Quem Conta Um Conto escrita por GabrielleBriant


Capítulo 6
O Dia Fatídico - Noite




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CAPÍTULO VI

O DIA FATÍDICO – NOITE

De volta à sala três das masmorras, Severo e Florência trabalhavam na poção num silêncio sepulcral.

Eles se separavam por uma bancada inteira. O caldeirão estava entre eles.

- Começou a borbulhar – ele disse.

Florência, sem olhá-lo, entregou o resultado daquilo que vinha trabalhando.

- Aqui está o sumo de visgo do diabo.

Mas, quando Snape ia acrescentá-lo à poção, a porta se abriu. Eles imediatamente se viraram... para ver Berta Jorkins.

Severo sentiu que o sangue deixou o seu rosto por um momento

- Erm... Perdoem a intromissão... mas eu não atrapalhei desta vez, atrapalhei?

Severo, com os olhos negros cravados nela, disse pausadamente:

- Você não tinha atrapalhado nada!

A garota deu um breve sorriso malicioso, enquanto dava mais um passo em direção ao casal.

- Como não? Quer dizer, vocês estavam se beijando na estu--

Mas, antes que ela pudesse terminar aquela frase, Severo já tinha lhe azarado. Furúnculos começaram a eclodir da pele da garota que, assustada, saiu correndo.

Um tenso minuto de silêncio se impôs entre os dois jovens que, pela primeira vez em muito tempo, se olharam.

Florência mordeu o lábio inferior nervosamente.

- Isso não foi legal, Severo...

Snape apenas bufou.

- Eu sei... Jorkings é uma idiota, mas eu não deveri--

- Eu não estou falando disso! A azaração foi mais que merecida! Mas com certeza vai atrair mais comentários...

Por um momento, Severo pareceu estar absolutamente aterrorizado.

- Mas-- E por que você não faz o que disse? Apenas espalha um outro rumor e acaba com esse?

Florência respirou fundo.

- Porque não daria certo.

- Como não? Não é muito provável que nós dois formemos um par, de qualquer forma! Qualquer mentira que explique por que Jorkins espalhou essa maldita fofoca será mais verossímil que a verdade...

- Porque... – Florência respirou fundo, não acreditando no que estava para revelar. – Porque, na verdade, este não é um rumor tão absurdo assim.

Snape piscou, olhando-a completamente incrédulo.

- Isso é efeito da poção?

- Não, isso é a verdade. – Florência mordeu levemente seu lábio. – Eu, há algum tempo, posso ter deixado escapar que acho você um mistério. E posso também ter acrescentado que eu gosto de mistérios. Muito.

Ele ergueu uma sobrancelha.

- E você pode ter deixado escapar isso para quantas pessoas?

- Para... quase todas as garotas do sétimo ano da Grifinória. E algumas corvinais.

Severo deu um sorriso sarcástico.

- Quem diria que esse rumor seria mais provável de sua parte do que da minha...

Florência rolou os olhos, bufando.

- Nem se eu tivesse espalhado para o mundo inteiro que sou perdidamente apaixonada por você, Snape, essa situação seria mais provável de minha parte do que da sua. Convenhamos: eu sou muito mais do que você poderia sonhar em algum dia ter!

Severo crispou o lábio.

- Mesmo?! Pois é justamente essa atitude mesquinha e arrogante que lhe faz ser uma das garotas de Hogwarts que eu nunca namoraria!

- Você? Nunca me namoraria? Claro que não! Eu nunca aceitaria!

- Eu jamais poderia querer algo com você, Smithers. Você pode ser lindíssima, mas quando abre a boca...

Ela se levantou.

- Quando eu abro a boca...? O que acontece?

- Você se torna um ser desprezível! Uma vaca!

- Pelo menos eu reconheço que sou uma vaca! E você? Quem é você para me julgar? Você realmente acha que vive sozinho por causa da sua aparência meio andrógina e seus cabelos terrivelmente sujos? Não é! Se você se desse ao trabalho de ser uma pessoa simpática vez por outra, talvez tivesse amigos!

Ele também se levantou, esquecendo a poção e encaminhando-se para frente de Florência.

- E seus amigos? Desde quando você tem amigos?

- Eu vivo rodeada de amigos, seu miserável invejoso!

- Vive mesmo? Por que o que eu vejo é um bando de puxa-sacos que estão perto de você apenas para lamber o chão onde você pisa, esperando que você jogue a eles uma migalha da famigerada popularidade. Amigos, Smithers? Tem certeza?

Ela deu mais um passo, ficando bem próxima a Severo.

- Mas é melhor tê-los por perto do que estar sempre sozinho!

- Você realmente acha? Antes só que mal acompanhado, Smithers! Mas você, uma meninota insegura que precisa da aprovação de todos, tem que estar sempre sendo o centro das atenções!

- Talvez seja a verdade! Mas isso faz de quem de nós o arrogante! Você! Arrogante demais para admitir que talvez precise ter alguém em sua vida! E, por isso, esconde a sua personalidade dentro dessa fachada de sarcasmo!

- Pelo menos assim eu sei que as pessoas que estão comigo, estão realmente comigo. Que as pessoas gostam de mim, apesar do meu sarcasmo e minha aparência. E você? Pode dizer o mesmo? O que seria de você se não fosse pelo seu lindo cabelo loiro e seios de tirar o fôlego?

- Talvez eu tivesse alguém, pois eu sou simpática! E você? Se ao menos deixasse as pessoas se aproximarem, talvez tivesse amigos! Mas não deixa!

- Eu deixei você se aproximar!

- Por causa de uma poção! Se não fosse pela poção, você teria me repelido como faz com todas as outras pessoas!

- E se não fosse pela poção você teria trocado mais que duas palavras comigo?

Ela se calou.

Ambos estavam com as respirações ofegantes e se olhavam profundamente... primeiro com ódio, mas depois...

Florência sentiu o coração acelerar quando viu o brilho nos olhos de Severo se transformar. Não era aquele brilho artificial de quando estava sob o efeito da poção. Ao contrário, era diferente... era perfeito. E ela imediatamente se perdeu naqueles intensos olhos negros.

Sem conseguir controlar a sua língua, deixou escapar.

- Ainda bem que você deixou que eu me aproximasse.

Severo, como se tivesse sido hipnotizado por aquelas palavras tão displicentemente sussurradas, não mais pôde conter-se. A sua mão foi à nuca de Florência, trazendo-a para, finalmente, um beijo.

Um beijo longo, um beijo desesperado... Um beijo que trouxe lágrimas aos olhos dela e que fez com que o coração dele batesse muito mais forte do que ele achava ser possível.

Um beijo interrompido por um estrondoso barulho de explosão.

Snape e Florência imediatamente se separaram e olharam para o caldeirão destruído.

- O que isso quer dizer?

Snape passou a mão na testa, impaciente.

- Que nós erramos! Que em algum ponto, com toda essa confusão, nós erramos!

Confusa, Florência o olhou. Quase como se não quisesse acreditar em suas palavras, perguntou:

- Isso... Isso quer dizer que não estávamos sob efeito da poção?

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