Samantha! escrita por Maluh


Capítulo 6
Capítulo 6 - Meu namorado, um irmão


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Capítulo 6 – Meu namorado um irmão!

         Depois de alguns copos de água com açúcar eu me acalmei. Meus pais queriam me explicar tudo, mas eu pedi um tempo sozinha para pensar. Eu simplesmente não sabia por que o Lucka era o meu irmão, mas não era uma mentira. Minha mãe costumava mentir para mim às vezes, mas meu pai nunca mentiria para mim. Eu vi nos olhos dele que não era uma mentira.

         Eu estava sentada na cama do meu quarto e ouvi meu pai sussurrar “Vamos entender se você não quiser ir à escola amanha”. Isso me aliviou bastante. Olhei o relógio e vi que eram sete horas. Tive que ligar para o Lucka. Mesmo chorando eu tinha que cancelar o nosso encontro.

         - Oi amor, já está na hora? – perguntou Lucka no telefone. Me segurei para não chorar ainda mais.

         - Oi – eu disse. – Ainda não, mas vamos ter que cancelar.

         - O que ouve? – ele perguntou. Depois as lagrimas começaram a rolar. Sorte que eu já havia inventado uma desculpa para cancelar.

         - Minha mãe apareceu aqui. E brigamos feio. Não quero sair de casa, não estou com cabeça para isso.

         - Quer que eu vá ai só para te ver?

         - Não precisa – eu disse chorando. Eu queria do fundo do coração dizer sim, mas eu não podia fazer isso. Era errado.

         - Tem certeza?

         - Tenho Lucka. Amanhã eu não vou para aula. Se alguém perguntar por que eu não fui, diga que fiquei doente.

         - E por que você não vai?

         - Por que eu e ela discutimos feio e ela tem algo importante para me explicar. Eu só pedi para ela não me contar hoje.

         - Explicar o que?

         - Depois eu te digo. Boa noite.

         - Boa noite. Eu te amo, Sam – fiquei um tempo sem responder. O choro me impediu de continuar. Respirei fundo e respondi.

         - Eu também – depois desliguei. Eu não menti. Eu amo o Lucka, amo demais.

         Por isso doía. A idéia de amar ele era tão forte e tão linda, mas eu não podia estar apaixonada pelo meu irmão. Isso era simplesmente errado. Minha mãe tinha razão. Não era certo, não era natural eu estar apaixonada por ele.

Música: Plumb – Cut

(http://www.youtube.com/watch?v=diaHnF-zfEg)

         De tudo o que já me havia acontecido, aquilo era pior. A dor que eu senti quando o Juan me queimou brutalmente não era tão brutal se comparada ao que eu estava sentindo agora.

         A dor física é muito dura e só os fortes agüentam. Mas a dor emocional era para os super fortes. E eu podia ser forte, mas super forte e passar por esse problema de cabeça erguida não era tão simples como parecia..

         Ninguém sabe pelo que eu estou passando. Ninguém nunca sentiu o que eu estou sentindo. Ninguém nunca se apaixonou pelo irmão. Isso só acontece em filmes. A probabilidade de isso acontecer é de uma em um milhão.

         E isso veio acontecer em Cleveland, Ohio. Logo comigo, Samantha Howard. Eu desejava profundamente que isso nunca acontecesse com ninguém. Eu nunca desejaria algo tão nojento a qualquer ser humano na terra, ou melhor, em todo o planeta.

         Perdi a noção do tempo. E pensando na minha vida eu acabei pegando no sono. Quando acordei já era dia. Me levantei e fui ao banheiro. Tomei um banho quente e demorado. Coloquei um pijama do Bob Esponja. Fui até a cozinha e meu pai estava sentado no sofá conversando pelo telefone e minha mãe lavava a louça que provavelmente eles sujaram no café. Fui até a prateleira e peguei o cereal, mas minha mãe me interrompeu.

         - É muito tarde para comer porcaria – ela disse e fechou a torneira da pia.

         - Que horas são? – perguntei.

         - Agora é uma hora da tarde – disse o meu pai que se levantou e me abraçou.

         - Eu dormi tudo isso?

         - Não queríamos te acordar – falou meu pai ainda me abraçando.

         - Você quer comer? Fiz lasanha – disse minha mãe.

         - Eu adoraria mãe – eu disse e fui me sentar no sofá com meu pai. Eu nunca seria maluca ao ponto de parar de comer só pelo que aconteceu. Posso ser tudo menos suicida, sem falar que a lasanha da minha mãe é a melhor lasanha do mundo.

         - Pai, ontem eu fui a cada da Sr. Hill. Se ela citar que eu fui lá pegar algumas informações, confirme se puder – eu disse.

         - E o que você foi fazer lá? – ele me perguntou.

         - Fui pegar o caderno do Augustin que o Kean Hill havia roubado e precisava de uma desculpa para entrar.

         - Tudo bem – ele disse.

         - Seu pai me contou sobre você estar trabalhando com ele – disse minha mãe e colocou o meu prato na mesa. O que me fez ir até lá comer e o meu pai foi também e se sentou ao meu lado. Ele só ficou lá me olhando, não comeu. – Acho bem legal você ajudar ele.

         - Obrigada mãe – eu disse e comi. O gosto caiu bem, mas devo admitir que não estava com fome. Eu estava comendo para agradar os dois. Comi o necessário para eles acreditarem que eu estava querendo comer. Tomei uma golada de suco de maracujá.

         - Quer mais? – perguntou minha mãe.

         - Não precisa – eu disse. – Acho que agora podemos conversar.

         - Se você quiser, podemos conversar depois – disse meu pai. – Vamos te dar o tempo que precisar.

         - Eu não quero me torturar mais. Eu fico criando histórias malucas na minha cabeça tentando entender a razão do Lucka ser meu irmão. São tantas histórias que daria um livro “Motivos e razões do meu namorado, Lucka ser meu irmão”. Daria um bom livro – mesmo com toda essa loucura me acontecendo eu ainda tinha senso de humor. Sentamos no sofá e minha mãe começou.

         - Como você já sabe, seu pai e a mãe do Lucka, Elena namoravam na época do colegial – ela iniciou.

         - Certo, eu sei.

         - Eu me casei com o seu pai quando você tinha um ano. Antes disso seu pai e eu só namorávamos. Nessa época seu pai era meio fútil e ele estava comigo e mantinha casos com Elena que namorava Carlos Hénaff.

         - Não quero que você fique com algum receio de mim. Eu era idiota naquela época. Eu nunca trairia uma mulher hoje em dia.

         - Tudo bem pai – eu disse. – Continue mãe.

         - Eu e Elena engravidamos na mesma época. Quando você tinha 10 anos eu estava conversando com Elena e ela me disse que antes de Lucka nascer, ela tinha problemas para engravidar e segundo ela, Carlos não podia ter filhos. Ele só descobriu essa incapacidade de ter filhos depois de ter o Lucka. Por isso Elena não teve mais filhos e por isso ela disse que teve sorte por ter Lucka antes de Carlos perder a capacidade de ter filhos.

         - E como ele é meu irmão?

         - Não se aprece – disse o meu pai.

         - Quando você tinha 15 anos eu conheci o Juan e me apaixonei por ele na mesma época em que você começou a namorar com o Lucka. Melissa Swan, uma amiga minha do colegial e urologista estava conversando comigo sobre o que eu estava sentindo sobre o Juan e ela me contou a verdade, Carlos Hénaff nunca pode ter filho. Ela era a médica dele e disse que quando ele tinha 17 anos perdeu a capacidade de filhos, mas a mãe de Carlos pediu para ela nunca lhe contar.

         - Eu ainda não entendi.

         - Seu pai era o único homem que tinha relações sexuais com Elena, além de Carlos, o que o torna Martin...

         -... pai do Lucka – eu disse e olhei para o meu pai. Ele estava triste. Eu via em seus olhos que ele estava arrependido do que fez. Eu o perdoei de imediato.

         - Isso mesmo – disse minha mãe.

         - Eu sinto muito, Samantha. Eu nunca quis te magoar. Nunca me passou pela cabeça que ele era seu irmão e que ele podia ser meu filho. Eu sei que deve estar sendo difícil para você descobrir que Lucka é seu irmão – disse o meu pai.

         - Eu te perdôo pai – eu disse e o abracei. – Não é a sua culpa. Não há culpados. Somos vitimas – comecei a chorar. Não como ontem, mas chorei. – Quando vocês vão contar para o Lucka?

         - Não estávamos pensando em contar – disse meu pai. – Não agora. Queremos que você se acalme e quando você superar isso, nós acharemos uma maneira de contar ao Lucka.

         - Elena sabe de algo? – perguntei.

         - Não – respondeu minha mãe. – Pelo menos eu acho que não.

         - Eu vou ter que terminar com o Lucka – eu disse chorando. – Só não sei como fazer isso. Não posso terminar com ele sem um motivo e também não posso ignorar ele. Ele nunca vai me perdoar.

         - Diga que eu impedi vocês – falou minha mãe. – Diga que vai ser temporário. Que vocês só vão estar dando um tempo, até que eu fiquei convencida de que ele é um bom garoto para você. Depois de um tempo distantes ele vai perceber que vocês não têm mais futuro.

         - Obriga mãe – eu disse e a abracei. Fiquei abraçada aos dois durante algum tempo. Depois fui para o meu quarto e dormi novamente. Eu sabia que ainda era dia, mas dormir não era pecado.

         Acordei com o telefone tocando. Vi no visor e comemorei por não ser o Lucka. Era apenas Sophie.

         - Oi – eu disse.

         - Tudo bem com você? Lucka disse que você ficou meio doente e não pode vir para a aula.

         - Estou bem – menti. Eu não estava nada bem.

         - Que bom – ela disse. – Augustín disse que depois você pode devolver o caderno para ele. Sem pressa.

         - Ele disse isso? – eu duvidei muito que isso tinha saído da boca do Augustin, ele era muito ansioso.

         - Não exatamente assim, mas eu o convenci a pegar o caderno quando você estiver bem.

         - Você é demais, Sophie – eu disse e ri, tentando parecer eu mesma.

         - Um garoto, o novato Patrick Evan estava procurando por você e disse que precisava falar com você. Então eu dei seu telefone para ele. Algum problema? Você o conhecia?

         - Sem problema – respondi. – Eu o conheço. Fui eu quem mostrou a escola para ele ontem.

         - É você tinha me dito, mas eu me esqueci desse detalhe – ela disse e riu.

         - Tenho que desligar – eu disse. – Estou melhorando ainda, não estou completamente bem.

         - Tudo bem, me ligue se precisar.

         - Tudo bem – eu disse e desliguei.

         Deitei novamente, mas o sono não vinha. Eu esperava o sono, mas ele tinha tirado férias. Caramba, o que eu faria agora? Internet? Não. Dever de casa? Não. Algum caso? Com certeza não. Minha vida estava um tédio, até que o meu celular tocou.

         - Alô – eu disse. O numero era desconhecido o que fez com que eu pensasse que fosse o Patrick.

         - Samantha? – perguntou uma voz masculina.

         - Sou eu. Quem fala?

         - É o Patrick – ele disse e por algum motivo riu.

         - Oi, Pack – eu disse na maior intimidade. – Tudo bem?

         - Tudo. E com você?

         - Estou levando – o que foi uma surpresa porque era meio verdade. – A que devo a honra da ligação?

         - Você disse para eu avisar quando eu fosse tocar. E eu estou te convidando para ir me ver tocando se puder. Eu sei que é estranho tocar em plena terça-feira, mas eu sempre toco em dias da semana.

         - Que horas exatamente?

         - O show começa as nove, mas pode chegar antes se quiser. O show é no MTVC bar, conhece?

         - Conheço – respondi.

         - Então, você vai? – ele perguntou. – Agora me lembrei que você está meio mal. Não sei por que ainda estou te convidando.

         Eu pensei a respeito. Obviamente eu não estava com cabeça para sair. Mas por que não? Eu estava em tédio e ir a um show seria legal. Meu pai deixaria, eu tinha certeza.

         - Eu vou – eu disse. – Mas, será que você pode vir me pegar? Eu não estou muito a fim de dirigir.

         - Pode ser. Onde você mora?

         - Na Rua Bernaditti, número 15 – eu disse.

         - Eu te pego as 8 – ele disse. – Algum problema de andar de moto?

         - Nenhum. Na verdade eu adoraria andar de moto.

         - Então até as 8 – ele disse e desligou o telefone.

         Fui até a sala e pedi para o meu pai para eu ir ao show. Ele obviamente deixou. No relógio era sete o que me levou ao banheiro. Algum tempo depois eu estava pronta. Depois, Patrick chegou para me buscar.

         Andar de moto era maravilhoso. Era como se o mundo estivesse falando com você. Como se você fosse livre. Por algum tempo esqueci dos meus problemas.

         O show foi muito divertido. A banda do Pack tocava e cantava muito bem. Quando o show acabou, Lucka me ligou. Tive que sair do bar para ouvir. Ele perguntou se eu estava bem e que queria me ver. 

Patrick foi me levar para casa e pedi no caminho para ele passar na casa do Lucka. Era agora ou nunca. Eu tinha que aproveitar que eu estava bem devido à diversão que eu tive. Bati na porta e Lucka me recebeu com um abraço e me convidou para entrar, mas eu recusei e pedi para ficar fora.

- O que o novato faz aqui? – perguntou Lucka quando viu o Patrick do outro lado da rua.

- Ele me trouxe – eu disse. – É uma longa história.

- Por que você não entra? Está frio aqui fora.

- Precisamos conversar – eu disse.

- Tudo bem. O que ouve?

- Você sabe o quanto a minha mãe não gosta de você. E ela está com raiva, mal e... nos impediu de namorar.

- O que? – perguntou Lucka zangado. – O que ela tem contra mim?

- Eu não sei – disse. – Eu não quero brigar mais com ela, Lucka. E você vai querer me matar com o que eu vou dizer agora e saiba que eu estou com vontade de me matar por dizer, mas temos que terminar.

- Sua mãe não pode nos separar. Eu não vou terminar com você.

- É temporário Lucka. Vamos dar um tempo para que ela perceba o quanto você é um bom garoto para mim. Não vai ser tanto tempo assim. Só vamos terminar até ela parar com essa paranóia.

- Podemos só fingir – ele sugeriu. Vi que ele estava se segurando para não chorar.

- Ela iria descobrir – eu digo. – Você sabe que eu te amo e saiba que eu estou fazendo isso por nos dois.

- Você só quer terminar comigo – ele disse chorando e zangado. – Você não me quer mais e está usando a sua mãe como desculpa para terminar comigo. E não tem nem vergonha de trazer o seu novo garoto aqui com você.

- Não fale isso, Lucka. Eu conheci o Patrick ontem. E ele me levou para ver o show dele. Não pense besteira.

- Vocês podem até não estar juntos. Mas eu vejo que você está mentindo para mim com a história da sua mãe.

- Não estou mentindo – comecei a chorar e a discutir com ele. Era estupidez, eu estava mentindo e pela primeira vez eu não consegui mentir direito. Eu sou uma idiota.

- Claro que está. Mas tudo bem. Tudo o que dizem sobre você é verdade. Você não é mais a garota que eu conheci há dois anos. Você mudou, só pensa em você e no seu trabalho de espiã. Pelo menos você teve a decência de vim terminar comigo antes – doía ver o Lucka chorar.

- Deixe-me explicar – tentei falar, mas ele não deixou.

- Não quero saber. Saia daqui.

- Lucka...

- SAI DAQUI – ele gritou e bateu a porta na minha cara.

Durante algum tempo fiquei ali sem reação, mas depois eu simplesmente fui em direção ao Patrick que viu toda a cena, mas teve a inteligência de não me perguntar nada. Durante o caminho de casa eu tentava não chorar. Eu estava guardando para quando fosse dormir. Na frente de casa, eu desci da moto, tirei o capacete e falei.

- Obrigada pela noite, foi bem divertida. E obrigada por ter me levado a casa do Lucka – disse.

- Tudo bem – ele respondeu e pegou meu capacete e desceu da moto.

- Nos vemos na aula – eu falei e fui entrando, mas Patrick impediu e pegou meu braço. – O que foi?

- Não é da minha conta, mas o que ouve lá com o seu namorado?

- Terminei com ele – eu disse. – Motivos pessoais.

- Eu sinto muito – ele disse e largou o meu braço. Olhando nos meus olhos ele se sentou na moto (sentou e não montou). – E você está bem? Ahh...! Pergunta idiota.

- Bastante idiota – eu disse e ri, mas logo depois comecei a chorar. Patrick me olhou chorando e se levantou. – Eu não estou nada bem.

- Eu sei – ele disse e me abraçou.

E assim eu terminei o meu dia. Abraçando o novato da minha escola que eu havia conhecido no dia anterior. Eu não reclamei quando ele me abraçou. Naquele momento o que eu mais queria era um abraço e foi como se ele tivesse lido os meus pensamentos, me abraçou. Ali eu fiquei durante um bom tempo.

Quando eu era criança eu li uma vez “Quando caímos os fortes se levantam de cabeça erguida e os fracos permanecem no chão”. Eu claro não entendia, mas hoje eu sei que eu nunca gostaria de ser um dos fracos. Eu nunca fui.

Quando o Juan me agrediu, eu continuei de cabeça erguida. Quando todos na escola me criticaram eu permaneci forte. E agora, que eu descobri que meu namorado – agora ex – é meu irmão, a regra não mudaria. Eu seria um dos fortes e me ergueria e continuaria a andar de nariz em pé, como se nada tivesse acontecido, mesmo que o mundo estivesse caindo ao meu redor. Samantha Howard era forte, é forte e sempre vai ser forte.


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Notas finais do capítulo

Eu meio que desanimei pra continuar postando essa fanfic, mas vou com ela até o final, por que não vou desistir dela tão fácil assim.



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