Porta 54 escrita por That Crazy Lady
Notas iniciais do capítulo
Capítulo complementado e atualizado recentemente x3
Fim do flashback, de volta à Catarina e Trivel.
Catarina, naquele momento, só sabia que não sabia mais nada. Ignorando o sentido filosófico da frase, claro. Porque, se havia algo que ela detestava era improviso. Catarina não improvisava, Catarina preparava discurso antes e arrasava. Então, agora que tinha que pensar rapidamente em uma saída à medida que a energia de Trivel se esgotava, não surgiu simplesmente nada. Nenhuma ideia. Só a raiva e o pânico que já a acompanhavam há algum tempo.
É por isso que ela ficou extremamente agradecida quando pareceu que Trivel tinha um plano. Ele a jogou atrás de alguns arbustos espinhentos, o que fez muito barulho (e pinicou um pouco), e então a mágica se desfez.
O problema é que ele não tinha.
Trivel tentou correr, mas estava fraco de manter a magia e acabou sendo pego pelo guarda. Este vestia uma armadura quase toda de couro, com apenas algumas pontas de metal que serviam para proteger pontos mais vitais, como o braço da espada e o peitoral. Catarina quase ficou com pena: aquele menino magricelinha e pequeno para a idade, sofrendo com uma chave de braço de um mastodonte como era o guarda.
Ela tentou se mexer. Talvez encontrasse alguma coisa na cartola. Mas uma estranha força invisível chamada dor a alertou para o que talvez fosse uma perna quebrada, e ela simplesmente não conseguia se levantar. Custou para continuar calada, e observou atônita enquanto Trivel era arrastado para algum lugar além de seu ponto de visão.
Catarina deixou-se deitar novamente, e esperou. A perna doía cada vez mais à medida que a adrenalina ia saindo de seu sangue. Só lhe restava uma coisa para fazer.
- CHESS, SEU GATO INÚTIL, VEM AQUI AGORA!
...
- Você reclama demais, garota.
- Eu estou cansada. Não posso?
Catarina e Chess caminhavam pela floresta, ela quase morrendo para dar um passo, e ele simplesmente flutuando à frente. Já fazia pelo menos duas horas que saíram do semi-deserto, então eram quatro horas caminhando?
- Tem certeza que isso vai dar certo? Seus planos não parecem ser confiáveis – Catarina comentou com a respiração entrecortada. Já estava toda arranhada de galhos, e a cada segundo batia numa raiz alta de árvore. Mais a perna quebrada, é claro.
- Certo, eu não sei. Mas é a única coisa que você pode fazer nessa situação – Chess respondeu entediado. – E, também, a única coisa que vai fazer você conseguir salvar seu amigo.
Catarina não respondeu, apenas continuou andando. Chess não aprovava, mas ela precisava tirar Trivel de aonde tinha sido mandado. O garoto confiava nela, não podia simplesmente abandoná-lo assim!
- Sabe que está em uma encrenca enorme, não sabe?
- Cale a boca.
- O garoto não vai aceitar bem quando souber. Não devia ter prometido o que não pode cumprir.
- Cale. A. Boca.
- Não sabemos quanto tempo ele passou sem uma interação social. Como acha que ele vai agir quando...
- EU MANDEI CALAR A BOCA! – Catarina berrou finalmente. Suas palavras ecoaram pela floresta por longos segundos. Chess a observou impassível. – Não quero falar sobre esse assunto. Apenas continue flutuando.
- Não é mais necessário – Chess disse seco. – Seu grito os trouxe para cá.
Catarina apurou os ouvidos, e logo o som chegou: Cordas sendo esticadas. Olhou em volta. Uma dúzia de arqueiros encapuzados e um tanto quanto sombrios a cercara e mantinha as flechas apontadas para seu coração.
- Identifique-se – um deles rosnou-ordenou.
- Eu sou Alice – a garota respondeu. – Mas você pode me chamar de Catarina.
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