Pov. Maria

Eu mal podia acreditar que Jasper havia voltado. Nestes mais de cinqüenta anos que ele não esteve aqui, as coisas pioraram muito e por muito pouco eu não estava morta. Se tinha uma coisa que eu tinha percebido era que eu precisava de Jasper pra vencer. Antes de sentir o cheiro dele, eu estava fugindo - Alguns inimigos meus tinham se aliado e juntos derrotaram meu exército de recém-criados e agora estavam vindo pra me matar. Não havia a menor possibilidade de conseguir fugir ou ganhar deles. Mas, aí senti o cheiro dele e senti esperanças: Se Jasper se juntasse a mim nessa luta poderíamos vencer, já que somente meus quatro piores inimigos seguiam meu rastro.

Quando falei com Jasper, ele estava estranho: Tinha os olhos amarelos e apesar de estarmos no meio de uma floresta, ele estava impecavelmente bem vestido, suas roupas pareciam novas e ele parecia muito civilizado – quase como um humano. Mas, o mais desesperador foi o modo que ele falou comigo, sua voz trazia rancor e ele havia se esquivado do meu beijo - o que me deixou chocada.

Agora eu estava chorando. Eu estava apavorada e apesar de achar isso humilhante, não consegui deixar de soluçar mais e mais. Jasper me olhava confuso, e de repente olhou mais intensamente pra mim – Nesse momento, fiquei extremamente calma, todo o meu medo e desespero desapareceram tão rápido como se ele estivesse apertado um interruptor. Era Jasper. O poder dele havia evoluído muito, por sinal.

-Calma. Por que você estava com tanto medo, Maria?- Ele falou tombando a cabeça pro lado e apertando os olhos, curioso.

-Meus inimigos se aliaram, acabaram com meu exército e agora vão me matar. – Apesar de saber que deveria estar desesperada, eu permaneci serena, graças a Jasper.

-Hmm... Por isso estava tão estranha. Entendo. Bom, eu tenho que ir. – Jasper falou calmamente e virou as costas pra mim, tirando também a influência do seu dom e o meu desespero voltou com força total.

-Não! Por favor, Jasper! Me ajuda! Eu preciso de você, não entende? Eles vão me matar! Por favor! – Eu gritava em desespero.

-Por que deveria ajudar? Se me lembro bem, quando fui embora daqui você planejava me matar, Maria! – Ele falou com ironia. Eu precisava convencê-l o ou morreria. Me desfiz então da última coisa que eu tinha: meu orgulho. Tinha que fazer isso, o único jeito de fazer ele me ajudar era a piedade.

-Jasper, me perdoe. Eu sei que eu fui uma pessoa terrível com você, mas eu também já fui sua companheira um dia! – Ele fez uma careta de desgosto, ferindo meu ego. – Eu peço, por favor, em nome do que um dia você sentiu por mim que me ajude, Por favor! – Eu terminei implorando a ele. Essa foi, sem dúvida, a coisa mais humilhante que eu já fiz em toda essa minha existência de vampira.

POV Jasper

Maria realmente deveria estar em grandes problemas pra ter que se submeter à essa humilhação. Ela era a pessoa mais orgulhosa que eu já encontrei. Olhei por um instante aquela cena patética e, por mais que quisesse virar as costas e voltar pra minha casa, não podia deixar Maria morrer – Não quando ela havia me implorado assim.

Mas não tive tempo de pensar muito sobre isso, pois pouco tempo depois senti a aproximação de outros quatro vampiros, e pelo jeito que Maria se alarmou, deveriam ser os que caçavam ela. De má vontade, fiquei em posição de defesa e ela se postou a meu lado. Não tardou e os vampiros apareceram e olharam surpresos pra mim.

-Ora, ora... Como você é rápida! Já conseguiu um protetor assim tão rápido! Mas porque ele tem olhos amarelos?

-Olha, eu realmente não quero lutar conta vocês. Mas não posso deixar que matem ela, então porque não deixam ela em paz? – Interrompi. Na verdade, eu sabia que ele não iria me ouvir, mas não custava nada tentar. Além disso, precisava ganhar tempo. Agora que eu havia parado pra observar, senti meus poderes mais fortes do que nunca. Parecia que com tantas situações que mexeram com minhas emoções, meu dom se aprimorado – Quando foquei a raiva e a dor pensando que Alice havia me trocado por Alexander, meu dom de alguma forma aumenta e agora eu sentia que estava muito forte.

O vampiro riu, me tirando dos meus pensamentos e tentou me atacar. Com só um pouco da minha concentração, mandei uma onda de calma tão forte de calma tão forte que ele caiu - Parecia um animal selvagem atingindo por um dardo tranqüilizante. Todos os outros três recuaram um pouco e pareciam abismados com essa demonstração de poder. Bom, eu também estava pra falar a verdade.

-Ouçam, eu não quero lutar. Vão embora em paz e levem ele. Esta bem? – Falei para eles, que me olharam assustados e assentiram. Pude sentir que estavam aliviados por não terem que lutar comigo. Eles pegaram o companheiro caído e correram, deixando somente Maria e eu.

-Obrigada! Puxa! Quando você ficou tão forte assim? – Ela perguntou impressionada e com cobiça.

-Não importa. – Interrompi sem paciência. – Agora que já está segura, eu vou embora. - Falei virando as costas.

-Espere! Por que não fica comigo? Juntos, podemos conquistar todo o país! Quem sabe até a América! Já pensou Jasper? Vamos poder nos alimentar de todo o sangue que quisermos e mais!- Ela disse muito animada.

Pensei na proposta dela: Sangue humano. Isso foi a razão da minha existência por mais de um século. E por isso eu tive os piores momentos que eu poderia ter vivido. Por isso um dia eu fui um monstro. Mas há algum tempo eu desisti dele. Desde que encontrei Alice e minha existência fez sentido. Não, eu não queria sangue humano – Não queria ser o monstro que eu aprendi a odiar. Queria voltar pra minha família, pra Alice.

-Basta, Maria! Eu vou embora. Adeus. Fique bem. –Não a deixei responder, apenas fui embora. Voltava pra Alice.

POV Alice

Desde que Jasper partiu, eu tinha apenas ficado sentada e quase arrancando meus cabelos esperando qualquer decisão dele que me deixasse ver onde ele estava. Fiquei assim até a noite, quando finalmente tive uma visão dele – Jasper havia decidido voltar pra mim, mas Maria o encontrou e ia pedir pra ele enfrentar quatro vampiros experientes por ela. Quando a visão acabou, quase quebrei todo o meu quarto num acesso de raiva. Maldita seja! Eu odeio tanto ela! Ela ia colocar meu Jazz em perigo só pra proteger a vida miserável dela?!

-O que você acha que devemos fazer? – Edward já estava comigo, devia ter lido minha mente.

-Ah, não sei! Mas pro bem da Maria, espero que nada aconteça com meu Jasper! Não vai dar tempo de a gente ajudar ele!- Eu terminei com desespero.

-Alice, vamos lá de qualquer modo. – Ele disse inquieto. Mas foi interrompido por minha visão. Nela, Jazz tinha assustado pra valer os quatro vampiros. O poder dele tinha evoluído – E muito!

-Uau! Alice, como ele fez isso?! Isso foi o máximo! –Edward, como eu, estava muito impressionado.

-Vamos Edward! Vamos! Tenho que encontrar meu Jazz! Ele está indo pra fronteira com o México. –Eu já estava em movimento e sondando o futuro de Jasper: Maria propôs a ele a vida de sangue e guerra de antes e ele nem pensou realmente em aceitar! Eu estava muito feliz, pois o único caminho, o único futuro de Jasper era aqui, comigo.

Já estávamos quase no meio do caminho, Alex, Edward, Bella estavam vindo comigo. Pedi pra pararmos, Jasper então apareceu e sorriu pra mim.

-Alice?! –A voz dele era cheia de emoção, o que fez parecer uma pergunta.

-Jazz! Desculpe-me... - Eu ia começar a me desculpar por tudo, mas Jasper pôs um dedo nos meus lábios.

-Shh... Alice me perdoe. Eu tenho sido realmente infantil e idiota. Será que você consegue me perdoar mesmo sendo esse cabeça-dura que eu sou?- Ele terminou se ajoelhando na minha frente.

-É claro que sim! Eu sempre vou te perdoar! Eu te amo! – Falei e o abracei, a cabeça dele pousando no meu peito, perto do meu coração parado- que aqueceu com essa proximidade.

-Não mereço você, Alice... Você é perfeita! Eu te amo mais que tudo. Mais até que a mim mesmo. – Ele disse levantando, mas se nunca me soltar e me levantou, pra que pudesse me beijar. Eu logo me esqueci das três pessoas que estavam ali e passei as pernas em torno da cintura dele, agarrando um punhado de cabelos dele.

-HmmHmm... Eu sei que vocês estão muito felizes, mas não acham que é melhor irmos logo pra casa logo? E de preferência, se empolgar assim quando estiverem sozinhos...- Edward falou e só aí lembrei que eles estavam lá.

-Ops! Desculpa pessoal... - eu falei com vergonha e mudei minha posição pra uma mais casual, pegando na mão de Jazz.

-Ok. Vamos logo pra casa, afinal, os pombinhos precisam terminar o que começaram, não é? – Bella disse erguendo as sobrancelhas sugestivamente. Bella estava se vingando pelas vezes em que eu fiz isso com ela ou o quê? Eu ri pra ela.

-Não, esperem. Eu tenho que fazer uma coisa antes. – Jasper disse e eu já sabia o que ele ia fazer. Abri um sorriso imenso.

-Alexander, eu tenho que te pedir desculpas pelo jeito que eu te tratei até agora. Minhas sinceras desculpas e prometo que daqui pra frente eu vou te tratar como um irmão. Afinal, eu te devo muito, sem você eu não teria conhecido Alice. – Alexander e Bella ficaram olhando a cena sem acreditar e Edward e eu estávamos sorrindo.

-Claro Jasper. Não tem porque se desculpar... –Alex disse. Jasper foi até ele e eles apertaram as mãos. Perfeito!

Depois que eles se resolveram, voltamos pra casa. Foi engraçado quando fomos correr e Jazz me colocou nas costas, me carregando. – Eu até tentei recusar, mas ele disse que não queria nenhum espaço entre nós e eu concordei prontamente. Me vendo nas costas de Jazz, Edward olhou pra Bella com cara de pidão e ela apenas rolou os olhos e sorriu docemente enquanto saltava pras costas dele. Voltamos assim pra casa: Edward e Bella, Jasper e eu. Me senti ma por ver Alex sozinho. Pobre Alexander.