Iron Mask escrita por Luisy Costa


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Bem, me desculpem pela demora na postagem. Estava organizando tudo antes de postar esse cap!

Um beijo gigantesco para a IsabellaTwifan, a Rosangela_Love e a Carol_Costa por mandarem reviews carinhosa.

Espero que vocês gostem!


Kisses and Hugs!



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Cavalgamos até o anoitecer, quando enfim foi precisava procurar um lugar para o príncipe passar a noite. Eu poderia muito bem cavalgar por mais algumas horas, mas minha carga parecia que iria desmaiar a qualquer momento de tão moído pelo cansaço.

 Encontrei um pequeno abrigo feito pelas raízes de uma arvore a beira de um regato, era perfeito para manter o príncipe seguro.

  Ele correu para o regato, oque foi bom já que ele fedia, mas oque me surpreendeu foi quando ele começou a tirar a roupa.

 Graças a mascara ele não poderia ver o rubor que tomou o meu rosto.

 Eu poderia me disfarçar de homem, mas fui criada para agir como uma dama e não é comum uma dama ver um cavaleiro despido. Mesmo que meu trabalho me obrigasse a ver coisas tão piores quanto um homem sem roupa jamais perderia os pudores ensinados pela minha mãe quando o assunto se tratava de homens.

  Resolvi acender logo a fogueira, quando voltei com os braços cheios de galhos ele estava saindo do regato. Voltei minha atenção à fogueira, seria melhor do que ser pega observando o príncipe.

  Depois de alguns minutos escutei os passos do príncipe, levantei meus olhos e ela estava de roupa, ele mantinha o corpo rígido, mas isso não disfarçava o cansaço. Ele devia estar com fome, eu me levantei e pude sentir seus olhos me acompanhando, mas logo que entrei na floresta a sensação sumiu.

 Na floresta eu sempre me sentia desprotegida, mesmo que a floresta tenha sido meu refugio nos últimos anos, havia algo que me deixa nervosa em andar por ela. Mas havia outra coisa com qual eu tinha que me preocupar, segui mais uns dez metros e comecei a improvisar algumas armadilhas para me alertar caso alguém tentasse se aproximar.

 Peguei um porco do mato e voltei ao acampamento, o príncipe estava à beira da fogueira, atiçando-a. Sem demoras preparei o animal pra ser assado, eu não sou feita apenas de brigas e caça de recompensas, meu lado feminino tem presença firme e segundo ele eu cozinho muito bem.

-Você usa essa mascara o tempo todo? – ele me pegou de surpresa, mas me mantive calma, como se estivesse esperando que ele falasse comigo. A pergunta dele não me irritou ou perturbou como todos achavam, na verdade me deixava aliviada. – Se você não quiser responder tudo.

-Não há nada de errado em sua pergunta alteza. E respondendo a sua pergunta, sim, uso a mascara o tempo todo.

-Oque aconteceu com seu rosto?

 Seu interesse não me irritava, significava que ele estava raciocinando bem o suficiente pra se perguntar o porquê de eu ter de usar uma mascara. Sempre contei uma mesma historia, e a repetiria para o príncipe.

-Vossa alteza, a historia não é tão interessante quanto aparenta. – fiz uma pausa dramática e dei um suspiro, tudo parte da encenação. – Eu me envolvi numa briga em uma taverna há alguns anos, naquela época eu não sabia me defender direito e acabei tendo meu rosto deformado por um bêbado. Podia ter tido que era uma marca de batalha, mas ninguém acreditaria, eu era um rapaz franzino. Então forjei esta mascara para esconder a cicatriz.

 Ele me observou durante alguns minutos como se visse a mentira em meus olhos, mas eu tinha certeza que meus olhos estavam recheados de indiferença, como a que via nos olhos dos outros homens como eu.

-E como exatamente você se tornou um caça recompensas?

-Bem está pergunta é um pouco mais pessoal. – aproximei meu rosto dele e coloquei um pouco de terror nos olhos antes de engrossar um pouco mais a voz e do gran finale. – Eu teria que mata-lo se contasse.

Ele olhou no fundo dos meus olhos, com puro desafio.

-Você mataria o príncipe?

-Como eu já disse, irá haver muitos imprevistos no caminho.

-Você vai continuar me ameaçando?

-Quem sabe?

 Ele ficou quieto e eu voltei minha atenção para o jantar. Eu precisava me preparar para uma conversa delicada e conversas delicadas não são o meu forte. Há muito aboli as frescuras desnecessárias, como momentos em que minha feminilidade seria uma arma melhor para fazer as pessoas confiarem em mim.

-Alteza, hoje quando o resgatei percebi que estava aterrorizado. – olhei para ele, sua cabeça estava abaixada. Ele devia sentir vergonha por mostrar fraqueza. – Não é minha função, mas sei do que homens como aqueles são capazes, eu sou como eles. Só queria saber como o capturaram e oque fizeram ao senhor, não é curiosidade, é uma precaução. Algumas pessoas ficam marcadas demais e se tornam agressivas com as outras.

 Esse tipo de coisa realmente acontecia. Certa vez tive que sequestrar um ladrão, contratei alguns homens para me ajudar com o assunto, oque esses homens fizeram ao ladrão era sub-humano. Não fui forte o suficiente e acabei libertando ele, o homem só havia roubado um saco de grãos; semanas depois recebi a noticia que ele havia voltado pra casa e matado a mulher e os filhos com medo que eles o torturassem.

-Estava viajando para o norte quando fui capturado, passei um dia inteiro amordaçado. – ele olhou para mim como se a pior parte não fosse aquela, eu soube quando olhei para seus olhos que realmente não era. – Eu não lutei tudo que fiz foi ameaça-los a cada vez que eles tiravam a mordaça, eles riam de mim, iam à barraca com comida só para me ver implorando por um pedaço, me batiam quando os chingava e discutiam sobre o melhor modo de me matar. Quando o vi tive certeza de que era você que iria me matar, não o temi pela mascara, mas pelo perigo que pensei que representava pra mim.

 Por um segundo visualizei o  seu olhar de terror quando meu viu, era uma mistura cruel de medo e resignação. Provavelmente oque o marcou mais foi à discussão sobre o modo de mata-lo, ele não sabia que aqueles homens o levariam para Itália por que eles o fizeram acreditar que o matariam. A parte que me surpreendeu foi ele não ter sentindo medo da minha mascara, provavelmente achou que seu executor estaria mascarado, sem identificação.

 Um sentimento estranho de raiva aflorou em mim, como se as ameaças vagas daqueles soldados imundos, que em tanto me assemelho, fossem dirigidas a mim. Também tive vontade de segura-lo e protege-lo contra o medo que existia no seu olhar.

 Era esquisito ter sentimentos, havia tanto tempo que eu os tinha extinguido. Ter sentimentos estragava toda a imagem de caçador de recompensas. No começo da carreira os sentimentos costumavam atrapalhar quando era preciso ser um pouco fria, eu lidava bem com eles até que um dia me colocaram em uma situação em que se fosse pelo lado emocional acabaria morta.

 O estomago do príncipe me tirou dos devaneios do passado. Olhei para o nosso jantar que a essa altura já estava pronta e me adiantei para servi-lo, seus olhos brilharam quando o entreguei a melhor parte do animal e mais uma vez um sentimento me tomou, vê-lo ali quase feliz me deixava reconfortada.

 Ele devorou a comida em silencio, a cada mordida ele abria a boca o máximo que podia e tentava mastigar mais do que cabia dentro da boca, a cena era muito engraçada. Peguei um pedaço da minha parte e o entreguei, ele não excitou em pegar e devorar.

 No fim do jantar ele já havia comido a parte dele e mais da metade da minha. Estava tudo muito quieto e derrepente um arroto, quando olhei para o príncipe vi a expressão mais engraçada que ele poderia ter. Seus olhos estavam esbugalhados, como se arrotar não fosse comum entre homens.

-Me desculpe.

 Ele realmente deveria achar que aquilo era o ato mais horrendo que alguém podia cometer, como se tudo oque ele viveu não fosse uma evidencia de que um arroto nada mais era do que um ato deselegante, mas só se estivesse em uma ceia na corte.

-Não se preocupe alteza, já vi coisas piores que um arroto.

-É força do habito, minha mãe me ensina boas maneiras desde que posso me lembrar. – ele pareceu lembrar  de algum momento da sua vida. – Posso até ouvi-la dizer: “Edward você foi muito grosseiro, um cavaleiro não deve agir de tal modo”. Ela é uma mulher que sempre acreditou no cavalheirismo, mesmo não estando entre mulheres.

 Segurei o riso, se ele soubesse que estava na companhia de uma mulher teria realmente se sentindo mal.

 Logo me esqueci dos segredos quando seu rosto caiu com a lembrança da mãe. E mais um sentimento idiota decidiu aparecer, dessa vez eu queria conforta-lo, dizer que logo ele estaria com sua mãe e suas irmãs.

-Iron Mask, você realmente está me levando para onde meu pai mantem minha mãe e minhas irmãs?

-Sim alteza, minhas ordens são de lava-lo até lá e ajudar os cavaleiros na proteção de vossa família.

 Ele pareceu meditar sobre isso durante uns poucos segundos.

-Meu pai esta tentando me afastar da guerra, ele não quer que eu me envolva nessa batalha contra a Itália e a França. Sinto-me um incapaz em pensar que meu pai prefere manter-me escondido, eu poderia ajuda-lo. – ele olhou para fogueira antes de prosseguir. – Nunca honrei meu reino, meu pai ou minha família. Só quero uma chance para demonstrar que estou pronto para ajudar meu reino, mostrar ao povo que quando chegar a minha hora poderei ser um bom líder.

-Bom alteza não cabe a você ou a mim essa decisão.

-Eu sei disso, só digo que meu pai deveria pensar melhor. Ele está me tratando como uma criança.

 Seu rosto se tornou uma carranca, estranhamente eu não gostei disso. Era como se a carranca estragasse a beleza do seu rosto. Percebi que esse era mais um sentimento.

 Decidi mudar de assunto antes que outro sentimento aparecesse.

-Alteza é melhor o senhor ir dormir, vamos partir bem cedo amanhã e não pretendo parar até o meio dia. – ele assentiu. – Venha, arranjei um lugar seguro para vossa alteza.

-Edward.

-Como?

-Pare de me chamar de alteza, meu nome é Edward. Não há ninguém aqui que vá decapita-lo. – um sorriso sínico apareceu em seu rosto. Essa atitude dele me lembrou de seu pai, que não exibiu sorriso algum ao pedir que parasse de chama-lo de majestade. – Apesar de que desconfio que você esteja disposto a me decapitar caso eu não coopere.

 Ele estava começando a entender a situação, mas eu não seria capaz de mata-lo. Eu dei minha palavra que entregaria o príncipe vivo, talvez inconsciente, mas vivo.

 O guiei até a entrada do abrigo, a expressão no seu rosto continha um pouco de nojo.

  Perfeito, pra quem tinha passado quatro dias, amordaçado, em uma tenda que cheirava a urina e carne podre aquele buraco na arvore deveria parecer um paraíso.

-Boa noite alteza.

-Boa noite, Iron Mask. – eu me virei, mas antes que dar o primeiro passo ele resmungou mais algumas palavras. – Se você me chamar de alteza novamente eu mando decapita-lo.

 Eu ia revidar a provocação, mas ele já estava dormindo e me pareceu cruel acorda-lo. O dia fora longo e amanhã seria ainda mais.

 Muitas coisas haviam acontecido hoje, algumas me levaram a questionar a minha sanidade. Eu estava carregando um príncipe presunçoso, prepotente e orgulhoso. Aja paciência. Se eu não houvesse dado minha palavra de que o menino mimado chegaria são e salvo ao esconderijo ele já estaria inconsciente, talvez falte com a minha, apenas uma vez não mata.

 Se eu fosse ao ritmo em que ele havia me feito ir hoje levaria três dias para chegar ao esconderijo, mas se fossemos no meu ritmo chegaríamos antes do próximo poente.

 Além disso, tinha os sentimentos que surgiram o dia inteiro. Desde momento em que retirei a venda dos olhos dele até agora quando não acordei para revidar a provocação, todos esses sentimentos me deixam atordoada, principalmente a pontada que senti quando me lembrei do rei preocupado com seu filho sequestrado.

  No começo os sentimentos me faziam fraca, me deixavam vulnerável a fracassar em uma missão, a prova de fogo. Eles se tornaram traiçoeiros a partir do momento que não cumpri a minha primeira missão.

 Simplesmente não consegui arrastar o garoto, que tinha roubado uma galinha para o jantar, para as mãos do fazendeiro que provavelmente mataria o pequenino. Ele só queria matar a fome dele e da família. Mas sem duvida não foi nesse momento que abri mão dos sentimentos.

 Abanei esses pensamentos da minha cabeça, eles traziam muita dor.

 Verifiquei se o príncipe estava dormindo, ele não acordou mesmo depois de sacudi-lo. Assim como ele eu precisava de um banho e eu não poderia entrar no regato com a mascara.

 Despi-me lentamente, era bom concentrar-me em uma coisa que não fosse o príncipe, os sentimentos e o passado. Enfim chegou a fez da mascara. Todo fez que preciso tirar a mascara vinha sensação de estar desprotegida, como se ela fosse meu único porto seguro no mundo onde homens cruéis fariam barbaridades a uma mulher.

 Com movimentos rápidos e cadenciados retirei a mascara. Olhei mais uma vez para o príncipe que tinha começado a roncar, novamente uma sensação de reconforto passou pelo meu corpo, como se vê-lo deito, em sono profundo, fosse uma de minhas maiores conquistas. Rapidamente afastei as asneiras da cabeça e fui à direção do regato.

 Quando entrei senti a agua gelada limpar todo o suor que fazia minha pele ficar grudenta, a sensação de prazer ao se sentir limpa é uma das manifestações do meu lado feminino que, de vez enquanto, cisma que devia ter hábitos de higiene melhores. A agua levou junto com a sujeira os pensamentos inoportunos, aproveitando de um dos meus poucos momentos de descanso comecei a me lavar.

 Primeiro cuidei dos cabelos, que mesmo que ficassem debaixo do capuz sempre ficavam sujos, depois me concentrei no corpo e retirei os últimos resquícios de suor. Por fim lavei as roupas de baixo e sai da agua, no mesmo instante o vento frio enviou um arrepio do pescoço à base da coluna, essa reação do meu corpo soou como um mal pressagio.

 Ignorei isso, afinal os dias em que eu acreditava em coisas desse tipo já se passaram há muito tempo. Foram dias em que escutava minha mãe contando lendas e historias sobre seres mágicos e magia.

 Minha autopreservação me avisou que estava muito tempo sem a mascara, olhei para o príncipe e por um segundo me pareceu que ele estava acordado. Preocupação inútil, acho até que teria que acorda-lo de manhã para seguir viagem.

 Sequei-me e assim que coloquei minha mascara a preocupação sumiu.

 Durna estava deita perto da fogueira e mantinha o olhar em minha direção. É provável que Durna seja a única que sabia do meu segredo, a única com a qual falava sem engrossar minha voz. Às vezes penso que sou louca.

-É menina, o dia foi longo.

 Deitei-me sobre ela. Não temi que alguém atacasse, havia armadilhas espalhadas pela nossa volta. Se alguém se aproximasse eu saberia.

 Tenho certeza que o menino mimado ainda me causaria problemas com toda essa historia de “preciso ajudar meu reino”.

 Depois de alguns minutos deixe que o cansaço me levasse. O dia tinha sido longo, mas amanhã seria mais.


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Notas finais do capítulo

Mandem suas opniões pelos reviews!

Desculpe mais uma vez pela demora na postagem, nunca imaginei o quanto tudo isso tomava tempo!

Um milhão de beijos sufocantes a todos que me acompanham!

Assim que terminar com o proximo capitulo eu posto.

Kisses and Hugs!