Quem Conta Um Conto escrita por GabrielleBriant


Capítulo 7
Um Dia Depois




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CAPÍTULO VII

UM DIA DEPOIS

Snape a olhou, ligeiramente assustado com a constatação.

De fato, se a poção estava errada a ponto de explodir, eles não podiam de forma alguma estar sofrendo os seus efeitos... E, se era assim, o que mais poderia explicar aquele beijo que acabara de acontecer? Aquele beijo absolutamente incrível...

- Eu...

Florência olhou para baixo, não se reconhecendo. Ela nunca sentira o seu coração bater tão forte... um beijo nunca tinha lhe provocado tantas sensações antes.

- Severo, o que aconteceu...

- Se não era a poção...

Mas, antes que eles pudessem terminar de dizer qualquer coisa, a porta se abriu. Era Slughorn, que trazia consigo um frasco com uma poção avermelhada.

- Posso entrar?

Nenhum dos dois respondeu, apenas observando o professor de Poções invadir a sala.

- Primeiramente eu queria dizer que Lílian e Aubrey acabaram de me entregar a poção; então não tem mais motivo para vocês trabalharem. E, em segundo lugar, eu queria me desculpar. Eu sabia o que o preparo da poção provocava. Jamais poderia correr o risco de colocar um aluno e uma aluna juntos.

Snape, ligeiramente impaciente, perguntou:

- Se você sabia o que aconteceria, por que permitiu isso? Por que nos colocou juntos?

- Ora, porque eu achava que era impossível! Veja, para que a fumaça da poção tenha esse efeito todo, é preciso que haja uma chama entre os dois. Tem que ser recíproco! Eu imaginei que você, Severo, pudesse sentir alguma coisa por Florência; todos os garotos de Hogwarts sentem! Mas não imaginei ser possível da parte dela.

Ela rolou os olhos.

- Eu não sentia!

- Nem eu!

O professor deu de ombros.

- Bem, se não houvesse a chama, nada disso teria acontecido, meu rapaz. – O professor aproximou-se da saída, tentando sorrir. – Mas, agora que eu vejo que o caldeirão está derretido, acho que não temos nada mais a temer! Boa noite! Amanhã temos reunião!

E deixou os dois, pensativos e sós.

Florência foi a primeira a falar.

- Então... O que isso quer dizer?

Snape olhou para o lado, constrangido.

- Isso quer dizer que não temos que falar mais sobre esse assunto, Smithers.

- Mas eu quero falar. Severo, nós temos que deixar tudo acertado e...

- Não há nada o que acertar! O que você vai fazer? Ficar ao meu lado? Ficar comigo?

Florência olhou para baixo.

- Eu nunca pensei nisso.

- Então não há nada o que discutir.

Ela suspirou.

- Talvez... Mas, ainda assim, se vamos esquecer tudo o que ocorreu, é melhor pôr tudo em pratos limpos.

- Foi um engano, o que aconteceu. E isso é tudo. Está tarde...

E, dizendo isso, ele saiu, deixando-a sozinha.

Por fim, depois de olhar demoradamente para a porta escancarada, Florência decidiu que era melhor fazer aquilo mesmo... esquecer.

XxXxXxX

No dia seguinte, Florência ainda vivia a experiência de ser o centro das atenções de Hogwarts por um motivo que ela preferia que não existisse.

- E ai? Beijou ou não beijou?

Ela rolou os olhos, fingindo aborrecimento.

Florência estava numa grande rodinha de alunos, no meio do jardim, sendo interrogada há pelo menos meia hora acerca do suposto beijo dado em Snape.

- Não. Não beijei! Berta Jorkins inventou tudo!

- Por quê?

- Não é óbvio? Ela é louca pelo Snape, Merlin sabe por quê! Ficou com ciúmes por eu estar tão perto dele esse fim de semana e decidiu se vingar me difamando!

A sua melhor amiga, Louise, deu um risinho sarcástico.

- E ela quase conseguiu, Florência! Você sabe, com todas aquelas besteiras que você já falou sobre o Snape e... Um fim de semana inteiro com o Ranhoso! Eu juro que quase acreditei! Eca! Você sabe que se esse beijo fosse verdade, não teria cabelo loiro que lhe fizesse voltar a ser a queridinha de Hogwarts!

Florência também riu.

- Exatamente! Seria um preço muito alto a ser pago por beijar Snape... Questão de custo-benefício!

- Perder os amigos por beijar um cara daquele, realmente, não vale à pena.

As palavras daquela que deveria ser a sua melhor amiga lhe atingiram como um grande golpe na cabeça. De repente, tudo que Severo dissera na noite anterior lhe voltou à mente... e finalmente fez sentido.

E tudo fez sentido.

E Florência gargalhou, atraindo olhares confusos de toda a imensa rodinha.

- Isso! Não valeria a pena, por que eu sou uma insegura! Eu sou uma vaca insegura! – Tentou controlar-se, mas a sua risada chegava a lhe trazer lágrimas aos olhos. – E tudo o que eu tenho é a minha aparência, e beijar ele seria como se eu perdesse justamente isso. E os meus amigos iriam embora! Mas por que eu me deveria me importar com pessoas que sequer querem ouvir o que eu falo?! Por eu devo considerar amigos aqueles que preferem me ter numa foto a me ter de verdade, conversando?! Isso é porque eu sou uma insegura!

“E isso me leva a fazer o que eu não quero, apenas para ser mais bem vista. Faz-me falar com quem eu não gosto, namorar quem não me interessa... Mas por que eu deveria ser infeliz e fazer tudo o que as pessoas esperam?! Não seria melhor se jogasse essa minha popularidade para o alto e reconhecesse o que está acontecendo, e vivesse, e tentasse ser feliz, aproveitando o momento?”

Florência, com um sorriso iluminando a sua face, olhou para Louise como se dirigisse a ela a pergunta.

- Florência, do que você está falando?

- Disso! – Ela gesticulou, apontando para cada um da rodinha. – Disso! Eu sequer gosto da metade das pessoas que estão aqui, então porque estou dando satisfações da minha vida a elas? O que acontece é: será que vale a pena ignorar tudo aquilo, ignorar o beijo mais delicioso e que mais me deixou sem fôlego, por isso? De novo, é uma questão de custo-benefício!

“Ele consegue ver além do meu cabelo loiro. Além dos meus seios perfeitos!” Ela riu. “Ele admitiu isso brigando comigo, por Merlin! Ele não é demais?!”

E se levantou, sem sequer perceber os olhares confusos que se dirigiam a ela.

Quem ainda tentou lhe controlar foi Louise.

- Florência, querida, o que você está fazendo?

Ela sorriu. Nunca pareceu tão feliz antes.

- Eu estou, oficialmente, fazendo a maior burrada da minha vida e jogando para cima a chance de ser rainha do baile de formatura.

E, com isso, deixou os jardins, apressando-se pelos corredores de Hogwarts até chegar ao salão comunal da Sonserina.

Rindo, ela entrou com a senha que já conhecia. Alguns sonserinos a olharam com desconfiança, mas ela não se importou.

- Alguém sabe onde está Severo Snape?

Alguns se entreolharam e riram maliciosamente, provavelmente lembrando-se do rumor que tanto era repetido pela escola.

- No quarto dele. É só subir as escadas.

E, completamente desligada da sua auto-censura, Florência subiu as escadas. Caminhou leito por leito, até encontrar, sentado em sua cama e lendo um pesado livro, Severo Snape.

- Oi, Severo.

Ele a olhou, quase assustado.

- O que-- O que você está fazendo aqui?

Sem esperar um convite, ela se sentou – o coração quase explodindo.

- E se eu ficasse? Isso mudaria alguma coisa?

Ele abriu e fechou a boca alguma vezes antes de conseguir falar:

- Você está bem? Smithers, você não está falando coisa com coisa.

- Meu nome é Florência! O que quis dizer é: e se eu quisesse ficar ao seu lado, isso mudaria alguma coisa?

Severo ergueu uma sobrancelha.

- Isso é algum tipo de brincadeira que os seus amigos propuseram?

Florência rolou os olhos e, para a surpresa e contentamento de Severo, avançou sobre ele e beijou-lhe nos lábios.

- Isso parece uma brincadeira para você? Responda!

- Eu...

- Porque, Severo, você me deixou chegar a você. Você me mostrou quem você é... E, se o Slugue está certo; se realmente havia uma chama antes de toda essa confusão, eu acho que agora tem um baita incêndio! E você não pode dizer que não sente o mesmo, por que eu sei quando um garoto gosta de mim! Eu penetrei em suas defesas! Eu sou o máximo!

- Ao mesmo passo que eu revelei a sua fraqueza. Você realmente acha que isso daria certo!?

Ela abriu mais o sorriso.

- Não! Mas e daí? Vamos aproveitar enquanto der!

- Você jogaria fora a seu estilo de vida apenas por um caso passageiro?

- Se esse caso passageiro for me beijar exatamente como o fez ontem... claro que sim!

E, pela primeira vez na frente dela, Severo sorriu.

- Você está me pedindo em namoro?

- Sim! O que você me diz?

- Que acho que vamos criar mais um boato para divertir este colégio...

E, com isso, tomou os lábios de Florência com os seus.

Do lado de fora do dormitório, um garoto entrava no salão comunal da Sonserina e era imediatamente abordado:

- Ei, Jordan, você não vai acreditar em quem acabou de entrar aqui...

XxXxXxX

fim

XxXxXxX


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