à Eternidade escrita por GabrielleBriant


Capítulo 20
O Não Dito




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XX

O NÃO DITO

Era um domingo; estava frio; e havia uma camada gigantesca de neve sobre os terrenos de Hogwarts. Tudo que Minerva McGonagall menos queria era ter que caminhar pelos jardins da escola às sete da manhã para receber Evangeline. No entanto, a mulher lhe dissera, em carta enviada no dia anterior, que precisava visitá-la... A velha bruxa nada pôde fazer, se não mandar Hagrid à casa dela e, resignada, esperá-los em frente ao portão da escola. Tinha que lhe fazer algumas perguntas de qualquer forma.

Depois de longos minutos de espera no absurdo frio do norte do Reino Unido, ouviu o estampido que anunciava a chegada dos dois. Do lado de fora do portão, trajando um enorme e negro casaco de pele de urso, que se confundia com os espessos cabelos e pelos faciais, a figura assustadora do meio-gigante ofuscava a mulher miúda ao seu lado. Evangeline imediatamente soltou as mãos de Hagrid e colocou-as no bolso do seu casaco, enquanto sorria para a velha bruxa.

- Minerva!

McGonagall sorriu e, com um breve menear de sua varinha, fez o portão da escola abrir-se. Evangeline agradeceu brevemente ao meio-gigante e tomou a dianteira, aproximando-se com dificuldade de Minerva.

- Evangeline! Você está radiante!

A mulher sorriu.

- Proximidade do casamento, talvez. Desde que Severo saiu da minha casa estou tendo mais paz e mais tempo para ficar com John... Eu estou feliz.

Minerva assentiu, começando a guiar a mulher ao castelo.

- Vamos à minha sala.

Evangeline mordeu ligeiramente o lábio inferior.

- Não há outro lugar onde podemos ir? Eu prefiro ficar longe de retratos falantes.

- Muito bem – Minerva assentiu, franzindo o cenho. – Nós poderíamos ir à sala dos professores; ela sempre fica vazia no domingo, e não tem quadros lá!

- Ótimo.

O salão de entrada da escola estava quente e aconchegante – o que foi um alívio para Evangeline, que imediatamente despiu o seu pesado casaco e o grosso cachecol. Ela viu, à sua frente, a grande escadaria de mármore que levava ao primeiro andar – caminho que ela sempre percorria quando ia à escola.

No entanto, dessa vez Minerva guiou-a por um caminho diferente: através de um corredorzinho à sua esquerda. Elas não tiveram que caminhar muito até encontrar a porta ladeada por dois Gárgulas, que logo começaram a tagarelar absurdos aos quais Evangeline não prestou atenção.

Minerva abriu rapidamente a porta e deixou que Evangeline entrasse. Era uma sala simples, com paredes de pedras nuas, exceto por alguns archotes. Os móveis em madeira escura e aparentemente envelhecida consistiam tão-somente numa longa mesa oval, várias cadeiras e alguns armários e estantes. A bruxa suspirou.

- Sente-se.

- Obrigada – Evangeline disse, enquanto acomodava-se em uma cadeira e despia as suas luvas.

Minerva sentou-se ao lado dela. Com um menear da sua varinha, conjurou chá e biscoitos. Evangeline educadamente serviu-os. Depois de tomar um breve gole do líquido quente, Minerva retomou a conversação:

- Como estão os preparativos?

- Cansativos. Organizar um casamento em tempo recorde é difícil! E todas as obrigações recaíram sobre mim, já que eu tive a brilhante idéia de escolher minhas amigas mais irresponsáveis como damas de honra e uma organizadora completamente louca.

Minerva suspirou, tentando sorrir da colocação bem-humorada da mulher ao seu lado... No entanto, os seus olhos apenas miravam-na com preocupação: as palavras de Snape não saíam da sua cabeça.

- Evangeline... – Minerva começou com cautela. Jamais se considerara uma velha metida e alcoviteira, mas sentia-se no direito de questionar Evangeline, desde que a considerava como se fosse um membro da própria família – eu não quero me meter em sua vida, mas... bem, posso fazer uma pergunta?

- Claro.

- Você está grávida?

Evangeline franziu o cenho, estranhando a pergunta.

- Claro que não!

- Então eu devo supor que o motivo de você ter aceitado realizar esse casamento relâmpago tenha muito a ver com o fato de Severo não estar mais morando em sua casa?

Evangeline mordeu o lábio e olhou para baixo, sentindo-se ligeiramente desconfortável: aquele era o último assunto no qual queria tocar. Tomou lentamente um gole do seu chá, tentando expulsar aquele aperto ruim em seu peito.

- Minha casa é maior que a de John... Ele se mudará para lá após o casamento. Eu precisava do espaço, então Severo concordou em sair, justamente como eu já te contei.

Minerva deu um meio-sorriso.

- Engraçado... Eu estive com Severo há alguns dias, e ele me contou outra versão para essa história.

- Não me interessa a versão dele! – Ela replicou antes de conseguir controlar os seus lábios. Sua voz saiu rápida, rude e cheia de rancor.

- Você deveria abrigá-lo até ele poder gozar de uma total independência no mundo trouxa. Esse foi o combinado, não?

Evangeline fechou os olhos, e respirou fundo... Mas isso não foi suficiente para controlar a sua ira e, ainda com a voz pesada, disse:

- Ninguém me falou que eu teria de abrigar o homem que matou Alvo! Você sabia que ele fez isso?!

Minerva lentamente deixou pousar a sua xícara na mesa. Os olhos da velha procuraram o de Evangeline. A sua voz saiu pausada e cheia de cautela:

- Sim, eu sabia. Mas você não deveria ter essa informação.

- Como não?! Como você pôde esconder essa informação?! Justo essa?! Foi por causa de Alvo que eu aceitei que aquele... homem ficasse na minha casa, então como você simplesmente decidiu omitir isso?... E como você pode ficar ao lado dele! Um assassino!

- Nós já conversamos sobre isso...

- Eu o aceitei, depois de toda aquela historinha de como ele foi torturado pelo seu passado, porque os seus assassinatos não tinham um rosto! Agora eles têm! Eu sei, Minerva, que eu não era tão unida a Alvo; eu não gostava de visitar esse mundo e ele não gostava do meu. Mas eu o amava! Ele era a última pessoa que eu tinha viva em minha família... com que direito aquele monstro me tirou isso?!

Minerva tentou segurar a mão de Evangeline, mas ela não deixou.

- O que aconteceu entre vocês?

- Você realmente quer saber? – A velha bruxa assentiu. Com pesar, Evangeline apenas confessou-se. – Eu dormi com ele e ele contou tudo ao John. Quando estávamos discutindo sobre isso, ele me contou o que fez com o meu tio e eu o expulsei de casa! Pronto. Você pode me culpar por isso, Minerva?

A velha suspirou.

- Não. Você está certa. Mas, antes de qualquer coisa, eu quero que você fale com o seu tio.

- De forma alguma! Eu me recuso a falar com um quadro; uma pintura que tenta ser a sombra do que o meu tio foi!

- Você saberá exatamente o que aconteceu--

- Não me interessa, Minerva! Eu não sei qual o problema vocês, bruxos, que não conseguem aceitar uma morte, e inventam artifícios para burlá-la! Ele morreu! Aquele quadro não é ele, e eu não vou fingir que é!

- Tudo bem. Se você pensa assim, permita-me dizer o que aconteceu. Não terá a riqueza de detalhes; ou talvez sequer a precisão... Mas lhe dará uma idéia mais justa do acontecido.

- Eu, sinceramente, não estou interessada. Apenas vim lhe entregar o convite.

Dizendo isso, Evangeline entregou o elegante envelope branco endereçado, em letras douradas a Minerva e selado por uma faixa de cetim gelo, cujo laço era adornado com duas discretas pérolas. Minerva o segurou, mas não tinha nenhuma intenção de deixar Evangeline ir-se.

- Eu apenas lhe peço alguns minutos. Eu vejo que foi um erro meu não lhe contar quem é Severo Snape e o que ele fez em sua vida! E ainda acho que não tenho direito de revelar certas coisas. Mas simplesmente não posso deixar que você o corte de sua vida dessa maneira! Não é justo!... Você se lembra o que tem escrito no epitáfio de Severo?

Ela bufou e rolou os olhos.

- “Viveu pela guerra e morreu por amor”. E daí?

- Quando você viu esse epitáfio pela primeira vez você me perguntou o que ele significava. Já descobriu?

- Sim. Ele gostava de uma vizinha, ela morreu e ele passou a vida tentando vingar essa morte.

Minerva deu um sorriso fraco, servindo novamente a xícara de Evangeline.

- Se tudo fosse tão simples, talvez Severo não tivesse fugido do mundo bruxo. Não, Evangeline... a história é maior e mais complexa. – Minerva suspirou. – Ela começa com garoto brilhante que tinha de conviver com um pai abusivo e uma mãe relapsa. O pai era um trouxa e a mãe a filha única de uma das mais prestigiadas famílias do mundo Bruxo, os Prince, e eu quero, antes de prosseguir, que você tome como exemplo a sua própria história; a relação entre Aberforth e sua avó; entre ele e sua mãe; e entre ele e você.

- Esse homem tratou minha avó como uma prostituta, jamais reconheceu a minha mãe como filha e nunca quis saber da minha existência. Tudo porque não temos sangue bruxo.

- Pois bem. Essa é a sociedade bruxa, como você bem sabe: total e irrestrita discriminação aos trouxas. Agora, com uma mãe ausente e um pai violento, Severo espelhava-se no único exemplo mais ou menos saudável da sua família: o seu avô; um aristocrata de puro-sangue, que, por Severo ser mestiço, o repudiava e embutia em sua cabeça a idéia de que ele tinha de ser o melhor bruxo, se um dia quisesse ficar entre os sangues-puros.

- Ele nunca me disse disso.

Minerva sorriu amargamente.

- Ele era apenas uma criança, e, sinceramente, não sabia o que era o amor. Até que ele conheceu Lílian Evans, a tal vizinha. Lílian foi a primeira pessoa que o acolheu e lhe deu carinho, apesar da sua aparência; apesar de todos os outros garotos que moravam perto deles acharem Severo e a sua mãe bizarros. Eu acho que ele a amou desde que ele a viu. Lílian era nascida trouxa, mas, ainda assim, ele estava disposto a passar por cima da única pessoa que ele temia, o seu avô, se isso significasse ficar com Lílian.

Evangeline rolou os olhos.

- Romeu e Julieta...

Minerva ignorou o comentário aborrecido e continuou a sua narração.

- Severo confundiu uma amizade incondicional com amor; mas Lílian não. Eles entraram em Hogwarts em casas opostas; os seus amigos eram inimigos entre si; e, quando Lílian finalmente encontrou o seu amor, ironicamente ele era a pessoa de Severo mais odiava.

Evangeline passou as mãos pelos cabelos num gesto impaciente enquanto respirava fundo. Disse:

- E ela casou-se com ele. Severo já me disse isso. Você pode parar de contar a história da vida dele! Eu não vou perdoá-lo.

- Eu não quero que você o perdoe; eu quero que você o entenda.

- Eu não sou psicóloga.

- Você apenas precisa ser humana. Espere. Eu chegarei à parte que ele certamente escondeu... Eu suponho que você já saiba que Lílian teve um filho, certo? – Evangeline assentiu. – Harry Potter. Ele era a cópia fiel do pai, mas tinha os olhos exóticos da mãe.

Evangeline bufou novamente:

- Isso acontece, Minerva. Ele deveria ter superado, como qualquer pessoa com juízo perfeito. O fato que ele teve uma paixonite adolescente não correspondida não vai me fazer--

- Mas ele não superou, Evangeline! Por causa disso, ele se tornou um Comensal da Morte, e fez tudo aquilo que ele dizia; foi então que ele matou, e torturou, e se tornou o monstro que você tanto o acusa de ser! Lílian, por outro lado, lutava conosco! Comigo e com Alvo.

- E...?

- E ele ouviu uma profecia que seria definitiva para a guerra, repassou-a ao seu Mestre... Foi justamente por causa dessa profecia que Lílian foi brutalmente assassinada.

Evangeline parou de respirar por um momento. Minerva, por aquele breve período em que um silêncio sepulcral tomou conta da sala, pensou que aquela explicação já seria suficiente para fazer Evangeline esquecer os maus sentimentos em relação a Severo... Mas ela estava enganada. Quando a mulher voltou a falar, sua voz ainda carregava o mesmo tom amargo – menos exasperado, no entanto.

- Isso é horrível. Porém, isso faz apenas com que os anos como espião sejam justificados. Não foi por amor que ele se arriscou; foi por culpa. Foi para se livrar da culpa, e não pensando nela. Como sempre, ele apenas fez o conveniente para ter certa paz interior.

- Você está errada. Culpa seria se Severo passasse para o nosso lado e apenas tentasse matar o antigo Mestre. Mas não; o seu objetivo era que Harry, o fruto do casamento de Lílian e seu maior inimigo, ficasse vivo. Por isso, ele abdicou de quase vinte anos da sua vida, servindo de espião e arriscando-se, como eu já lhe contei. Ele viveu unicamente da lembrança dela e tendo que ver todos os dias, pelos últimos sete anos, a imagem do Tiago Potter com os olhos de Lílian incrustados nele. Foi por amor, e não por culpa, que ele simplesmente não viveu.

Evangeline mordeu o lábio.

- Muito nobre da parte dele. Mas isso não muda o fez com o meu tio; tampouco muda a forma que ele se comportou comigo... O que ele viveu no passado não me faz sentir nem um pouco menos magoada.

- Eu quero que você entenda, Evangeline, que Severo, apesar daquela carapaça, leva o amor a sério. Eu quero que você entenda como esse sentimento é forte para ele.

- Eu entendo. – Ela disse muito seriamente. – Você não precisava me contar isso; eu sempre soube que ele é um homem intenso.

A diretora sorriu amigavelmente.

- Ótimo. Estando isso claro, podemos avançar para a morte de Alvo: Primeiramente, Evangeline, você realmente acha que eu ajudaria o assassino do seu tio?

Evangeline calou-se, olhando para o chão.

- Foi o que pensei. Severo deixou o mundo bruxo porque ele não tem ninguém aqui. A única pessoa que sempre esteve ao lado dele foi Alvo, então eu quero que, ao invés de condená-lo pelo que ele fez, você pense em como foi difícil para Severo ouvir que teria de matar o seu tio.

- Como...?

- Alvo pediu para ser assassinado. De fato, ele já estava morrendo quando Severo diferiu o golpe fatal. Não me pergunte como ou por que, eu realmente não o sei, mas a única maneira de termos uma chance de vencer aquela guerra era com a morte do seu tio pelas mãos de Severo. Alvo nobremente se sacrificou. E Severo foi nobre também, pois teve de suportar ver os seus aliados virarem-lhe as costas, o mundo bruxo inteiro lhe maldizer e o pior de tudo: carregar em sua alma a culpa por ter tirado a vida de mais uma pessoa que ele amava. É justo, Evangeline, que você o crucifique por isso?

Evangeline respirou fundo, sentindo finalmente os seus olhos marejarem.

- Você não viu a forma que ele me falou isso... Ele falou como se tivesse gostado.

- Ele fez isso para te machucar.

- Por que ele teria a intenção de me machucar?!

- Provavelmente foi uma defesa! Severo não jogaria essa informação em você por nada; e principalmente não dessa forma! Evangeline, eu tenho certeza que a morte de Alvo ainda dói nele... muito mais do que dói em mim ou em você. Você nunca esteve numa guerra, e talvez por isso você não entenda; mas algumas coisas têm que ser feitas! Essa foi uma delas. Eu receio que Severo não teve escolha nesse assunto.

- Aonde você quer chegar com isso?

- Eu quero que você reconheça que ele é um homem essencialmente bom. Apesar das mortes, apesar das grosserias, quero que você reconheça isso!

- Certo.

- E quero que você o perdoe pela morte do seu tio!

Ela deu um meio-sorriso.

- Pelo que você disse, não tem o que perdoar! Mas você também não pode me pedir que entenda e vá correndo atrás dele pedir perdão. Eu não vou! Eu ainda não quero olhar os olhos dele. E ele terá que vir a mim e explicar essa história, para que eu comece a tentar aceitá-la! Tudo bem, Minerva: ele é um homem bom que é sincero com os seus sentimentos... Mas eu simplesmente tenho que odiá-lo, agora.

Minerva engoliu seco, olhando para a xícara quase seca de Evangeline.

- Eu nunca te disse o que significava a estrela nas folhas do seu chá.

- Quer dizer Eternidade. Eu perguntei a Severo.

- Não... não somente eternidade. Mas à eternidade, para ser mais precisa. A estrela é uma das figuras que rodeiam o campo amoroso, e, dizem os livros de adivinhação, apenas aquele que encontrou a sua alma-gêmea pode vê-la.

Evangeline rolou os olhos.

- Alma-gêmea? Aquela pessoa especial que parece lhe completar em todos os sentidos? Eu deixei de acreditar em almas-gêmeas quando o meu amor da quinta série não quis me namorar porque eu era feia.

- Você vem de uma família bruxa, Evangeline, deveria ser menos cética. Você sabe muito bem que a vida após a morte é uma realidade; deveria saber também que as almas-gêmeas existem... Elas estão perto e, em algum ponto da sua vida, elas aparecem fatalmente. Pode ser que essa pessoa vá embora antes de nós... como ocorreu comigo. Ou que elas apareçam numa forma tão inconveniente que o amor parece ser possível apenas após a nossa morte... como Alvo e o amor da vida dele, Grindelwald. Você não acha que deveria ser mais grata por ter encontrado a sua?

- Você não pode estar pensando que Severo é a minha alma-gêmea.

Minerva mordeu o lábio.

- Eu imaginava que não, à princípio... Mas mudei de idéia.

- E o que lhe fez mudar de idéia?

- Ele me disse que te ama. – Evangeline parou de respirar e teve de pousar a sua xícara na mesa, ou as suas mãos subitamente trêmulas derrubariam o chá. – Depois de tudo que eu contei, você deve saber que ele não diria tal coisa em vão.

Evangeline suspirou, tentando segurar as suas lágrimas e tentando acalmar o seu coração, que batia tão forte que chegava a doer. Ela não sabia o que fazer com aquela nova informação... e a sua confusão espelhou-se na sua voz, que saiu fraca e trêmula:

- Não... O que ele fez; o que ele disse... Se ele me amasse, ele jamais--

- Você já pensou que ele pode ter dito a John o que aconteceu simplesmente porque foi a maneira mais rápida que ele encontrou de ficar com você? Porque ele queria que você fosse dele? Severo já passou por muita coisa em sua vida; o que eu sei e te contei é apenas uma pequena parcela... Mas já é horrível! É natural que ele seja possessivo; ele não sabe amar. E ele apenas não quer perder a chance de aprender... de novo.

Uma lágrima finalmente deixou os olhos de Evangeline – ela apressou-se em limpá-la antes que Minerva a percebesse.

- Eu pensei que você não queria que eu ficasse com ele.

Minerva riu-se.

- Eu não queria que você fosse infeliz. Mas, se ele é a pessoa que está em seu destino... – Ela suspirou. – Um casamento é um laço que você levará consigo a vida inteira. Eu não quero que você tenha essa ligação com um homem que você não ama.

- Eu amo John...

- Ama? Tem certeza? – Evangeline nada disse. – Apenas pense no que eu te disse, Evangeline. Espero que você faça a escolha certa... com o coração, e não com a cabeça.

Minerva tirou do seu bolso um pedaço de pergaminho. Nele, a inconfundível letra miúda de Severo.

- O que é isso?

- O endereço do hotel em que ele está.

Evangeline apenas suspirou, apertando o papel em sua mão.

- Eu vou cumprir a minha palavra, Minerva. Como você disse, casamento é um laço para a vida inteira. Eu posso não amar John tão intensamente, mas eu o amo. E ele me faz feliz... Severo, por outro lado, apenas me fez mal no curto período em que passou pela minha vida. Eu não sei se conseguiria lidar com isso durante a minha vida inteira!

Minerva assentiu.

- Eu entendo. Mas só se vive uma vez... você não deveria ter medo de ariscar. Caso termine com o coração partido, sempre terá amigos pra juntar os pedaços.

- Apenas... vá para a cerimônia.

Dizendo isso, Evangeline levantou-se e saiu em disparada da sala, esquecendo lá as suas luvas, cachecol e casaco. Apressou-se com dificuldade pela neve espessa dos jardins de Hogwarts e sentiu alívio ao ver o meio-gigante sorrindo para ela. Evangeline apenas passou com ele como um foguete.

- Me leve para casa!

Rúbeo Hagrid a seguiu. Quando finalmente chegaram ao lado de fora do castelo, ele segurou a mão, pronto para aparatar... Justamente a mão em que ela segurava o endereço de Snape. O pequeno pedaço de papel caiu pelo chão, fazendo com que o coração de Evangeline disparasse novamente.

- Espere! – Ela quase gritou, antes que o gigante fizesse o feitiço que a levaria para casa. Evangeline abaixou-se e pegou o pedacinho de papel. Mostrou-o a Hagrid. – Me leve para esse endereço.

XxXxXxX


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