Iron Mask escrita por Luisy Costa


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora no cap, mas ele é importante para a continuidade da fic.

Esse cap é maior que os outros, me senti inspirada nesses ultimos dias.

Espero que voccês gostem do cap e, sabe, não custa nada deixar uma review! IsabellaTwifan, Rosangela_Love e Carol_Costa por me acompanharem!

Kisses and Hugs!



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 O sonho começou como sempre.

 Sempre soube que estava sonhando por que não era uma invenção da minha cabeça, eram memorias do ataque ao meu vilarejo.

 Os gritos de agonia e dor das pessoas ecoavam na minha cabeça, os soldados franceses eram cruéis, o som que vinha do lado do vilarejo eram assustadores. Eu queria lutar, mas eram muitos e a segurança da minha família e amigos era prioridade. As pessoas a minha volta mantinham o olhar nos seus entes queridos que sofriam, a impossibilidade de ajudar aqueles que amam causava um medo sufocante. Saber que eles estavam tão perto deixava tudo ainda pior.

 Havia terror a minha volta, mas estava entorpecida pelas cenas que via. O choro da minha irmã me trouxe de volta, seus olhinhos estavam voltados ao horror da morte, não percebi seu choro antes por que minha mãe estava tapando a sua boca e por algum motivo suas mãos pediam ao lado do corpo agora.

 O horror nos seus olhos me apavorou mais do que as ações a minha volta, ver todos aqueles sentimentos refletidos no rosto da minha irmã, que possuía uma aura de ingenuidade encantadora, fez com que o momento me atingisse.

 É sempre nessa hora que o sonho se transforma em pesadelo.

 As cenas de tortura paravam e os soldados se voltaram para nosso esconderijo na floresta, as arvores que nos protegiam sumiram pouco a pouco deixando o pequeno grupo exposto. Suas espadas pareciam zombar do modo que empunhava a espada do meu pai, um dos soldados se aproximou da minha mãe e da pequena Renesmee, minha Nessie. Mas meus pés não se moveram para protegê-las. A imobilidade era aterradora, só ficou pior quando um dos soldados colocou sua espada no peito de Nessie.

-Bells...

 A voz aterrorizada de Nessie me causou arrepios, mas não consegui dar sequer um passo em sua direção. As lágrimas de impotência começaram a rolar quando ela sussurrou meu nome novamente. O desfecho do pesadelo estava quase no fim, mas um barulho vindo da realidade me tragou para a mesma.

 O barulho nem de longe me era estranho, o som de uma das minhas armadilhas sendo desarmadas. Em um segundo estava de pé e empunhando a espada.

  Segui até a origem do som e quando cheguei me surpreendi ao ver o príncipe de cabeça para baixo.

 A cena era a mais engraçada possível. Quando ouvi o barulho imaginei que tivesse sido algum tipo de animal ou alguém indo se refrescar no regato e, na pior das hipóteses, alguém tentando raptar o príncipe. Nenhuma das opções se comparava ao que estava acontecendo.

  Queria rolar de rir da cara dele, mas não podia deixa-lo de cabeça para baixo por muito tempo. Cortei e a corda amarrada a uma arvore e o príncipe caiu de cara no chão, quando enfim se levantou tinha o corpo todo sujo e o rosto com alguns arranhões superficiais. Passou e não dirigiu uma palavra sequer a mim.

 Seus passos estavam um pouco vacilantes, uma preocupação idiota me atingiu, seguida pela culpa. Como se os machucados deles fossem minha culpa, tudo que fiz foi cortar a corda, ele que fugiu. Mesmo assim não resisti ao que sentia e o segui. Quando o alcancei ele já havia chegado ao acampamento, ele estava de costas para mim, suas costas rígidas indicando que estava estressado.

 Não queria, mas ser rude quanto aos últimos acontecimentos me ajudaria a manter o segredo, a ser... Um homem melhor.

-No que vossa Alteza pensou quando simplesmente decidiu fugir de mansinho enquanto eu estava dormindo?

 Ele virou para mim, seu rosto machucado era uma mistura de raiva e frustação.

-Pensei em voltar para meu castelo, aonde deveria estar esse tempo todo. – o olhar de raiva predominou a frustação. A sua reação era completamente inesperada, mas o entendia.

-Acontece, Alteza, que o lugar aonde diz dever estar não é o aonde recebi ordens para leva-lo. Independente da sua vontade Alteza, não deixarei que fuja novamente e peço que não tente fugir. A ideia de deixa-lo indisposto ainda me é tentadora.

 Poderia entendê-lo, mas ainda assim tinha que aprender que nada ali estava sob o seu controle. Com um bufo ele voltou na direção do buraco da arvore e se enfiou lá dentro.

A culpa é dele.

 Pensei quando a culpa começou a me atingir novamente.

 Olhei para o regato.

 O nascer do sol já emitia uma pequena claridade, que era filtrada pelas arvores e conferia a ele um brilho verde claro. As lembranças de um tempo em que me refresquei num regato como aquele me parecera tão distantes do que vivia agora. Há tempos atrás eu fui apenas uma garota, não existiam máscaras, príncipes, missões e guerras.

 Aquela pequena campina causou uma avalanche de emoções e lembranças que me deixava atordoada, faz muito tempo que nada disso acontece comigo.

Suspirei.

 Por mais que quisesse prolongar nossa permanência ali, tudo era muito arriscado. A qualquer momento franceses metidos e italianos idiotas poderia aparecer no meio daquela floresta. Devo confessar que algo dentro de mim dizia que aquele lugar era perigoso para meu lado feminino, que ultimamente tem se mostrado mais presente do que o desejável.

 Olhei para o buraco e pude ver os pés do príncipe. Ele agia como um garoto mimado que levou uma bronca da mãe.

 Fui em sua direção, me abaixei e olhei em seus olhos. Por alguns momentos me perdi no verde de seus olhos, lembrei-me da luz no regato há alguns instantes, mas elas não se comparavam a aquele verde-esmeralda. Seu rosto estava enrijecido, mas seus olhos continham apenas frustação, uma preocupação espantosa aflorou em meu peito. A comparei com a sensação que tive quanto ele havia me contado oque os soldados inimigos tinham feito a ele.

 Abanei minha cabeça espantando aqueles sentimentos. Voltei-me para ele novamente, só que dessa vez evitei contato visual, não podia arriscar ficar nadando em emoções enquanto passava a ele os próximos passos.

-Alteza...

-Edward. – me surpreendi por ele me interromper. – Já pedi que me chame de Edward.

 Nada pude fazer afinal se o príncipe quer que o chame pelo nome quem sou eu para arriscar meu pescoço contra? Certo, só o cara que o estava salvando.

-Tudo bem. Edward, nós precisamos partir agora.

-Certo, dê-me um minuto.

 Deixei que ele tivesse o minuto dele.

 Quando me virei e me surpreendi com ele atrás de mim, olhando de cima abaixo como se esperasse ver algo diferente por baixo da minha armadura. Seus olhos encontraram os meus e nos encaramos por alguns segundos.

 Depois, como se aquele momento não tivesse acontecido, ele passou por mim e abaixou para lavar seu rosto. Caminhei até Durna e acariciei seu dorso, coloquei a sela nela e voltei à atenção ao nosso acampamento.

 Desfiz a fogueira e botei folhas por cima para esconder o chão chamuscado, olhei dentro do buraco e analisei para ver se tinha algo que mostrasse que alguém havia dormindo ali, felizmente não tinha nada comprometedor, o lugar continuava parecendo a toca de hibernação de algum animal. Continuando com o meu trabalho entrei na floresta e desfiz algumas das armadilhas e voltei à campina.

 O príncipe estava montado em seu cavalo e com uma cara um tanto quanto impaciente, sem demoras montei em Durna e segui na direção do regato.

-Nós vamos atravessar?

-Não, o regato será nosso caminho por um tempo. – seu rosto demonstrou o quanto ele estava confuso, o que para mim foi uma novidade. Achei que o garoto sabia como passar invisível para não ser rastreado, bom se ele não sabe eu terei que ensinar. – É uma tática para despistar, qualquer um acharia essas lindas pegadas. – apontei para o chão, aonde havia inúmeros pares de pegadas, minhas, dele e dos cavalos. – Indo pelo regato eles teriam mais trabalho para nos rastrear, dando uma margem de um ou dois dias na frente deles. Seguir dentro da floresta e não pelas trilhas é outra tática, a maioria dos soldados está acostumado em seguir rastros em trilhas por que são os caminhos mais rápidos e seguros para qualquer lugar, mas eu estou acostumado a seguir pegadas dentro da floresta, acredite, não é algo que um inexperiente faça com muito sucesso.

-Isso é tudo uma estratégia para despistar, estamos nos embrenhando na floresta para que ninguém descubra onde exatamente estamos indo? Parece-me um exagero.

-Tudo uma questão de segurança.

- Nós vamos seguir pelo regato até aonde?

-Até o meio-dia, depois vamos pelo outro lado até encontrar outra trilha e margear por ela até o anoitecer, mas nunca podemos nos afastar desse regato.

 Ele refletiu por alguns minutos e assentiu.

 Olhei para o céu, devia ter passado uma hora desde que acordei com o príncipe fujão. Sem falar nada entrei no regato e segui por ele.

 Prosseguimos durante muito tempo calados. O silencio ao lado dele era confortável, como se palavras não fossem necessárias.

A água correndo sob o leito rochoso, o canto dos pássaros, os pequenos animais bebendo água e os cascos dos cavalos batendo contra a rocha no fundo do regato, esses eram os únicos sons que interrompiam o profundo silencio.

 Aproveitei o silencio para relembrar os últimos dias. Eu estava descansando da ultima missão, tempos de guerra são ótimos para os negócios, quando um cavaleiro entrou na taverna procurando por Iron Mask. Desde desse momento minha vida deu uma guinada estranha, uma hora você está bebendo um vinho barato e ouvindo asneiras sobre como o cara arrancou o braço do outro, na outra você está no castelo recebendo uma missão diretamente do rei.

 Depois me lembrei do resgate, não houve nenhum desafio naquela parte da missão. Nada emocionante, não para mim, que fizesse a adrenalina correr por minhas veias. Logo em seguida a tentativa de fuga, como se ele fosse muito longe se não tivesse sido pego pela armadilha. A enxurrada de emoções também se fez presente em minhas memorias.  

 Realmente eu jamais me imaginei fazendo qualquer coisa desse tipo, definitivamente salvar um príncipe não estava na lista das coisas que um dia eu sonhei em fazer.

 Meus pensamentos foram interrompidos pelo meu estomago, que estava se retorcendo no meu abdômen. O sol estava atingia o ápice no céu, provavelmente era meio-dia. Decidi parar para almoçar, por que não sei quanto ao príncipe, mas eu estava com fome.

 Guiei Durna para margem e saltei dela. O príncipe fez o mesmo em seu cavalo.

-Hora do almoço?

-Sim, vamos parar e comer, depois nós iremos margear pela trilha que lhe falei antes. A trilha fica a alguns metros do regato.

 Ele se calou por alguns instantes antes de recomeçar a falar.

-O que esse regato tem de tão especial?

-Alt... – seu olhar de advertência fez com que eu parasse antes de terminar a palavra. – Edward, para a sua segurança e da sua família é imprescindível que saiba o menor número de informações possíveis.

 Ele assentiu.

 Era complicado estar sempre explicando as situações a ele, mesmo sendo compreensível que toda aquilo era novo para ele. É de se imaginar que um príncipe que se afirme tão autossuficiente saiba como agir neste tipo de circunstancias, ele deveria ter sido treinado, sem o devido preparo o fracasso seria eminente.

 Retive-me do modo lutador e passei a cuidar do almoço, meu estomago permanecia a se retorcer e guinchar por estar vazio.

Tomando cuidado para não fazer muito barulho, adentrei na floresta e esperei por uma presa. Quando enfim consegui capturar um cervo voltei à margem do regato, fiquei surpresa ao ver que o príncipe tinha acendido uma fogueira.

-Pensei que poderia poupar você de alguma parte do meu peso morto.

 Assenti. Se ele não queria ser um peso morto, bom para ele, menos trabalho para mim.

 Preparei o animal e o coloquei na fogueira. O príncipe parecia estar muito feliz por ter uma porção de carne maior hoje, sinceramente se meu estomago estava se retorcendo era por que ele havia comido quase toda a comida ontem.

 Por muito tempo permanecemos calados. Mesmo quando o assado ficou pronto e dividimos tudo igualmente, não houve sequer uma palavra que quebrasse a obstinação em mastigar e engolir a refeição.

 Terminamos de comer. Mascarei todos os vestígios da nossa passagem ali, assim como no acampamento. Alisei a crina de Durna enquanto observa o príncipe se aprontar para seguir viagem.                                                      

-Sua égua é muito bonita. – o príncipe me surpreende quando elogiou Durna, muitos apenas a chamavam de montaria do diabo. Um apelido bonitinho.

-Durna é minha companhia. Ela é concerteza a melhor recompensa que já ganhei.

-Ela foi uma recompensa?

-Sim. Eu a vi nascer, estava indo conversar com o fazendeiro sobre a minha missão, foi quando um serviçal chegou gritando que a égua estava parindo. – Ri ao me lembrar da cara de desespero do infeliz. – Os segui até o estabula e vi a égua deitada, o fazendeiro o ajudou a tirar o filhote.

 Sua expressão era de espanto, como se a ideia de ver o parto de um cavalo fosse algo nojento. Era de se esperar que nunca tivesse visto aquilo, provavelmente ele receberá seu cavalo pronto para montaria.

 Decidi por continuar a historia antes que ele ficasse verde.

-Quando tudo terminou o fazendeiro voltou a sua atenção a mim. Fui e cumpri a minha missão, assim que voltei o fazendeiro me perguntou oque queria de recompensa. Ofereceu-me ouro e outras preciosidades, mas o pequeno potro negro era a única coisa que me interessava naquela fazenda. – a lembrança do pequeno potro negro me fez rir, o momento em que a vi levantando e dando alguns passos, antes de se desequilibrar e cair, sempre se fazia presente em minha cabeça. – O fazendeiro não gostou muito da minha escolha, mas me entregou o potro assim mesmo, logo depois eu descobri que era uma égua e a nomeie de Durna.

  Agora já estávamos em movimento, sem nos apressarmos. O silencio era bom, mas a conversa que mantínhamos era tranquila e divertida, fluía como o vento que cantava entre as arvores. Ele processou as informações por alguns segundos antes de voltar a falar.

-Você a treinou?

-Não, ela passou os primeiros meses na fazenda, mas sempre a visitava para ver se estava bem. Ela nem precisou ser domada para que eu pudesse monta-la.

 Quando Durna pode se sustentar em suas patas passei a leva-la em passeios noturnos, a muito me disseram que um cavalo só confia em uma pessoa se a conhece verdadeiramente, então utilizei os passeis para mostrar a Durna quem sou por baixo da máscara. Ela fora a primeira e única que soube a verdade do meu segredo.

-Pode-se ver que vocês tem algum tipo de ligação, não me lembro de ver alguém tendo tanta confiança em um cavalo. – ele abaixou e alisou a crina do seu cavalo. – Levou um ano antes que pudesse monta-lo, tinha algo a ver com a confiança que eu teria que depositar nele, o que não me era fácil. Fico pensando se a máscara na gera algum tipo de desconfiança nela.

-Gerou sim, por isso ela sabe oque eu escondo. Muitas vezes a levei para passear, aproveitando esses poucos momentos para acostumar ao que existe debaixo do metal.

 Muitas vezes receie que alguém me visse sem a máscara, mas a necessitada de fazer aquela coisa tão frágil e tão amável confiar em mim superou os meus temores. Aflorando em mim um instinto materno que a havia sido suprido desde que deixe minha mãe e Nessie.

-Alguém mais sabe oque você esconde?

-Não, se alguém soubesse já estaria debaixo da terra.

-Você se esconde em uma máscara porque não gosta da cicatriz no seu rosto, isso me parece um pouco de extremo. Mesmo que seu rosto estivesse completamente deformado você não teria a necessidade disso, poderia mentir e dizer que aconteceu em uma luta, você não é mais um rapaz franzino. Colocaria mais medo sem a máscara do que com.

 Ele teria razão, se houvesse algum tipo de cicatriz, o medo que um homem causa quando exibe uma cicatriz horrenda é a arma de alguns caçadores de recompensa e soldados. Era melhor contar a segunda parte da historia, que era em si uma verdade, para não ter que ouvi-lo se questionar mais uma vez.

-A máscara se tornou minha marca, pergunte a qualquer ladrão por Iron Mask e ele tremerá, mas pergunte por Aaron MacLaine e ele dará de ombros. Se comecei assim, é assim que devo terminar.

 Seu semblante assumiu a surpresa já esperada, usar um nome não me era comum, mas sempre que questionada esse era meu escolhido. Aaron era o nome do homem ao qual estava prometida e MacLaine era o sobrenome de minha amiga Truddy, que o amava. Minha vida antes da guerra era algo muito comum, dera eu poder voltar aquele tempo.

O modo como às arvore foram ficando espaçadas me chamou a atenção, provavelmente estava a poucos metros da trilha e seria arriscado continuarmos a falar.

-Receio que devemos parar de conversar.

-O ofendi?

-Não me ofendeu, só estamos perto demais de uma trilha, não quero que sejamos descobertos caso alguém passe. Já é muito arriscado estarmos seguindo ao lado da trilha, não quero aumentar as chances de sermos descobertos por estarmos conversando.

-Tudo bem. – ele assentiu enquanto falava. – Sem mais conversa, está entendido.

  Dali para frente seguimos mudos, algumas vezes eu entrei um pouco mais na floresta, chegando a ouvir o barulho da água correndo pelo regato. Nesses breves momentos me sentia segura o suficiente para conversar com o príncipe, mesmo que em voz baixa e tendo certeza de que o água encobriria os nossos sussurros.

 Estar ao seu lado era fácil, como o correr da água sobre as pedras do rio, um movimento natural que acontece sem percebemos. Essa percepção me espantava, jamais havia pensado em alguém dessa forma, nem me sentindo confortável ao lado de uma pessoa.

 Hilariamente este contexto sentimental sempre faz partes dos meus sonhos, nos quais eu me sentia feliz e confortável apenas em estar ao lado do meu escolhido. Claro que nesses devaneios eu criava meia dúzia de crianças e passava a vida inteira me dedicando ao trabalho domestico, enquanto meu querido marido saia em busca do nosso sustendo. Hoje esses sonhos não se encaixam mais em minha vida.

 Não consigo me imaginar sem a adrenalina e a sensação de vitória a cada missão, comparando a minha vida agora com os meus sonhos do passado tudo oque sonhei parece muito pouco e ao mesmo tempo muito bom. Se nunca tivesse entrado nessa vida poderia muito bem me tornar uma dona de casa, mas se nunca entrasse nesse novo mundo jamais conheceria tantos lugares, tantas pessoas, tido inúmeras aventuras, não conheceria Edward e...

 Abanei minha cabeça imediatamente, era ridículo considerar o pequeno príncipe uma parte importante da minha vida. Sim, existia algo acontecendo entre nós dois, mas provavelmente era só uma camaradagem entre caras.

 Voltei à realidade, logo percebi o barulho do galope de alguns cavalos. Estávamos perto demais da beira da trilha, recuei poucos metros e desmontei e amarrei Durna a uma arvore me virei e vi o príncipe fazendo o mesmo com seu cavalo.

-Permaneça aqui Edward. Há alguém se aproximando e não quero que seja visto, caso isso aconteça esteja preparado para a ação.

 Ela assentiu com um pequeno sorriso, satisfeito por chama-lo como ele deseja, mas depois o sorriso desapareceu como se a ideia de deixa-lo para trás não agradasse.

 Revirei os olhos sem da importância ao que se passava com ele, me concentrando no som do galopar que ficava cada vez mais perto. Aproximei-me um pouco mais da trilha e esperei, quando o primeiro cavalo apareceu na curva eu senti meu estomago se contorcer. Montado naquele cavalo estava à única pessoa que temia.

 Os pelos da minha nuca se eriçaram ao ver Demetri, a sensação só piorou quando vi quem o acompanhava, não me era surpresa que Felix e Alec viessem junto com Demetri, mas mesmo assim a sensação ruim na boca do estomago não desapareceu.  Escondendo-me atrás de umas arvores observei eles passarem, felizmente estavam indo para o lado contrario, mas assim que encontrassem os meus poucos rastros não demorariam a me achar.

 Assim que eles passaram retornei a arvore onde Durna estava, vasculhei o perímetro com os olhos e vi o príncipe recostado em uma arvore. A expressão no seu rosto era serena, ele não estaria assim se soubesse a quem o estava caçando, a fama de Demetri e companhia se estendia por toda a Europa.

-Vamos, precisamos prestar mais atenção a nossa volta, eles mandaram os melhores. – suspirei exasperada. – O que eu estou dizendo? Os Volturi sempre enviavam os melhores para suas missões. Nós temos que tomar mais cuidado, senão você verá a minha bunda enquanto eles me afogam.

-Afogam? Como assim, te afogam?

-Demetri gosta de mortes lentas, nada de enfiar a espada no peito da vitima. Ele prefere ver a pessoa implorar por ar, se debater e agonizar, simples assim. A companhia dele raramente escolhe o modo de morte, sempre preferindo agradar a Demetri, eles sabem que se Demetri se irritar não haveria lugar longe o suficiente para se esconder que ele não os encontre.

-Quem são os Volturi? Quem é Demetri? E, por ultimo, quem são as pessoas que estavam com o tal Demetri?

 Suspirei. Desde que o conheci senti o cheiro da inexperiência, ele poderia morrer se não tivesse um homem forte e inteligente ao seu lado. Vendo desse lado parecia irônico que ele quisesse defender seu reino, o pobre nem conhecia o inimigo. Provavelmente ele fora ensinado em questões políticos e sociais para se tornar um bom governante, fico imaginando se ele teria ao menos alguma noção básica de defesa ou se até isso eu precisaria ensina-lo. Por hora me contentei com a explicação do inimigo.

-Os Volturi são a família real italiana. Demetri era um caçador de recompensa, mas agora trabalha para os Volturi, as pessoas que estavam com ele são Felix e Alec. – bufei com a lembrança dos estúpidos. - Ambos trabalham com Demetri há muito tempo e quando o idiota começou a idolatrar os italianos os idiotinhas foram correndo se juntar a ele.

-Eles não parecem perigosos, nem estavam na mesma direção que a nossa. Não os vejo como um problema em potencial. – ele olhou em volta antes de recomeçar a falar. – Com todos esses cuidados que você vem tomando é impossível que alguém consiga nos localizar.

 A boa fé dele em mim me agradou, mas nessa circunstância tudo oque já havia feito se tornava insignificante quanto a quem estava nos procurando. Imaginei que mandariam outro punhado de idiotas, ver Demetri e sua comitiva me deixou alerta, o risco de sermos pegos era muito maior agora.

-Agradeço a sua confiança, mas eu mesmo acho que fiz pouco para mascarar nossa passagem pelos lugares. Acredite, quando Demetri quer encontrar alguém ele encontra, é quase como um dom. – focalizei as memorias dele caçando, a atenção dele aos mínimos detalhes. - Rastrear a pessoa e carrega-la viva ou morta para quem vai lhe dar a quantia oferecida, ele prefere leva-las morta. Ele não teme a nada e para ele as coisas só acabam quando ele tem um cadáver ou alguma riqueza em suas mãos, a obsessão dele pelo sucesso na missão é algo assustador.

 A verdade nas palavras até me assustava, lembrei-me ao máximo do olhar de louco de Demetri quando ele fracassou em uma missão. Neste dia senti meus ossos tremerem.

- Você os conhece da onde? – fui pega de surpresa com sua pergunta, esse passado era muito desconfortável para mim, concerteza seria para ele também – Responda se quiser claro.

-Os conheci há muito tempo, mas esse não é assunto que eu queria compartilhar com você. – olhei ao nosso redor, checando se não havia nenhum sinal de aproximação. – Agora se levante, não temos tempo para conversar agora. Pode ter esquecido, mas eu não esqueci que tenho que entrega-lo vivo.

 Ele se levantou e montou no cavalo, fiz o mesmo e chequei mais uma vez a área. Realmente as coisas ficaram mais perigosas. Os cuidados tinham que ser redobrados, levar o príncipe a salvo era uma parte da missão, se eu falhasse em ser cuidadosa poderia entregar o local aonde a família real se escondia de bandeja para os Volturi. Se minhas ações resultassem em fracasso a guerra poderia ser vencida pelos italianos e franceses, uma responsabilidade dessas não deveria estar em minhas mãos.

 Seguimos no meio do perímetro que dividia a trilha e o regato. A cada segundo meus olhos e ouvidos vasculhavam o nosso redor em busca de qualquer movimentação anormal, nunca em tanto tempo eu desejei que não houvesse guerra e que eu não precisasse estar aqui.

 O príncipe seguia ao meu lado inconsciente do perigo que o cercava, o pobre menino não sabia quem o procurava, se soubesse não estaria tão tranquilo.   


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Notas finais do capítulo

Oi pessoal! Capitulo grandinho não? É como eu disse la em cima, me senti inspirada nesses ultimos dias.

Deixem uma review!



Kisses and Hugs!