In Jail escrita por Guardian


Capítulo 11
Perguntas podem ser perigosas


Notas iniciais do capítulo

Geeente, desculpem-me pela demora >////////< Mas a minha internet sumiu desde o início do ano e voltou só nessa quarta (mas o capítulo só ficou pronto hoje)...
E eu juro que depois eu respondo aos seus reviews lindos (do jeito que meu ânimo tá, ou eu escrevo ou eu respondo, então... Desculpem ó.ò)
Mas espero que gostem do capítulo ~
Narrado só pelo Matt



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 - O que você descobriu? - perguntei à Mello no último intervalo de tempo que teríamos a sós pelo resto do dia, antes de cada um voltar para a sua cela.

 Depois do corpo daquele prisioneiro ter sido encontrado, os guardas disseram que seria mais seguro para nós se voltássemos para trás das grades. Então tínhamos só alguns minutos para falar antes que que os outros guardas viessem para nos “escoltar”.

 Seguro, sei. É com isso mesmo que estão preocupados. Oh, a hipocrisia humana!

 - Eu descobri que você tem muita sorte por me ter por perto – ele cruzou os braços, mas acho que era mais pelo frio que fazia do que pra dar efeito ao que ele tinha acabado de dizer.

Ahn...

 - Se eu não tivesse te impedido, você teria fumado aquele cigarro e provavelmente faria companhia àquele defunto mais tarde.

 - Será que eu preciso te lembrar de que se você não tivesse me arrastado para cá em primeiro lugar, eu nem precisaria ser salvo?

 ...

 Espera... Cigarro?

 Era o que eu estava pensando?

 - Detalhes, detalhes. Quem precisa deles? – é, ele quem o diga. O importante para ele é conseguir alcançar o que quer que ele queira, e os detalhes que se arranjem sozinhos pelo caminho. Não é um método muito confiável e seguro, mas...  Era o Mello, oras.

 - O que você descobriu, Mello? – repeti a pergunta de antes com um suspiro mal contido. Era melhor não discutir.

 - Cigarro, Matt. Cigarro – tirou o dito objeto de dentro do bolso, apagado e aproveitado pela metade, pelo que parecia – Estava do lado do corpo, e advinha? Os lábios do cara estavam azulados.

 - Azulados? – isso queria dizer que... Envenenamento?!

 Hesitante, enfiei a mão no meu próprio bolso e peguei a caixa que Andrew tinha me dado pouco antes de toda a confusão começar.

 Ai, caramba... E eu estava começando a gostar do grandão...

- Todos, fila única! – um dos guardas, o que parecia ser o mais velho deles, ordenou a plenos pulmões de repente.

 Eu esperaria que encontrar alguém morto na “hora da atividade física” ou qualquer que seja o nome que dão pra essa hora totalmente sem sentido, fosse fazer os outros começarem um estardalhaço no pátio, mas... Isso até eu me lembrar que esses achados surpresa já tinham virado rotina por aqui. A única bagunça que teve, além dos idiotas que tentaram fugir, foi a que eu causei. Não que eu me orgulhe disso nem nada e...

 ...

 Mentira, me orgulho sim.

 O que eu fiz?

 Bom...

- Eu só preciso de um minuto – Mello falou pelo canto da boca, para não deixar ninguém ao redor perceber.

 - Está falando sério? – eu sabia que era uma pergunta idiota de se fazer justamente ao Mello, mas... Não custava alimentar um mínimo de esperança, não é?! Bem pouquinho, pequena e fraca, mas ainda esperança!

 - Tá bom, não precisa - eu estava quase demonstrando alívio quando ele completou - Podem ser dois minutos, eu não me importo.

 Eu realmente acreditei por um segundo inteiro que ia me livrar dessa? Sério mesmo? Eu sou assim tão ingênuo?

 - E como você espera que eu faça isso?!

 - Não sei. Mas você é criativo, vai conseguir – ah, como é bom saber que ele confia tanto assim nas minhas habilidades! Mas acredite, eu serei criativo. E não só aqui e agora. Tem uma certa moto lá do lado de fora que anda precisando de umas modificações no design, que eu terei o maior prazer em dar. Ahhh, se terei!

 Depois disso Mello deu um tapinha no meu ombro e se afastou.

 Olhei ao redor. Se vamos fazer isso, então vamos fazer direito.

 O gigante parado ao lado de onde antes estava o Mello iria servir.

 Aproximei-me devagar, como quem não quer nada, de dois outros caras que estavam próximos e comecei a puxar assunto de forma bem inocente, me orgulho em dizer. Mas era impressão minha ou TODOS aqui eram maiores do que eu?

 - Como será que esse pobre coitado morreu? – perguntei de forma desinteressada.

 - Quem sabe? Contanto que não sejamos os próximos – o careca com a cicatriz em cima do olho esquerdo falou.

 - Novato? – o outro, com o cabelo quase tão loiro quanto o do Mello, perguntou. Parecia ser só um pouco mais velho do que eu.

 Os dois tinham exatamente o mesmo tipo de olhar. Olhar de alguém que se ver uma pessoas arrotando, vai achar a coisa mais engraçada da Terra. Não estou brincando. Acredite.

 - Cheguei aqui hoje – não era uma boa me tornar o foco. Tratei de mudar logo pro assunto que me interessava- Mas me digam, aquele cara ali – indiquei o grandalhão com um discreto movimento de cabeça – Meu amigo e eu estávamos nos perguntando o por quê deles ter sido preso. Ele disse que deve ter sido por estupro, e eu disse que deve ter sido roubo. O que vocês acham? Quem acertar ganha isso – tirei os cigarros que tinha ganho e mostrei pra eles.

 Tá, eu sei que isso tudo agora foi bem idiota, principalmente o jeito óbvio que eu mudei para um assunto que deveria parecer totalmente nada a ver, mas foi a primeira coisa que eu consegui pensar na hora.

 O importante é que funcionou.

 ...

 Tenho que agradecer por esses caras serem estúp... Eh, ingênuos.

 - Ele? Hum... – o loiro colocou a mão no queixo, pensando – Acho que assassinato.

 - Assassinato? Não... Deve ter sido por sequestro– o careca falou, com um olhar cúmplice compartilhado com o loiro, do tipo “Nós vamos dividir os cigarros, claro”.

 - Eu continuo dizendo que não! – elevei minha voz apenas um patamar.

 - Como vamos resolver isso, afinal? Você e seu amigo pensaram nisso, por acaso?

 Fingi pensar por um instante, e então sorri – Eu vou lá perguntar.

 - Vai... Quê? – o loiro me olhou sem acreditar. Ah, ele achava que eu não tinha coragem de ir lá com o cara?

 ...

 Eu também achava.

 Ahn, quero dizer... Ah, que seja!

 - Eu vou lá – repeti e fui.

 É bom o Mello me recompensar MUITO BEM por isso.

 - Eh... Com licença? – tentei chamar a atenção daquele... Cara absurdamente grande e musculoso. Ai, droga...

 - O que você quer? – e eu aqui pensando que dividir a cela com o Andrew me deixaria mais confiante numa hora como essa...

 - É que... Dois outros caras estavam discutindo uma coisa sobre você e estava realmente enchendo o saco e... Bom... Eu vim aqui pra fazer eles calarem a boca – gesticulei nervosamente, como se tivesse acabado de reparar no tamanho dele – É só fingir que eu estou te perguntando alguma coisa, só isso.

 - O que eles estavam falando? – juro que ouvi o pescoço dele estralando quando ele o movimentou, sem desviar o olhar ameaçador de mim. Eu vou matar o Mello...

 - Não! I-Isso não importa! – dei um passo pra trás. Isso não foi atuação – Agora eles provavelmente não vão falar mais nada mesmo... – de um jeito ou de outro, isso era verdade.

 Ele deu um passo pra frente.

 - Viram, eu disse que vocês estavam errados! – me apressei a falar por cima do ombro na direção onde os outros dois estavam. Foi o suficiente para eles virarem para mim com um aceno de cabeça de entendimento e para o senhor montanha aqui identificar eles.

 - O. Que. Eles. Disseram? – o cara sibilou de forma digna de um filme policial.

 Hora do grand finale.

 Arregalei bem os olhos para deixar aparecer todo o medo que eu supostamente estava sentindo na hora (nem tão suposto assim), dei mais um passo para trás e respondi com a voz cuidadosamente tremida:

 - Que você era castrado...

 Não foi preciso mais nada.


 - Afinal, o que você fez naquela hora, Matt? Pra causar aquela briga? – Mello perguntou atrás de mim, enquanto esperávamos na fila para poder voltar para o interior do prédio.

 - Sinto muito, mas não posso revelar meus segredos profissionais – sorri. Agora, longe da ameaça de ser espancado, era fácil sorrir.

 Mello começou a soltar um riso baixo, mas parou abruptamente.

 Estranho.

 Virei para trás, só para encontrar...

Terceira lição: saber atuar pode ser MUITO útil, acredite. Aulas de atuação nunca são desperdício de dinheiro, e sim algo que pode salvar a sua vida algum dia.


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Notas finais do capítulo

So? Alguém gostou do método do Matt? Alguém o usaria algum dia? Alguém tem uma ideia do que Matt viu ao virar para trás? Alguém já fez aulas de atuação? Alguém... Tá, parei O___O