- Tá! Como eu estou com uma preguiça absurda de pegar minha moto, vamos com essa até Midgar, ok?

- Por mim tudo bem! - eu continuei abraçado com ela e ela dirigindo, pra mim não fazia diferença quem dirigia.

Ela começou a correr cada vez mais. Paramos algumas vezes para dormir e para "abastecer". Já que não tinhamos a chave, pegamos gasolina de outros veículos. Enfim chegamos a Midgar...

- Precisamos ir rápido! Não sei quanto tempo ele levará ainda pra atacá-la, então precisamos ser rápidos!

- Tudo bem, mas onde ela estará?

- Na igreja! Rápido! Precisamos chegar lá antes dele... Vamos Zack! O que ainda está fazendo ai parado?

- Como sabe onde ela está?

- Não há tempo para isso e... - Ela parou olhando para o nada, como se não respirasse, eu achei que ela ia desmaiar ali, na hora, mas não foi o que aconteceu. - Rápido Zack! Ele está por perto... Precisamos ir atras de Aerith!

- Mas o que? Vamos então...

Ela me puxou pela mão e foi correndo, eu fui mais puxado do que qualquer outra coisa, eu mal a acompanhava. Então chegamos na igreja na qual Aerith se encontrava, e vimos que Cloud estava lá com ela. Eu suspirei um pouco aliviado, ele estava lá, então deveria estar protegendo ela, não? Mas Kitsune não ficou mais calma, parecia cada vez mais aflita.

- O que foi? Ele está lá a protegendo, qual seu medo?

- E quem disse que ele tem alguma chence contra Sephiroth?

Eu levantei a sobrancelha intrigado com aquilo, mas ela não olhava para mim, ainda olhava para Aerith, aflita.

- Agora entendo!

- O que?

- Ele só quer matá-la, porque se ela conseguir terminar isso que começou, atrapalhará TODOS os planos dele, e lógico que Sephiroth jamais permitiria algo assim!

- Nossa! Faz sentido agora!

No momento que ela virou pra mim e sorriu, com certo alívio eu também me aliviei, achando que ela estava a salvo e que ele não apareceria mais. Mas então, eu vi amorte chegando dos céus. Tudo pareceu estar em câmera lenta, então ela se virou e viu a cena, pasma.

Sephiroth havia vindo dos céus e caido atras de Aerith, lhe atravessando a espada, e Cloud presenciando tudo de camarote. Dava pra ver nítidamente seu estado de choque a segurando em seus braços, morta! Eu não conseguia acreditar, ela realmente havia morrido e eu não podia fazer nada! "Não! Não é possível! Ela não pode ter morrido! Não é possível! Por que Cloud não a protegeu? Por que?"

Eu queria ir até lá e matá-lo, mas Kitsune me segurou pelos braços e me impediu de ir até lá. Eu só conseguia ouvir as frias frases de Sephiroth, brincando com a dor de Cloud e se divertindo, enquando Cloud tentava se convencer de que ela não havia morrido.

- Não podemos fazer mais nada por ela, Zack... Eu sinto muito não ter lhe trazido antes...

Eu não conseguia falar absolutamente nada. Só abaixei a cabeça com o rosto completamente banhado em lágrimas. Eu fechei meus punhos com toda a minha força, e logo senti os braços de Kitsune me envolverem por tras, me confortando. Aquilo me fazia lembrar de quando encontrava Aerith naquela igreja abandonada, onde ela colhia suas flores. Mas agora eu não podia fazer mais nada. Aquele sorriso dela, aquela risada contagiante, aquele carinho e aquela compaixão... Nunca mais verei nada disso! Como era possível? Ela era tão jovem! Ainda tinha tanta coisa pra viver, tantos sonhos a se realizar... Como pude deixar isso acontecer?

- Eu preciso sair daqui... Eu preciso, pensar direito!

- Tudo bem, eu vou contigo, Zack!

Eu fui andando sem rumo, de cabeça baixa num estado deplorável de tristeza. Agora minha única meta era matar Sephiroth. Como ele pode fazer isso? Eu queria me convencer de que era mentira, como da primeira vez, mas não era! Kitsune não me dirigiu uma palavra sequer, eu até imagino o porque, mas ela ficou ali, do meu lado, me aguentando chorar feito uma criança e ela me abraçando, sem dizer nada.

Achamos um lugar em Midgar para dormir e passamos dois dias lá. Naqueles dois dias não comi, não bebi e não me levantei da cama, em total depressão. Kitsune tentava me fazer comer, mas nada! Eu não conseguia.

- O que eu faço pra te tirar dessa depressão?

- Não sei... Não consigo fazer mais nada! Sou um completo inútil!

- Para, Zack! Você não teve culpa! Você veio, e isso é o que importa! - ela começou a chorar compulsivamente, um choro que ela trancara por dois dias por respeito a mim - Não faz isso contigo! Por favor, eu lhe peço! Sai dessa, cara...

- Por que? Que que adianta, se eu não sirvo pra nada? Por que iria querer ter alguém como eu ao seu lado?

- Porque eu te amo, poxa! Isso não significa nada? Quem te atrasou fui eu! Eu sou a gande culpada de tudo isso!

Eu a observei, absorto em pensamentos. Eu via aquelas lágrimas escorrendo pelo rosto dela, mas não conseguia me mecher. Tudo era horrível demais pra mim. Nada conseguia me alegrar, ou me animar... Ou pelo menos era o que eu achava...

Kitsune saiu correndo e se trancou no banheiro. Ficamos separados por quase duas horas, então ela saiu de lá e foi falar comigo de novo.

- Zack... Eu acho que devemos sair daqui, ir para outro lugar pra você respirar um ar puro, esfriar a cabeça...

- Tá bom... Nada mais me resta aqui mesmo...

Levantei da cama cabisbaixo e saimos daquele lugar. Ela subiu na moto e eu fui atras dela. Corremos por algumas horas e chegamos em uma campina verde e perfumada. Logo que saimos da moto nos deitamos por lá sentindo a leve brisa que tocava suavemente em nosso rosto.

- Zack... Eu tenho algo a lhe confessar...

- O que seria, Kitsune?

Ela sentou-se ao meu lado e jogou os cabelos por cima do ombro. Logo ela sorriu de canto para mim e segurou minha mãe, colocando sobre sua barriga.

Naquele momento meu coração disparou...