Iron Mask escrita por Luisy Costa


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Como sempre peço desculpas pela demora. Vou deixar vocês lerem, então me encontrem lá embaixo.



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 A espada se aproximava cada vez mais do príncipe, mas ainda não era possível ver quem a empunhava, meu corpo ainda estava em choque e por mais que eu quisesse protege-lo não conseguia me mexer. Era como no sonho, só que aqui eu não acordaria assustada e aliviada por ter acabado,  se eu não agisse o príncipe poderia morrer.

 Sem dar mais um centímetro de vantagem a quem estivesse do outro lado, saltei de Durna e me esgueirei por baixo de Gantiro, assim que cheguei ao outro lado me levantei e empunhei a espada, imediatamente a pessoa recuou alguns passos. Antes que pudesse ver quem era outro par de passos surgiu de dentro da floresta. O homem que apareceu era loiro e empunhava sua espada com firmeza e confiança suficiente que faria qualquer um acreditar que a espada era uma extensão do seu braço. Depois que o loiro surgiu o seu parceiro decidiu dar as caras, era um homem impossivelmente musculoso maior que o loiro, só de olha-lo, senti um arrepio descer pela espinha.

-Quem são vocês e oque estão fazendo aqui? – falou o loiro, que mantinha a voz calma e falava lentamente. – Andem digam alguma coisa.

 Presumi que aqueles homens eram os cavaleiros designados pelo rei para proteger a família real. Eles provavelmente se comportavam calmamente para não levantar suspeita, burrice minha não ter percebido isso antes, se nosso caminho não tivesse se cruzado com o dos Volturi minha percepção não teria se fechado quanto a essa perspectiva. Parei de divagar e voltei a prestar atenção nos homens a minha frente, ambos pareciam estar ficando impacientes à medida que demorávamos a responder, era melhor nos anunciar antes que a paciência deles se esvaísse.

-Acalme-se, eu sou Iron Mask e estou aqui em nome do rei. –esperei que eles digerissem as informações antes de continuar. Quando a confusão enfim desapareceu de seus semblantes decide continuar a explicação. – Recentemente recebi uma missão do rei, a missão consistia em salvar o príncipe e traze-lo para o esconderijo aonde ele mantem a família real. Fui avisado de que a família real estava sendo resguardada por cavaleiros de confiança. Peço desculpas pela falta de memória, mas não pude ver quem estava ameaçando o príncipe. Também faz parte da minha missão mantê-lo em segurança, não só ele como sua família.

 Eles ficaram quietos por alguns minutos antes de falarem alguma coisa.

- Então o senhor é o guardião de Vossa Alteza, presumo que este seja o príncipe. Desculpe-me também por não me apresentar, eu sou Sir Jasper Whitlock e este é Sir Emmett MacCarty. Ambos estamos incumbidos de proteger a família real, mantendo-os em segurança até que seja seguro para que eles retornem ao palácio.

 O príncipe desmontou de Gantiro e seu prostrou a minha frente. Ele exibia uma postura altiva e pela primeira vez reconheci nele a soberania de um príncipe, os cavaleiros o reverenciaram e se mantiveram calados, esperando que o príncipe falasse.

-Levem-me até a minha família. – foi tudo que conseguiu falar antes de ser interrompido pelo monstro. Esperei que o príncipe dissesse qualquer coisa, uma brincadeira ou que sorrisse e pedisse para os homens o chamarem pelo, mas oque saiu de sua boca me surpreendeu. – Não veem que estou faminto? Apressem-se em mostrar o local ao qual perambulei tanto para chegar. Você. – ele apontou para o cavaleiro moreno. – Leve meu cavalo e arranje boas acomodações para ele. Cuide também que Iron Mask tenha uma acomodação confortável e comida de qualidade, não quero que ele tenha do que reclamar, entendeu?

Em nenhum momento o príncipe havia sido tão arrogante quanto estava sendo agora, era um choque ver que ele escondeu essa faceta de mim por todo esse tempo. Mas para os cavaleiros aquela comportamento não era novo, tanto que quando o príncipe não pode ver eles reviraram os olhos e por estar perto de mim pude ouvir quando o moreno sussurrou.

-Não sei como o aguentou durante tanto, mal consigo ficar alguns minutos perto desse pirralho impertinente.

Emmett devia ser um homem que não temia os castigos por ofender um membro da realeza, eram poucos como ele, ou eu, que não hesitariam em ensinar ao príncipe um pouco de boas maneiras.

-Varias vezes quase o deixei inconsciente, agora me arrependo de não cumprir com as ameaças.

-Você poderia ter feito isso, pouparia uma grande dor de cabeça.

-As meninas vão continuar cochichando ou nós podemos seguir nosso rumo, ao que parece Vossa Alteza quer reencontrar sua família ainda hoje.

-Cale a boca Jasper. Vá à frente, eu preciso me certificar de umas coisas aqui primeiramente e ele se ofereceu para ajudar.

 Jasper olhou para mim e para e Emmett, deu de ombros e segui em direção ao lado esquerda da piscina formada pela cachoeira, sendo acompanhado pelo príncipe. Assim que eles saíram do alcance da audição Emmett voltou a falar.

-Como você o aguentou?  Dei graças quando ele discutiu com o rei e fugiu. Logo depois o rei nos trouxe pra cá e até agora a vida parecia muito boa sem o idiota. – ele suspirou e pegou a corda de Gantiro. – Se bem que agora a rainha e as princesas vão ficar mais felizes. Aqui é um tal de “quando a guerra vai acabar?” e “será que Edward vai demorar a se juntar a nós?” todos os dias.

 Ele realmente não temia nada, certamente merecia a minha admiração.

-Vamos antes que Jasper volte, ele é um chato de galocha. Você vai adorar o esconderijo, o lugar pode parecer estranho, mais é enorme.

 Seguimos na mesma direção que anteriormente Jasper seguiu, assim que chegamos à extremidade da piscina a duvida de onde seria o esconderijo começou a surgir, fiquei me perguntando se existia algum tipo de passagem secreta na rocha. Logo minha duvida foi esclarecida. Ele começou a andar entre a rocha e parede d’agua, em um caminho grande o suficiente para o cavalo poder passar também, depois de alguns passos na pequena ponte ele despareceu seguido por Gantiro. Ainda perplexa com a situação ouvi a voz de Emmett abafada pela água.

-Venha logo, é só tomar cuidado para não escorregar.

Caminhei na trilha de pedras com as costas nas rochas, recebendo borrifos d’água no rosto. Segurava a corda de Durna com força, temia que ela quebrasse alguma pata ou se machucasse se eu a deixasse cair.  Estava tão concentrada que não percebi quando a parede de rochas desapareceu, por pouco não cai e derrubei Durna, me recuperei do susto e entrei na cavidade da rocha.

 Assim que pude ver melhor reparei que não era uma cavidade e sim uma caverna. Emmett me esperava pacientemente, ele segurava uma tocha em uma mão e a corda de Gantiro, quando me aproximei dele percebi que não se tratava de uma cavidade ou caverna , era na verdade a entrada de um túnel. Prosseguimos pelo túnel durante alguns minutos, as paredes que no começo eram estreitas começaram a se a alargar. Durante um longo tempo Emmett falou de como os dias se passavam ali, de como as princesas só faziam ser tristes, como a princesa Rosalie era linda e blábláblá. Comecei a achar que não conseguiria ter um pouco de paz nesse lugar.

 Depois de vários minutos avistei um buraco na rocha, ao nos aproximar vi que o buraco era uma entrada para uma caverna em que outros cavalos descasavam. Emmett entrou na caverna e retirou a sela de Gantiro.

-Deixamos os cavalos aqui para evitar que o cheiro de bosta polua o ar.

 Assenti ao levar Durna para dentro da caverna, retirei sua sela e deixei bem acomodada, peguei a bolsa lateral que continham todos os meus pertences a fim de leva-la comigo, a coloquei sobre os ombros e terminei de acomodar Durna. Quando terminei voltamos para o túnel, não demorou muito até chegarmos à outra caverna, só que nessa caverna havia três buracos.

-Essa é a caverna principal, daqui você tem acesso a todos os lugares. Tente tomar cuidado, é fácil se perder por aqui, todos os túneis parecem iguais.

-Anotado.

-Sabe cara, aqui em baixo o tempo parece sempre se arrastar. – ele disse enquanto seguia para o buraco da direita. – Mas logo você se acostuma a ficar o dia todo enterrado debaixo de toneladas de rocha.

-Se você estava tentando me ajudar, saiba que só tornou a ideia de viver aqui dentro mais claustrofóbica.

 Seu riso foi gutural, reverberou por todo o lugar e provavelmente pode ser ouvido do lado de fora. Ele tomou o ar em goladas antes de falar.

-Desculpa, mas é que as princesas vivem falando essa palavra ai, saindo da sua boca foi muito maricas. Um homem não reclama desse tipo de coisa.

 Por mais que fosse estupido ele tinha razão, esse tipo de frescura só podia ser coisa do meu lado feminino, se manifestando sem a minha permissão. Precisava manter mais controle sobre mim mesma. Não poderia ter o luxo de deixar que as minhas frescuras dessem o ar da graça enquanto caminhava sozinha por esses túneis, poderia ser flagrada e desmascarada. Literalmente.

 Andamos por varias minutos, conversamos sobre alguns assuntos triviais e a cada dois ou três minutos ele fazia algum tipo de brincadeira e eu ria por que realmente era engraçado.  Ele era o tipo de pessoa que aliviava a tensão de se estar escondido, a tensão de saber que a qualquer momento alguém poderia entrar por debaixo da cachoeira e descobrir o esconderijo, ele tornava toda essa situação mais agradável. Sequer um segundo enquanto andamos ele ficou quieto, geralmente já estaria irritada por ele não fechar a boca, mas muito pelo contrario, agradecia por ele me fazer esquecer a pressão ao qual estava sofrendo. Emmett poderia se tornar um grande amigo.

 Passado algum tempo o som de risadas e gritinhos de felicidade surgiram da curva do túnel, mais a frente uma caverna enorme. Esta caverna era toda mobiliada, nas paredes havia tochas em intervalos regulares e no centro da caverna Edward estava sendo esmagado por três mulheres. No outro lado da caverna Jasper mantinha uma expressão de incomodo, não estranhava, até eu me sentia uma intrusa apenas de olhar para o momento intimo que eles estavam tendo.  Vários minutos se passaram antes que uma das mulheres que o abraçavam se levantasse.

Ela era baixinha, os cabelos pretos eram curtos com pontas que iam para mil direções diferentes, os olhos eram verdes como os de Edward, mas a cor era um pouco mais clara, como a luz do sol filtrada pelas arvores que vi na campina, mesmo de longe pude ver que sua pele parecia a de um bebê de tão delicada. A baixinha veio em minha direção, assim que chegou mais perto ela parou, sua boca formou um perfeito O, seus olhos foram desde meus pés a minha cabeça, indiscretamente parando na máscara por longo tempo antes recuar de costas para onde sua família estava.

 Edward, que muito provável tenha visto toda a cena que se passou em átimos de segundos, saiu do abraço grupal de sua família e veio em minha direção.

-Não o tema, ele não significa perigo. Este é Iron Mask, foi ele que me resgatou e trouxe para cá.

 Depois que ele falou as outras mulheres que junto com a baixinha se aproximaram. Uma tinha os cabelos caramelo-avermelhados, oque explica o cabelo de Edward, seu o rosto tinha formato de coração e seus olhos eram verde-esmeralda como os de Edward, a outra era uma garota de cabelos loiros assim como os do rei, era alta e seu rosto exibia uma beleza única. A de cabelos castanho-avermelhados tinha um rosto mais serio, porém maternal, provavelmente era a rainha. Foi ela que tomou a frente das outras duas, chegando mais perto de mim, seu rosto ainda exibia o rastro de lágrimas, mas quando ela enfim parou ela abriu um sorriso que poderia rasgar sua face. Subitamente, ao ver aquele rosto tão maternal, senti falta da minha mãe que não via há algum tempo.

-Olá Iron Mask, eu sou Esme. – ela estendeu a mão para um cumprimento, mas eu apenas me curvei diante dela, dizendo um polido Vossa Majestade. – Bem Iron Mask, quero agradecer a você por ter salvado me filho. Aqui dentro você me chamará de Esme, não gosto de ser tratada de Majestade pelas mesmas pessoas todos os dias. Venham aqui queridas. – as garotas se aproximaram ainda espantadas por minha presença, mas obedecendo prontamente ao pedido da mãe. – Estas são Alice e Rosalie, peço desculpas pelo modo como elas reagiram diante a sua imagem, mas é um pouco desconfortável não poder ver o seu rosto.

  Ela apontou as duas em quanto falava, agora já sabia que a baixinha era Alice e a loira Rosalie.

-Vossa Majestade não precisa se desculpar muitos se recusam até a se aproximar de mim. Não me ofenderia se as princesas preferissem que mantivesse certa distância. – olhei para as princesas que se mantinham alguns passos atrás da rainha. – Vossas Altezas me perdoem se as deixo desconfortáveis, prometo não incomoda-las. Majestade a senhora não precisa agradecer por trazer o príncipe para cá, estou apenas cumprindo minha missão.

 Surpreendentemente Alice começou a caminhar, diminuindo a distância entre nós. Quando chegou perto de mim me abraçou, o abraço não demorou mais do que alguns segundos antes dela se afastar e ficar ao lado da rainha.

-Mesmo que você esteja só cumprindo uma missão ainda merece nosso agradecimento. Estávamos muito preocupadas com Edward e ficamos aliviadas quando ele chegou. Você trouxe esse alivio e não adianta dizer que não precisa, por que mesmo assim eu agradeço por mim e pela minha família.

 Incrivelmente ela disse tudo em folego só.

-Alice tem razão, desde que chegamos aqui não houve sequer um segundo ao qual não dedicássemos em nos preocupar com Edward. Agora com ele aqui podemos dormir em paz, meus agradecimentos são como rainha e mãe.

 Assenti, não se pode contrair uma rainha tão amorosa e uma princesa com sorriso brilhante. A outra princesa, Rosalie, se mantinha no mesmo lugar e só fazia assentir ao que sua família falava. Acho que ela não estava aberta a ideia de me abraçar.

-A consideração de Vossa Majestade comigo é um ato nobre, do qual não tenho como queixar-me. Agora se Vossa Majestade permitir eu gostaria de me retirar, a viagem foi muito cansativa e gostaria de poder descansar.

-Claro, não deveríamos ter tomado seu tempo, poderíamos ter deixar os agradecimentos para depois. Jasper e Emmett. – eles rapidamente se aproximaram. – Acomodem-no bem e levem bebida e comida para ele. Tragam também algo para o príncipe.

 Sem falar nada eles me conduziram de volta pelo túnel até a caverna aonde entramos no túnel, sem nem ao menos parar ele foram para o túnel da extrema esquerda. Enquanto andávamos senti uma leve inclinação, passados alguns minutos a inclinação diminui e buracos no teto forneciam uma luz fraca para o túnel, eles apagaram as tochas e viraram para a esquerda. Entremos em uma caverna que era usada como dormitório, com colchões de pano preenchidos por palha e alguns cobertores, Jasper estendeu alguns colchões em um canto da caverna e uns cobertores.

-Esse é seu cantinho. Aqui também dormem Paul, Sam, Jacob e Quil, eles também estão a serviço do rei protegendo a família real. – ele se abaixou e pegou um travesseiro jogando-o pra mim. – Sam e Jacob estão fazendo a ronda do lado de fora do C.R, já Paul e Quil devem estar atacando a cozinha. Eles poderiam dedicar o tempo que passam devorando tudo na cozinha em serviços prestativos para a rainha, se não fosse por mim eles comeriam todas as provisões.

-É verdade, vamos antes que eles comam até os pratos.

 Com isso fizemos o caminho de volta, mas ao invés de irmos para a caverna central seguimos em reta, agora eu sentia uma inclinação maior, e uma brisa fresca soprou pelo túnel. Depois de algumas curvas uma luz fraca surgiu no fim do túnel, literalmente, a cada passo era possível sentir a brisa, mesmo que a única coisa exposta do meu corpo fosse os olhos. O túnel se abriu para um jardim com uma pequena cascata que saia da rocha formando um lago natural, o jardim ficava em um cavidade na montanha, profunda o suficiente, em uma forma oval. Não havia nenhuma fonte de luz que não fosse à lua que deixava toda a paisagem em preto e branco, o ar do lado de fora era gelado e balançava suavemente as pequenas flores silvestres que eram pequenos pontos brancos no meio da relva negra, a água da cascata parecia um rio feito de prata. Todo o lugar parecia um dos meus mais belos sonhos.

-Esse lugar é muito bonito.

-Esse é o jardim das princesas, elas passam a maior parte do dia aqui. A cozinha fica pra lá. – ele disse enquanto apontava para nossa esquerda. – Não fazemos comida durante o dia, então vá se acostumando a comer comida defumada. Acredite, já comemos todo tipo de comida defumada e seca. Frutas, carnes, peixes e um dia Tanya até tentou defumar umas verduras, o gosto era horrível.  Vamos, temos correr antes que eles acabem com a tudo que for comestível.

 Nisso Emmett saiu em disparada até a entrada da cozinha, me deixando sozinha com Jasper.

-Emmett só fala e não explica nada. Tanya é a cozinheira, ela e as irmãs vieram pra cá para servir a realeza, as irmãs são Kate e Irina e elas são as serviçais das princesas. Cumprem qualquer capricho e ajudam as princesas em suas artimanhas. – ele suspirou. – Pegamos as princesas tentando sair daqui, elas não foram impedidas antes por que Kate e Irina estavam conversando com os rapazes. Tome cuidado com elas.

 Chegamos à cozinha e além de Emmett tinha dois outros rapazes, ambos com pele bronzeada e cabelos negros cortados curtos. No fundo da cozinha uma mulher de cabelos loiros avermelhados pegava alguns mantimentos em cavidades na rocha.

-Que bom que o príncipe chegou, minhas irmãs viviam falando que as princesas só sabiam chorar por falta do o irmão e... – ela se calou a me ver, deixando tudo que estava segurando cair no chão.

 Emmett rapidamente pegou as coisas do chão e colocou na bancada. Os outros homens me analisaram de cima abaixo antes de parar no meu rosto.

-Eu avisei a vocês que o cara era diferente, falei que deveriam reagir normalmente, mas vocês só escutam Jasper.

-Vocês deveriam se portar melhor diante dele, ele trouxe de volta a alegria para este lugar. Tanya sirva-o como serve a todos nós e vá levar alguma coisa para o príncipe. – ele se virou para os rapazes e apontou o dedo. – Quil e Paul parem de comer tudo oque veem pela frente, deem uma ronda por cima e vejam se alguma aproximação, já fomos surpreendidos uma vez hoje, não quero que isso aconteça novamente.

 Emmett estava sentado nos bancos esculpidos em volta de uma bancada, tudo em rocha, ele agia como se nada estivesse acontecendo. Sentei-me ao lado dele. Era estranho ver Jasper com aquele ar autoritário, mesmo estando aqui a pouco tempo, sentia que ele era a pessoa mais calma e centrada, talvez seja por isso que ele comande as coisas por aqui. Emmett me passou uns nacos de pão e algumas frutas secas.

-Coma. Logo Sam e Jacob chegam e eles vão atacar qualquer coisa que possam engolir. Não ligue para Jasper, ele só comanda tudo aqui por que consegue pensar em todas as possibilidades de qualquer situação que possa existir. Pelo menos é isso que ele diz.

 Era realmente cômico ver um homem com todo aquele tamanho sussurrar. Jasper ainda conversava com os outros dois, só que agora eles estavam na porta da cozinha e falavam em sussurros.

-Tome, ainda teve a sorte de conseguir um pouco de sopa. Já faz horas que jantamos e estava esperando que aqueles dois comecem tudo logo.

 Tanya me entregou uma tigela cheia de sopa, o caldo tinha um cheiro muito bom. Comecei a comer o que fora da por Tanya. Que colocou uma tigela frutas secas e carne defumada em uma bandeja de prata, mas antes ir levar a comida arrumou os cabelos e alisou as rugas da roupa.  Jasper sentou ao meu lado e comeu em silencio.

 Não houve nenhum conversa durante a mastigação.  Depois das primeiras mordidas, quando enfim parei para sentir o gosto da comida, percebi um sabor estranho no pão. Algo me dizia que aquela mulher não era uma boa cozinheira, já estava começando a questionar oque seria o sabor desagradável quando Jasper engoliu o pedaço de pão que mastigava e começou a falar.

-Como depressa, não tente saborear. Tanya é o melhor que arranjamos. Pelo menos a comida dela é descente, então jamais reclame de nada, ninguém quer problemas com a única pessoa que se despois a cozinhar.

-Isso é verdade. – Emmett falou de boca cheia. – Tanya pode envenenar a sua sopa, e colocar uma verdura seca no seu pão. Já aconteceu uma vez, Jacob disse que a carne estava crua e no dia seguinte ele que provou as verduras secas. – ele gargalhou com a lembrança, estremecendo as paredes da cozinha.

-Entendi o recado, nada de falar mal da comida da ruiva ou ela envenena a comida.  – mastiguei um pedaço do chão rápido, evitando ter que sentir o gosto desagradável. – Um genuíno sabor das montanhas.

 Eles riram da minha piada sem graça e voltaram a comer, as frutas secas eram um pouco melhores do que o pão, mas não chegavam a ser boas.

 Falamos pouco, eles me explicaram coisas básicos sobre o dia-a-dia ali dentro, discutimos também se eu deveria ou não participar das rondas fora do que eles chamam de C.R. Chegamos à decisão que não era bom que eu fosse para o lado de fora, seria melhor que ficasse cuidando exclusivamente da família real.

Sem que percebesse o príncipe entrou na cozinha. Só percebi a sua presença quando Emmett e Jasper se levantaram para reverenciá-lo, automaticamente me levantei para imita-los.

-Vossa Alteza.

 A partir de agora não iria de forma alguma chama-lo pelo nome, aqui havia pessoas dispostas a me decapitar. Não posso negar que ainda estava surpreendida com o modo como ele tinha tratado Emmett e Jasper, que em tão pouco tempo já tinham se acostumado a mim e não me tratavam como muitos que conheci durante todos os anos em que vive indo de um lugar a outra. Quando estava só comigo ele agia diferente, talvez a pessoa que conheci nos últimos dias não seja o verdadeiro Príncipe Edward, mas não teria razão para ele ser diferente comigo. Ele deveria ter sido indiferente e acido como foi com os rapazes, deveria ter medo de se sentir confortável e falar abertamente comigo, assim como muitos.

-Pensei que Tanya estivesse aqui, vim pedir para que ela esquente água para meu banho. – ele olhou para a cozinha esperando encontrar a ruiva, seu olhar caiu sobre mim e ele me fitou por alguns segundos antes de olhar para Emmett ao meu lado. – Se encontra-la diga que espero a água em meus aposentos.

-Claro Alteza, Tania já deve estar chegando. Assim que ela chegar nós daremos o recado. – Jasper que respondeu, provavelmente vendo que Emmett mal continha o sorriso de zombaria.

 O príncipe se retirou da cozinha. Depois de alguns segundos Emmett foi à porta e voltou, agora gargalhando, logo que o ataque de risos diminui ele começou a explicar o motivo do seu escândalo.

-Vocês acham mesmo que o pirralho mimado viria aqui apenas pela água do banho? – ele parou esperando uma resposta, logo rindo e responder ele mesmo. – O principezinho veio atrás da ruivona. Duvido que não tenha babado com aquelas pernas, imaginem como ele ficou irizado só com a visão, acho bem difícil Tanya recusar. Ela mesma deve estar atrás dele pra tentar seduzi-lo.

-Emmett, pare de agir como uma velha fofoqueira. Você só fica feliz quando tem algo pra espalhar por esse lugar.

 Era bom estar em um ambiente com testosterona, faz com que o controle que tenho sobre meu lado feminino fique maior do que está nos últimos dias. Fazer brincadeiras masculinas faz com as pessoas desconfiem menos de mim.

-Bem, se o príncipe quer um pouco de diversão quem somos nós para questionar? – com essa pergunta eu ganhei um olhar incrédulo de Jasper e uma gargalhada de Emmett.

-Iron tem razão Jazz, o principezinho concerteza só que um pouco de diversão. Se ele quer, deixe ele ir comer na mão de Tanya.

 Emmett se calou quando a princesa pigmeia Alice entrou correndo.

-Jazz! Emm! Venham, vocês precisam ver os vagalumes. – a baixinha veio na direção deles, assim que chegou pegou as mãos deles e saiu os arrastando. Quando estava quase na porta se virou olhando para mim, provavelmente ponderando alguma coisa.  – Venha também Iron Mask, os vagalumes poucas vezes aparecem, e o show é muito bonito.

 Fui bem devagar em direção à porta, assim que cheguei às luzes dos vagalumes inundava a pequeno jardim, iluminando todo o ambiente, tingindo tudo ao redor com a luz verde clara e criando sombras nas rochas mais altas. A princesa anã estava saltitando de felicidade enquanto corria atrás dos vagalumes. A princesa loira Rosalie permanecia observando a diversão da sua irmã com um leve sorriso no rosto, a rainha estava sentada em algumas pedras que margeavam o laguinho. Meus olhos vasculhavam todo o jardim, quando percebi quem era que procurava forcei meus olhos a fitarem a princesa de Liliput* .

 Entrei um pouco mais no jardim, atraída pela felicidade e a nostalgia do momento. São em instantes como esse que as pessoas esquecem os problemas que as cercam, sendo felizes, mesmo que o motivo da felicidade seja uma família de vagalumes.

A distração era tanta, que por pouco não percebi Tanya. Ela passou arrumando a roupa e o cabelo olhou de soslaio para mim e entrou depressa na cozinha. Saindo do mesmo túnel o príncipe, que ao contrario de Tanya estava impecável, a única coisa que o denunciava era o sorriso convencido em seu rosto.

Emmett tinha razão quando disse que ele estava à procura de diversão, acho que Tanya não resistiu ao charme e beleza dele. Meu corpo foi invadido por dor, uma pitada de raiva e outra de inveja. Tenho certeza que isso era ciúme.

Não compreendia por que exatamente estava sentindo ciúmes de Edward. Se ele queria se entreter com o projeto de torturadora o problema é dele, eu não tinha que me importa com oque ele faz e com quem ele. Mesmo assim o ciúme ainda me consumia. Um turbilhão de ferro derretido que passeava por todo o meu corpo e sempre batia mais forte no coração, a ponto de pela primeira vez estar me sentindo sufocada pela máscara. Uma vontade latente consumia a ponta dos meus dedos, sabia que essa vontade só passaria quando eu retirasse a máscara.

Procurei por Jasper ou Emmett, os encontrei perto da rainha admirando a princesa que ainda se divertia com os pequenos animais.

-Gostaria de saber se tem algum lugar em que possa me banhar.

-Tem sim, tem uma caverna com algumas tinas. Nós tomamos banho lá, se quiser posso pedir a Tanya que esquente um pouco de água. – Jasper mais uma vez se mostrou prestativo.

-Não precisa, água fria é perfeita para mim, mas gostaria que ninguém entrasse na caverna enquanto tomo banho. Só preciso de alguns minutos e a garantia de que não serei surpreendido.

Ele assentiu e avisou a Emmett que ele me levaria a “sala do banho”.

-Preciso pegar algumas coisas no dormitório. – disse quando chegamos em frente ao corredor do dormitório. – Não vou demorar.

Jasper permaneceu no mesmo lugar enquanto eu seguia em frente. Localizei a minha bolsa e peguei uma muda de roupa e a toalha, por sorte encontrei uma tira de peixe perdida, decidi guarda-la para um momento em que a comida da ruiva estivesse intragável.

Voltei para junto de Jasper e nós seguimos o nosso caminho, passamos pela caverna principal e fomos pelo túnel do meio. À medida que caminhamos senti novamente a sensação de inclinação, só que dessa vez o chão não vou voltou a ficar nivelada, também não havia nenhum outro túnel ou gruta durante a nossa caminhada. Aos poucos comecei a ouvir sons de água corrente, depois de alguns minutos chegamos a uma caverna. Como nas outras cavernas havia tochas espalhadas pelas paredes. O som de água vinha de um rio que parecia brotar da terra e que cortava a gruta ao meio, chegando mais perto descobri que na verdade existiam dois rios. Um seguia pelos fundos e parecia ser raso, o outro passava pelo meio da gruta, mas logo em seguida corria junto a uma das paredes, e concerteza era mais fundo, o mais raso seguia um curso normal através das rochas. Imagino que esse daria a origem à pequena cachoeira. Já o outro parecia ser tragado pela rocha.

-Tomamos banho no mais fundo, a água do raso é usada para beber e fazer comida. A correnteza é fraca, mas não boie por que ela leva para o fundo.  – ele olhou para mim e para o rio a nossa direita. – Você poderia voltar para o dormitório sozinho?

 Considerei a hipótese e relembrei o caminho, não me pareceu difícil já que não havia outros túneis e cavernas nas quais poderia me perder.

-Posso sim, não terá nenhum problema se não contar com a sua companhia.

-Tudo bem então, vou ficar na entrada do túnel e garantir que ninguém venha aqui. Só peço que não demore, os outros provavelmente já se recolheram, mas é comum que Kate e Irina venham buscar água para as princesas.

-Não de preocupe, não vou demorar muito. Só preciso tomar banho e lavar minhas roupas, posso fazer isso bem rápido.

 Ele assentiu e se retirou, esperei até que o som dos seus passos desaparecesse para começar a me despir. O risco que corria de ser descoberta enquanto tomava banho aqui era no mínimo mil vezes maior que do que andar sem máscara pela floresta. Esse era um local que muitas pessoas habitavam, e estava simplesmente me banhando no lugar que elas mais vinham, assim supus. Parei de divagar e voltei à atenção para oque fazia.

 Entrei na água que estava incrivelmente gelada, a sensação de bem estar e conforto aflorou em mim, deixei que a correnteza limpasse todo o suor e sujeira do meu corpo, peguei as roupas e as usei para esfregar o corpo. Terminei de lavar a mim e as roupas e sai de dentro da água, o banho estava sendo muito bom, mas os riscos que corria eram altos demais para me permitir aproveitar por mais tempo. Seria uma imprudência minha, sem contar que havia dito a Jasper que não demoraria. Acabei de me secar e lavei a toalha, torci tudo para que secassem mais depressa e me vesti.

 Dei uma segunda olhada para a sala do banho antes de ir. Não tive nenhum problema em encontrar o dormitório, assim que cheguei percebi que eles também lavavam as roupas, deixando-as secar em uma madeira apoiada entre duas paredes. Coloquei minhas roupas ali e desabei no colchão em que minha bolsa lateral estava acomodada, minhas costas agradeciam a todo instante por enfim dormirem decentemente, mas ainda reclamavam por dormir de armadura. Não seria possível dormir apenas com as roupas de baixo, meu corpo ficaria exposto e logo eles descobririam o fato de ser mulher.

 Seria um desastre de ao invés de um corpo musculo vissem curvas delicadas e uma pele macia, acho que ninguém jamais espera que eu seja uma mulher. Eles poderiam querer se aproveitar de mim, torna-me o objeto sexual desse lugar.

 Provavelmente o príncipe iria querer que eu fosse sua cortesã, mesmo Tanya sendo mais bonita que eu, ele gostaria de variar o cardápio.

Essa poderia ser a realização dos meus mais profundos medos, sempre temi as consequências da descoberta dos meus segredos. As mulheres sempre eram sobrepujadas na sociedade, só servíamos para satisfazer os homens, cuidar de seus filhos e da casa. Em poucos casos um homem se casava por amor.

 O mundo era perigoso demais para uma mulher, até eu admitia isso.

 Abanei esses e todos os pensamentos da minha cabeça, deixando que o sono me levasse bem devagar para a inconsciência.

Liliput: terra imaginária habitada por pessoas de minúscula estatura. (Do romance Viagens de Gulliver, do escritor inglês Swift.)


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Notas finais do capítulo

Gente eu realmente odeio reclamar, pra falar a verdade levo tudo numa boa, mas meu coraçãozinho de escritora está meio murchinho, e ele tem ligação direta com a minha imaginação. Outra coisa que não gosto de fazer é pedir, mas vou fazer mesmo assim. Adoraria receber mais reviews e quem sabe uma recomendação. Pode ser até "desiste dessa porcaria" ou "garota chata!", não me importa.

Agora vou parar de reclamar e vou agradecer as minhas leitoras fieis.

Isabella Twifan, Rosangela_Love e Carol_Costa e para a nova leitora Cher. UM MILHÃO DE BEIJOS!!!

Kisses and Hugs!