Quem Conta Um Conto escrita por GabrielleBriant


Capítulo 5
O Dia Fatídico




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/14143/chapter/5

CAPÍTULO V

O DIA FATÍDICO

Severo foi o primeiro a chegar à estufa naquela manhã de domingo. Ele pedira permissão à professora Rudolph e se certificara que mais nenhum membro do Clube do Slugue tivera a mesma idéia de fazer a poção num lugar quente, úmido e ensolarado – condições perfeitas para acelerar o seu preparo.

Pondo o caldeirão sobre uma das longas bancadas de mármore, Severo suspirou aliviado: como a poção não mais soltava vapor, provavelmente não teria mais aquelas constrangedoras visões sobre Florência...

Mordeu o lábio ao lembrar-se do que quase ocorrera na noite anterior... Mas não conseguiu segurar os seus olhos que se fechavam levemente para que ele revivesse a lembrança...

- Com sono, Severo?

Ele abriu os olhos rapidamente para ver Florência Smithers. Os longos cabelos loiros estavam amarrados e ela vestia uma calça jeans e um casaco.

- Erm... não. Só estava... Como está você? – Florência ergueu uma sobrancelha. – O azar, eu quero dizer.

A garota deu de ombros, continuando a andar em sua direção. Um sorriso displicente delineou os seus lábios.

- Está muito bem, acho eu... Quer dizer, eu não passei por nenhum incident--

Ela parou de repente. Florência fechou os olhos e respirou fundo, enquanto o seu rosto corava violentamente.

- O que foi?

- Meu sutiã rasgou.

Severo imediatamente desviou o olhar para a poção – procurando evitar que os seus olhos fossem ao casaco da moça procurando ver se era possível enxergar onde o sutiã havia rasgado.

Florência sabia bem que, do jeito que a sua sorte estava, melhor seria que ela não tentasse usar mágica para consertar a sua peça íntima. Mordendo o lábio inferior, ela murmurou:

- Com licença...

E abaixou-se atrás da bancada, longe dos olhos de Snape. O mais rapidamente que conseguiu, despiu o casaco e tirou o sutiã por debaixo da sua blusa cor-de-rosa. Guardou-o em sua mochila, recolocou o casaco e, tendo certeza que estava composta, levantou-se.

Severo ergueu uma sobrancelha. Com um meio-sorriso, ela explicou:

- Eu aposto que causaria uma tragédia se tentasse consertar o meu sutiã com mágica!

- Eu pensei que você tinha dito que a sua sorte não estava tão ruim...

- Bem, eu caí da cama duas vezes; contei um segredo em voz alta; entrei sem querer no banheiro masculino para tomar banho; e o Sirius Black (logo o Sirius Black!) me viu quase nua.

Jamais revelaria a Severo que, em sua maré de azar, também houve um incidente onde algumas pessoas ouviram-na sussurrar um certo nome enquanto tinha um sonho extremamente impróprio.

Tentando tirar da cabeça as lembranças daquele sonho, ela disse:

- Então, deu para adiantar muita coisa?

- Sim, sim. Por favor, colha alguns crisântemos.

Ela assentiu e saiu.

Snape suspirou, olhando para a bela figura feminina que colhia as flores.

Não deveria estar se sentindo daquela forma. A poção não estava mais fumaçando, logo ele não deveria mais senti aquele cheiro inebriante de jasmins quando estava perto dela. Nem deveria prestar atenção no quão os lábios rosados pareciam apetitosos e...

Era Florência! Ela era tudo que ele nunca quis!

Ainda assim, não conseguia deixar de pensar na noite anterior, e como ela era quando não estava se esforçando para impressionar as pessoas. E aquilo, aquela pessoa que ela se mostrou ser, não podia ser efeito de poção alguma, certo?

Tentando tirar os olhos da garota, ele começou a acender o fogo do caldeirão...

Perto dali, Florência colhia os crisântemos enquanto pensava em suas atitudes... Ela realmente tivera de contar a Snape sobre Sirius? Ou ela só o fizera para que o rapaz ficasse imaginando o que Black teria visto? E ela contara sobre o sutiã por que, exatamente? Será que, mesmo inconscientemente, ela estava tentando seduzi-lo?

Sim, pois aquele era o seu jeito de paquerar...

Aborrecida, rolou os olhos, pegando o quinto e ultimo crisântemo. Encaminhou-se para onde Severo estava.

- Aqui.

- Obrigado.

Ela respirou fundo, observando Severo pegar as rosas e cortá-las em pedaços pequenos com as suas mãos longas e dedos finos... dedos longos... mas o corte era firme, mostrando que ele deveria saber bem o que fazer com aqueles dedos...

Ela pigarreou, já começando a ter aquela gostosa e inconveniente sensação entre as suas pernas.

- Severo, posso fazer uma pergunta?

- Sim – ele respondeu sem olhá-la.

- Essa poção... Tem certeza que ela apenas nos afeta quando está fumaçando?

- Por quê?

- Por nada...

Ela mordeu os lábios, olhando para cima. Estava um calor insuportável, ou era apenas impressão?

- Como está quente, aqui...

Snape não respondeu.

Florência bufou, sentindo que o mormaço a faria desmaiar a qualquer momento. Decidiu, então, que era hora de tirar o seu casaco. Lenta e despretensiosamente, ela começou a desabotoá-lo; o que atraiu a imediata atenção de Severo – as suas mãos pararam imediatamente de cortar os crisântemos e, boquiaberto, começou a admirá-la.

Com todos os botões abertos, Florência despiu o casaco, ficando apenas com a sua blusinha fina cor-de-rosa. Os olhos dele imediatamente foram aos seis fartos que, sem sutiã, projetavam-se pela blusa.

Sentiu a boca secar e o seu corpo começar a reagir.

Severo não saberia dizer quanto tempo ficou apenas paralisado, olhando diretamente para os seios de Florência... Mas, depois do que pareceu uma eternidade, a voz dela lhe chamou de volta ao mundo real.

- Você está olhando para os meus peitos de novo.

O olhar imediatamente subiu para os olhos da garota.

- Erm... A rosa de Afrodite. Use luvas de dragão para pegá-la.

Ela assentiu.

Florência realmente pensou que, quando saísse de perto de Severo e pegasse a flor tudo melhoraria. Todo aquele clima pesado e extremamente sensual que se punha dissipar-se-ia e eles poderiam trabalhar na poção... mas foi exatamente o contrário.

Assim que pegou a flor, um pesado aroma se impôs no local. Ela se virou lentamente. Snape a encarava. Foi como se a estufa, Hogwarts e o mundo sumissem... Tudo que existia eram os dois. Lentamente, ela caminhou até ele. O coração batia tão forte que poderia pular do seu peito. A rosa foi ao chão.

- Florência...

Ela suspirou ao ouvir o seu primeiro nome sair daqueles lábios finos e desejados. E, para a sua surpresa, Severo deu também um passo em direção a ela. O contato visual jamais era quebrado.

Ela despiu as luvas de couro de dragão e as delicadas e finas mãos se colocaram no rosto dele. Snape fechou os olhos, apreciando aquele toque tão tenro, tão doce... O belo rosto feminino inclinou-se e os lábios rosados se partiram levemente, oferecendo-se a ele... E ele jamais pensaria em recusá-los. O rosto de Snape foi descendo em direção ao dela lentamente... os corações batiam num só compasso, antecipando aquele toque tão esperado.

Finalmente, os lábios se encontraram. Florência sorriu, capturando levemente o lábio inferior de Severo e sugando-o. As mãos dele foram à sua cintura e, quando a apertou trazendo-a mais para junto...

- Oooops!

Foi como se o jovem casal tivesse recebido um bom banho de água fria. Imediatamente se separaram e, com horror, olharam para Berta Jorkins, a maior fofoqueira de Hogwarts.

Maldito azar! Maldita maçã! Maldita poção!

Berta Jorkins, passado o choque inicial, deu uma risadinha.

- Bem, eu juro que não queria atrapalhar...

Já sentindo que acabaria se tornando o assunto predileto da escola, Florência correu até onde estava Jorkins.

- Pelo amor de Merlin, não conte nada do que viu!

Berta mordeu o lábio.

- E o que eu ganharia por não espalhar o que será a maior fofoca de Hogwarts?

- Eu... começo a andar com você! Conto a todos que sou sua amiga!

A menina gordinha rolou os olhos.

- Típico...

E começou a se retirar. Impedida apenas pela voz de Snape.

- Ninguém vai acreditar em você.

- É verdade! – Florência acrescentou. – Vão todos dizer que o Snape pediu que você espalhasse isso!

- O que? – Snape ergueu uma sobrancelha.

- É o mais provável! Seria ótimo para a sua vida social sair comigo!

Foi a vez de Snape rolar os olhos.

- Mas é a verdade! Vocês estavam se beijando!

- Não exatamente – Snape explicou. – Foi efeito da poção.

Berta apenas riu, descrente. Mas foi Florência quem pôs um fim à discussão.

- Se você contar, eis o que acontecerá: eu direi em confidência às maiores fofoqueiras de Hogwarts que você apenas espalhou isso porque está apaixonada por Snape e não me agüentava ver passando tempo com ele. Olhe para você e olhe para mim, Berta. Em quem você acha que vão acreditar?

A garota abriu e fechou a boca algumas vezes e por fim, disse:

- Ok, eu não conto a ninguém.

E saiu, deixando sós Severo e Florência – que preferiram não se aproximar muito.

- Você foi...

- Uma vaca, eu sei. – Florência sorriu. – Algumas pessoas dizem que nós, populares, somos umas vacas. Elas estão certas.

- Nunca pensei que vocês admitissem.

- Dificilmente. Mas eu reconheço meus defeitos.

- Isso faz de você uma vaca diferente das outras... – Ela sorriu e corou levemente. Um elogio? – E, bem, neste caso, que bom que você é uma vaca. Ninguém saberá o que aconteceu.

- Pois é... Severo, você se importa se eu lhe ajudar à distância?

- Não, isso será ótimo.

Tranqüilos e distantes, Severo e Florência continuaram com o preparo daquela poção. Enquanto isso, no castelo...

- Ei! Berta!

A garota virou-se para Tiago Potter.

- Ah, oi, Tiago...

- Algo errado?

Ela mordeu o lábio.

- Você consegue guardar um segredo?

- Claro.

- Eu acabei de ver Snape e Florência Smithers se beijando! Dá para acreditar?

Boquiaberto, Tiago deu a única resposta que conseguiria.

- Não.

- Também não acreditaria, mas vi com os meus próprios olhos. Eu jurei manter isso em segredo, Tiago, então... não conte a ninguém, ok? Ou vai sobrar para mim.

E saiu. Tiago, um tanto desnorteado, continuou o seu caminho até que...

- Sirius!

Sirius Black se aproximou.

- O que foi?

- Você sabe guardar um segredo?

XxXxXxX


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!