-Nunca deixe o inimigo te detrair.Nunca.-ela falou sorrindo,agora em tom de zombeteira.-E cale a boca Bobby,ou será o próximo a rolar dessa pedra.

Foi então que ele parou com as risada,mas quem não pararia?

-Ah,você gosta dela!-dizia Bobby enquanto caminhávamos pela trilha na floresta em direção ao refeitório.O treino havia acabado,embora as risadas de Bobby ainda não.-Vamos lá,admita.Você gosta dela.

Mas eu já nem o ouvia mais.Haviamos chegado à grande clareira na qual erguia-se o prédio do Conselho e logo ao lado o refeitório,no qual ouvia-se gritos.

Pensei que novamente se trata-se de uma briga,mas ao me aproximar vi que era uma comemoração.Todos os campistas estavam reunidos ali,comemorando aos berros.Lupa estava a frente dos demais,e pelo que eu entendi o rebuliço havia sido causado por algo que ela disse.

Bobby e eu nos aproximamos de Reyna,que era a única que se abstera da comemoração.

-O que esta acontecendo?-perguntou Bobby.

-Lupa acaba de anunciar a data para o torneio.-foi a resposta dada por ela.

 -Que torneio?-perguntei,como sempre eu estava desinformado

-Heroes.-falou Reyna.-É um torneio organizado pelos deuses,no qual competimos contra o pessoal do acampamento grego em um tipo de guerra.Mas já fazia algum tempo que esse torneio não acontecia.

Bobby concordou.

-Por que?

-A rivalidade entre nó e os gregos se tornou muito forte,a ponto dos deuses cancelarem o torneio.Mas agora,após décadas sem,o teremos de novo.

Agora eu entendia o porque de todos esses gritos,os campistas romanos em uma guerra era como um pinto no lixo.E eu já estava ficando faminto.

Bobby guiou-me até as mesas mais distantes,as quais estavam vazia e me disse para sentar em uma delas,enquanto ele se sentava em outra.De acordo com ele,isso era uma tradição:sentar na mesa destinada ao seu pai ou mão,no meu caso,pai.

Devo admitir que me fartei de tudo que foi oferecido,desde bacon com ovos até bolos de sabores variados,e enquanto eu devorava rosquinhas açucaradas,Lupa chegou e acomodou-se no banco de fronte a mim.

-Sophie me falou de seu treinamento.Disse que apesar de sua incrível indisciplina,você parece ter talento.-ela falou,praticamente despejando tudo em cima de mim enquanto eu tentava engolir as inúmeras rosquinhas que estavam em minha boca.

-Fico feliz.-consegui dizer com tremendo esforço para não cuspir farelos.

-Também fico feliz,por que quero você no torneio.

Não consegui segurar,cuspi meia dúzia de rosquinhas no chão atraindo toda a atenção dos campistas nas outras mesas,tamanha era minha surpresa.

-O que?-perguntei,tentando recuperar a compostura enquanto todos os campistas miravam a mim e Lupa curiosos.

-Você me ouviu.Precisamos de alguém para comandar os ataques por mar,e pra isso nada melhor que um filho de Netuno.Você comandara o Grande Bellum daqui até Long Island.

-Não da, é uma viajem muito longa.-eu disse,as palavras simplesmente foram saindo de mim.-Long Island fica do outro lado do pais,teríamos de atravessar o Canal do Panamá,o Mar do Caribe,Contornar o Triangulo das Bermudas e navegar pelas águas turbulentas do Atlântico norte.

-E quanto tempo isso levaria?-perguntou Lupa,que não se espantou com meu conhecimento em navegação.

-Uma semana,no mínimo.Isso se tivermos um mar calmo e também depende da capacidade da embarcação.

-Eu garanto que o Grande Bellun tem capacidade mais que suficiente.Ele é um presente de Netuno a seu filho.

Levei uns segundos para processar a informação,mas por fim entendi.

 -Mas então ele é meu.

-Exatamente.Por isso você será o líder dos Peixes,a unidade de avanço por mar,mas falaremos mais disso mais tarde,na reunião inter-chalés,até lá,sugiro que conheça o seu navio.

E eu o conheci.No fim da tarde Sophie levou-me a pedido de Lupa por um tour pela embarcação,que parecia ser 10 vezes maior por dentro do que por fora.Seu interior era revestido,sem exeções,de metal e em algumas ocasiões o chumbo também aparecia,como nas caldeiras,onde inúmeras peças gigantes,agora paradas estavam postadas para todos os lados.

-Os filhos de Hefesto fazem parte dos Peixes,são eles que comandam as caldeiras,você,o capitão,guiara os soldados até Long Island,de forma que não sejamos detectados.Os Peixes serão nosso ataque surpresa.

-Vocês realmente levam isso a sério,não é?-perguntei enquanto saiamos das caldeiras por um corredor revestido de metal que lembrava o interior de um espaço nave.

Sophie ficou em silêncio por alguns instante,procurando as palavras certas.

-A alguns anos,nós e os gregos éramos um único acampamento.-explicou ela,com amargura.-Mas houveram muitos conflitos,tantos a ponto dos deuses nos separarem,desde então estamos aqui.

-E onde é aqui,exatamente?

-Você realmente não sabe?-Sophie perguntou incrédula.

-Não faço a mínima idéia.

-Estamos na Califórnia,perto do Monte Ótris.

A menção daquele nome me provocou um calafrio,mais uma coisa que eu não sabia explicar.Tratei então de mudar de assunto.

-Quem é Jason?

Sophie olhou para mim.

-Como sabe dele?

-Bobby mencionou,falou também que Reyna gostava dele...

-Faça o que quiser.-interrompeu-me Sophie.-Só não diga o nome de Jason perto de Reyna,você não vai querer ver a reação dela,acredite em mim.

-Ok,mas quem é ele?

-Era,seria a expressão certa.Ele era o líder do acampamento,grande guerreiro,astuto,poderoso,grande...

-Ta bom,já entendi.-eu disse,incomodado com tantos elogios por parte de Sophie.-O que aconteceu com ele?

Dobramos no próximo corredor,tal este que parecia inacabável.

-Sumiu.-falou Sophie após um silencio.-Já faz algumas semanas.Mandamos campistas atrás dele,e nada.Pobre Reyna.

-Eles eram namorados?

-É,acho que podemos chamar assim.Bobby tenta não demonstrar,mas também sente saudades do irmão,na verdade eu também,era um grande amigo.

Havíamos chegado a uma porta de ferro,a qual Sophie abriu e revelou uma sala,mas não uma sala comum.Ela era repleta por mapas,telescópios,instrumentos de navegação,tudo amontoado em armários e na mesa postada a frente,e é claro,espadas.Havia também um beliche no outro canto,junto com compartimentos de carga,mas o que mais me impressionou foi a vidraça.

A parede norte era de vidro,permitindo uma incrível visão da proa do navio e do mar cristalino.Incrível.

-É daqui que você comandará o Grande Bellun.-disse Sophie aproximando-se para admirar a bela vista proporcionada pela vidraça,pela natureza na verdade,ou o que resta dela.

Olhando o Grande Bellun daquela forma,meu peito inflo de felicidade enquanto eu inalava a brisa salgada do mar.Mau podia esperar para ver aquela belezinha em alto mar.

-Quando partimos?- virei-me ansioso para Sophie,que sorriu.

-Isso será especificado esta noite,na reunião do Conselho.-ela pôs a mão no meu ombro e me olhou nos olhos.-Esteja lá às 21:00,em ponto,não atrase-se.

Com isso Sophie saiu,deixando-me sozinho para me divertir na minha nova sala.E a primeira coisa que fiz foi brincar de girar na confortável cadeira giratória.