- Com você aqui não quero procurar colégio algum. Rola algum filme? – eu disse logo que abri a porta.

- Claro! Já disse que só quero ficar perto de você. – ele disse enquanto entrava.

- E… que tal Querido John? – sugeri.

- Romance… hm. – ele foi rápido em seu pensamento – Bom, isso sempre funciona pra juntar as pessoas. A senhorita que escolhe.

Abri a mala jogada pela sala de estar e peguei o DVD que ganhei do meu irmão de aniversário.

- Nunca o assisti com ninguém. Sempre que assistia chorava, mas sozinha.

- Bom, minha camisa ainda está seca, pode molhá-la se quiser.

Ri.

Talvez eu não seja a pessoa mais forte para filmes românticos, por mais que eu me esforçasse.

Coloquei o DVD pra rodar no blu-ray.

- E…e..eu acho que estou gostando de você. Mais do que antes. – confessei.

- Que bom linda! Vou considerar isso um ponto de partida.

- Dores são pontos de partida. Até que chega um momento que sofrer já não é suportável, então você parte para o amadurecimento. É uma fase, que talvez seja até mesmo benéfica pra mim.

O interfone toca. Eu não estava esperando ninguém.

- Bom, enquanto você atende vou buscar pipoca pra nós dois.

- Certo.

(…)

- Senhorita Germanotta, uma garota insiste em vê-la, mas não se apresentou ainda.

- Você insistiu?

- Até demais.

- Pode deixar subir.

Abri a porta e com quem me deparo? As inseparáveis Anne e Paola.

- O que querem?

- Soubemos que você não estava mais em Los Angeles, e eu estava mexendo no celular do Lucas e vi que ele tinha ligado pra você. Eu rastreei a chamada e caiu aqui em Madrid. Viemos dar as boas vindas e saber se você está bem.

- Estou ótima, mas… por que gostaria de saber? Você nunca se preocupou comigo.

- É… – ela pegou na minha mão, toda falsa – mas agora você não namora mais com o Lucas então achei que poderíamos ser amigas.

Soltei sua mão bruscamente e disse:

- Achou errado, poderia me dar licença?

- Mas Isabella, Lucas mandou te entregar uma carta, segundo ele era pro caso de você ficar com outro cara. Até eu fiquei surpr… – ela foi interrompida pela volta de Erick.

- Isa, eu peguei de manteiga suav… – ele se surpreendeu com as garotas.

- I-S-A-B-E-L-L-A, precisamos conversar! – Paola disse sobre o charme de Erick.

- Lucas não vai gostar nadinha de saber disso… – Anne completou – Toma aqui a tal carta. – ela me entregou até que eu respondi.

- Eu não estou nem aí pra o que ele vai achar ou não agora, por favor, vão embora. – eu as empurrei e fechei a porta bem na cara delas.

(…)

- O que elas queriam, Isa?

- Nada não…

- Não parece “nada”, Isa. O que foi?

- Promete não ficar chateado?

- Vou tentar.

- Anne rastreou a chamada que recebi de Lucas ontem… e veio aqui pessoalmente “me entregar uma carta dele”.

- Deixa eu ler.

- Não Erick!

- Deixa eu ler.

- Não!

- Então é assim? Você não confia em mim?!

- Tá bom, mas lê em voz alta.

O filme já tinha passado quase meia hora até então. E ele começa a ler:

“Querido sortudo,

Queria pedir-lhe para que cuide da Isabella. Ela é bem frágil, lembre-se sempre disso. Lembre-a todos os dias como ela fica linda com seu ‘All Star’ de cano alto roxo. E fale que não há coisa mais importante nesse mundo que a presença dela – mas não somente diga, isso tem que ser verdade. Porque não tem coisa que mais a magoe do que a mentira. Esse não foi o motivo certo para que eu tenha a perdido, mas, isso também conta. Por favor, te peço para que não a machuque jamais, porque, por mais que eu tenha a machucado, você não sabe como isso me corrói todos os dias. Saiba que você está com a mulher da sua vida. A melhor garota de todas. Não desperdice essa chance. E quero também que você me prometa uma coisa: que assim que terminar de ler essa carta, diga-a que eu a amo, e que não estou a obrigando a voltar pra mim. Só quero que ela seja feliz, mesmo que seja longe de mim.

Sorte pra vocês dois,

Do cara mais estúpido do mundo”

Uma lágrima caiu do meu olho.

- Por favor, me diga que você não liga pra isso.

- Eu não queria, mas ligo. Eu me importo com isso. Porém, já te disse, eu te amo Erick. E não quero te perder nunca. Não é ele que me fará mudar de ideia. Porque, além de tudo, meu coração fica miúdo quando lembro de tudo o que eu passei com ele, e no que resultou. E, você sabe, isso não é uma sensação agradável.

Ele me abraçou.

- Estou aqui, isso vai passar, te prometo. – ele disse e me deu dois beijos na testa. E, involuntariamente seu ombro ficou todo encharcado com minhas lágrimas. – Já te disse, vai ficar tudo bem. Vou cuidar de você até que a dor passe, quero dizer, até mais do que isso.

(…)

Já eram quatro horas da tarde e já havíamos visto o filme. Eu adormeci sobre seu peitoral  e ele dormia como um anjo. Acariciei seus cabelos até que ele desperta.

- Bom dia meu amor, – ele abre os olhos e me encara com o sorriso mais encantador do mundo – está aí há muito tempo?

- Desculpa, não queria te acordar… Você parecia estar num sonho muito bom… – eu o respondi e abri um sorriso enquanto continuava a acariciar seus cabelos.

Jogamos a conversa fora até que eu perguntei:

- O que você pretende fazer da vida? Trabalhar, fazer algum curso em especial?

- Casar com você.

Mordi suas bochechas.

- Engraçado…

- O quê? – ele perguntou.

- Você é o único garoto que eu tive o interesse de ler, reler o manual inteiro. Desvendar os mistérios e “navegar” em suas aventuras. – pus a mão em seu peitoral e fiquei na ponta dos pés para que alcançasse seus lábios. Beijei-o.

- Seu beijo é tão doce, tão suave. Cautelosamente você me faz sentir você por inteira. E não tenho vontade de sair daqui. – ele alega.

- É recíproco.

Puxei-o contra mim com vontade. Sua blusa até deu aquele “estalo” de quando parece que vai rasgar. Arranhei seu peitoral e por um momento ele segurou para não dar um grito, eu tinha o arranhado mesmo, forte.

- Você é bastante confusa. Gosto disso. Gosto de viajar nos teus enigmas. E acabar descobrindo que você foi feita pra mim.

Mordi meus lábios. E então ele, correspondendo aos meus atos, me abraça carinhosamente e beija meus ombros, e meu pescoço.

Por um momento ouvi na minha cabeça a música Fall For You da banda Secondhand Serenade, e Erick a tocando pra mim enquanto só estávamos só nós dois. Eu estava realmente gostando dele, e não havia nada que pudesse mudar minha mente em relação a isso.