Iron Mask escrita por Luisy Costa


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Demorou mais eu terminei o capitulo, espero que vocês gostem.

Estava com saudades de postar. A semana passada foi um pouco corrida e essa também, sem contar com o fator do PC ser comunitario. Como desejo ganhar logo o notbook!

Bem vou parar de aporrinhar vocês e deixar que curtam o cap. Boa leitura!

Kisses and Hugs!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/141848/chapter/4

 Depois que cruzamos com os Volturi o ar parecia estar mais pesado, pouco foi falado depois que retomamos o nosso caminho e estranhamente isto não me agradava. Estava hesitante na ideia de contar a ele o caminho até o esconderijo, caso nos pegassem ele não demoraria a abrir a boca e falar tudo a eles. Edward não fora treinado para resistir a uma tortura, duvido até que um dia tenha precisado empenhar uma espada.

  Já havia anoitecido e ao contrario do outro dia não paramos para dormir, precisávamos de todo tempo de vantagem possível sobre os Volturi. Nem a ideia de parar para comer me era atraente, varias cenas formavam em minha cabeça, cenas aonde os Volturi nos alcançavam durante a noite e o levariam. Apenas a imagem de Edward sendo carregado no lombo de um cavalo me preocupava mortalmente, mesmo assim sempre que o olhava nunca via um terço do temor que eu sentia em seus olhos.

 Sempre com a mesma expressão serena, como se minha postura rígida e a averiguação ao nosso redor a cada segundo não bastasse para ele ficar em alerta.

 Involuntariamente diminui a tensão na rédea, indicando a Durna que a velocidade devia reduzir a velocidade, uma das ajudas* que ela não gostava de obedecer. Edward também diminui a velocidade de Gantiro, quando o barulho das patas batendo no solo abaixou pude ouvir o estomago dele roncando.

 Ri com vontade, de um jeito que não fazia há muito tempo.

-Sinceramente, o quanto você precisa comer de uma vez para manter esse monstro satisfeito por um longo tempo?

 Perguntei entre risadas para logo ser acompanhada por ele. Quando enfim paramos de rir a nossa respiração era arfante e ainda havia algo cômico no ar, por um momento a tensão que existia mais cedo foi suprida pela leveza da brincadeira.

-Meu estomago não estaria roncando se parecemos em intervalos regulares para nos alimentar. – revirei os olhos com sua resposta. – Sempre fiz refeições em horários regulares para nunca ter este tipo de problema.

 Seria muito estranho se eu achasse isso uma novidade.

-Bem isso não me surpreende, por que o garotinho da mamãe não faria as refeições em horários regulares, ou alguma baboseira do gênero? Você foi criado com toda a pompa e frescura para se tornar alguém admirável. – percebi que minha voz tinha ficado um pouco mais grossa, cheia de sarcasmo. – Afinal oque você sabe sobre empunhar uma espada contra um inimigo?

-Muito pouco na verdade, sou melhor no arco e flecha do que na esgrima. Os tutores de esgrima nunca tinham criticas muito boas sobre o modo como lutava, era “Edward levante mais esse braço.”, “Edward olhe nos olhos do seu oponente.”, “Edward não recue.” Em todas as aulas era a mesma coisa, nunca estava bom o suficiente.

 Sabia que depois me arrependeria do que estava prestes a falar, mas sem a minha ajuda ele acabaria virando um amontoado de carne.

-Eu posso te ajudar se quiser.

-Você quer mesmo me ajudar? Costumo ser um aluno que exige muita paciência dos professores.

-Não tem problema, mais exigente do que eu vou seu ser é impossível. Não a garantias que você vá sair vivo se for mal enquanto treinamos. Claro que com você o fator vida tem que ser respeitado.

-Bom eu gostaria de manter meu corpo inviolado, é apenas uma preferencia minha.

 Ri com o tom de brincadeira em sua voz, a brincadeira tinha feito eu me esquecer do perigo que corríamos e do estomago do príncipe, que roncava mais alto agora. Ele fora mesmo acostumado à regularidade.

-Bom espere aqui e apronte uma fogueira, vou ver se arranjo algo para calar se estomago. – saltei de Durna e peguei um pequeno arco e algumas flechas na bolsa na lateral do dorso de Durna. – Esse monstro ainda vai nos entregar. 

 Dei uma olhada em volta antes de afastar, sem demora me agachei entre as raízes e esperei que algum animal passasse. Quando enfim capturei um esquilo retornei ao local aonde o deixei, logo que entrei em seu campo de visão os olhos deles vasculharam minhas mãos, quando se deparou com o esquilo seu rosto caiu.

 A fogueira que tinha pedido a ele para fazer já estava acesa e poderia assar um leitão de tão grande, ele estava pensando que eu traria algo maior para ser assado.

-Prepare este esquilo, vou buscar outra coisa para.

-Como assim prepare o esquilo? Você não acha que eu sei tirar a pele e as entranhas, acha?

 Revirei meus olhos diante a mais nova revelação de uma coisa que ele não sabe fazer, tinha imaginado que ele pelo menos soubesse tirar a pele, o resto faria quando voltasse.

-Espere eu voltar então, só o mantenha longe do solo. Procure algo em que eu possa espeta-lo.

Voltei para o local aonde capturei o esquilo e me deparei com um porco do mato, sem demora apontei para ele e a flecha foi certeira em seu corpo. Novamente retornei a junto de Edward e não pude evitar rir do momento que presenciei.

 Ela mantinha o esquilo morto em uma mão e com a outra tentava espetar uma vareta na carne dura do esquilo, exibindo uma careta de nojo puro pela situação. Mais um vez comecei a rir, chamando a sua atenção para mim. Ele riu e rapidamente me entregou o animal.

 Peguei o esquilo e comecei a prepara-lo, bem devagar abri um talho fundo o suficiente para tirar a pele, mas sem chegar à carne, depois de retirar a pele virei-o de barriga para cima e fiz um corte no local. Rapidamente tirei as entranhas do animal e usei uma das flechas como espeto. Fiz o mesmo com o porco do mato e coloquei os dois na fogueira.

-É assim que se prepara um belo assado. Aposto que toda vez que você acampou a comida era levada a você em sua tenda.

 Comecei a rir da minha própria palhaçada.

-Muito engraçado, se você continuar assim posso nomeá-lo como bobo da corte. Se sairia bem melhor que Austin.

-Aposto que sim, afinal esse Austin deve ter medo de ofendê-lo.

-Coisa que você também deveria ter.

 -Vá sonhando com isso, pequeno príncipe.

 Eu sorri, mas por debaixo da máscara ele não poderia ver o sorriso. Abanei a cabeça e voltei à atenção a fogueira, os assados estavam quase prontos, era inacreditável o modo que o tempo passava enquanto eu estava com ele. Muitas coisas que outras pessoas jamais causavam em mim, mas ele causava. Quando ele ria me sentia alegre, quando conversamos o tempo passava e eu não via, sem contar a enxurrada de sentimentos que me ataca. O que acontece comigo quando estou ao lado desse garoto é totalmente novo.

 Edward começou a cantarolar uma canção, a tal canção não me era estranha, comecei a cantarolar junto com ele. Tão cedo começamos e eu interrompi a cantoria, um pequeno barulho vindo da mata chamou a minha atenção. Depois que Edward se calou pude ouvir melhor os sons que vinham da floresta, o crepitar da carne do fogo e até o som das labaredas era audível, mais um barulho da floresta, dessa vez um galho se partindo.

 Levantei e me preparei para empunhar a espada, mas tudo oque vi foi um filhote de cervo que cambaleava pelo caminho. O alarme falso vez com que a frágil película que separava o meu temor do encontro com os Volturi rasgar, o simples pensamento de perigo acabou definitivamente com qualquer tipo de alegria.

 Para desanuviar a cabeça passei minha atenção para comida, os grelhados começavam a queimar, retirei-os da fogueira antes que virassem carvão. Separei o porco do mato para Edward, ficando com o pequeno esquilinho.

-Alimentando o monstro. – disse ao ver a careta dele quando lhe entreguei o grelhado. – Não quero que certas pessoas escutem esse monstro rugir, já fica bem complicado ter que parar, então coma mais e reclame menos.

-Não precisa deixar de comer para satisfazer minhas vontades. Posso muito bem viver com um pouco menos de comida.

 Será que ele tem mesmo que ficar contestando a minhas decisões? Sempre é preciso explicar tudo a ele, qualquer aspecto que ele não entende é motivo para uma boa explicação, mas já vou ajuda-lo menos, uma explicação a mais outra a menos, não faria muito diferença.

-Eu consigo ficar muito tempo com um pouco de comida, já você e o monstro ficam sem se alimentar por meio diazinho e começa a entregar a nossa localização. Fique com a sua comida e não reclame, se não quiser eu como, mas não vou parar tão cedo para alimenta-lo.

-Tudo bem então, eu fico quieto.

 Ele começou a mastigar, bufei e comecei a prestar atenção na minha comida. Pouco tempo depois quando já havíamos acabado de comer o barulho do regato me deu uma ideia.

-Se quiser pode descansar por algum tempo, será melhor que esteja bem disposto para continuar a viagem.

 Assentido ele se recostou em Gantiro e fechou os olhos, após alguns minutos sua respiração se tornou regular e tranquila, indicando que ele estava dormindo. Um pouco receosa me afastei do príncipe, indo em direção ao regato.

 Peguei as entranhas dos animais, tirei a armadura e antes de tirar a máscara olhei em volta, certa de que ninguém me veria retirei a máscara. Entrei no regato e me mantive imóvel, as entranhas em minhas mãos chamaram a atenção dos peixes, esperei que um peixe grande viesse se alimentar e o capturei com a mão. Se estivesse de dia usaria uma flecha, mas a noite não poderia arriscar perder flechas.

 Levei o peixe para margem, raspei as escamas e o limpei.  Na fogueira ao invés de grelhar o peixe comecei a defuma-lo, caso o príncipe precisasse comer durante o caminho lhe daria as tiras de peixe defumado. Quando enfim o defumado estava pronto o cortei em tiras e coloquei em uma bolsa de couro, feita especialmente para guardar este tipo de suprimento.

 Caminhei pela floresta procurando por arbustos frutíferos, depois de alguns minutos encontrei morangos silvestres. Colhi alguns e voltei ao acampamento, o príncipe estava dormindo, imperturbável e sereno em seu sono, ele não estaria assim se estivesse realmente noção do perigo que o cercava.

 Assei os morangos para que estragassem e os coloquei sobre a fumaça da fogueira enquanto procurava por mais lenha. Quando voltei reanimei a fogueira e retirei os morangos da fumaça, defumando os morangos assim como o peixe, evitando que ambos estragassem durante a viagem. Peguei a bolsa de suprimentos, abrindo um compartimento um pouco mais espaço e os depositando ali, caso o monstro atacasse novamente a munição já estaria pronta.

 Por terminar o trabalho percebi que ainda estava sem a máscara, voltei ao regato e encontrei as roupas no mesmo lugar em que as deixei. Aproveitando que não havia nada a ser feito tomei um banho, o ultimo banho que tomei tinha sido na noite em que salvei o príncipe, antes não teria me importando em passar uma semana sem tomar banho, mas agora não queria que o príncipe me achasse fedorenta.

 Era engraçado me preocupar com isso, quando era mais nova gostava de tomar banho com óleos aromatizantes e usar os melhores perfumes todos os dias, quando ia a uma festa nunca deixava de perfumar cada canto do meu corpo. A menina daquela época sentiria nojo da mulher em que se tornou por que simplesmente não dar a mínima para esse tipo de coisa.

 Banhei-me bem divagar, aproveitando da sensação da água ao passar pelo meu corpo, lavei também as roupas que usava por baixo da armadura. Assim que terminei o banho voltei para o acampamento, carregando as roupas molhadas e a armadura, pendurei as roupas molhadas em uma arvore a margem da pequena clareira. As pequenas coisas que podia carregar durante as viagens ficavam nas bolsas nas laterais de Durna, no lado direito peguei um pedaço de pano que servia de toalha. Logo que fiquei seca vesti outras peças de roupa e guardei e coloquei a toalha para secar junto com as roupas, rapidamente pus a armadura e a máscara.

.

.

.

 A alvorada já havia chegado, mas não houve sequer um momento em que conseguisse dormir, passar a madrugada acordada só vai fazer com que me sinta indisposta em algum momento durante a viagem. O cansaço poderia ser grandioso, mas o receio de que os Volturi, particularmente Demetri, atacassem era maior do que a vontade de dormir.

 Aprecei-me em acordar o príncipe, que resmungou por não poder dormir um pouco mais e também disse algo como “Deixe de ser irritante Alice”. Vai saber no que ele estava sonhando.

-Levante bebe reclamão. – ele se levantou, ainda reclamando. Quando o vento soprou por ele levou certo... fedor na minha direção, não era como o da noite em que o resgatei, mas estava chegando bem perto. – Antes de continuarmos a viagem você precisa tomar um banho, só que dessa vez se lave melhor para o efeito durar mais tempo.

-Tudo bem, seria bem melhor se eu tivesse alguns óleos aromatizantes e uma bucha para esfregar o corpo. – ele falou isso com tal seriedade que foi quase impossível segurar a gargalhada, ou invés de rir da cara dele simplesmente balancei a cabeça negativamente. Óleos aromatizantes e uma bucha? Ele definitivamente é mega mimado ao ponto de não conseguir abdicar de seus luxos e caprichos. – Não me leve a mal, mas essa roupa que estou usando por baixo está um pouco suja e o cheiro me incomoda.

 Como disse? Ah claro! Mimado.

-Com as roupas eu posso dar um jeito. – disse enquanto me lembrava da minha roupa que estava secando. – Mas creio que não poderei disponibilizar os óleos aromatizados e a bucha que vossa alteza deseja, atrás daquela arvore tem alguns morangos silvestres, se quiser posso pega-los para vossa alteza. Seria bem melhor do que ficar apenas com a água do regato.

-Continue me escarnecendo, afinal eu só apenas um príncipe, o primogênito herdeiro do trono da Inglaterra. Nada posso fazer contra o grande, forte e poderoso Iron Mask.

-Eu sei sem mim você estaria na França ou a caminho da Itália. – uma frase que sempre usava para descrever o país me veio à mente. – Belle donne, buon vino e cattivi leader*.

-Você fala italiano?

 Não me espantei que ele ficasse surpresa, por que eu saberia o idioma do inimigo? De jeito nenhum falaria que já convive com o inimigo.

-Molto poco*. Aprendi a uns três anos, nada de que tão importante que valha ser lembrado. – caminhei até a arvore onde as roupas estavam secando, as peguei e entreguei para o príncipe. –Vão ficar um pouco pequenas, você é maior do que eu. Pense pelo lado positivo, pelo menos você vai poder colocar uma roupa limpa e com nenhum odor repulsivo.

-Odor repulsivo? – ele cheiro a roupa e sorriu ao compreender. – É melhor cheirar a fumaça do que a fedentina da minha roupa. Não tem problema se ficar pequena, só preciso que evite o contato da pele com a armadura.

 Ele começou a caminhar na direção do regato, mesmo que não quisesse eu teria que acompanha-lo, a segurança dele era uma prioridade que teria que suprir a minha vergonha quanto a vê-lo se banhar. Não que eu fosse ficar observando cada movimento dele.

 Quando chegamos à beira do regato ele começou a se despir, logo comecei a rondar o perímetro, assim que voltei ao local às roupas já estavam amontoadas na margem. Vasculhei o regato em busca do príncipe e logo o encontrei bem no meio, aonde a água era mais funda.

-Edward!

 Ele se virou e aceno com a cabeça.

-Limpe esses panos de bunda que você chama de roupa.

 Ele se aproximou um pouco mais da parte rasa deixando boa parte do seu abdômen a mostra, antes que pudesse me controlar já o analisava. Os músculos definidos, mas sem serem exageradamente grandes cobriam seus braços e peito, deixando oito gominhos pelo abdômen que eram cortados por uma pequena linha de pelos, quase imperceptível a distancia, mas que brilhavam por serem acobreados como seu cabelo, seguindo até a entrada em v da pélvis aonde a água cobria o corpo.

 Desviei os olhos a perceber que o encarava por um longo tempo, seria incomum um homem pegar o outro o observando. Principalmente se esse homem usa uma máscara e na verdade é uma mulher. Sem contar que jamais havia observado um homem como observo uma presa durante a caça, prestando atenção nos mínimos detalhes e movimentos do seu corpo.

– Eu vou fazer outra ronda, tente ter acabado antes que eu volte. – embolei a roupa e joguei em sua direção. – E tente se livrar da fedentina.

- Eu sei que tenho levar a roupa.

-Quem disse que eu estava falando das suas vestes?

 Dei as costas para ele, mas antes de começar a andar ele me deu um pequeno susto ao enfim responder a provocação

- Tudo bem, prefiro mesmo não ter um homem me observando durante o banho.

 Comecei a andar antes que alguma coisa saísse da minha boca, responder as suas provocações era algo que não consigo evitar, mesmo que para responder a altura acabe insinuando coisas que não devo, como o fato de que homem aqui só ele mesmo. Era assombroso o modo como minha língua coçava para que falar qualquer coisa que o deixasse no mínimo constrangido, mas seria quase impossível para mim me manter perto do príncipe enquanto ele tomava banho.

 Dei um bom tempo ao príncipe antes de voltar, logo que cheguei ao local onde o deixei contemplei uma imagem definitivamente divertida. Ele estava apenas com as vestes de baixo que tinha emprestado, mas por serem pequenas pareciam mais vestes femininas para a época do mês em que nossas regras* vinham.

-Pode rir, eu sei oque essas roupas estão parecendo em mim.

-Eu não riria de uma dama, sou um verdadeiro cavalheiro. – disse com a maior seriedade que pude. – Agora darei licença a senhorita para que possa terminar de se vestir em paz, só que não demore, ainda teremos que caminhar o dia todo.

 O deixei sozinho, assim que cheguei ao acampamento comecei a encobrir a nossa passagem, dessa vez prestei mais atenção aos pequenos detalhes. Quando terminei peguei Durna e Gantiro e os levei para a beira do regato, o príncipe havia se vestido e as suas roupas estavam secando ao sol em uma pedra. Entreguei-lhe o cavalo e montei em Durna, antes de montar em Gantiro ele pegou a roupa que estava quase seca e a colocou na bolsa lateral de Gantiro. Cavalgamos pelas pedras da margem, o regato estava se tornando mais fundo, uma indicação de que estávamos cada vez mais perto do nosso destino.

 Edward assobiava o canto de pássaro, sempre introduzindo uma delicada melodia no meio, uma melodia delicada que me fazia lembrar os meus tempos de crianças, quando minha mãe sussurrava uma canção para mim e Nessie na hora de dormir. A falta que sinto das duas ainda era pulsante.

 O meio dia se aproximava e logo o mostro estomacal atacaria a pobre princesa... é que dizer, príncipe. A imagem da roupa ficou grudada na minha cabeça.

-Nós não vamos parar para almoçar hoje, precisamos chegar ao esconderijo hoje à noite.

-Mas e se eu ficar com fome? – parei Durna e peguei alguns morangos e umas tiras do peixe, assim que o príncipe parou ao meu lado lhe entreguei a comida. – Só isso? Morangos e peixe defumado?

-Bom se não quiser eu fico com a comida. – ele apenas sorriu e revirou os olhos antes de começar a comer. – Assim é bem melhor, quem sabe se chegarmos a tempo do jantar você possa ter uma refeição melhor.

 Ele não respondeu, pois sua boca estava ocupada, peguei um pouco do peixe e alguns morangos e me servir, assim que terminei desmontei de Durna para beber um pouco d’água. Enchi meu cantil e tomando cuidado para o príncipe não me ver retirei a máscara e sorvi a maior quantidade de água possível. Voltei a montar em Durna e coloca-la em movimento, dessa vez eu comecei a cantarolar uma canção de caça, fiquei surpresa e confusamente abalada quando ouvi que Edward me acompanhava.

-Não sabia que você conhecia este tipo de canção, elas são feitas e reproduzidas por caçadores de todos os tipos.

 Muitos caçadores, até os de recompensa, sabem qualquer canção feita por um companheiro de profissão, ou inventa uma mesmo. Agora um príncipe cantando este tipo de musica é simplesmente fora do que se acha normal.

-Eu ia às caças reais com meu pai quando criança, enquanto meu pai caçava eu ficava com alguns cavaleiros e o filho de um caçador me ensinou todas as canções que ele ouvia do pai, em troca eu o ensinei a ler. O nome dele era Jacob, eu não o vejo há muito tempo.

 Bem, não poderia mais dizer que ele não sabia nada sobre a vida a qual estou acostumada, pelo menos ele conhecia as canções e provavelmente as historias de como é caçar.

 A correnteza ficava cada vez mais forte, mesmo estando sobre as pedras já era visível o aumento na velocidade da água, esse era um sinal de que teríamos que atravessar o regato antes que ficasse mais fundo e a correnteza mais forte.

-Vamos atravessar aqui. Se segure bem e mantenha as bolsas laterais no corpo. Eu vou à frente, tente seguir logo atrás de mim.

 Ele assentiu e esperou que eu seguisse em frente. Atravessei bem devagar, temendo algum acidente. Durna também estava cautelosa, a cada passo eu podia sentir seus músculos tencionados, preparados para qualquer tipo de eventualidade. A medida que nos aproximávamos do meio do regato a água ficava mais funda, alcançando a altura das minhas pernas. Levei um susto quando Durna pisou em um buraco, fazendo que sua parte dianteira entrasse na água, demorou alguns segundos até acalma-la, por sorte não passou de um susto.

-Cuidado, tem um buraco aqui. Desvie um pouco para esquerda e seja cauteloso em cada passo.

 Mesmo não tendo falava nada sabia que ele havia entendido o recado e o seguiria a risca, espantosamente ele confiava em mim de uma forma desconcertante, teria que valer a confiança dele.

 O resto da travessia foi bem sucedida, exceto em poucos alarmes falsos em que deparava com um buraco. Agora ele continuava assobiando a mesma melodia que me lembrava da infância. A todo instante fico perguntando por que quase tudo que ele faz ou fala me faz lembrar o passado, até mesmo quando ele não sabia oque fazer.

-Seguiremos pelo regato?

 Estranhamente a voz de dele me mandou arrepios por todo corpo, houve tantas vezes que a ouvi nos últimos dias e nada aconteceu, mas aquela reação à voz dele era completamente nova. Para o meu próprio bem resolvi guardar essa informação bem fundo e responder a pergunta do príncipe antes que ele percebesse meu estado aéreo.

-Sim e não, desculpe, não posso te contar muito mais do que já sabe.

-Tudo bem, me contento com essas poucas informações.

 Assenti querendo acabar com a conversa de uma vez, as emoções que me cercavam no momento estavam conflitantes na minha cabeça.

 A tarde se esvaiu depressa e logo o sol estava se pondo, logo chegaríamos ao nosso destino. Há poucas horas nos distanciamos do regato, mas não iriamos demorar a reencontra-lo. Poucas vezes conversamos, e sempre que essas conversas aconteciam tentava ao máximo que não durassem muito, os suprimentos foram comidos ao longo do dia e sem ter com que alimenta-lo o monstro começava atacar. Edward não sabia mais havíamos dado um giro de 180 graus desde que nos distanciamos do regato, seguindo enfrente na direção contraria a que estávamos seguindo nos últimos dias, ele parecia estar confuso com tantas voltas, mas não reclamou ou perguntou sobre isso sequer uma vez.

 Aos poucos comecei a ouvir o barulho da queda d’água e sabia que tínhamos chegado, quando enfim a cocheira ficou visível uma paisagem de perder o fôlego surgiu. Colada a uma montanha estava a cachoeira, que era o motivo por termos seguido o regato por tanto tempo, as pedras eram constantemente molhadas pela água que caia da cachoeira.

-Esse lugar é muito lindo. Nós vamos passar a noite aqui?

-Não, nós enfim chegamos.

 Seu silêncio foi bem vindo, ele deveria estar digerindo a informação. Um barulho de passos vindo da floresta me chamou a atenção, por um momento imaginei que Demetri estava esse tempo me seguindo e assim que anunciei que tínhamos chegado ele decidiu se apresentar. As cenas em minha cabeça variavam de morte imediata a mim e tortura ao príncipe, a frustação de Demetri ao descobrir no final da tortura que ele não sabia nada e desejo de matar Edward com suas próprias mãos, mesmo que tudo isso estivesse se passando apenas na minha imaginação era impossível não temer que virasse verdade.

 O barulho dos passos aumentava à medida que chegava cada vez mais perto, mas não consegui identificar quem poderia estar se aproximando. A luz da lua refletiu na espada que era empunhada na beira da floresta, congelei ao perceber que quem fosse aquela pessoa estava próxima demais de Edward.

Continua...

Ajudas: Sinais usados pelo cavaleiro que indicam ao cavalo o movimento a ser feito.

Belle donne, buon vino e cattivi leader : Belas mulheres, bom vinho e maus lideres.

Molto poco: Muito pouco.

Regras: Expressão utilizada para indicar o período menstrual.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam? Tenho que admitir que esse capitulo foi um pouco dificil de fazer.

Se gostaram mandem um review e se não gostaram mandem um review, a decisão é sua. Serio se vocês não gostaram de alguma coisa ou tem alguma opnião podem mandar um review.

Estou sendo exigente? Se to mande um review, eu tenho que parar de dizer isso. (N/Bella: concordo você tem que parar com isso, está parecendo uma deseperada)Bella cala boca ai vai, senão vou te colocar em situações desagradaveis! (N/Bella: pode deixar chefa, muda e caladissima.)

Ela vive me pertubando. Bom vou parar de alugar vocês, espero não demorar mais na postagem.

Kisses and Hugs!