hum, infelizmente nada querido. Caleb está? 

- Claro, um minuto. - passei a ligação e pensei como aquele cara conseguia me irritar assim, com tanta facilidade e de graça. Só de ouvir a voz dele eu já ficava vermelho de raiva. E eu também não posso negar que o resto do meu dia foi uma droga, aquele cara conseguia me irritar com qualquer coisa! 

A semana passou voando, tudo tinha dado certo e o excesso de obrigações que eu tinha que fazer foi feito em menos tempo do que esperava. Foi bom, pelo menos na sexta-feira pude voltar mais cedo para casa. 

Quando entrei em casa, vi que Amy estava no telefone entretida. Quando ela me viu, pareceu assustar-se e mudou o tom de voz. 

- Então... Como eu ia dizendo Natalie, eu tenho que desligar... Adivinha quem chegou?! O Frank, sim... Um beijo... Tchau!

- Quem era? - perguntei. 

- Ah... Era a Natalie. 

- Natalie? - perguntei desconfiado, tirando meu casaco e o pendurando numa cadeira. 

- Sim, você não conhece. Ela é nova no trabalho, mas já sabe de você... 

- Hm, que bom... - sorri. 

Deixei quieto a tal ligação estranha e passados alguns dias, em um sábado de manhã, vi que havia uma rosa solitária em frente ao tapete de nosso apartamento quando fui à padaria sozinho. Era uma rosa muito vermelha, bonita, com um cartão branco ao seu lado. Não agüentei de curiosidade, abri-o e li. 

"Amy, 
Infelizmente não tenho dinheiro para te comprar uma dúzias de rosas, mas espero que esta seja suficiente para que saiba o quanto te gosto. 
GW"

Quem era esse tal de GW?

- Amy... Venha aqui. - chamei abrindo a porta.

- O que é, amor? 

- Você recebeu isso. - estendi a flor para ela. 

- Hum... Flores? - vi Amy lendo e se espantando. 

- Quem é GW, Amy? 

- Oras, você não se lembra, Frank? 

- Não. - respondi cruzando os braços com o pacote de pães nas mãos. 

- Gerard Way te lembra algo? GW... 

- Ah, claro, que romântico. - disse sarcástico - E desde quando ele tem te mandado rosas, Amy? 

- Pra sua informação, senhor Iero, esta foi a primeira vez. 

- Acho bom mesmo. 

- Tá com ciúmes, né? - ela disse rindo.

- Eu? - apontei para mim mesmo - Daquele babaca? Não!

- Ainda bem. - ela cerrou os olhos e me deu um selinho.

Pensei que fosse apenas aquilo que estava acontecendo, porém, a vida me pregou outra peça e praticamente me esfregou na cara que eu estava enganado. Certo dia, voltei do serviço e dei de cara com ele, sim, Gerard, sentado no meu sofá conversando, ou melhor, xavecando a garota que eu amo. 

- Hei Frank, já chegou do serviço, querido? - perguntou Amy. 

- Já querida. - sorri meigamente, mas minha vontade era falar algo como "Ah que pena que cheguei mais cedo, quer que eu dê uma volta para não incomodar vocês dois?"

- Olha que legal, o Gee veio aqui pra chamar a gente pra uma outra apresentação do irmão dele. 

- Nossa, mas quanta gentileza! - disse eu sarcástico - Por favor, me dê licença que eu vou tomar um banho.

Amy e eu discutimos muito depois disso. E acabamos nem indo na tal apresentação do Mikey. Não sabia o que estava acontecendo, Amy estava mudada. Estava diferente, distante. Ela não parava de falar com a tal de Natalie no telefone, saía e não me dizia aonde ia, com quem ia, nem quando voltava. 
Estávamos cada vez mais distantes. E eu, cada vez mais desesperado. 

Numa noite durante a semana, numa quarta-feira, o telefone tocou. Amy, agitada, foi atender. 

- É pra você, Frank. 

- Pra mim? - disse surpreso - Não é a tal da Natalie? - disse frio. 

- É o Mikey. - colocou o telefone em cima do sofá e voltou para o quarto. 

- Alô? 

- Oi Frank, é o Mikey, tudo bem? 

- Oi. - sorri ao ouvir a voz dele - Tudo bem sim e você? 

- Melhor agora... - ele disse me deixando vermelho - E aí? O que me conta? 

- Ah, na mesma, né? - perguntei rindo e sentando-me no sofá - Só trabalhando mesmo. E você?

- Poxa, eu to indo bem. - ele falou animado - Fazendo muitas apresentações e tal. Só fiquei triste por você não ter ido na última, soube que o Gerard chamou vocês... 

- Ah Mikey, me desculpa. - senti um peso no coração na hora - Mas como você conseguiu o meu telefone?

- Ah, foi o Gee que me passou... 

- O Gerard? - franzi o cenho - Mas como?

- É, ele disse que um dia desses telefonou pro Caleb e pediu.

- Ah, claro. 

Conversamos sobre como estávamos, e prometemos que, assim que tivéssemos tempo marcaríamos algo para fazer. Mas o que me havia perturbado era saber que o Gerard tinha pegado o nosso número de telefone. "Amy" foi o que me veio a cabeça. 

"- Ah, claro. Em que posso ajudá-lo?
- Hum, infelizmente nada, querido. Caleb está?"

Mas é claro! Ele ligou para pegar o meu número de telefone com o Caleb.. E não havia resposta mais óbvia por ele estar querendo o número de casa: Amy. Mas não ia ficar assim... Ah, não ia mesmo! Esse desgraçado ia ver só...

CAPÍTULO VII - Well, if you wanted honesty...

No dia seguinte mesmo, fui trabalhar, mas eu tinha uma ideia na minha cabeça, mas de tantas tarefas que eu tive durante o dia, só conseguir ir conversar com Caleb no fim do expediente, o que já passava das seis e meia. 

- Com licença Sr. Followill, posso falar com você por um instante? - perguntei batendo na porta dele com os nós dos dedos. 

- Que isso Frank? Sr. Followill? - ele riu - Caleb em qualquer lugar. 

- Bom, eu sei que é estranho mas é que eu estou no trabalho e você é meu chefe. - expliquei - Eu sei que não é muito sensato eu estar pedindo isso, mas eu queria que você me passasse o endereço daquele seu amigo, o Gerard, sabe? 

- Ah, sei... Mas posso saber o que você quer com o cara? 

- Não é nada demais, Caleb. - insisti - Eu só quero... Conversar com ele. 

- Não me traga problemas, hein? 

- Eu juro que não vou. 

- Bom menino. 

- Valeu, Caleb.. Eu te amo! - dei um forte abraço nele. 

- Juízo Frank! - ele falou quase soando uma bronca. 

Peguei um táxi logo na saída da empresa e liguei para Amy avisando que chegaria tarde. Disse apenas que eu tinha alguns negócios para resolver, não dei detalhes, porque ultimamente, ela também não dava.
Gerard não morava num lugar muito melhor que o meu, dava para ver que o cara era apenas de classe média, como eu. Era um apartamento pequeno, num bairro de classe média de Nova York, onde ele provavelmente dividia com o seu irmão. 
Bati duas vezes na porta. Ela demorou a ser atendida. Quando vejo, Gerard aparece só com uma de calça de moletom, sem a camiseta. Parecia que ele estava dormindo e eu o havia acordado. 

- Você aqui?! - disse ele, olhando surpreso para mim, como se não estivesse acreditando. 

- Sim, eu aqui. - sorri cínico. 

- Ah, meu Deus, o que você quer, hein? - ele bufou, jogando sua franja para trás. 

- Primeiro de tudo, eu quero entrar. Posso?

- Pode, né? - falou ele, abrindo passagem para mim e não deu outra, o apartamento estava uma bagunça completa. 

- Ah... Desculpa, eu não tenho nada pra te servir... - começou ele. 

- Não precisa. - continuei de pé, visto que ele não me dissera para sentar - O que eu tenho pra dizer é bem rápido.

- O que você tem pra dizer? - ele se jogou no sofá preto. 

- É simples: deixa a Amy em paz, está me ouvindo? 

- O quê? - ele franziu o cenho. 

- É isso mesmo. Eu sei dos seus telefonemas, das flores... O que você pensa que está fazendo, hein? 

- Eu? Nada demais... - disse ele, dando um riso debochado. 

- Pois saiba que está! E eu já tô cansado, eu vim aqui pra por um ponto final nessa palhaçada tua, você tá me entendendo?! - falei, me exaltando e fui andando em direção à porta.

- Sabe o que eu acho? - disse ele, me fazendo parar. 

- O quê?! - perguntei, virando-me em direção a ele.

- Eu acho que você não tem ciúmes da Amy.

- O quê?! Como você pode dizer isso? - bufei - Ela é a pessoa que eu amo e é por sua causa que nada é a mesma coisa!

- Sei... - disse ele, se levantando e vindo em minha direção - Mas mesmo assim, eu acho que você esses problemas não são todos por causa dela.

- Não?! 

- Não... - ele ainda tinha o sorrisinho debochado. 

- O que é, então? 

- É isso... - disse ele, me puxando e me dando o beijo mais maravilhoso que eu lembro ter recebido em toda minha vida. Lembro-me de que na hora, tentei empurrá-lo, mas ele era mais forte. Com força, ele me puxou pela cintura para que eu ficasse mais perto do corpo dele, enquanto que com a outra mão, ele segurava minha cabeça para que eu não pudesse fugir. Ele passava a língua em meus lábios, tentando aprofundar o beijo, mas eu neguei até o momento em que ele comecou a acariciar minha nuca com as pontas dos dedos. Não resisti e me entreguei. 

O beijo dele era maravilhoso, arrebatador, envolvente e estonteante. Tinha gosto de pura proibição e erro. Eu sabia que não devia ter cedido, mas cada movimento que nossas línguas faziam pareciam ser os movimentos mais puramente certos. Subi meus braços para seu pescoço, o enlaçando, e o puxando para mais perto. Ele apertou minha cintura com mais força e pude sentir o calor de sua pele através de minha camiseta, o único material que separava nossos corpos. Repentinamente, do mesmo jeito que o beijo veio, ele o interrompeu e me afastou, ainda me segurando pela cintura e olhou bem nos meus olhos. 

- Não disse? - ele falou, dando um risinho convencido. 

- Seu desgraçado! - gritei - Quem você pensa que é? Me larga! - disse, me desvencilhando. 

- Que droga! - ele resmungou, parecendo nervoso - Vai dizer que não gostou? 

- Não, não gostei... - bufei - Eu odiei! 

- Ótimo! - disse ele, me soltando e me empurrando. - Pode ir, já me diverti por hoje.

- Seu idiota! - berrei - Eu te odeio! 

- Oh, que surpresa. - ele fez uma voz sarcástica - Por favor, me diga algo que eu não saiba... 

Não tinha mais o que dizer. Tremendo de raiva, virei-me e fui embora. Droga, por que tudo tinha que dar errado? Fui lá para dar um fim nessa palhaçada e quem acaba sendo o lesado sou eu?! 
Voltei a pé para casa, estava nervoso demais e caminhadas sempre me ajudavam a pensar, a relaxar. Quem sabe esta não ajudasse.



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