Casa. Annabeth nunca teve um casa. Ela já morou em varios lugares, mas nunca se sentiu em casa.

O primeiro lugar onde morou foi  o cesto de palha que Athena usou para deixa-la na porta do pai. É claro que Annabeth não se lembra disso, ela era apenas um bebezinho quando viveu dentro de um cesto pequeno enrolada em lençóis velhos. Mesmo assim ela sempre gostou do cheiro de palha, a mesma palha que trançava seu pequeno cesto.

O segundo lugar onde viveu foi a casa do pai. Annabeth não tem boas lembranças de lá. Ela se lembra de ser muito pequena e de querer um biscoito, ela também se lembra de ter levado um tapa na mão por tentar pegar um. Ela se lembra de ficar trancada no quarto no dia do jantar de noivado do pai, ela também se lembra da aranha horrível que habitava seu guarda roupa. Ela se lembra de ter ouvido a mulher do pai gritar sobre como teria seus filhos se Annabeth atraia monstros que os colocaria em perigo. Annabeth se lembra de não querer voltar para aquela casa nunca mais.

A terceira casa de Annabeth fora o acampamento meio-sangue. Os melhores anos da vida de Annabeth se passaram ali. Ela amava o lugar, amava os amigos que tinha ali, amava o centauro que ela considerava como um pai, amava os irmãos de chalé que sempre a entendiam e ela amava o jeito como se sentia no acampamento. Feliz.

Mas o acampamento não era a casa de Annabeth e ela sabia disso. Ele era um lugar para jovens semideuses treinarem e ela sabia que um dia ficaria velha demais para isso.

Sua vida inteira, ela procurou pela sua casa, sua verdadeira casa. Sempre admirando a arquitetura clássica das mais antigas, a ousadia das mais modernas e ate mesmo o jeito acolhedor dos pequenos apartamentos de NY.

Deitada na sua cama em seu novo apartamento Annabeth olhava para as paredes ainda pintadas de branco e para as milhares de caixas esperando para serem desempacotadas, ela se perguntava se aquele novo apartamento com uma cozinha minúscula seria seu lar. Ela foi tirada de seus pensamentos quando ouviu Percy murmurar seu nome baixinho enquanto dormia. Annabeth soltou uma risadinha baixa quando percebeu que ele babava levemente.

E foi naquele momento que Annabeth constatou que ela não precisava de um castelo, uma casa ou um apartamento para ter um lar. Ela só precisava de alguém que babasse ou seu lado. Ele era sua casa.