Wish You Were Here escrita por Junny


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Hey gente! Voltei!
É, estou na ativa ainda. E sim, vou continuar postando minhas fics, por mais que o intervalo entre as atualizações seja um pouquinho maior. Minha cabeça está uma confusão do capeta, se é que vocês me entendem. Terceiro ano, época de tcc no curso, época de provas e simulados pra vestibular. Eu quase não tenho tempo de peidar r1s0s. Enfim, espero que me entendam e me cobrem, adoro ser cobrada.
Obrigada.



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Base Nazista de Böblingen, 25 de março de 1940

Querida Heike,

Fazem exatos trinta e oito dias desde quando eu parti. Eu queria ter escrito à ti antes, mas as coisas não são do jeito que eu pensava. São piores. Os primeiro vinte dias foram de puro treinamento. O pior treinamento militar que pode ser imposto a um ser humano com apenas dezesseis anos. Consegui uma pequena queimadura à ferro no meu ante braço direito, um simbolo de um dragão. Sou, oficialmente e superficialmente, um deles. Se é de algum valor, sou o melhor soldado dessa base, o que pode me prontificar alguns dias a menos aqui.

Estou com saudades.

E como andam as coisas aí em Enger?

Te amo.

Justin.”

Acabei de ler a carta, sentindo minhas lágrimas molharem o papel de carta, borrando a tinta da caneta. Ele estava contando os dias, assim como eu. Eu queria que tudo acabasse logo e da melhor maneira possível, mas ouvi no rádio de que o Reich tinha invadido aquela vila, ao norte de Enger. Coloquei a carta de Justin, aberta, sobre a escrivaninha e comecei a escrever a minha resposta; eu tinha esperado dias por aquela carta, já começava a achar que ele tinha me esquecido, ou algo semelhante. Mas Iahweh * estava ao meu lado, eu sentia isso.

Enger, 04 de maio de 1940.

Querido Bieber,

Eu também desejava ter escrito-te antes, mas não tinha noção alguma para onde enviar. Fico aflita em saber que você tem de estar passando por tudo isso, mas tenho certeza de que isso é uma das provas que Deus te propícia. Fico feliz em saber que você foi bem sucedido no treinamento, não quero nem pensar o que aconteceria a ti caso fosses um fracassado.

As coisas aqui estão quase iguais, digo, uma vila ao norte da cidade foi achada pelo Reich, e estou com mal pressentimento, já que ouço aviões sobrevoarem a cidade durante a madrugada. Tenho medo do senhor Rudolph denunciar minha família. Tenho medo de me perder em um campo de concentração. O que aconteceria com Jaxon, caso descobrissem que ele é um pequeno judeu? Iria morrer naquelas câmaras de gás de que tanto falam no rádio? Estou com medo, Justin. Muito medo.

Desejo, do fundo de minha'lma que tenha poucos dias aí.

Oro por ti, sempre.

Saudades.

Te amo.

Heike”

Base Nazista de Böblingen, 30 de junho de 1940.

Querida Heike,

Sua carta me deixou com o coração na boca. Sonho com teu irmãozinho e contigo todas as noites, sonhos estes que se tornam pesadelos quando sua casa é atacada por uma bomba. Eu queria poder correr daqui até aí e te salvar. Mas há milhas entre nós; milhas estas que são povoada por nazistas da pior espécie.

Ouvi o super intendente dizer que talvez seremos movidos até a base que instalarão aí em Enger- o que de fato foi uma sugestão minha. Espero que essa carta chegue até ti antes de qualquer ataque.

Minhas orações são direcionadas a ti e a sua família, inclusive ao pequeno Jaxon.

Me mande notícias, klein.

Te amo.

Justin”

Enger, 04 de agosto de 1940.

Bieber,

Desculpe-me por escrever-te nessa folha suja e surrada. Mas não consigo esperar mais um segundo para responder-te.

Sua carta chegou em um momento horrível. A cidade fora, por fim, invadida. TUDO está em ruínas e tenho a leve suspeita de que eu e Jaxon somos os únicos sobreviventes do quarteirão.

Acabei de enterrar papai e mamãe no jardim da senhora Katja, que está morta em algum lugar da sua casa que fora reduzida a escombros. Cavei a terra com minhas próprias mãos, o que explica esse papel sujo. Meus dedos dóem e sinto que algumas unhas cairão logo, de tão doloridas- o que me leva a crer que alguma força me ajuda a responder-te.

Uma bomba, vinda do céu, caiu na rua, na casa ao lado, destruindo tudo. Papai e mamãe me jogaram no abrigo anti-bombas, e não tiveram tempo de salvarem suas próprias vidas.

Não consigo dormir há dias, fico sempre na vigia para ver se não descobrem a pequena portinha atrás da geladeira. Mas meus olhos doem e eu irei dormir há qualquer instante, desprotegendo esse refúgio.

Sinto que meu fim está próximo e algo me diz que essa é minha última correspondência a ti.

Fraquejei Bieber. Me desculpa.

Adeus.

Te amo.

Heike.”

Saí na calada da madrugada, me espremendo com Jaxon pelo cubículo que era a porta do abrigo anti bombas, anti nazismo, anti morte e anti terror. O outono da Alemanha era assim: dias quentes e abafados, e noites congelantes. Jaxon jazia, em seu sono leve e tranquilo, completamente fora de toda a tragédia que se instalara entre nós. A caixa de correio ficava praticamente do outro lado do bairro, e era a única que o correio do governo recolhia as cartas, de familiares dos soldados recrutados.

Quando eu estava quase alcançando a pequena caixa de metal, com uma abertura para pequenos embrulhos e envelopes, um canhão de luz me iluminou. Congelei, sentindo minhas pernas fraquejarem sobre os escombros.

-Ei, você. Parada aí.- uma voz grossa gritou por trás do canhão.

Olhei para a direção da luz, sendo cegada por sua claridade. Coloquei uma das mãos na cabecinha de Jaxon e engoli seco. Em um ato insano e instintivo, corri na direção oposta do canhão. Eram eles. Eu tropeçava em meio a alvenaria que havia virado pó em segundos, as pedras que estavam soltas. Mas eu não era rápida o suficiente. Hora ou outra eles iriam me pegar. Eu ouvia os passos das botas andarem lenta e calmamente, como se soubessem que qualquer esforço da minha parte era errôneo e inútil. Minhas pernas doíam, meus pés descalços pareciam dez vezes maiores do que o normal, Jaxon chorava...

-Tudo bem, tudo bem. Me entrego.- eu disse parando, erguendo uma das mãos. Um dos homens segurou em meu braço, e me arrastou até a caminhonete que tinha o canhão de luz.

-Chama o tenente.- o homem que me segurava disse ao outro.- E você, judia imunda, faz essa criança calar a boca.- ele dirigiu sua palavra a mim, deixando claro o que a corja nazista tinha em mente.

Comecei a ninar Jaxon, fazendo barulhos com a boca, mas nada acalmava meu irmão.

-Eu já disse pra fazer essa criança calar a boca.- o homem falou rude. Ouvi sua mão estalar contra as costas do pequeno Jaxon, resultando em um estampido abafado. Jaxon gritou e começou a chorar, com o choro rouco.

-Faça o que quiser comigo! Mas Jaxon não!- falei desesperada, sentindo meu rosto arder em lágrimas. Imaginei a dor que queimava nos nervos do pequeno Jaxon e me senti incapaz. Enlacei Jaxon mais em meu braço e o trouxe para mais junto do meu corpo, tentando protegê-lo.

As mãos do soldado seguraram firme em meu braço, apertando os dedos em volta dos meus músculos, provocando dor e eu fui jogada dentro da carroceria, como um saco de lixo. Me abracei a Jaxon. A partir dali era eu, ele e Iaweh. Segurei o envelope nas minhas mãos, surrado e sujo. Senti as minhas esperanças de reencontrar Bieber morrerem ali. Jaxon se distraiu com o envelope, e eu guardei-o entre o elástico de sua calça e seu corpo. Se alguém achasse, pelo menos Jaxon estaria salvo. Fechei meus olhos, sentindo Jaxon se agitar em meus braços, querendo minha atenção. Encarei seus olhos inocentes e confusos, pensando no que poderia acontecer a alguém tão inocente como ele.

Os minutos passavam, e eu só conseguia chorar em silêncio, buscando forças praticamente inexistentes.

-Justin. Eu só queria me despedir...- sussurrei, abraçando Jaxon e envolvendo-o no meu casaco. Me encostei na lataria e adormeci.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Podem dar muitas sugestões, eu tenho um páragrafo escrito depois disso.
Beijos
Ju