Meu Amado Monitor escrita por violetharmon


Capítulo 8
Capítulo 8 - Emoções


Notas iniciais do capítulo

Capítulo bem grande pra vocês.
Boa leitura!



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A conversa com Luna foi tranquila. Não precisei entrar em detalhes, o que me deixou aliviada.

Estou na aula de História da Magia. Gosto dessa aula, principalmente porque Ron e Draco não estão aqui. Não conseguiria me concentrar se um deles estivesse aqui. Mal consigo entender o que a professora diz sem esses seres inúteis por aqui, veja lá se estivessem. Percebo que minha mente vagou para bem longe quando o sino toca. Essa é a aula que antecede o almoço, e preparo meu psicológico para encontrar quem quer que seja, exceto...

- Hermione.

Viro-me.

- Córmaco McLaggen.

Cerro os olhos e os punhos.

- Você está mais gostosa hoje. O que fez para ficar assim?

Seu olhar me deixa constrangida.

- Para sua informação, eu não mudei nada de ontem para hoje.

Sei que mudei muito, mas não preciso contar isso a ele.

- Tem certeza? Você parece mais bonita, mais sensual.

A raiva cresce em meu íntimo.

- E daí? Algum problema?

- É assim que me responde, gata? Eu te elogio e você me dá uma patada?

- Por que você não me deixa em paz, hem? Que eu saiba, não te devo nada.

- Deve, deve sim. Você e aquela doninha quicante me devem muita coisa.

- Posso saber o que?

- Na hora certa você saberá.

Ele sai com um sorriso cínico nos lábios. Não sei o que se passa na cabeça dele, e não sei se quero descobrir.

Continuo a caminhar para o Salão Principal. Para minha sorte, vejo Gina andando sem Ron por perto. Corro até ela.

- Gina! - Seguro seu braço.

- Ah, oi.

Ela dá um sorriso um pouco desanimado.

- Gina, a gente precisa conversar.

- Hermione, calma. Se é algo haver com a história do Córmaco, relaxa. Eu sei que você não fez de propósito.

- Sabe?

- Sei. Você é minha melhor amiga.

Sorrio.

- Poxa, mas foi vacilo você não ter me dito aquilo.

- Ah, desculpa. Eu fiquei na dúvida se contava ou não. E não sabia se aquela história teria repercussão.

- Tudo bem.

Abraço-a. Perder a amizade de Gina seria como o fim do mundo para mim.

- E o Malfoy?

- Gina! - Repreendo-a.

- É sério. Como estão as coisas com ele?

- O.k. Por Merlim, não me condene quando eu te contar isso, promete?

- Prometo. Cona logo.

- Nos beijamos.

- O QUÊ?!

Seu grito é tão alto e tão agudo que várias pessoas olham para nós.

- Fale baixo.

- O quê? Quando? Como? Onde?

- O quê? Nos beijamos. Quando? Hoje de manhã. Como? Com os lábios e línguas. Onde? Primeiro na enfermaria e depois no quarto dele.

- Podia ter omitido o como.

- Foi você que perguntou.

Ela olha para os lados, checando se pode me fazer a próxima pergunta.

- E como foi?

- Como se eu nunca tivesse beijado.

- Como assim?

- Ah, foi maravilhoso. Por incrível que pareça, e eu sei que é difícil de crer, foi um beijo muito tímido, ao passo que foi bom.

Seus olhos estão perplexos.

- Amiga, você não fica solteira, hem!

- Por Merlim, Gina. Não me diga isso que fico até sem jeito.

Ela ri um pouco, depois sem semblante volta a ser sério e ela pergunta:

- E ele? Como reagiu?

A única pergunta que eu não gostaria de responder. A reação de Draco me pegou de surpresa.

- Não sei como definir sua reação. Ele gostou do beijo e quis que acontecesse, mas agiu como se fosse a pior coisa do mundo, sabe? Na primeira vez pediu desculpas por ter me beijado, na segunda pediu para que eu saísse de seu quarto e se trancou no banheiro.

Gina pensa um pouco, depois diz:

- Essa espécie masculina é mesmo complicada.

- Eu que o diga...

Chegamos ao Salão Principal.

- Acho que não vou sentar com vocês. - Digo.

- Por que?

- Ron... Não sei se conseguirei conversar tranquilamente com ele depois de hoje de manhã, sem contar que conversei com Luna e a aconselhei a correr atrás dele.

- Bom pra ela.

- Sem dúvida.

Antes de chegarmos ao nosso lugar, procuro por Draco. Ele está sentado junto ao Zabini e a buldogue. Pelos samba-canções de Merlim, ela não desgruda dele! Seu olhar encontra o meu, e não consigo deixar de suspirar por isso. Zabini percebe nossa conexão e dá um empurrão em seu ombro, fazendo-o desviar seu olhar do meu.

- Você vem comigo, Mi?

Penso por um instante.

- Quer saber? Vou sim.

Ela abre um enorme sorriso para mim. Ao chegar perto de nossos amigos, Harry nos recebe muito bem.

- Mi, Gina. Como estão? - E beija Gina.

- Bem. - Respondemos juntas.

- Oi, Ron. - Gina o cumprimenta.

- Oi, Gina.

Não me dou ao luxo de cumprimentá-lo, e ele também não. Começamos a almoçar sem muita conversa. Vez ou outra Ron e eu nos fuzilamos com o olhar, mas nenhuma palavra escapa de nossas bocas. Em um momento qualquer, sem aviso prévio, como se fosse combinado, meus olhos encontram os de Draco. E meu coração se abala. E minha respiração se descontrola. E meu ser vai a loucura. Por Merlim, um beijo fez isso comigo!

Não.

Tudo começou no primeiro dia, quando o encontrei no trem. Tudo começou naquela semana. As vezes que ele me agarrou, as vezes que ele me ajudou. Tudo contribuiu. E agora encontro-me aqui: desesperada para beijá-lo novamente.

Desejo?

Paixão?

Amor?

Não sei. O pouco que sei é que preciso ter o controle de minhas emoções. Não posso permitir que uma simples vontade tome conta de meu ser. Não. Há algo em meu íntimo que precisa ser controlado urgentemente, algo que vem mudando minhas emoções desde o início do ano letivo, algo que está fora do comum.

Termino de almoçar, dou um simples "tchau" aos meus amigos e saio do Salão Principal. Tenho um horário vago antes de Estudo dos Trouxas, então dirijo-me ao lago. Sento-me sob um carvalho e não me importo com o vento frio. Observo o voo solo de uma borboleta azul. Embora esteja sozinha, tal como eu, sinto vontade de ser como ela: livre. Sinto vontade de poder voar para onde eu quiser e me livrar desses problemas que a vida me trouxe. A vida já está muito difícil enquanto eu ainda tenho simples 18 anos, veja lá quando for mais velha.

Um intuito diferente vem até mim: entrar no lago. Será? Bom, não sei. Mas que mal faria? Tiro o suéter da Grifinória, gravata, meia calça e botas, ficando apenas com a saia e a blusa. Aproximo-me do lago e coloco a mão dentro d'água para sentir a temperatura. Gelada. E daí? Entro na água e ignoro completamente as adagas de gelo que penetram minha pele. Mergulho uma vez, apenas para aliviar o frio, depois volto à superfície. A blusa, antes branca, ficou transparente, de forma a mostrar por compelto meu sutiã vermelho. Não dou importância à transparência da blusa, pois não há ninguém olhando. Fico boiando com as costas n'água e olhando para a luz fraca do sol devida ao céu nublado. O gelo começa a subir desde meus pés até a garganta, fazendo minhas respiração falhar algumas vezes. Nado até a borda e saio da água. Meus dedos das mãos e dos pés estão roxos de frio e meus dentes batem violentamente.

- Hermione?

Viro-me.

- Draco... - Minha respiração falha quando meus olhos encontram os seus.

- Você está roxa... e encharcada!

Ele se aproxima, tira o terno - da Sonserina - e coloca-o ao redor de meu corpo.

- N-não precisa. Eu estou bem.

O frio é violento, e ele sabe disso, por isso não acata meu pedido.

- O que houve? Você caiu no lago?

- N-não. Entrei p-por livre e espontânea vontade. - Minha voz falha devido ao frio.

- Sei... Mas foi irresponsabilidade sua entrar na água nesse frio. Você está vulnerável a um resfriado ou até mesmo gripe, sabia?

Dou um sorriso. A preocupação dele me deixa satisfeita, mas acho estranho devido ao ocorrido hoje de manhã. E enrubesço ao perceber seu olhar sobre meu sutiã.

- Hã, er... - Não sei o que falar, então fecho o terno.

- Desculpa... - Ele fica sem graça.

- Tudo bem, como você mesmo disse "irresponsabilidade minha".

Rimos.

- É melhor você ir tomar um banho. - Sugere.

- Também acho.

Começamos a caminhar em direção ao castelo. Meu corpo se arrepia quando ele passa o braço ao redor de minha cintura, levando-me para perto dele. Eu deveria me distanciar em razão a forma rude com que ele me tratou de manhã, contudo não consigo ver meu corpo distante dele. Nossos corpos se buscam, como ímãs. Seus olhos buscam os meus em um momento, e eu não posso deixar de corresponder à busca. E o azul intenso entra em colisão com o castanho-mel. Ele toca meu rosto delicadamente com a mão livre, depois diz:

- Desculpa por hoje de manhã. Eu não deveria ter te tratado daquele jeito.

- É, não deveria. - Sei que soou arrogante, mas é necessário.

- Você me desculpa?

E como vou dizer que não desculpo se seus olhos suplicam pelo meu perdão?

- Desculpo.

O momento seria perfeito, se não fosse por...

- Olha só a Granger, já está de chamego com o Malfoy. - Comenta um aluno da Lufa-Lufa.

- Cale a boca, Smith. - O tom de Draco é seco.

- Ué, mas a garota é que nem sabonete mesmo: passa na mão de todo mundo.

E isso foi o suficiente para fazer Draco acertar um belo soco em seu queixo.

- Se falar isso dela de novo, vou de mostrar com quantos Malfoys se mata um Smith.

- Você fala isso só pra me intimidar, quero ver fazer alguma coisa.

Draco avança para cima dele, mas eu seguro seu braço e digo:

- Não, Draco, por favor. Ele está te provocando. Não caia nas provocações dele, por favor.

Seus olhos beijam os meus e vejo o quanto isso o tranquiliza.

- Tudo bem.

Ele me puxa em direção ao castelo e eu não hesito em segui-lo.

- Eu juro que não teria me contido se você não estivesse ali, Hermione.

- Relaxa, ele não conseguiu me ofender.

- Como não?! - Percebo a indignação em sua voz.

- Sei que não sou o que ele disse.

Percebo que ele pensa por um momento, depois me olha de forma desafiadora e diz:

- Então se irritava comigo porque eu te chamava de gostosa eis que sabia que era verdade?

Agora a indignada sou eu.

- Eu me recuso a responder sua pergunta!

- Quem cala consente.

E eu não tenho como rebater, simplesmente dou um tapa em seu ombro e caminho alguns passos a sua frente. Quem disse que adianta? Ele segura meu pulso e puxa-me para si.

- Eu ainda não acabei.

- Mas eu sim.

- Quem dá a palavra final sou eu.

Minhas pernas ficam bambas quando ele começa a beijar meu pescoço lentamente - o Draco que conheci voltou. Meus olhos dançam nas órbitas quando suas mãos acariciam minhas costas por baixo da blusa.

- Draco, aqui não. - Minha voz soa fraca.

- Não estou fazendo nada. - Sua voz é sedutora.

- Está sim.

- O que então?

Está despertando meu desejo. E essa é a verdade, mas não posso responder dessa forma.

- Sabe que podemos ser punidos se algum professor passar por aqui, não sabe?

- Não seja por isso.

Ele me pega nos braços e corre rapidamente até nosso "apartamento". Por sorte, não passamos por nenhum aluno ou professor. Entrando na sala, ele fecha a porta e me prensa contra a parede. Se eu não estivesse tomada pelo desejo, sentiria dor nas costas. Minhas pernas cruzam-se ao redor de seu quadril e suas mãos descem para minhas coxas enquanto seus lábios umedecem meu pescoço.

- Para, Draco.

- Por que eu deveria? - Ele sussurra em meu ouvido.

- Não quero cometer uma besteira. Para, por favor.

Ele ri.

- Não vou tirar sua virgindade, só vou te acariciar.

- Mas esse é o problema. Você sabe o poder que tem.

E ri novamente.

- É, eu sei.

Seus lábios encontram os meus. Dessa vez o beijo não é tímido, é um beijo repleto de desejo. Não deixo que o beijo prossiga ao afastar meus lábios dos dele.

- O que foi?

Meus olhos ficam rasos d'água.

- Por que está fazendo isso?

- Como assim? Fiz alguma coisa que te magoou? Machuquei você em algum momento? - E ele seca uma lágrima perdida.

- Não quero que seja assim.

- Está me deixando confuso. Assim como?

- Desse jeito. Não quero isso.

E desato a chorar. Não queria estar chorando, mas não consigo me conter. Ele me abraça de forma terna. Não sei por que mudou tão rápido de desejo para medo, só sei que não consigo parar de chorar.

Draco me aperta contra seu corpo e me leva para o quarto. Ele me pousa na cama com delicadeza, passa o dedo por minhas lágrimas e diz:

- Me desculpe, eu não queria forçar nada com você.

- Não, Draco, não é isso.

Nossos olhos se encontram.

- Então é o quê? Você ainda é louca pelo Weasley, não é? Eu deveria saber... - Ele se levanta e caminha até a varanda.

Me levanto e vou até ele. Não consigo controlar o intuito de abraçá-lo, então abraço-o.

- Não é isso, Draco.

- Como não? - Ele se solta de meu abraço. - Ontem você chorou o dia todo por causa dele e, de quebra, ardeu em febre e chamou o nome dele. Vai dizer que tudo mudou de uma hora pra outra?

Seu tom de voz é tão feroz que é como um punhal atravessando meu peito.

- E se tudo tiver mudado de uma hora pra outra?

Um sorriso debochado se forma em seus lábios - lábios que eu gostaria de estar beijando.

- Não nessa situação. Hermione, você está naquele peRíodo pós-término, entendeu? Você beijaria qualquer um que aparecesse na sua frente apenas para não se sentir só.

E só eu sei o quanto suas palavras me ferem. Volto a chorar.

- Não é verdade. Eu gosto muito de você, Draco.

- Gosta, né? De uma hora pra outra você gosta o suficiente de mim pra me beijar e chorar quando eu me afasto? Você não existe, Hermione Granger.

Ele vem com tanta raiva em minha direção que não tenho ideia do que ele fará. Penso que será algo ruim. Engano-me. Ele me toma em seus braços e me beija com tanta paixão que meus pés deixam de tocar o chão. Mas ele logo se afasta.

- Você gosta de mim. Me chame quando estiver preparada pra dizer que está apaixonada por mim.

Seus lábios tocam os meus suavemente, depois ele some de meu quarto tão rapidamente que é como se tivesse evaporado.

Meu cérebro ainda não processou tudo que acabou de acontecer. Enterro as mãos nos cabelos numa tentativa desesperada de me acalmar. Inútil. Um turbilhão de emoções, uma explosão de sentimentos toma conta de mim. Não sei mais o que estou sentindo e o que não estou sentindo. É como se todos meus sentimentos fossem um só. E não sei em qual sentimento todos eles se transformaram. Nada se encaixa e nada faz sentido.

Ainda sinto meu corpo muito molhado, então preparo-me para um banho de água quente. Penso que o calor da água aliviará meu nervosismo. Engano-me novamente. Isso só faz piorar meu estado emocional. Mas não posso deixar de tomar banho. Chegar na aula de Estudo dos Trouxas toda molhada está fora de cogitação. E a aula importa nesse momento? Não. Isso mesmo, Hermione Jean Granger matará sua primeira aula desde que entrou em Hogwarts. E se me perguntarem por quê? Digo que não estava me sentindo bem. Estive com febre ontem, certo? Esse fato me ajudará a matar aula. Termino o banho e visto um vestido cor de creme de alcinhas. Penteio os cabelos e deixo-os soltos.

Dirijo-me à cama e deito-me. Preciso descansar um pouco. Eu queria poder sumir apenas por um instante, apenas para me desligar desse mundo insano. Nada se compara à paz que a liberdade proporciona.

Não há nada que eu possa fazer aqui. Saio do quarto e ponho o ouvido na porta dele. Consigo ouvir alguns ruídos, nada mais. Não sei dizer o que ele está fazendo e fico curiosa para descobrir. Pouso a mão sobre a fechadura, mas mudo de ideia ao ouvir o som do piano. Por Merlim, além de lindo, gostoso, sedutor, inteligente, forte, alto e desenhista, ainda toca piano. E está tocando uma música triste, porém muito linda: Two is better than one. Fala sério, isso é uma indireta pra mim? Tanto faz, só quero apreciar a música. Abro a porta devagar e entro no quarto. Ele não percebe minha presença. Ótimo, penso. Caramba, você acreditaria se eu dissesse que ele começou a cantar? E como canta bem, meu Merlim. Caminho lenta e silenciosamente até ele. Ainda sem perceber minha presença - porque está de olhos fechados -, ele continua a tocar e cantar. Fico em dúvida se toco-o ou não. Não suportando estar sem tocá-lo, pouso minhas mãos em seus ombros. Ele se assusta, mas não para de fazer o que está fazendo. O refrão da música começa e sua voz melíflua envolve-me de maneira casta. E ele para a música aí mesmo. Levanta-se, olha para mim e pergunta:

- Por que veio para cá?

Nem eu sei o porquê, então invento uma desculpa:

- Me ensina a tocar piano?

Seus olhos percorrem minhas mãos e o piano. Ele dá um longo suspiro, depois:

- Não é fácil aprender.

- Não tem problema.

- O.k. Senta aqui comigo.

A ambos sentamo-nos no banco.

- Pra começo de conversa, você tem que saber quais são as notas. O dó começa aqui, e por aí vai ré, mi, fá, sol, lá, si e começa tudo de novo, o.k.?

- Acho que sim.

Ele pega meu dedo indicador e pressiona cada nota.

- Preste atenção no som. A própria nota diz seu nome.

Não sei muito bem se é verdade, mas concentro-me na tonalidade de cada nota. E consigo perceber que a nota fá realmente diz seu nome. Sorrio.

- Entendeu, né?

- Sim.

Fico brincando um pouco com as notas. Ele me interrompe ao dizer:

- Agora que você entendeu as notas, vou te ensinar uma coisa bem simples.

Ele faz uma sequência de notas, depois pede:

- Repita o que eu fiz.

- Não sei se consigo.

- Consegue. Eu vou repetir mais uma vez. - E repete. - Agora faça o mesmo.

Concentro-me para conseguir executar a sequência, mas percebo que errei na terceira nota.

- Não, Hermione. Vou repetir novamente. Preste atenção.

Observo seus dedos tocarem cada nota com tanta facilidade que meu receio em errar só aumenta. Quando ele termina, pouso meus dedos sobre o piano e tento repetir a sequência. Acerto a metade, depois erro.

- Acho que não vou conseguir...  - Sussurro.

- Claro que vai. É só questão de treino e atenção. Quer tentar de novo?

- Agora não.

Levanto-me e vou até a varanda. O vento frio toca meu corpo, fazendo com que eu me arrepie. Draco posta-se ao meu lado.

- Pensei que estaríamos mal depois do que aconteceu. - Comento.

- Se não está preparada pra dizer que está apaixonada por mim, então que seja do jeito que está. Não vou te tratar mal por isso. - E afaga meu braço.

A segurança me toma por completa quando ele me toca. Cada toque dele descontrola meu estar, meu viver, e ele acaba dominando todos os tipos de mulher que eu posso ser. Aproximo-me dele e o abraço. Não sei se ele ficará triste, mas preciso de seu carinho. Isso me deixa feliz.

- Então continuamos sendo amigos? - Pergunto, insegura.

- Claro que sim. - Ele sorri; mas sei que seu sorriso é forçado. Por trás desse sorriso há medo.

Uma coruja corta o céu rapidamente, depois voa até nós e pousa no ombro de Draco. Há uma carta pendurada em seu pescoço. Ele a pega, depois abre. Tenho vontade de saber o que está escrito, mas não leio. Depois de um tempo ele diz:

- Minha mãe... Escreve tanta coisa só pra no fim dizer "estou com saudades"... - E dá um sorriso tímido.

- Todas as mãe são sim.

- Depois eu respondo. - E joga a carta na cama. - Pode ir, amiguinha. - E ajuda a coruja a alçar voo.

Draco afasta-se de mim e senta-se à beira da cama. Dá um tapinha nela, convidando-me para sentar também. Sento-me.

- Posso te perguntar uma coisa, Mi? - E a menção de meu apelido deixa-me alegre.

- Pode.

- O que você sente ou sentia pelo Weasley?

- Draco... - Não quero responder.

- Me responda.

Olho no fundo de seus olhos: esse mar cinza-azulado implora por uma resposta.

- Eu amava o Ron. - E ele dá um sorriso de canto com a menção do passado.

- E o que você sente por ele agora?

- Raiva.

- Amor.

Não entendo o que ele quer dizer.

- Hermione, você está sentindo raiva dele porque ainda o ama. Tenho certeza.

- Não. Tenho certeza que não o amo mais.

Ele apenas faz um meneio de cabeça. Seus olhos percorreram todo o quarto até pararem nos meus, e seus lábios perguntam com voz sedutora:

- E por mim? O que você sente?

E pela primeira vez em tanto tempo fico sem saber o que dizer.

- Você disse que era pra eu te procurar quando...

- Quando estivesse pronta pra dizer que está apaixonada por mim. No entanto quero saber o que sente por mim agora.

Abaixo a cabeça e fico olhando para minhas mãos. Mordo o lábio inferior - sinal de nervosismo. Seus dedos tocam meu queixo, levantando meu rosto, obrigando-me a olhá-lo nos olhos.

- Responde.

- Não posso. - Por que diabo respondi isso?

Ele abre um sorriso sedutor.

- E por que não? - E seus lábios se aproximam dos meus. - Você só precisa me dar uma resposta, mais nada.

A distância vai diminuindo. Quando penso que ele vai me beijar nos lábios, ele sorri e diz:

- Se você corresponder ao meu beijo, quer dizer que tenho alguma chance. Caso você se afaste, eu não te perturbo mais.

Quando seus lábios tocam os meus, sinto que a única coisa que realmente importa é estar com ele. Seu beijo é como um antídoto para minha solidão, mas, ao mesmo tempo, um veneno que toma conta de meu ser sem que eu tenha chance de reagir. E quando penso que seu beijo é a única coisa que consegue mudar minha forma de encarar o mundo, suas mãos tocam minha cintura e deitam-me delicadamente na cama. E isso só faz com que tudo ao meu redor gire - por mais que eu esteja de olhos fechados. E eu tenho certeza que pode o céu desabar e toda a Terra tremer que a única coisa que importará será nós dois. E no momento que ele se distancia um pouco de mim, apenas para olhar-me nos olhos, sei que meus olhos estão sorrindo. Um sorriso tentador se forma no canto de seus lábios, e ele diz:

- Tenho uma chance. Mas ainda quero saber sua resposta.

Quem inventou o amor precisa me explicar o que estou sentindo. Penso, uma vez que meus sentimentos são restritos a mim. Não sei como responder sua pergunta sem magoá-lo - ou magoar-me.

- Não sei te responder.

- Não tem problema. Então simplesmente faremos isto.

E ele me beija novamente. Com tanta paixão, com tanto desejo, com tanto amor, que não sei como resistir. Não resisto. Apenas permito que ele me beije do jeito que quiser.


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Notas finais do capítulo

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Críticas, sugestões, elogios... Aceitamos tudo.
Beijos!