Rehab Of You escrita por Ana_Lucky


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Mais um pouco da vida da Elena no tempo presente...



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Tempo presente, 2011

Sem que eu desse por ela, uma lágrima rolou pelo meu rosto e caiu na foto. Rapidamente apressei-me a limpar a minha face.

            - Com saudades do Damon? – Perguntou Stefan que me olhava perplexo, encostado a entrada do quarto.

            Era tal a minha desconcentração que nem tinha dado pela sua chegada. Estremeci não só com o susto mas também com o embaraço da situação.

            Stefan continuava a olhar para mim fixamente mas eu não consegui desvendar a sua expressão embora a ironia das suas palavras me tivesse incomodado profundamente. Rapidamente voltei a colocar a foto dentro da caixa que coloquei em cima da cómoda. Depois voltei a sentar-me a cama.

            - Vamos começar? – Perguntei-lhe dirigindo-me um olhar sério.

            - O que foi? Fiz apenas uma pergunta…

            - Ambos sabemos que essa pergunta não tem nada de inocente.

            - Fiquei surpreso. Não tenho direito de ficar surpreso? – Inquiriu utilizando aquele tom de voz que era empregue propositadamente para me irritar – Bastou saberes que ele vem para o casamento para desenterrares as memórias.

            - Muito sinceramente Stefan, não me apetece discutir contigo. Como correu na casa da tua mãe? – Perguntei para mudar de assunto.

            - O costume, tirando o entusiasmo da minha mãe pela volta do Damon.

            - Imagino… - Murmurei sorrindo-lhe na tentativa de apaziguar o seu mau humor.

            - Eu sei que imaginas - Respondeu de forma grosseira – Vou tomar um banho – Disse antes de se trancar na casa de banho.

            Suspirei profundamente atirando-me para cima da cama. Não me sinto com nenhuma disposição para discutir. Aprecio demasiado a paz que conquistei com tanto esforço para a ver desperdiçada de repente.  

            Compreendo a má disposição com Stefan voltou. Desde criança ele sempre se sentiu na sombra do irmão mais velho. Ao contrário do que costuma acontecer nas outras famílias em que o filho preferido é habitualmente o mais novo, a quem ninguém consegue negar nada, na família dele tinha-se dado o fenómeno oposto. Damon tinha quatro anos quando Stefan nasceu. Mary Salvatore não queria de forma alguma ter um segundo filho, não estava nos seus planos e a idade era á um pouco avançada. Acabou por levar a gravidez até ao fim mais por imposição do marido do que por vontade própria. Stefan foi um acidente de percurso como ela muitas vezes referia na brincadeira. O que ela nunca foi capaz de entender é que isso o magoava. Outra pessoa podia tolerar essas brincadeiras mas Stefan não conseguia fazê-lo.

As personalidades dos irmãos são completamente opostas. Damon é, como se costuma dizer, a alma da festa. Completamente extrovertido, divertido e conversador. Gostar-se dele é fácil, natural como respirar. Já Stefan é mais tímido, introspectivo e muito menos dado.  

Quando ele saiu da casa de banho, eu já tinha vestido a camisa de dormir e estava a ler um livro, metida dentro dos lençóis. Ele permanecia carrancudo, com uma cara de poucos amigos.

- Queres conversar? – Perguntei-lhe com a intenção de novamente tentar aliviar o clima de tensão.

- Conversar sobre quê Elena? Tu e a minha mãe não se podem ver mas sobre este assunto vocês concordam na perfeição – Disse-me, mantendo o tom de revolta.

- Isso não é verdade…

- Não é? Olha para ti? Passou-se um ano sem tocarmos no nome dele. Bastou falar-se no fantasma para tu te pores a chorar em cima das fotos.

- Stefan…

- Stefan não, sabes bem que tenho razão. Faz quatro anos que ele foi embora Elena, quatro anos sem uma única aparição. Falhou jantares importantes, natais, aniversários do meu pai e da minha mãe, nunca quis saber. Decidiu vir agora para ao casamento e isso bastou para fazer a minha mãe delirar de felicidade. Bastou para ela esquecer quatro anos de ausência.

Olhou-me profundamente como se esperasse uma resposta da minha parte. Resposta que eu me senti completamente incapaz de dar. Depois deitou-se ao pé de mim na cama.

- É o filho dela, não podes impedir que ela se sinta feliz em revê-lo – Disse, mais um vez esforçando-me por tentar consolá-lo.

- Não posso, nem quero impedir. Tudo o que eu quero é ver a minha mãe feliz. Agora vamos dormir que já é tarde. Boa noite – Proferir voltando-me as costas

- Boa noite… - Disse, estranhado o facto de ele não me ter dado o habitual beijo na testa, como sempre fazia antes de dormir.

Não gostava de forma alguma de o ver sofrer. E eu sabia que era isso que estava a acontecer naquele instante. Stefan fingiu estar a dormir. Mas eu conheço-o bem demais e sei distinguir perfeitamente a sua respiração que é bem mais acelerada que o habitual. Sei que ele sente uma revolta enorme pela atenção desmedida que a mãe dá ao irmão. Stefan está sempre presente em todos os momentos, está sempre por perto, é ele quem está disponível para qualquer coisa, a qualquer hora, mas é o Damon quem ela sempre desculpa, com quem ela se ri perdidamente, de quem ela sente umas saudades loucas.

O pior dos cenários é que de nenhuma forma a consigo criticar nesse único aspecto, porque a verdade crua é que eu padeço do mesmo mal, da mesma doença. Stefan disse que faz um ano que não se toca no nome dele e tem razão, mas ele não faz a mínima ideia que não passa um dia em que eu não pense nele.

Dei imensas voltas na cama e o sono simplesmente não vinha. Durante um tempo imenso, que me pareceu terem sido várias horas, fixei o tecto, tentando adormecer. Fiz um esforço enorme por afastar os pensamentos e as angustias que me consumiam. Por fim o meu corpo acabou por ceder ao cansaço e cai num sono profundo.

Acordei estranhamente sobressalta e confusa. Alguém me tocava suavemente no rosto. Abri os olhos a custo e encarei Stefan que me olhava fixamente.

- Bom dia minha linda… - Murmurou ao meu ouvido.

- Bom dia.

- Acordei cedo e dediquei-me ao meu passatempo favorito, ver-te dormir – disse-me sorrindo-me.

Inclinei-me para ele e beijei-lhe suavemente os lábios.

- Desculpa por ontem. Estava um pouco fora de mim – Explicou-se.

- Já passou…

- Eu não queria que ficasses sentida comigo. Não queria ter falado daquela forma contigo. Tu não tens culpa nenhuma – Disse depois de me beijar abrangentemente.

- Não vamos mais falar sobre isso.

- Eu agora não estou com vontade de falar. Estou cheio de vontade desse teu corpo que me enlouquece – Disse-me provocador puxando-me para próximo dele.

Colocou-se sobre mim, encaixou-se no meu corpo e começou a beijar o meu pescoço. Fechei os olhos e senti o seu corpo excitado colado ao meu. A mão dele começou a deslizar pelas minhas pernas até ao interior da minha camisa até chegar ao meu seio e beijou-me avidamente.

Num impulso que fui incapaz de conter coloquei as mãos com força sobre o seu peito, afastando-o de mim.

- Agora não Stefan – Disse com dificuldade em encará-lo – Já estou atrasada e tenho uma marcação com uma cliente importante.

- Tudo bem – Proferiu desiludido dando-me um último beijo rápido nos meus lábios antes de se afastar de mim.

Levantei-me da cama o mais rápido que consegui e enfiei-me na casa de banho. Não sei o que se está a passar comigo. Eu penso que vai melhorar, esforço-me por melhorar mas a cada dia que passa o problema só aumenta. Em adolescente eu adorava sexo. Adorava fazer amor, uma e outra vez, sem nunca me cansar.

Olhei-me ao espelho e encarei o meu triste e frustrado reflexo. O meu corpo parecia estar morto. Não respondia aos toques e carícias dele. Eu simplesmente não conseguia sentir nada, ter nenhum prazer.

Procurei não pensar mais no assunto enquanto tomei o meu habitual banho que água quente e arranjei-me.

Quando desci Stefan já tinnha preparado o pequeno-almoço e esperava por mim na mesa.

- Não vais para o escritório hoje?

- Só de tarde. Estás sempre a queixar-te que estou demasiado ocupado. Resolvi tirar a manhã só para nós mas parece que calhou mal.

- Realmente foi. Desculpa – Disse-lhe, sentindo-me verdadeiramente culpada.

- Pelo menos podemos ir jantar fora só os dois?

- Hoje tem o churrasco na casa da Jenna, eu tinha-te dito…

- Esqueci-me completamente. Quem vai?

- O pessoal todo… - Expliquei, fingindo que não vi os olhos dele revirarem e a sua expressão de contrariado.

O tempo passou rápido. Passei o dia todo muito ocupada a correr de casa em casa, de visita a clientes. Estava feliz por o negócio estar a correr verdadeiramente bem. Comecei a fazer pequenos trabalhos e agora tinha-me tornado numa decoradora requisitada. Fazia aquilo que mais gostava, sentia por vezes como se o meu trabalho fosse o melhor do mundo. Empregava o meu esforço, dedicação e dava o melhor de mim em cada trabalho. Foi necessário muito trabalho para chegar até aqui mas agora sinto-me plenamente realizada, profissionalmente.

Quando sai da loja Stefan já estava á minha espera.

Fomos os últimos a chegar. A casa já estava numa verdadeira animação. Alguém até já tinha tratado de por uma música bem animada a ecoar pelo ar.

Cumprimentei todos com um aceno e deu um beijo carinhoso no rosto da Jenna que estava entretida na cozinha de volta da preparação da salada. Stefan depois de cumprimentar todos sentou-se no sofá a ver televisão.

- Tudo bem querida?

- Tudo bem. O Alaric está empenhado no churrasco – Brinquei.

- Ainda bem que o Jer está lá com ele a garantir que temos jantar – Respondeu, fazendo-me rir.

Sai para o jardim e juntei-me a Caroline e Bonnie. Observamos divertidas os rapazes de volta do churrasco.

- Bem isto está mais para treino para a despedida de solteiro do que para churrasco – Brinquei.

- Onde está o Stefan? – Perguntou Caroline.

- Lá dentro a ver televisão – Disse não conseguindo esconder o tom de aborrecimento.

- Ele podia vir até aqui… - Insistiu Caroline.

- Deixa-o estar – Defendeu-o Bonnie.

- Para quando é o teu casamento Car? – Perguntei depois de observar um olhar apaixonado que ela lançou ao Tyler,

- Não sei… - Murmurou tristemente – Vocês sabem que o Tyler é como tu Elena, não concorda muito com essa história de casamento, acha que vai estragar o relacionamento fantástico que já temos.

Encolhi os ombros e preferi não comentar. Elas não sabem e eu preferi não tocar no assunto. Tenho os meus fortes e particulares motivos para rejeitar a ideia do casamento.

            O jantar foi perfeito, uma verdadeira animação. Adoro profundamente estes momentos em que podemos estar todos juntos. Todos temos as nossas vidas, os nossos empregos, e nem sempre é possível fazer estas reuniões. Eu procuro aproveitar ao máximo estas ocasiões e a companhia dos meus amigos e família que eu tanto adoro.

            Depois de termos ajudado a Jenna a arrumar tudo, estávamos agora na mesa do jardim numa troca animada de conversas.

- Vamos jogar “pictionary” – Sugerir Caroline animada.

- Por mim tudo bem – Disse animada com a ideia.

- Não podemos Car, falta aqui o Damon… – Disse Bonnie divertida, com uma espontaneidade completa.

            - Vocês lembram-se daquela dança do hula hula que ele uma vez fez? – Perguntou o Jer perdido de riso.

            - Foi demais… - Gargalhou Bonnie - Ele nunca foi capaz de perceber as regras do jogo. Não se limitava a desenhar, fazia mímica. Era de rir…

            No entanto, reparei que ela parou de rir repentinamente quando olhou para mim e eu pude perceber que ela se sentiu culpada por ter trazido para a conversa aquelas lembranças. Olhei para o Stefan que estava claramente incomodado com o rumo do assunto. Pouco depois os outros aperceberam-se da situação e mudaram o tema da conversa.  

            Acabou por não se jogar devido ao constrangimento que ficou no ar. Pouco tempo depois todos começaram a ir embora, até porque amanhã é dia de trabalho.

            Quando chegamos a casa o Stefan subiu para o escritório porque ainda tinha que ver alguns processos e eu ainda fiquei a ver um pouco de televisão.

            Decidi subir para o quarto e pouco depois ele juntou-se a mim.

Quando nos deitamos, ele aproximou-se e eu soube que queria retomar o assunto que eu tinha deixado pendente de manhã. Só que agora eu não tinha como fugir, não tinha qualquer desculpa para dar, não havia como negar-me. Senti rapidamente a frustração do costume invadir-me e aumentar a cada toque mais evasivo. Ele não fazia o meu corpo formigar, pelo contrário, deixava-me tensa.

Pude sentir a sua excitação, o seu desejo pelo meu corpo, os seus beijos abrangentes e eu simplesmente não consegui fazer nada. Não sinto necessidade dele dentro de mim porque aquilo deixou de me satisfazer. Já não consegui gritar de prazer, tremer de deleite como acontecia dantes numa cama diferente, com uma outra companhia, anos atrás.

Abri as pernas e ele encaixou-se no meu corpo rígido e começou a mover-se, beijando-me. O seu rosto estava colado ao meu e ele gemia baixinho ao meu ouvido. Quis poder gemer como ele, sentir o prazer que ele parecia estar a sentir. Senti-me ridícula e envergonhada.

Houve um tempo em que eu pensei que não ia aguentar de tanto prazer que o meu corpo sentia. Em que eu era obrigada a morder os lábios para não gritar. Agora tudo o que podia fazer era fingir.


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Notas finais do capítulo

Então? Alguém gostou?

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Beijinho

Ana



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