Porta 54 escrita por That Crazy Lady


Capítulo 11
Problemas




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Trivel foi levado aos trancos e barrancos para algum lugar que, até o momento, não sabia qual era. Seus sentidos lhe informaram apenas que viajava sobre um dragão, provavelmente o que cuspia as chamas esverdeadas que incendiaram o acampamento. De resto, não tinha como saber mais nada, já que estava devidamente vendado, amarrado e amordaçado.

Preocupava-se. Muito. O que aconteceria com Catarina? Ele a deixara para trás para que o salvasse mais tarde, mas e se a garota não entendesse o recado? E se, nesse meio tempo, ela simplesmente descobrisse qual era o seu trabalho, o fizesse e... Fosse embora?

E se o deixasse para trás?

Ele não suportaria. Não seria capaz de superar outra decepção. Não seria capaz de aguentar mais mentiras, promessas vazias, amizades falsas.

Mas Catarina não faria isso. Não, não. Ela era uma garota teimosa demais para simplesmente esquecê-lo e ir embora. Ele estava se preocupando à toa.

Depois de horas de uma viagem interminável, Trivel finalmente sentiu que diminuíam sua altitude; e, então, um baque surdo. Deviam ter chegado. Isso era ruim.

O guarda o colocou sobre um dos ombros e caminhou com ele de forma dura. Às vezes parava para trocar palavras com outros homens de vozes grossas, que Trivel imaginava serem outros guardas; até que veio uma voz feminina.

- Grib? O que está trazendo aí?

O coração de Trivel se acelerou. Não era possível!

- Oh, bom dia, Cat – o guarda cumprimentou com sua voz grossa. – Segui a trilha do assassino que atacou Conde de Fior e encontrei esse marginalzinho mágico se escondendo no deserto. Não teria me dado ao trabalho de apanhá-lo se Celiah não tivesse ficado quase louca com a aura de magia dele.

- Sim. Dragões... – Cat comentou. Grib assentiu.

- Exato. Uma aura tão forte o faz imediatamente suspeito. Então o apanhei.

Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos.

- Então – Cat começou. Se Trivel não a conhecesse tão bem, não identificaria o nervosismo em suas palavras –, depois avise a Pek. E a Larin. Elas andavam preocupadas com isso.

- Eu vou. Vida longa ao rei, Cat – Grib despediu-se, recomeçando a andar.

- Vida longa ao rei – ela respondeu. Não tão entusiasmada, diga-se de passagem.

Trivel começou a juntar as partes. Aura forte de magia, ok, Catarina tinha esse efeito. Mas assassinato de um conde qualquer? Eles achavam que ele era o assassino?

Ah, cara. Ele estava tão ferrado.

~~*~~

Catarina foi rapidamente escoltada (mancando) pelo bando de arqueiros sinistros para uma clareira. Ela olhou em volta. Haviam erguido uma vila inteira naquele pequeno espaço no meio da floresta, completamente escondido de olhares curiosos ou cruéis dos habitantes de Kae.

Logo a garota entendeu por que era tão escondido. Os habitantes praticavam magia abertamente.

Onde diabos Chess a tinha metido?

- Continue andando – o arqueiro do meio mandou com voz ríspida.

- Minha perna dói – Catarina se explicou com a voz tremendo. – Acho que a quebrei, e minhas ervas anestésicas acabaram.

Chess entregara-lhe algumas folhas azuis para mascar que mascaravam bastante a dor, mas o efeito acabava bem rápido.

- Os médicos poderão vê-la mais tarde. Agora continue andando.

Catarina lhe lançou um olhar fuzilante por sobre o ombro, mas continuou forçando um passo depois do outro. Começava a cansar dessa vida de Alice.

Os arqueiros a empurraram até a maior das cabanas. A porta estava aberta, mas o que vivia brigando com Catarina fez questão de ir até lá e pedir para entrar.

- É melhor que seja importante – uma voz feminina bufou do interior. – Estou num péssimo dia.

TPM é um saco mesmo, né?

A garota mancou um pouco mais e parou na frente da porta de entrada. No meio da sala havia uma mesa redonda rústica, cheia de mapas sobre ela e composta com algumas cadeiras igualmente simples. Em uma das cadeiras sentava-se uma mulher; alta, rosto magro e severo, devia estar na faixa dos 40 anos; mesmo assim, sua aparência era forte e assustadora da mesma forma que seria se fosse mais nova. Ela mediu Catarina de alto a baixo com seus olhos faiscantes.

- E você, quem é?

- Meu nome é Catarina – a garota se apresentou sem delongas. – Eu sou a atual Alice, e estou aqui para discutir alguns termos referentes ao meu trabalho. Pode me dizer quem é você, e o que faz aqui com todas essas pessoas?

A mulher se aprumou na cadeira, mas não parecia surpresa com a informação.

- Gosta de usar palavras difíceis, eh? – perguntou lentamente. – A sua antecessora também. Acho que é um mal do trabalho.

Catarina permaneceu calada. A mulher se recostou e continuou, sem nunca tirar os olhos da garota.

- Meu nome é Kiera. Sou a atual líder desta resistência – disse com autoridade. – Nós, feiticeiros, cansamos de sofrer e resolvemos dar um basta na monarquia cruel de Dricon. E esta é a melhor forma.

- Eu disse, não disse? – Chess logo se meteu, materializando-se ao lado de Catarina. Kiera o observou com uma curiosidade leve, mas Catarina estava mais para querer chutá-lo.

- Cale-se, Cheshire. – Ela voltou a atenção para Kiera. – Precisamos conversar. Eu suspeito que o motivo de ter vindo até Kae tem algo a ver com essa resistência.

Kiera apoiou a mão no queixo, parecendo interessada.

- Sente. Qualquer lugar está bom. E aí a gente vai poder discutir... O que você quer discutir.


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