Anyway, The Darkness Is Coming... escrita por Zchan


Capítulo 15
Friday - I really don't understand humans (PART 1)


Notas iniciais do capítulo

Eu ia postar essa bagaça antes mas não deu vontade.
Agradeçam que dessa vez eu li o texto de novo para corrigir alguns pequenos erros já que eu digitei quase dormindo.
Espero que gostem do cap!



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Andamos pelos escombros, chamando Daiki e Umeko.

Não houve resposta.

Começamos a mover os blocos de concreto para ver se os encontrávamos soterrados.

Nada.

Até que pode-se ouvir o som de alguém arranhando um pedaço de madeira. Alguém vivo!

Procuramos pela origem do som, e a surpresa.

Não foi uma surpresa nem um pouco boa.

Lá estava Daiki, segurando uma mesa acima dele com as costas. Parecia muito ferido. Uma das vigas de metal da casa caía por cima de sua proteção.

Ele estava de joelhos sobre um mar de pedras pontiagudas. Suas unhas arranhavam a madeira, obviamente percebera que estávamos ali e procurava nos chamar.

Ao seu lado, o corpo destruído de Umeko.

Havia uma rachadura no solo, e o corpo da garota estava quase caindo nela. Apenas a cabeça e um braço, ou o que restava dele, eram visíveis.

Daiki poderia sair dali se quisesse. Mas para isso deveria largar o corpo de Umeko, que seria coberto pela viga de metal e os outros escombros.

Corremos para tirá-lo dali.

-- Daiki, solte - sussurrou Heiko - Ela está morta. Não pode fazer mais nada. Solte.

-- Não - ele parecia fazer um esforço tremendo para falar, como se seus órgãos estivessem sendo comprensados pelo peso. Eu não duvidava que isso fosse verdade.

-- Francamente! Eu não entendo os valores humanos. Ela está morta, deixe-a aí, se não você vai morrer também!

O que me surpreendeu foi que essas palavras saíram da boca de Hotaru. Ela arregalou os olhos.

-- Eu disse isso?

-- Hotaru... Você... - Heiko parecia muito assustada.

-- Ela não é humana, nem Shiori. - eu resmunguei - Aliás, eles são mesmo gêmeos.

-- Hein? - Hotaru parecia confusa - Como você sabe disso?

Franzi a testa.

-- Eu... Não sei... - é claro que sabia - Lembra do que aquele cara disse ontem?

-- Que cara?

-- Aquele monstro meio macaco.

-- Que monstro? - insistiu.

Eles não podiam ver a forma completa de Kyofu. Humanos não podem vê-lo, e eles estão com uma alma humana agora, murmurou Kibishii na minha cabeça.

-- Uma sombra... Diferente. Ele disse que haviam dois... Instrumenti entre nós. - eu falei, devagar.

-- Eu já sabia disso - suspirou Shiori.

-- Então por que não me contou? - brigou Hotaru.

-- Hum, gente, tem um amigo nosso morrendo aqui - lembrou Heiko.

-- Ah, é.

Daiki fechara os olhos. Dava pra ouvir seus ossos estalando. Logo ele morreria esmagado, e nem salvaria o corpo de Umeko. Se ao menos conseguíssemos alcançá-lo...

Pulei em cima de um pedaço de parede. Ele balançou, mas não caiu. Com muito cuidado, me arrastei até chegar perto do cadáver.

Desviei os olhos. Eu não queria ver como ela estava. Puxei o corpo para fora da rachadura, e voltei até o espaço onde os outros estavam.

-- Pronto - ofeguei.

-- Incrível - murmurou Hiroko.

Heiko abriu caminho entre os escombros e chegou até Daiki. Apoiou a mesa com seu corpo. O garoto desabou inconsciente no chão.

-- Tirem ele logo, isso é pesado demais.

Shiori puxou Daiki para fora, e Heiko largou a mesa que caiu com um estrondo enorme.

Mieko havia parado logo no lugar de onde fora possível ver o corpo morto de Umeko. Ela ainda estava lá, paralisada, tremendo.

Umeko, pelo visto, não morrera tranquila, de apenas um golpe limpo, como Juno.

O braço direito havia sido arrancado da altura do cotovelo. O esquerdo estava quebrado em tantos pontos que balançava molemente. Havia diversos cortes profundos atravessando seu tronco, as pernas haviam sido totalmente esmagadas, uma visão horrível, e já havia perdido quase todo o sangue.

Mas o pior era seu rosto.

Eu já disse que os rostos são sempre a parte mais horrível de uma coisa aterrorizante? Agora fique registrado.

Metade da face havia sido raspada totalmente, só restava carne. E isso inclui um olho, orelha, metade do nariz e dos lábios. A outra metade ainda expressava o horror e a dor que ela sentira na hora da morte.

Mieko desmaiou quando o corpo foi levado para mais perto dela.

-- Ótimo, temos um morto e dois desacordados - resmunguei.

-- Yuuko, você não está... Nem um pouco... - soluçou Heiko.

-- Não temos tempo para pesar. Fiquei abalada demais com a morte de Juno, e me esqueci que talvez todos morrêssemos. Quando tudo isso terminar, poderei ficar triste por todos de uma vez. Agora, se baixarmos a guarda para ficar de luto, apenas haverá mais mortes.

O silêncio se propagou após minhas palavras. Kibishii, é claro, estava me ajudando. Se ela não fosse tão fria e sem emoção, eu teria desabado e nunca conseguiria retirar o corpo de Umeko.

Daiki tossiu, e espirrou um pouco de sangue de sua garganta.

Hotaru chegou perto dele e colocou as mãos sobre seu rosto. Murmurou alguma coisa, e um brilho lilás saiu de suas mãos. A expressão do garoto se suavizou.

-- O que você fez? - perguntou Heiko aturdida.

-- Uma voz... Dentro da minha cabeça, disse pra eu fazer isso. Disse que ia curar o Daiki - Hotaru mordeu o lábio inferior, preocupada.

-- Sua alma não-humana está despertando - expliquei.

-- Yuuko, vou perguntar de novo: Como você sabe disso? - Heiko estava dividida, ainda confusa, porém brava.

-- Porque a minha já despertou. Ontem, durante a luta, eu não era Yuuko. Eu era Kibishii. Uma filha da noite. Eu tenho duas almas... A original, Kibishii, e essa, a "verdadeira eu", minha alma humana, Yuuko.

Mais silêncio enquanto todos processavam a informação.

-- Então... É por isso que você viu um monstro diferente e nós não? - deduziu Hotaru.

-- Sim, provavelmente. Mas agora você e Shiori estão despertando. Como eu disse, vocês não são humanos - fiz uma pausa. Acabara de perceber uma coisa, provavelmente através de Kibishii - e nem Hiroko.

-- Que que tem eu? - perguntou o garoto, que estava distraído quebrando pedras com a espada.

-- Você não é humano. - disse Heiko.

-- Ah, legal. - parou para pensar - Ei. Pera, como assim?

-- Aff, que lerdo - comentou Hotaru.

-- Repete isso, tampinha! - gritou Hiroko.

-- Lerdo! - ela soltou uma gargalhada escandalosa - Burro! Idiota!

-- Sua... - ele começou a avançar na direção da menina.

-- Chega! - cortou Heiko - Parem de brigar!

-- É normal - comentei - Instrumenti e servos de Tenebrae não costumam se dar muito bem.

-- O que que eu sou? - questionou Hiroko, desistindo de perseguir Hotaru.

-- Você é um servo de Tenebrae. Ou melhor, você tem duas almas, a sua e a original que é de um servo de Tenebrae. - expliquei.

-- Tá, vou fingir que entendi uma parte. Quem é Tenebrae?

-- Eu não sei isso, de verdade. Kibishii, minha outra alma, disse que se eu soubesse poderia ter um colapso nervoso.

-- Acho que todos nós estamos prestes a ter um colapso nervoso com ou sem informações estranhas - comentou Heiko.

Isso era totalmente verdade. Mieko já sofrera o dito colapso. Estava desmaiada e seus músculos faciais se retorciam loucamente.

-- Ela não vai melhorar - disse Hotaru, subitamente com uma voz diferente. Não era mais aguda e direta, era mais... Não sei como dizer. Sua voz parecia criar ondas e se propagar, como algo que realmente devíamos parar para ouvir.

Olhei para ela, e era possível ver que sua outra alma tomava o controle. Seu cabelo ficava mais arrumado e formava cachos nas pontas, seus olhos se tornavam totalmente azuis e brilhantes, sua pele ficou mais branca, até emitir uma aura azulada. Aquela era a verdadeira aparência de um Instrumenti.

-- Hotaru! - gritou Heiko, indo em direção a garota - O que houve? Você está bem?

-- Não sou Hotaru - disse - Hotaru é minha alma humana. Eu sou Shitte.

-- Você é o quê? - perguntou Hiroko, começando a rir escandalosamente. A Instrumenti fez uma careta.

-- Só porque sua alma é humana seu corpo não deixa de ser o que é, garoto. Mais uma gracinha quanto a meu nome e sua outra alma não verá o despertar. Nós não temos condolência ou compaixão - sussurrou Shitte ameaçadoramente.

-- Shitte... - murmurou Shiori, arregalando os olhos - Eu devo tentar despertar também?

-- Não, irmão. Você sempre foi mais preguiçoso, se tentar acordá-lo antes do tempo ele pode vir com um humor não muito bom para se lidar com humanos. - ela deu um sorriso de escárnio. Obviamente sempre quisera insultar o irmão de um modo em que ele não soubesse. Não saber de algo era muito difícil para um Instrumenti.

-- Ei, volte aqui. Você tinha dito algo a respeito de Mieko não melhorar. Como assim? - lembrei.

-- Essa humana não vai melhorar. Sua alma é muito fraca. Já estava abalada, a visão do cadáver de uma amiga a deixou insana. Agradeça à defesa proposta por seu organismo: Ela podia ter tentado matar todos nós, ainda bem que desmaiou.

-- Louca... - murmurou Hiroko - Parece impossível. Mieko sempre foi tão equilibrada.

-- Ainda assim era humana. Os humanos são seres muito jovens. Não têm a capacidade mental necessária para lutar contra certas coisas. - Shitte espremeu os olhos - Porém, sem eles seria impossível vencer. Eles têm o meio mais eficiente contra estas "sombras".

-- Que meio? - questionou Heiko. Ela e Daiki eram os únicos indubitavelmente humanos que nos restavam.

-- Vocês têm sentimentos - explicou a Instrumenti - Nenhum de nós aqui jamais arriscaria a própria vida para salvar um corpo. Não importa se fosse de alguém próximo ou distante.

-- Então... Nenhum de vocês sente compaixão? - choramingou Heiko.

-- Bom, pode-se dizer que temo pela vida de meu irmão. - Shitte deu de ombros - Somente pela minha e a dele. O resto não me importa, só concluir nosso objetivo.

-- Ei, eu não sou uma coisa sem sentimentos - protestou Hiroko.

-- É claro que você não é - disse Shiori - A sua outra alma que é.

-- Não totalmente - cortou Shitte - Sendo um servo, teme pela vida de seu mestre mais do que a própria. Pela vida e pelas vontades.

Senti Kibishii acordando dentro de mim.

Deixe-me assumir o controle, pediu, acho que não acreditam em você o suficiente. Se não ver outra criatura estranha, sua outra amiga também vai enlouquecer.

Suspirei.

Assuma, então. Mas por pouco tempo.

Meu corpo se alongou, ficando um pouco mais alto, meu cabelo cresceu e minha pele se tornou mais clara até que a de Shitte. Senti as outras pequenas mudanças. As mãos. Os olhos. Eu assumia minha forma não-humana.

Heiko soltou um grito agudo.

-- Yuuko! Você também não!

-- Não sou Yuuko - disse com a voz grave e aterrorizante - Sou Kibishii, uma filha da noite.

-- Uma criatura que realmente não teme por ninguém mais, não é, Kibishii? - ronronou Shitte. Elas pareciam se conhecer.

-- Realmente. Sabe muito bem que só não mato a todos porque serão úteis.

-- Então essa é a verdadeira forma da Yuuko. - murmurou Hiroko - Interessante.

-- Ele acha uma criatura nascida das trevas assassina interessante. - resmungou Kibishii - Eu realmente não entendo humanos.

Suspirei internamente. Nem eu, de vez em quando, nem eu.


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Notas finais do capítulo

Nem eu também, fazer o quê?
Deixem reviews, ou uma morte um tanto sangrenta não te espera.
O que, acha que vou matar meus leitores? É ruim, hein.
Não se preocupe, eu só torturo.
Até o próximo cap de Anyway!
PS: Espero que tenha descrito bem o estado da Umeko. Se acharam que faltou algo, eu posso desenhar e colocar ali. Me dá um toque, huhuhu.