Amigas Inseparáveis escrita por Rafaakis2


Capítulo 10
Conversas




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                 Quando as aulas acabaram fui direto para a saida/entrada da escola, sentei no chão esperando minha mãe aparecer, e comecei a lembrar da minha resposta na aula de Artes Cênicas, como eu sabia a resposta e será que isso é por causa de minha falecida amiga Carmen?

                 - E ai? - Carlos me interrompeu nos meus pensamentos e sentando ao meu lado.

                 - Oi! - Respondi rapidamente.

                 - O que faz aqui fora? - Ele perguntou tão fofo.

                 - Esperando minha mãe. - Nessa hora eu comecei a me levantar e ele também.

                 - Nossa! Do que eu saiba não há nenhum carro passando agora. - Ele olhou com difilcudade para enxegar o final da estrada.

                 - E por isso mesmo... Vou a pé! - Percebi que minha mãe não iria mais chegar.

                 - Ela está te esperando aonde? Dependendo do lugar eu te acompanho... - Se a mentira fosse verdade, eu aceitaria, mas não era e neguei, sabia que ele era um bom cavaleiro.

                  Deixei ele plantado na calçada, e segui em diante tentando não olhar para trás e ver sua linda face me encarando... E voltei a falar com os meus pensamentos.

                  A resposta tinha mesmo vindo de Carmen? Será que ela já tinha chegado na "noite" de sua vida, ou apenas estava começando a sua "tarde"? Eu queria saber, eu precisava vê-lá... Será que eu consiguiria pensar ou sonhar igual aquela noite no hospital e falar com ela? Já sei o que farei, tentarei dormir e tentar falar com ela.

                  Nem percebi que já havia chegado em casa, tirei o meu casaco e coloquei na sala de estar e fui para cozinha, estranho, não havia ninguém lá... Subi a escada e fui para o meu quarto e também não tinha ninguém lá... Decidi dormir e pensar na Carmen...

                   Demorou muito para eu perceber que estava sonhando, eu estava no jardim da escola e vi Carmen sentada perto de uma coluna...

                   - Carmen! - Ela virou-se para mim e levantou e me abraçou.

                   - Há quanto tempo! Estou feliz que esteja intera! Como você está?

                   - Péssima! - Respondi na hora.

                   - Por quê?! - Ela perguntou preocupada.

                   - Estou com saudades de você e estou me isolando e faz tempo que não pego ninguém... - Falei sem pensar.

                   - Por quê?! Olhe, não se isole só porque eu era sua melhor amiga, você pode fazer mais amizades e pense bem, é melhor e você está com muito pouco tempo.

                   - Como assim?! - Perguntei ansiosa e nos duas nós sentamos na mesma coluna.

                   - Você está com Leucemia, logo não terá mais tempo de fazer mais nada, aproveite o melhor possível antes que seja tarde, e nem pense em ir ao hospital e disser ao médico: Preciso de magia que me cure! - Ela falou em um tom tão engraçado que não pude esconder a minha risada - Porque isso não vai adiantar, passar esse pouco tempo no hospital sem aproveitar, não dá né?

                      - É verdade! - Concordei com ela - Não posso mais ficar presa assim e quanto tempo você acha que eu tenho? - Ela olhou para mim e falou:

                      - Não viva a vida através das minhas profecias, eu sei, mas não quero te contar, será melhor assim... - Ela levantou,virou-se de costas e continuou - Viva a vida e seja feliz! Nós nos vemos de novo, beijos e fique com o Carlos, ele te merece! - E assim ela desapareceu com um luz atravessando os meus olhos.

                        Fui acordada por minha mãe, ela falou que estava lá embaixo com o meu pai, concordei meio confusa, mas concordei. Desci as escadas com o cabelo horrível.

                        - Oi, filha! - Falou o meu pai me dando um abraço e um beijo na minha cabeça.

                        - Oi! - Falei ainda meio sonolenta.

                        - Sente-se filha, precisamos conversar! - Sabia que minha mãe ia falar isso.

                        - Filha, eu e sua mãe estavamos querendo que você começasse a fazer alguns tratamentos ou exames para poder ter mais tempo! - Nessa hora percebi que ter conversado com Carmen foi bom!

                         - Ótimo, mas eu não vou! - Meus pais se entreolharam e perguntaram juntos:

                         - Por quê?! - Cruzei os braços e respondi:

                         - Para o porquê eu ficar lá no hospital fazendo exames e tratamentos ao invés de aproveitar cada segundo do que me resta aqui na terra?! - Eles ficaram de cabeça baixa e minha mãe disse:

                         - Filha, você terá mais tempo não será bom?

                         - Não, não será, eu já vou morrer, para quê atrasar mais? Vocês pensam que eu irei chegar até a "noite" da minha vida? É claro que não, eu queria, mas ela só irá até a "tarde" dela, infelizmente! - Meus pais ficaram confusos e perguntaram:

                         - O que você está falando?

                         - Estou falando de aproveitar a vida melhor, a Carmen não teve essa oportunidade como eu estou tendo e eu não tenho uma máquina do tempo para voltar para trás. E mesmo se eu tivesse eu iria voltar no tempo e impertir aquela acidente... Mas não tenho, quero ir a praia, nadar, jogar vôlei, montar em algum cavalo sendo que nunca montei em nenhum... Por favor, fazem isso por mim! Foi a "única" coisa que eu estou pedindo a vocês! - Dessa vez eu não estava mentindo, foi a primeira vez mesmo!

                          - Ok! Vamos á praia! - Meu pai bateu as suas mãos e estava confirmado, mas minha mãe olhou e o interrompeu:

                          - Mas o quê?

                          - Qual é? É a primeira vez que ela nos pede alguma coisa e é um pedido dela e não o nosso! Vamos a praia e ponto final! - Quando o meu pai fala: " ponto final" é porque estavamos decididos mesmo.


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