POV Narrador

Um mês havia se passado desde que a Lenna fugiu do acampamento. Ela ficou três semanas junto de Poseidon, sendo que durante a primeira semana Demeter permaneceu com ela. Logo depois ela foi para o castelo de sua mãe, ficando lá por mais uma semana.

Durante o tempo que permaneceu longe a menina treinou esgrima, arco e flecha e seus poderes. Poseidon, Anitos e Despina lhe ajudaram com isso e Demeter lhe ensinou a sobreviver em uma floresta: o que deveria comer, onde se esconder, como usar a floresta e campos a seu favor em uma luta.

Além disso, ela criou uma máscara de indiferença e frieza, jamais expressando outros sentimentos na frente dos outros. Apenas a mãe e os avós (ela também considerava Anitos como seu avô) viam o que existia atrás dessa máscara.

Annalia ficou super preocupada com a amiga quando ela desapareceu, mas sabia que ela precisava de tempo e espaço. Uma semana após sumir, Lenna entrou em contato com a amiga e lhe contou tudo o que podia, agradecendo por Annalia ser sua melhor amiga e confidente.

Artemis, Hades, Athena, Fobos e seu irmão Deimos (namorado de Despina) adoraram a Lenna assim que a conheceram e juraram fazer tudo o que pudessem para protegê-la e deram-lhe suas bênçãos.

Dimitri ficou desesperado ao ver o seu grande amor partir e durante o mês que se passou ele apenas treinava, mantendo sua mente ocupada e quando estava sozinho era apenas nela que pensava. Lenna era quem lhe inspirava.

Sophia já estava ficando louca ao ver, todos os dias, o sobrinho naquela situação, mas sabia que não havia nada a ser feito. Ela havia lhe avisado para ter cuidado com a Alice e ele resolveu ignorá-la, então agora ele apenas arcava com as conseqüências.

Agora, finalmente, a guerra chegaria e iria se realizar no dia seguinte. Lenna chegou ao acampamento surpreendendo a todos. Annalia correu para abraçá-la e a amiga retribuiu. Todos estavam observando.

- Percy Jackson, Annabeth Chase, Thalia Grace e Emanuela! – Lenna gritou e os semideuses se aproximaram.

- O que queres Lenna? – Percy questionou.

- Os deuses me pediram para entregar-lhes algo. – ela se virou para a Annalia – Poseidon mandou os ciclopes fazerem isto para você, ele disse que ajudará. – ela entregou para a amiga uma presilha e um colar, ambos em forma de tridente.

- São armas? – Annalia perguntou e se surpreendeu quando a presilha assumiu a forma de um tridente em tamanho real.

Lenna riu. – Isso responde? Ah, e o colar irá te ajudar a controlar seus poderes.

Annalia deu um sorrisinho amarelo, afinal nos últimos dias ela vinha tendo dificuldade para controlar os poderes. Lenna se virou para a Annabeth.

- Annie, você se parece muito com a sua mãe e ela pediu para lhe entregar isto. – falou estendendo uma caixinha toda furada – O presente é para o bebê.Ah, e ela e Poseidon a proibiram de lutar.

Ela fez uma careta e abriu a caixa fazendo uma expressão de surpresa.

- Um grifo! – ela disse feliz – Obrigada mãe!

Percy a abraçou e ela encostou a cabeça em seu ombro e ninando o pequeno grifo em seus braços. Lenna sorriu e se virou para a Emanuela.

- Manu, seu pai e seu tio te amam e queriam lhe dar isto. – entregou uma gargantilha e um anel com duas facas cruzadas – O anel se transforma em duas facas negras e a gargantilha ajudar a causar pânico e medo.

Emanuela sorriu misteriosa e agradeceu. Essa era uma das pouquíssimas provas de que seu pai ainda se lembrava dela e isso a fazia feliz. Lenna deixou a mulher ter seu momento e se virou para os semideuses restantes.

- Percy e Thalia, será que podemos conversar em particular? – ambos assentiram – Vamos para o meu chalé.

Os dois seguiram a menina até o chalé de Despina e deixando para trás todos os curiosos. Esse momento era o que a Lenna mais temia, porém sabia que deveria ser feito. Só decidiu falar com o Percy antes.

Lenna observou o chalé surgir com imensa saudade e logo já estava dentro dele, suspirando de alegria ao sentir o cheiro de flores mortas e a incrível sensação de inverno.

- Lenna? – Thalia chamou.

-Entrem e sentem-se. – eles obedeceram e ela prosseguiu – Percy, primeiro você. Poseidon e Athena estão juntos, mas eleja amou a sua mãe com a mesma intensidade. – ela entregou-lhe uma caixinha – Esse foi o anel que ele comprou caso ela aceitasse ir para o seu castelo com você, mas isso não aconteceu e ele nunca foi entregue.

- Ele é lindo. Tenho certeza de que minha mãe adoraria.

- Não tenho dúvidas, mas não acha que a Annabeth gostaria mais? – sugeri e ele sorriu.

- Claro. Entregarei a ela.

- Mais duas coisas. Primeira: seu relógio, além de um escudo, também é uma armadura. A Annabeth te ajudará com isso. Segunda: vocês poderiam cuidar da Annalia? Pelo menos até que ela se forme?

- É óbvio que sim! Ela é a minha irmãzinha.

- Ótimo. Agora você pode nos dar licença?

Ele assentiu e saiu fechando a porta. Lenna suspirou e se jogou de costas na cama. Ela temia esse momento e não sabia nem o que dizer. A Thalia também estava nervosa e apreensiva, mas não podia deixar isso para depois.

- Lenna? – Thalia chamou – Eu soube que você e o Nico têm um caso. É verdade?

- Sei que você deve me odiar, mas é verdade sim. – ela confessou – Veja, Thalia, eu tinha 13 anos quando o conheci e ele me conquistou. Eu me apaixonei e ele dizia que não era casado nem nada do tipo e eu, a idiota, acreditei, já que nunca o havia visto com nenhuma aliança.

- E ai vocês começaram a sair.

- Sim. Pouco tempo depois nós transamos pela primeira vez e foi mágico. Eu era virgem e ele foi tão carinhoso e gentil. – Lenna dizia perdida em lembranças – Mas então tudo mudou.

- Não entendi.

- Bom, depois de três meses eu descobri que ele era casado com você. Eu os vi juntos, vi a aliança. Eu tentei me afastar, juro. Tentei até fugir. Mas ele me achou e disse que eu pertencia a ele. Nico me contou que a dona do orfanato havia me vendido para ele e que desde então eu era dele e deveria fazer o que ele quisesse. Ele abusava de mim, Thalia. – Lenna tinha lágrimas nos olhos.

- Oh querida... – Thalia estava comovida e tinha ódio do marido.

- Mas o tempo passou e a freqüência com que eu o via diminuía. Até o dia que eu nunca mais o vi. Há dois anos eu o vi pela última vez. Ele como sempre abusou de mim e antes de sair disse que iria ficar longe por uns tempos, mas que eu sempre seria dele.

- Deve ter sido uma surpresa e tanto para você no dia em que chegamos.

Lenna deu um sorriso triste. – Uma surpresa terrível. Por isso que eu agi daquele jeito. Achei que eu tivesse me livrado dele, mas vi que não.

- Ele abusou de você, hum, depois que chegamos?

- Sim. Naquele mesmo dia. E depois foram só ameaças.

Thalia sentou-se na cama e colocou as mãos no rosto e chorou. Ela sentia tristeza, ódio, arrependimento e pena. A menina ali na sua frente era inocente e por mais que ela quisesse culpá-la, jamais consegueria. Thalia sabia que Lenna falava a verdade.

- Eu queria ter ouvido meu pai e Artemis, queria jamais ter saído da caçada por causa daquele imbecil. – Thalia disse em meio ao choro.

- Calma Thalia. Seu que no momento você deve me odiar, mas...

- Eu não te odeio, Lenna. Eu odeio o Nico.

Lenna riu. – Bom, nesse tempo que fiquei fora eu convivi por um tempo com a Artemis. E bom, ela sente a sua falta.

- Jura? – Lenna assentiu – Oh, mas será que ela me aceitaria de volta?

- Por que não tenta?

- Irei tentar.

Elas se abraçaram e Thalia saiu do chalé de Despina com um único pensamento: terminar tudo o que tinha com o Nico e voltar, definitivamente, para a caçada.