Por que Garotos não Tem Manual?! escrita por alice-lovesick


Capítulo 32
Capítulo 32




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Manhã ensolarada – coisa que sempre me agradou. O amanhecer em Madrid era encantador; Pouco movimentado e fresco.

O visor do celular acusava uma chamada perdida. Pode-se deduzir quem era o sujeito. Lucas.

– Não vou atender, – eu dizia pra mim mesma – tenho mais o que fazer do que ficar escutando desculpinhas esfarrapadas.

Coloquei minha meia calça florida e minha sapatilha com laçinho. É… tenho razão. Mudei muito mesmo. Do estilo rock ‘n’ roll, para o estilo florido e meigo de uma adolescente que antes odiava qualquer coisa com borboletas ou florzinhas.

Com aquelas blusas antigas “que só uso pra dormir”, levantei-me e fui tomar meu típico expresso.

O celular insiste em tocar acordando meu irmão que adormecia no sofá de couro.

 – Desliga esse troço, Isa. Ou então atende logo, que eu quero dormir.

Tentando ser meiga e compreensiva atendo a porcaria do celular.

 – O que quer, Lucas…?

– Onde você estava? Onde você está? Te procuro por toda parte e você não está em lugar algum…

 – Não te pedi que me procurasse.  

– Não precisa ser grossa.

– Ah não, imagina! Desculpe-me ser grossa, mas com você o jeito é esse.

– Não acredito que você esteja jogando nossa história no lixo, a história que a gen…

– A história que eu construí, você quer dizer, né. Onde foi que você colaborou nessa história? Ah é, desculpa! No final não é.

– Já te pedi desculpas, Isabella. Você que se recusa a aceitá-las.

– E de que adiantam? Apenas posso dizê-lo que é tarde demais. – eu o disse, e logo desliguei a chamada.

Debrucei-me na janela da sala de estar do nosso quarto do hotel.

A vista era linda, dava pra ver o centro da cidade com aquele movimento bem longe.

Por um momento vivi  um refrão antigo, de Falling In Love. Desta vez quem conquistava horas e horas em minha mente já não era a pessoa de antes, e sim o encantador de garotas frágeis, Erick.

Ele me lembrava um pouco Noah, um garoto que eu gostava na oitava série, tímido, no seu canto, e acho que foi um dos únicos que não ria de mim ou me enganou. Era incrível a semelhança entre os dois.

O Expresso já não me parecia uma saída. Queria dedicar-me um pouco aos estudos. Erick me pareceu conhecer um pouco a cidade, logo pensei que ele poderia me indicar algum colégio ali perto – qualquer um que não se assemelhasse à Bedingfield.

– Isa? - ele atendeu o celular com uma voz sonolenta.

– Desculpa te acordar, mas como iremos passar uma temporada aqui pensei em matricular-me em algum colégio aqui perto. Conhece algum?

– Brooks. Brooks é maravilhoso, um dos melhores colégios de Madrid.

– Pensei que diria alguma coisa fofa.

– Isabella.

– Ah, para! Assim você me deixa envergonhada – ri. E então? Não vai se matricular também?

– E perder a chance de passar mais tempo com você? Nunca. Estou passando aí daqui a pouco.

E então veio à minha cabeça, de onde os garotos tiram tanta criatividade pra acabar com uma garota?

Acho que garoto nenhum merecia uma troca de olhares infinita, ou inocência em troca de virtudes. Muitas vezes cheguei a perder minha postura robusta e em troca recebi o desespero, que consumiu minha alma que vagava em silêncio sem que eu pudesse impedir, nos perigos do meu “eu”. O incrível é que em boa parte da minha vida permiti-me encontrar estagnada em alguém que me fazia sangrar cautelosamente. Portanto, como consequência, pude avançar cada casa com cuidado, sem olhar pra trás, sem regredir; Mesmo que alguém totalmente forte saia de cena e alguém frágil e desestruturado entrasse em meu lugar.

Talvez fosse apenas mais uma de minhas preocupações egoístas, por receio de entregar-me a outro alguém mesmo sabendo que outra ainda mexia comigo. Fiz acreditar-me que não.  Que eu ainda não o amava e que estava pronta para outra. Admito que ainda me debato. Porém já não consigo ceder. Acho que por um momento consegui crescer psicologicamente. Se não saísse daquela situação, ao certo enveredaria por um caminho sem volta.

O interfone denunciava a chegada de Erick.

– Senhorita Germanotta. Um rapaz chamado Erick insiste em vê-la, devo deixá-lo subir?

– Claro.

Em poucos minutos ouço seus passos e meu coração palpita de forma incomparável. Por um momento senti meu coração na boca, como se por algum motivo indefinido eu tivesse o entregado meu coração em suas mãos e o dissesse: “cuida porque não estou aguentando mais”.


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