Lua Eterna escrita por Emmy Black Potter


Capítulo 6
Zeus é carinhoso


Notas iniciais do capítulo

Nenhum comentário? Pooooxa, doeu aqui S2!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/140412/chapter/6

Capítulo 5 – Zeus é carinhoso

Amy Luna

         Somente vi meu corpo tombar no chão, junto com o de Nicholas. Nossos eu's oníricos voavam entre as árvores que logo se tornaram prédios, em alta velocidade. Coloquei as mãos na frente dos olhos quando pensei que ia bater no Empire State, entretanto, meu espírito subiu, subiu bem alto, até parecer atravessar uma barreira, uma camada de nuvens, e, finalmente, o chão.

         Minha forma onírica era completamente prateada, mas, estando onde eu estava, não era muito importante. A sala era grande e redonda, com tronos gigantescos se posicionando em U. Os deuses e deusas – eu tinha certeza que eram eles – estavam sentados, e tinham pelo menos três ou quatro metros de altura.

         (N/A: não vou colocar a descrição de cada deus, pois são muitos e vocês já sabem).

- Nicholas Moore... Amy Luna Chase – Zeus, no trono do meio, quase cuspiu meu ultimo nome. Emburrada, desviei a cabeça e senti minha garganta apertar ao ver uma mulher loira, em tamanho normal, de pé ao lado de um trono com um deus todo-gigantesco moreno.

- Senhor Zeus – Nicholas reverenciou, mas também parecia irritado de ter que fazer isso para o próprio pai.

         Minha reverencia não passou de um aceno de cabeça.

- Vejo que continua mal criada, Amy Luna – observou o Senhor dos Céus.

- Trágico – tentei reprimir a ironia contida na minha voz indiferente.

- Não se dirija assim ao Senhor dos Céus – ele rugiu, o raio mestre (que me deu mais medo do que deixei transparecer) na mão, estalando eletricidade – você está no meu palácio.

         Tentei reprimir a vontade de girar os olhos. Santo Deus, que cara egocêntrico e arrogante.

- Olha, Seu Zeus, nada contra você e tal, eu mal o conheço! – ri de mim mesma – Mas, então, não saquei muito dessa história de deuses, deusas e coisas que futuramente e, provavelmente, trarão problemas a minha pessoa, mas, pelo que eu entendi e se eu estiver correta, aqui é o Olimpo, e todos aqui são deuses, então, esse, tecnicamente, não é seu palácio.

         Ele estalou a língua: - Você me disse a mesma coisa anos atrás e continua me irritando cada vez mais, menina!

- Não tenho idéia do que você está falando – retruquei numa voz neutra. Eu não tinha uma vida fora do orfanato.

- Ótimo. Isso significa que apaguei suas memórias direito – ele sorriu arrogante. E nem mesmo percebeu que tinha deixado escapar o que eu queria saber por anos.

         As engrenagens giraram na minha cabeça, encaixando-se: minha falta de lembranças sobre meus pais, a loira e o moreno tristes nessa sala, Zeus irritado comigo por algo que eu já fiz, minha aparição sem motivos na frente do Orfanato St. Louis... – não sei, às vezes, como agora, era como se eu fosse outra pessoa, passasse de "trouxa" para "super gênio" em um segundo. (pareço bipolar).

         Eu nem mesmo pisquei, num olhar de tédio para o Senhor dos Céus. Olhei para sua esposa no trono ao lado, Hera sorriu para mim, entretanto seus olhos eram gélidos para Nicholas, e entendi que a Senhora dos Céus não gostava de ser traída, nunca.

- Minhas memórias? – indaguei.

         Zeus me olhou como se quisesse voltar no tempo e consertar seu erro, mas, depois de anos em silencio, observando pessoas, vi que quando ele tentou disfarçar, estava nervoso: - Sim, anos antes, estivemos nessa mesma sala, decidindo seu futuro.

- O futuro de uma criança... Uma criança que não fez nada – resmunguei, cruzando os braços.

- Mas que poderia vir a fazer – disse Zeus. Uma deusa de olhos cinzentos torceu a cara, como se não concordasse. Outra deusa de cabelos avermelhados e olhos prateados revirou os olhos. Uma mulher inumanamente linda – com certeza, Afrodite – sorriu sonsamente, como se segurasse uma risada. Na realidade, reparei que todas as mulheres – inclusive a que acho ser minha mãe – fizeram uma cara de desagrado.

         Vi uma garotinha menor, com aparentemente oito ou nove anos em volta do fogo – no entanto, somente de olhar em seus olhos calorosos, senti que era a deusa da lareira e da família, Héstia.

- Papai – disse a mulher de olhos prateados, meu instinto apitava: Ártemis, Ártemis! – Lua não fez absolutamente nada, não havia nem mesmo uma profecia que...

- Basta – a voz de Zeus era calma, porém firme. – Entretanto, não foi por isso que chamei ambos aqui e, sim, para avisá-los: brigas entre filhos dos Três Grandes não podem ocorrer. Não mais.

         Nicholas ergueu as sobrancelhas, não parecendo nem um pouco cético – e vi um pouco de sua antiga personalidade arrogante, e percebi de onde viera: do pai.

         Todavia, eu estava confusa, pelo que entendi, "Três Grandes" são: Zeus, Poseidon e Hades. Mas não sou filha de nenhum deles, somente daquele moreno e da loira, que nem mesmo sei o nome.

- Não sou sua filha, nem de Poseidon ou Hades – falei calmamente.

- Não, de fato, não, mas seu pai é – respondeu Hera sorrindo docemente para mim, e vi compaixão, algo que seu marido definitivamente não tinha.

- Deuses são filhos de deuses com deusas – eu falei o óbvio.

- Mas mortais podem ser tornados deuses, Amabelie – respondeu Dioniso, no fim do U, na parte dos deuses, nem mesmo reparei que ele estava ali – do contrário, eu teria morrido um vendedor de vinho, mas, aqui estou, bonito e forte.

- E preso a um acampamento... – resmungou Nicholas e vi um deus de dentes brilhantes prender a risada. O nome Apolo me veio

à cabeça – eu queria que esses nomes parassem de vir, mas eram despejados como um dejà vu.

- Seu pai, Perseu – respondeu Poseidon para mim – é meu filho e era um semideus, quando venceu a batalha contra Cronos, o titã, ele tornou-se deus e casou-se com sua mãe, uma meio-sangue imortal, Annabeth Chase.

- E isso faz com que você tenha os poderes de seu pai como deus e os poderes de seu avô, a inteligência e justiça de sua mãe e blá, blá, blá – disse Zeus, dispensando explicações com um abano de mão – A questão é que você poderia ser perigosa com tantos poderes, ainda mais se fosse criada no mundo mitológico.

- Por isso me mandaram para um orfanato? Com ele? – apontei para Nicholas, que me devolveu o olhar de desagrado.

- Mera coincidência – disse Zeus, dando de ombros.

- Ah, tá. Você, senhor, quer que eu acredite que eu, uma filha de Perseu, foi parar no mesmo orfanato que Nicholas, um filho de Zeus, por mera coincidência? Não sei muito sobre o mundo mitológico, mas sei o suficiente para dizer que coincidências não existem. Somente existe o destino – respondi e, olhando para Nick – e idiotas.

- Ei! Cala boca, Chase! – retrucou Nicholas.

- Vem calar, Moore!

- Parem de brigar um segundo! – exasperou-se Hermes, mas sorria divertido.

- Briga, briga, briga! – incentivou Ares. "Que surpresa".

- É por isso que os filhos dos Três Grandes não podem brigar – Zeus decretou – Já estamos aqui há tempo demais, voltem para seus corpos e não se esqueçam: briguem, e seremos obrigados a destruí-los.

         E, antes que eu pudesse conversar com meus pais ou dizer algo inteligente, tipo: "É bom ver o amor de pai-e-filho", um gancho pareceu puxar meu tórax e eu voava em alta velocidade.

         Entrar de volta no meu corpo era uma sensação esquisita, como se eu estivesse nascendo de novo – nascendo de um jeito bem desagradável.

- Tudo bem, Lua? – perguntou Lils na minha frente, preocupada.

- Ah... Acho que sim – coloquei a mão na cabeça, tudo a minha volta girando por alguns instantes, até finalmente parar.

         Dioniso estava em sua cadeira, como se nunca tivesse saído dali, olhando concentrado para suas cartas. Quíron olhava preocupado para mim e Nicholas, que levantava com a ajuda de Josh e Jimmy.

- Valeu, caras – ouvi a voz dele.

         Lancei-lhe um olhar neutro: "Quero brigar, mas não posso tá? Tá." – olhares dizem mais que mil palavras.

- O que foi isso? – perguntou Jéssica sorrindo esquisito, olhando desconfiada para o meio-irmão mais novo.

- Ah... – Não diga sobre a reunião, uma voz delicada e feminina disse na minha cabeça. Estou louca – Nada, acho que foi o estresse, ou o choque.

- Pode ser – Lils deu de ombros.

         E nessa hora, naquele dia, soube que teria problemas pelo resto da vida. E amigos. Mas principalmente problemas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!