Eat Me escrita por bruna_soave


Capítulo 17
Sheol




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Eu estava sentada na beira do lago, tomando um pouco de sol. Usava óculos escuros, pois os raios solares ainda machucavam meus olhos.

De ralance, vi Die correr até o lago, e dar um salto gigante, caindo perfeitamente na água. Uns 10 segundos se passaram até ele voltar a superficíe, sorrindo pra mim.

Seus cabelos, negros como a noite, estavam caindo sobre seus olhos, deixando-o com um ar ameaçador. Não que ele já não fosse ameaçador, mas você me entendeu.

Ele então saiu da água, caminhando até mim. Seu corpo era perfeito, o que me fez ter pensamentos indevidos. Ser anjo era mais difícil do que imaginava.

- Não vai entrar na água? - Ele disse, sentando-se ao meu lado.

Claro que eu não podia. Die iria ver que minhas cicatrizes não existiam mais. E que resposta eu daria? Enquanto eu não tivesse uma, eu iria recusar qualquer convite para ficar semi-nua (ou nua) na frente de Die.

- Acho melhor não, estou com um pouco de frio. - Mas a verdade era que eu não sentia frio coisa nenhuma.

Die entortou um pouco a boca.

- Venha para o jantar. - Ele se levantou, caminhando para dentro de casa. - Vai ter sua comida favorita.

Mais mentiras. Ser anjo é um saco.

Eu não sentia mais fome, mesmo vendo aquela enorme mesa, cheia de comida, monta somente para mim. 

Ao contrário dos anjos, os demonios comiam. E como comiam. Apreciavam, principalmente, vinho e carne. Não seria diferente.

Eu tinha que comer, mesmo não querendo. A comida não me causava repulsa, eu só não tinha mais vontade de come-la.

- Não tocou no seu prato. - Ele observou, tomando um gole do seu vinho.

Olhei para ele, que sorria levemente.

- Desculpe. - Disse, pegando o garfo e o espetando na carne. - Estava apenas pensando. - Mordi, mastiguei e engoli, muito naturalmente.

Não era certo anjos comerem carne. Jesus sempre dizia "devemos comer apenas animais de sangue frio". Mas se eu recusasse, bem, você poderiam imaginar.

- Pensando em que? - Ele perguntou, me encarando.

Suspirei.

- Em como minha vida mudou. - Comi mais um pedaço, e Die me olhou. - Nesses últimos anos.

Die sorriu, apoiando sua cabeça nas mãos.

- Parece que foi ontem que você era uma garotinha indefesa. - Ele disse, com o orgulho de um pai. - Fico feliz por ter participado da sua... evolução.

O encarei por breves segundos, tentando achar sentido naquelas palavras. Relaxei.

- Conte-me sobre o Inferno. - Perguntei, direta, e Die engoliu seu vinho rápido, me olhando em dúvida. - Ande, quero saber.

Ele levantou de sua cadeira, e eu o segui. Andando com a pose de um Deus, ele começou:

- Sheol. - Ele pronunciou um nome até então desconhecido por mim. - Ou como os humanos o chamam, Inferno. É a camada mais profunda do Tecido da Realidade. Os anjos o chamam de Porão. - Ele andava de um lado para outro enquanto falava, com as mãos atrás de seu corpo, os dedos cruzados. - Lucifer, o Aracanjo Negro, fez do Sheol seu Reino. Lá, todas as almas perversas são escravizadas e torturadas.

- Há castas também, como no Céu? - Perguntei.

- Sim, são chamadas de Ordens. Há a Ordem dos demônios guerreiros, feiticeiros, os da sedução, conhecidos como Succubus, que é a Ordem dos demonios femininos da sedução, e Inccubus, a Ordem dos demonios masculinos da sedução. Lilith lidera a primeira, e a segunda, Asmodeus. 

- E Lucifer comanda tudo, então? Ele é tipo o Deus do Sheol? - Perguntei, encarando os olhos de Dougie.

Dougie, por sua vez, sorriu, encarando-me com calor. Aproximou-se lentamente de mim, dizendo no meu ouvido.

- Exatamente. - Ele sussurrou. - Aconselho tomar cuidado com ele. - E sumiu, me deixando ali, com muitas perguntas e poucas respostas.

Eu precisava falar com Miguel.


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