Breathe

Capítulo 10

“[...]So Shut Your Eyes, Kiss Me Goodbye, And Sleep, Just Sleep... The Hardest Part Is Letting Go Of Your Dreams...”

“-Eu não tenho medo.”

A voz feminina ecoou em sua mente, conhecia aquela voz, ele com certeza a conhecia, mas quem era sua dona? Do que ela não tinha medo? Aquilo o intrigava. Não desistiria de sua vida agora, não ainda, ele precisava continuar.

Aquela voz pertencia á mulher que ele vira em suas confusas lembranças? E quem era ela afinal? Mas, ainda assim, seu corpo prosseguia tão fragilizado de forma que ele sequer conseguia mover-se.

-Maldição! - Ele murmurou a si mesmo, numa voz já cansada.

“Não estou com medo...”-Outra vez, e aquilo o tirava do sério, e tudo o que podia fazer era olhar àquele céu sem a menor capacidade de lutar por sua vida. O que lhe estava acontecendo?

-Ridículo...- Ele murmurou fechando os olhos, rendido pela fatiga.

-Concordo, isso é muito ridículo...Ulquiorra.- Disse uma figura que de imediato, tornou a face do 4º espada tomada por uma inevitável surpresa...

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-Tadaima!- Anunciou o rapaz acompanhado da morena. O pai de Ichigo, como de costume não estava em casa, e Karin, havia ido ao treino de futebol, mesmo que já fosse possível prever que graças a chuva, ela logo estaria de volta.

-Okaeri!- Yuzu recebeu-os, ainda que da cozinha. -Onii-chan, a proposito, o time de futebol ligou para cancelar o treino de hoje e remarcaram para amanhã.

-Ok. Eu vou pro banho, tô encharcado, e vou ficar no meu quarto, me chama quando o jantar estiver pronto?

-Claro. Rukia-chan, faça o mesmo, ou pegará um resfriado!

-Está bem...- Rukia respondeu sorrindo para a garota que voltava para a cozinha.

Ambos os shinigamis, sem demora, foram ao banho. Mesmo separados, suas mentes ainda trafegavam distante, um no outro. O que acontecera ainda aquela tarde, os havia deixado confusos acima de tudo, ou melhor, o que sentiam não era confusão de fato, pois aquele sentimento já não os trazia confusão, já haviam se acostumado com ele. Mas ainda assim, o que algo como aquilo os queria dizer? Deviam continuar vivendo da mesma forma que em todo esse tempo, deixando levar, sem pensar muito no assunto? Sim, talvez essa fosse a resposta da qual procuravam.

Como dito, Ichigo estava em seu quarto, não estava com muita vontade para fazer qualquer outra coisa, que não deitar em sua cama e refletir. Rukia, por outro lado, ofereceu ajuda a irmã do ruivo que preparava o jantar. A morena não ajudou muito a pequena, afinal, não eram grandes seus talentos em atividades domesticas. Depois de ter terminado, sentou-se, próxima a janela, onde podia ver as inúmeras gotas de chuva que precipitavam naquele momento.

Estava pensativa. O ataque do hollow nesta tarde a havia feito pensar muito, sobre tudo, sobre si mesma, sobre Ichigo, e até mesmo em suas responsabilidades como shinigami, afinal, deixar que um mero hollow os acertasse daquela forma, só mostrava o quanto estavam dispersos.

E enfim, voltou a pensar no que sentia. Era algo do qual ela sempre esteve fugindo, mas não podia evitar, sempre existiu aquela cumplicidade entre o ruivo e ela. Mas, por um instante, pareceu ser mais que isso, muito mais, e de uma coisa ela tinha certeza, ela não queria perder seu companheiro, isso, com certeza a deixaria sem chão... mas porque? Porque eram amigos? porque ela tinha uma divida de vida com ele? Porque algo tão forte, tão desesperador a havia atingido naquele momento?

A morena passou a mão pelos cabelos, ainda pensativa, em silencio.

As gotas de chuva caíam incessantemente, o frio, também estava muito presente, e o mundo parecia cair ao lado de fora. Já anoitecera. Sem mudança em sua expressão, Rukia se perguntava, o que exatamente deveria fazer, de que forma poderia reagir quanto aquilo, talvez se não se distraíssem mais... E foi então que lhe ocorreu, porque estavam tão distraídos de repente?

Lembrara, eles haviam discutido mais cedo, uma briga comum, quase sempre acontecia, mas não lembrava-se de ficar dispersa de tal forma, isso nunca havia ocorrido, por isso estava tão desconcertada. Desde quando seus sentimentos por Ichigo tornaram-se tão confusos? Desde quando, atos tão simples, como os que ocorreram ainda mais cedo naquela tarde, a deixavam sentir tão estranha?

Por um instante, lembrou-se da sensação de ver o ruivo caído daquela forma. Sentiu-se angustiada como antes. Ela já não podia suportar a ideia de que algo de ruim pudesse de fato acontecer com Ichigo, não queria sequer pensar nisso.

-Rukia-chan, o jantar já está pronto!- Anunciou Yuzu, subindo as escadas para chamar seu irmão mais velho.

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A ruiva havia terminado seu jantar. Sua energia parecia ter voltado mesmo que um pouco, apesar de continuar cansada. Ela precisava dormir para que enfim pudesse recuperar-se completamente, ou tentar, afinal, sua fatiga não era apenas física, mas emocional também.

Espreguiçou-se, olhou em sua volta. Não podia voltar a dormir no chão, pois além de ser desconfortável, o tempo havia esfriado muito. Voltou a seu quarto, observou o 4º Espada. Aliviou-se ao confirmar que sua aparência já havia melhorado. Agora ele parecia dormir, calmamente, enquanto ela imaginava por quanto tempo ele continuaria naquele estado.

Aquilo não combinava com Ulquiorra, aquela aparência frágil e danificada, parecia até mesmo ser outro alguém.

Deixando isso de lado, resolveu pensar outra vez em como faria para descansar. Depois de um longo suspiro, lembrou-se do quarto de seu irmão. Há muito tempo não entrava ali, e imaginava se deveria fazê-lo. Mas não havia outra forma, ela precisava dormir um pouco.

Outro suspiro depois, caminhou em direção ao quarto de seu irmão. Com um pouco de hesitação, finalmente, girou a maçaneta, adentrou ao quarto escuro e quase esquecido. Lembrava, a ultima vez que entrara ali, foi arrumar as coisas de seu onii-san, e tudo estava do mesmo jeito, exceto pelo fato de estarem um pouco empoeirados.

Caminhou ao centro do recinto, olhou em volta. Sentiu inevitavelmente a falta de seu irmão, dos velhos tempos, de não estar sozinha a todo instante, em casa. Mas logo se recompôs, não podia ficar triste, afinal, fora uma promessa, e também, ela sentia que, mesmo não estando ao seu lado, seu irmão estava feliz, onde quer que estivesse.

Sentou-se na cama. Ainda parecia esperar a volta de seu dono. Ainda tinha seu cheiro, e isso fazia com que Orihime sentisse-se segura, como se ele estivesse ali, para cuidar dela, como costumava fazer. Logo após trocar os demasiado empoeirados lençóis da cama, a ruiva finalmente deitou-se, dormindo logo em seguida.

Ainda assim, o que ela não sabia, era que seus sonhos estranhos ainda não haviam acabado...

Continua...